POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

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Diagnóstico da Toxoplasmose da grávida nos cuidados de saúde primários Ana Helena Almeida 1 ; Filipa Vicente Rodrigues 1 1 Internas de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar UCSP Azambuja ACES Estuário do Tejo ENQUADRAMENTO A toxoplasmose na gravidez, causada pela ingestão de oócitos do parasita Toxoplasma gondii, presentes nas fezes dos gatos e contaminantes do solo e da água ou por ingestão de cistos tecidulares presentes na carne crua ou mal passada 1 , é uma infeção com uma elevada incidência na Europa 2 , pelo que o seu rastreio é recomendado. Na maioria dos doentes é assintomática, mas pode manifestar-se como um síndrome gripal e pode levar a aborto espontâneo. Apenas a primoinfeção durante a gravidez provoca toxoplasmose congénita e varia com a idade gestacional, sendo cerca de 5% às 12 semanas e de 80% às 40 semanas 3 . A gravidade é inversamente proporcional ao aumento da idade gestacional. As alterações ecográficas fetais mais frequentes são calcificações intracranianas e a ventriculomegalia, o que aumenta o risco de sequelas neurológicas 3 . Todavia, 70 a 90% dos recém-nascidos são assintomáticos, mas têm um risco acrescido de coriorretinite 3 . DESCRIÇÃO DO CASO • ♀ 20 anos, aparentemente saudável, índice obstétrico: 0000, residente com o seu companheiro. • Vem pela primeira vez a consulta de saúde materna grávida de 6 semanas. Constata-se que a grávida reside com gatos e é responsável pela limpeza das fezes dos mesmos. Aconselha-se a delegar a realização dessa tarefa durante a gravidez ao companheiro. 7 semanas + 1 dia 10 semanas + 2 dias 11 semanas + 6 dia IgG positivo (28 UI/mL) IgM positivo fraco IgG positivo (27 UI/mL) IgM positivo IgG positivo IgM positivo (12 UI/mL) Avidez intermédia (0,30) Esquema 1. Resultados de serologias para Toxoplasmose e respetivas idade de gestação • A ecografia do 1º trimestre não revela alterações. • Solicita-se repetição destas análises dentro de 3 semanas e apoio da Obstetrícia do hospital de referência. DISCUSSÃO Sem análises pré-concecionais, os anticorpos anti-toxoplasma IgG e IgM positivos nesta fase da gravidez podem significar quer uma infeção recente quer uma infeção antiga, uma vez que a IgM pode persistir positiva durante anos. Para diferenciar, recomenda-se testar a avidez da IgG num centro de referência. Na maioria dos casos, passa de fraca para forte ao fim de 5 meses 4 . Se forte, a infeção terá sido previa à conceção; se fraca será necessária amniocentese para pesquisa do parasita no líquido amniótico, embora seja baixa a probabilidade de transmissão vertical nesta fase. No entanto, o diagnóstico pode ser difícil, implicar a deslocação da grávida a um centro de referência longe da sua residência e um longo tempo de espera motivado pela dúvida diagnóstica. Cabe ao Médico de Família gerir esta ansiedade e as expectativas dos futuros pais, tranquilizá-los, informando sobre os possíveis desfechos diagnósticos e caminhos terapêuticos a seguir. BIBLIOGRAFIA 1. Di Mario S, Basevi V, Gagliotti C, Spettoli D, Gori G, D'Amico R, et al. Prenatal education for congenital toxoplasmosis. Cochrane Database Syst Rev. 2009(1):CD006171. 2. Gollub EL, Leroy V, Gilbert R, Chene G, Wallon M. Effectiveness of health education on Toxoplasma-related knowledge, behaviour, and risk of seroconversion in pregnancy. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2008 Feb;136(2):137-45 3. Montenegro, N, Rodrigues, T, Ramalho, C, Ayres de Campos, D, Protocolos de Medicina Materno-fetal, 3ª Edição, Lidel 2014 4. Paquet C, Yudin MH, Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada. Toxoplasmosis in pregnancy: prevention, screening, and treatment. J Obstet Gynaecol Can 2013; 35:78

Bibliografia: Junior JL, Matta ES, Bortoli L et al. Achados radiológicos na Síndrome de Poland. Radiol Bras, 2012; 45(3): 173-4. Caldas FA, Isa HL, Trippia AC et. al. Síndrome Poland: relato de caso e revisão da literatura. Radiol Bras, 2004; 37(5): 381-3. Araújo A, Soares G, Maia I et al. Nascer e Crescer, 2008; 17(2): 75-9. Banikarim C, Silva NK. Breast disorders in children and adolescents: na overview. UpToDate 2016. Um caso raro de assimetria mamária Maria Teresa Albergaria 1 , Guilherme Figueiredo 2 1 Interna de Medicina Geral e Familiar, Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel. 2 Assistente de Reumatologia, Hospital do Divino Espírito Santo. ENQUADRAMENTO ‣ O Síndrome de Poland (SP) é uma anomalia congénita rara, não hereditária, que corresponde à ausência ou hipoplasia unilateral do músculo grande peitoral. Tem incidência de 1:20 000 nados vivos. ‣ Pode associar-se a outras malformações da mão, hipoplasia ou ausência da glândula mamária, anomalia das costelas, clavículas, esterno, omoplata, hemivértebras ou ausência de pêlos axilares. ‣ A patogénese do SP permanece desconhecida, mas existe a hipótese de ocorrer por interrupção do desenvolvimento embrionário da artéria subclávia em diferentes estádios, o que resultará no aparecimento das várias anomalias. ‣ A reconstrução cirúrgica depende dos componentes músculo-esqueléticos envolvidos. DESCRIÇÃO DO CASO • Género feminino. NASCIMENTO • Boletim de Saúde Infantil e Juvenil: • Gravidez vigiada, sem intercorrências, parto de termo eutócico, índice de APGAR 9/10/10. • Peso, comprimento e perímetro cefálico no Percentil 25. • Desenvolvimento psicomotor adequado. • Sem antecedentes familiares relevantes. 5 MESES DE IDADE • Assimetria mamária à direita. • Recorre ao Médico de Família - diagnóstico de SP. • Sem evidência de outras malformações. • Desenvolvimento psicomotor adequado. • Observada em Medicina Física e Reabilitação: • sem défice neurológico motor ou sensorial; sem limitações funcionais do ombro; manobra de Adams negativa. Figura 1 – Assimetria mamária. Figura 2 – Mãos sem malformações. costela pleura 10 ANOS DE IDADE • Seguida por Cirurgia Plástica para eventual prótese mamária após crescimento definitivo. • Diminuição do volume na região peitoral à direita (Figura 1). Sem outras malformações (Figura 2). • Desenvolvimento psicomotor adequado. • Peso e Estatura no Percentil 50. • Estadio de Tanner – P2 M2. • Realização de ecografia de partes moles da face ântero-superior do tórax (Figura 3): • agenesia, quase total, dos músculos peitorais à direita; sem alterações ósseas ou do tecido celular subcutâneo. • Radiografia da coluna vertebral sem alterações. Figura 3 – Ecografia de tecidos moles da face ântero-superior do tórax. DISCUSSÃO ‣ A realização de uma história clínica e exame físico cuidados, com a criança despida, permite o diagnóstico clínico de SP. Ainda assim, a avaliação radiológica, com a ecografia de partes moles e radiografia, é benéfica para estadiar o espetro de alterações e direcionar o tratamento. ‣ Um diagnóstico precoce e articulação multidisciplinar entre o Médico de Família, abordagem imagiológica, estética e psicomotora permitem a consciencialização, melhoria da qualidade de vida e socialização da criança.

Bibliografia: Junior JL, Matta ES, Bortoli L et al. Achados radiológicos na Síndrome de Poland. Radiol Bras, 2012; 45(3): 173-4. Caldas FA, Isa HL, Trippia AC et. al. Síndrome Poland: relato de<br />

caso e revisão da literatura. Radiol Bras, 2004; 37(5): 381-3. Araújo A, Soares G, Maia I et al. Nascer e Crescer, 2008; 17(2): 75-9. Banikarim C, Silva NK. Breast disorders in children and<br />

adolescents: na overview. UpToDate 2016.<br />

Um caso raro de assimetria mamária<br />

Maria Teresa Albergaria 1 , Guilherme Figueiredo 2<br />

1<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar, Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel. 2 Assistente de Reumatologia, Hospital do Divino<br />

Espírito Santo.<br />

ENQUADRAMENTO<br />

‣ O Síndrome de Poland (SP) é uma anomalia congénita rara, não hereditária, que corresponde à ausência ou<br />

hipoplasia unilateral do músculo grande peitoral. T<strong>em</strong> incidência de 1:20 000 nados vivos.<br />

‣ Pode associar-se a outras malformações da mão, hipoplasia ou ausência da glândula mamária, anomalia das costelas,<br />

clavículas, esterno, omoplata, h<strong>em</strong>ivértebras ou ausência de pêlos axilares.<br />

‣ A patogénese do SP permanece desconhecida, mas existe a hipótese de ocorrer por interrupção do desenvolvimento<br />

<strong>em</strong>brionário da artéria subclávia <strong>em</strong> diferentes estádios, o que resultará no aparecimento das várias anomalias.<br />

‣ A reconstrução cirúrgica depende dos componentes músculo-esqueléticos envolvidos.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• Género f<strong>em</strong>inino.<br />

NASCIMENTO<br />

• Boletim de Saúde Infantil e Juvenil:<br />

• Gravidez vigiada, s<strong>em</strong> intercorrências, parto<br />

de termo eutócico, índice de APGAR 9/10/10.<br />

• Peso, comprimento e perímetro cefálico no<br />

Percentil 25.<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes.<br />

5 MESES DE IDADE<br />

• Assimetria mamária à direita.<br />

• Recorre ao Médico de Família - diagnóstico de SP.<br />

• S<strong>em</strong> evidência de outras malformações.<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• Observada <strong>em</strong> Medicina Física e Reabilitação:<br />

• s<strong>em</strong> défice neurológico motor ou<br />

sensorial; s<strong>em</strong> limitações funcionais do<br />

ombro; manobra de Adams negativa.<br />

Figura 1 – Assimetria mamária.<br />

Figura 2 – Mãos s<strong>em</strong> malformações.<br />

costela<br />

pleura<br />

10 ANOS DE IDADE<br />

• Seguida por Cirurgia Plástica para eventual<br />

prótese mamária após crescimento definitivo.<br />

• Diminuição do volume na região peitoral à direita<br />

(Figura 1). S<strong>em</strong> outras malformações (Figura 2).<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• Peso e Estatura no Percentil 50.<br />

• Estadio de Tanner – P2 M2.<br />

• Realização de ecografia de partes moles da face<br />

ântero-superior do tórax (Figura 3):<br />

• agenesia, quase total, dos músculos<br />

peitorais à direita; s<strong>em</strong> alterações ósseas<br />

ou do tecido celular subcutâneo.<br />

• Radiografia da coluna vertebral s<strong>em</strong> alterações.<br />

Figura 3 – Ecografia de tecidos moles da face ântero-superior do tórax.<br />

DISCUSSÃO<br />

‣ A realização de uma história clínica e exame físico cuidados, com a criança despida, permite o diagnóstico clínico de<br />

SP. Ainda assim, a avaliação radiológica, com a ecografia de partes moles e radiografia, é benéfica para estadiar o<br />

espetro de alterações e direcionar o tratamento.<br />

‣ Um diagnóstico precoce e articulação multidisciplinar entre o Médico de Família, abordag<strong>em</strong> imagiológica, estética e<br />

psicomotora permit<strong>em</strong> a consciencialização, melhoria da qualidade de vida e socialização da criança.

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