-Brittainy-C.-Cherry-Elements-02.-The-Fire-Between (1)

22.04.2017 Views

Foi o segundo melhor dia da minha vida. Mas hoje foi diferente. Hoje foi meu aniversário de 18 anos, já passava das onze da noite e Alyssa não tinha me ligado nenhuma vez. Estava sentado no meu quarto vendo o DVD Jackie Robinson quando ouvi os tropeços da minha mãe pelo apartamento. Uma pilha de contas estava ao lado da minha cama, e eu senti um nó apertado no estomago com medo de não conseguir paga-las. Se não conseguíssemos pagar o aluguel, meu pai nunca nos deixara viver com isso. E se eu lhe pedisse ajuda, tenho certeza que mamãe iria pagar o preço. Cheguei debaixo da minha cama e puxei um envelope, verificando o dinheiro que eu tinha guardado. As palavras no envelope me deixaram doente. Fundos da faculdade. Que piada. Contei o dinheiro. Cento e cinquenta e dois dólares. Eu vinha guardando há dois anos, desde que Alyssa fez parecer como se faculdade fosse uma coisa que eu poderia fazer um dia. Passei muito tempo pensando que um dia teria o suficiente para ir para a escola, ter uma carreira sólida e comprar uma casa para Mamãe e eu vivermos. Então nós nunca teríamos que confiar no meu pai para nada — a casa ia ser toda nossa. Poderíamos ficar limpos também. Sem drogas: só felicidade. Mamãe choraria porque estava feliz, não porque ele bateu nela.

Mamãe sóbria voltaria, a que costumava me aconchegar quando eu era jovem. A que costumava cantar e dançar. A que costumava sorrir. Tinha sido um longo tempo desde que eu tinha visto essa versão da minha mãe, mas uma parte de mim segurava a esperança que um dia ela voltaria. Ela tinha que voltar para mim. Eu suspirei, tirando dinheiro do meu fundo de faculdade para pagar a conta de energia elétrica. Cento e vinte e três dólares. E assim de repente o sonho parecia um pouco mais longe. Tirando um lápis, comecei a rabiscar sobre a conta de energia elétrica. Desenhar e assistir aos documentários eram a minha principal maneira de escapar da realidade. Além disso, uma estranha garota, de cabelo encaracolado, que sorria e falava demais tinha aparecido em minha mente. Alyssa possuía muito mais dos meus pensamentos do que devia. O que era estranho, porque eu não dava a mínima para as pessoas ou o que elas pensavam de mim. Gostar das pessoas deixaria muito fácil para elas mexerem com minha cabeça, e minha mente já tinha sido praticamente destruída devido ao meu amor por minha mãe. "Não!" Ouvi gritos na sala de estar. "Não, Ricky não quero," ela chorou. Meu estômago se agitou. Papai estava aqui.

Foi o segundo melhor dia da minha vida.<br />

Mas hoje foi diferente. Hoje foi meu aniversário de 18 anos, já<br />

passava das onze da noite e Alyssa não tinha me ligado nenhuma vez.<br />

Estava sentado no meu quarto vendo o DVD Jackie Robinson<br />

quando ouvi os tropeços da minha mãe pelo apartamento. Uma pilha<br />

de contas estava ao lado da minha cama, e eu senti um nó apertado no<br />

estomago com medo de não conseguir paga-las. Se não<br />

conseguíssemos pagar o aluguel, meu pai nunca nos deixara viver com<br />

isso. E se eu lhe pedisse ajuda, tenho certeza que mamãe iria pagar o<br />

preço.<br />

Cheguei debaixo da minha cama e puxei um envelope,<br />

verificando o dinheiro que eu tinha guardado. As palavras no envelope<br />

me deixaram doente.<br />

Fundos da faculdade.<br />

Que piada.<br />

Contei o dinheiro. Cento e cinquenta e dois dólares. Eu vinha<br />

guardando há dois anos, desde que Alyssa fez parecer como se<br />

faculdade fosse uma coisa que eu poderia fazer um dia. Passei muito<br />

tempo pensando que um dia teria o suficiente para ir para a escola, ter<br />

uma carreira sólida e comprar uma casa para Mamãe e eu vivermos.<br />

Então nós nunca teríamos que confiar no meu pai para nada —<br />

a casa ia ser toda nossa. Poderíamos ficar limpos também. Sem<br />

drogas: só felicidade. Mamãe choraria porque estava feliz, não porque<br />

ele bateu nela.

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