O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação
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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />
11<br />
suscetíveis de produzir benefícios no equilíbrio da personalidade”.<br />
As transcrições acima não têm por finalidade destacar qualidades pessoais do<br />
autor, senão ùnicamente deixar patente que o hipnotismo de palco em si não constitui<br />
necessàriamente um desserviço para a ciência, desde que se lhe eleve o nível e que se o<br />
apresente de forma sincera, transmitindo ao público um sentido de beleza e de verdade.<br />
Despertando a curiosidade e o interêsse públicos, espetáculos desta natureza contribuem<br />
para uma difusão mais ampla dos aspectos científicos dêsse ramo legítimo da psicologia. E<br />
não ùnicamente as massas populares, senão também as classes acadêmicas costumam<br />
beneficiar-se com êsse gênero de diversão.<br />
Neste país coube ao autor dêste trabalho a responsabilidade de ter ministrado os<br />
primeiros cursos de hipnotismo e suas técnicas a turmas de médicos e dentistas, muitos dos<br />
quais vêm empregando essas técnicas com grande proveito para a ciência médica e<br />
odontológica. E não foram as conferências ou publicações científicas, mas, sim, as<br />
demonstrações públicas, realizadas em teatros e TVs, que inspiraram a nobre iniciativa.<br />
Aos que ainda insistem em propalar 9 que a hipnose médica nada ou quase nada tem<br />
em comum com o hipnotismo de palco e da televisão e que êsse último desfigura<br />
necessàriamente a verdadeira natureza dos fenômenos hipnóticos e que só consegue<br />
impressionar e convencer a ignorantes, opomos o testemunho do próprio F r e u d :<br />
“Quando ainda estudante — declara Freud em sua autobiografia —<br />
assisti a uma demonstração pública do “magnetizador” H a n s e n. Notei<br />
como um dos “sujets 10 “ adquiriu palidez cadavérica ao entrar na rigidez<br />
cataléptica 11 . E a palidez perdurou durante todo o transe. Foi o que<br />
consolidou, de uma vez por tôdas, minha convicção em relação à legitimidade<br />
dos fenômenos hipnóticos.” ( * )<br />
Negar ao hipnotismo sua adequação ao palco é desconhecer-lhe a natureza<br />
essencialmente dramática. O hipnotismo é, por definição, dramatização, animação e<br />
ativação de idéias. É teatro por excelência, conforme veremos mais adiante. Por outro<br />
lado, a hipnose é uma técnica no contrôle das condições psicossomáticas, e das mais<br />
eficientes, o que equivale a dizer que é uma chance terapêutica nada desprezível. Bastaria<br />
considerar que 85% das doenças consideradas até hoje orgânicas, são na realidade de<br />
origem emocional (funcional). Portanto, suscetíveis de tratamento hipnoterápico. E temos<br />
de considerar ainda a aplicação da hipnose na vida cotidiana em situações não<br />
especìficamente terapêuticas.<br />
Os maiores expoentes 12 do hipnotismo científico contemporâneo recomendam, por<br />
isso, uma colaboração mais estreita entre os hipnotistas leigos e os hipnotistas médicos,<br />
visando uma mais ampla e exata compreensão do fenômeno em aprêço 13 .<br />
O objetivo dêste livro é mostrar o que é a hipnose, à luz dos nossos conhecimentos<br />
a respeito até a data presente, realçando seu valor e importância científicos; indicar a sua<br />
aplicação e, na medida do possível, ensinar a hipnotizar.<br />
9<br />
Tornar público; Divulgar; Propagar.<br />
10<br />
Pessoa a ser hipnotizada; Paciente; Cliente.<br />
11<br />
Relativo a, ou atacado de catalepsia: Estado em que se observa rigidez dos músculos, permanecendo o<br />
paciente na posição em que é colocado.<br />
* ( * ) Sigmund Freud: Selbstdarstellung, S. 18, Imago Publishing CO. Ltd. London, 1946.<br />
12<br />
Representante ilustre duma classe, profissão, etc.<br />
13<br />
Valor em que se tem algo; Consideração.