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O Hipnotismo - Psicologia, Técnica e Aplicação

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K A R L W E I S S M A N N — O H I P N O T I S M O<br />

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PODE TRANSFORMAR-SE O SONO NATURAL EM SONO<br />

HIPNÓTICO?<br />

Uma das maneiras de hipnotizar uma pessoa sem aviso prévio é transformar-lhe o<br />

sono natural em sono hipnótico. É um processo que pode surtir resultado em indivíduos que<br />

em estado de vigília se mostram refratários ao intento da indução : Note-se que crianças e<br />

adolescentes são mais propensos a reagir favoràvelmente a êsse método de hipnotização do<br />

que os indivíduos adultos, o que se deve, largamente, à maior suscetibilidade naquela idade.<br />

A tática em si é simples. O problema está na sutileza da aplicação. Assentado à<br />

beira da cama do indivíduo adormecido, o hipnotista sussurra-lhe ao ouvido : “Fulano,<br />

você está me ouvindo, mas não vai acordar. Vai continuar a dormir tranqüila e calmamente,<br />

enquanto eu lhe falo… Não acordará e me ouvirá distintamente.” Esta frase é repetida,<br />

aumentando o hipnotista gradativamente o volume da voz. Da natureza da voz, de sua<br />

modulação e graduação adequada dependerá largamente o êxito. O operador pergunta :<br />

“Fulano, está me ouvindo ?” A resposta poderá ser um movimento com a cabeça,<br />

acompanhado, às vêzes, de uma leve ressonância, dessas que costumam denunciar o desejo<br />

de acordar. Se a pessoa continua silenciosa, insiste-se na pergunta, graduando a voz, até<br />

alcançar o volume normal. Êste processo de insinuação verbal pode ser coadjuvado por<br />

uma leve imposição das mãos na testa. Escusado será dizer, entretanto, que as chances<br />

dêste método não costumam ser as melhores. As mais das vêzes, os prospectivos “sujet”,<br />

sobretudo adultos, acabam por acordar, deixando, não raro, o operador em situação<br />

embaraçosa.<br />

E O HIPNOTISMO TELEPÁTICO?<br />

Minha experiência pessoal nesse sentido não se limita ao caso que passo a expor.<br />

Meu “sujet” era um estudante de Direito, que tinha por hábito dormir a sesta, de meio-dia<br />

até uma hora. Valendo-me da oportunidade, que no caso não era rara, pois éramos<br />

companheiros de quarto, aprestei-me a transformar aquêle sono normal e habitual em sono<br />

hipnótico, notando-se que o “sujet” se mostrara refratário à indução em estado de vigília. O<br />

problema mais sério que se me defrontava era o de ordem lingüística. Ainda não dominava<br />

o idioma do país e não se aconselharia recorrer a línguas estrangeiras. O “sujet” iria<br />

estranhar a minha pronúncia, talvez nem entendesse as minhas sugestões. Acordaria e me<br />

deixaria em situação um tanto difícil para explicar-lhe a minha presença ali, refestelado 118<br />

em uma poltrona diante de sua cama. Contudo, não deixei de condescender com a tentação<br />

da curiosidade científica. Pensei em dizer-lhe assim, no meu melhor português possível :<br />

“Você não vai acordar, pois não consegue abrir os olhos.” Não havia ainda articulado esta<br />

frase, senão apenas mentalmente, a fim de proferi-la depois com maior segurança, quando,<br />

para meu autêntico espanto, o “sujet” reagiu como se eu houvesse falado, esforçando-se<br />

para abrir os olhos sem o conseguir. Refeito do susto, firmei-me novamente na poltrona<br />

diante dêle, a fim de repetir a façanha, admitindo terem-me escapado aquelas palavras sem<br />

o perceber. O fenômeno se reproduziu. Tive, dias seguidos, a oportunidade de repetir a<br />

mesma experiência com a mesma pessoa, diante de numerosas testemunhas. Numa dessas<br />

“sessões” os convidados se portaram ruidosamente e o meu companheiro de quarto<br />

118<br />

Recostado.

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