POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

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INTOLERÂNCIA A ESTATINAS BAIROS T, AGUIAR V, MARQUES A UNIDADE DE SAÚDE DA ILHA DE SÃO MIGUEL ENQUADRAMENTO Como hipolipemiantes, as estatinas permitem a redução clara da mortalidade cardiovascular através das alterações lipídicas que promovem. Pela inexistência de estudos que coloquem a segurança das estatinas como endpoint primário, a prevalência da intolerância às estatinas permanece obscura, sendo o efeito adverso mais reportado a mialgia. Assim sendo, os benefícios cardiovasculares ultrapassam largamente os potenciais riscos dos seus efeitos adversos. O diagnóstico de intolerância a estatinas baseia-se na presença de uma síndrome clínica caracterizada por incapacidade em tolerar duas estatinas: uma estatina na dose diária mínima e outra estatina em qualquer dose diária, devido a sintomas ou alterações analíticas que são reversíveis com a suspensão do fármaco e reprodutíveis com a sua reintrodução, após exclusão de outras causas. Estes sinais ou sintomas são entendidos como uma interferência inaceitável na sua atividade diária, o que levará à suspensão ou à redução da dose do fármaco. As verdadeiras reações alérgicas a estatinas que envolvem urticária ou outra reação alérgica clássica são raras. DESCRIÇÃO DO CASO • 75 ANOS, SEXO FEMININO • ANTECEDENTES PATOLÓGICOS – HIPERTENSÃO ARTERIAL, DOENÇA CORONÁRIA, DIABETES MELLITUS TIPO II NÃO INSULINOTRATADA, HIPOTIROIDISMO, GONARTROSE, REFLUXO GASTROESOFÁGICO, PERTURBAÇÃO DA ANSIEDADE GENERALIZADA • MEDICAÇÃO HABITUAL – ROSUVASTATINA 10MG, IRBESARTAN 150MG, PROPANOLOL 40MG, METFORMINA 700 MG, LEVOTIROXINA SÓDICA 0.025MG, TRAMADOL+PARACETAMOL 325/37.5MG, OMEPRAZOL 20 MG, ALPRAZOLAM 0.5 MG. • FAMÍLIA NUCLEAR • ESCALA DE GRAFFAR – CLASSE IV • APGAR DE SMILKSTEIN – FUNCIONAL AGO 2013 Rosuvastatina10mgAtorvastatina20mg (insuficiência económica) AGO 2014 Retoma atorvastatina 20mg (engano) MAI 2014 1ª REAÇÃO – ardor oral, mal-estar, tonturas Atorvastatina20mg Sinvastatina 20 mg FEV 2016 Refere intolerância Atorvastatina 20mgPitavastatina 1mg MAR 2016 2ª REAÇÃO – Urticária e angioedema com necessidade de corticóide sistémico Pitavastatina 1mg ezetimibe10mg MAR 2013 JAN 2014 OUT 2015 OUT 2016 CT 183 156 158 172 LDL 121 95 77 101 HDL 36 42 43 40 TG 293 182 224 181 DISCUSSÃO Na impossibilidade de obter um LDL-C inferior a 70mg/dl, definimos como objetivo de colesterol LDL atingir 50% do valor inicial deste, objetivo este alcançado com ezetimibe 10mg uma vez por dia. Uma vez que os critérios para intolerância a estatinas foram cumpridos, assumimos este diagnóstico. A alergia foi registada no software utilizado na consulta e reportada ao Infarmed. As reações alérgicas a estatinas são raras. No entanto, quando existem manifestações sistémicas graves, a estatina deverá ser descontinuada e iniciada outra terapêutica hipolipemiante como ezetimibe ou fibratos. O Médico de família, enquanto co-responsável pela saúde dos seus utentes deverá sempre pesar os riscos e benefícios das terapêuticas instituídas e ajustar a sua prática ao utente que consulta, aplicando o conceito de prevenção quaternária. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Jacobson T, et al. NLA Task Force on Statin Safety - 2014 update. Journal of Clinical Lipidology (2014) 8, S1–S4; Rosenson R. Statins: actions, side effects and administration. UpToDate, 2017.

Entorses recorrentes ou algo mais? Ana Rente, Diana Tomaz. USF Jardins da Encarnação Enquadramento Existem doenças com um enorme impacto a nível da qualidade de vida afectando por vezes as acEvidades de vida diária e a esfera psicossocial do doente. A síndrome de Ehlers-Danlos é uma doença autossómica dominante do tecido conjunEvo. A síndrome de hipermobilidade, presente em aproximadamente 3% da população, é considerada o subEpo da Síndrome de Ehlers-Danlos mais comum e menos severo, embora existam complicações significaEvas principalmente a nível músculo-esqueléEco. Apesar da elevada prevalência é largamente subdiagnosEcada, devido à falta de conhecimento sobre a doença, à heterogeneidade clínica e ao facto do diagnósEco depender do exame objecEvo. Isto leva a um atraso ou ausência de diagnósEco, o que pode provocar intervenções desnecessárias, com frustração dos doentes e dos próprios profissionais de saúde. O presente relato de caso pretende alertar os profissionais de saúde a ponderarem a existência desta síndrome perante uma história clínica sugesEva, uma vez que pode ter implicações funcionais e psicológicas para o doente, principalmente quando se trata de um criança. Descrição do caso Criança de 11 anos, do sexo feminino, filha única, aparentemente saudável, seguida em consulta de vigilância pela médica de família. PraEca dança contemporânea e violoncelo. O agregado familiar é consEtuído pelo pai, pela mãe e pela criança, encontrando-se no estadio IV de Duvall. Sem antecedentes familiares relevantes neste contexto. 19-11-2015 – Consulta de Intersubs=tuição S: Dor na \bio-társica esquerda com 2 dias de evolução, que associava a "mau jeito" na aula de dança. Após ser quesEonada sobre episódios idênEcos, refere múlEplas distensões musculares desde 2013. O: Edema e dor à mobilização passiva e acEva da arEculação referida, juntamente com laxidão em diversas arEculações. A: Entorse/distensão do tornozelo. P: Tratamento sintomáEco. Encaminhamento para a consulta hospitalar de Medicina Física e da Reabilitação (MFR) por suspeita de Síndrome de Hipermobilidade. 11-02-2016 - (consulta de Intersubs=tuição) S: Dor entre o 1º e 2º dedos da mão esquerda, com 6 dias de evolução, com irradiação ao 2º dedo e com agravamento após as aulas de violoncelo. O: Edema da região afectada e dor à movimentação do 1º dedo. A: Entorse/distensão de arEculação. P: Tratamento sintomáEco. 14-11-2016 – (consulta hospitalar de MFR) P: Teve indicação para realizar exercícios de psico-motricidade e para Consulta de Reumatologia. 04-01-2017 – (consulta hospitalar de MFR) S: Sem episódios de entorses nos úlEmo 3 meses. O: Tibio-társica sem edema, dor à palpação do ligamento lateral externo e nos movimentos de inversão, sem limitação das cinésias arEculares. P: Ecografia das Ebio-társicas + ortótese. 07-12-2015 – (consulta hospitalar de MFR) O: laxidão muscular. P: Perda de peso e manutenção da acEvidade esica habitual. 13-02-2017 - (consulta hospitalar de MFR) S: Novo episódio de entorse da Ebio-társica direita, actualmente com queixas álgicas relacionadas com o esforço. O: Sem edema ou dor à palpação no ligamento lateral externo, sem défice das amplitudes arEculares. Ecografia das Ebio-társicas com discreto espessamento sinovial residual na goteira ântero-externa do ligamento perónio astragaliano anterior, podendo ser de natureza traumáEca sequelar. P: Sessões de MFR + ortótese estabilizadora da Ebio-társica para uso na práEca desporEva. Discussão Numa etapa tão crucial como o desenvolvimento de uma criança é essencial que haja um ambiente propício a esta situação em que não existam limitações esicas ou psicossociais associadas. A síndrome de Ehlers-Danlos é uma patologia que pode interferir nas acEvidades de vida diária, podendo ter um impacto significaEvo em termos de qualidade de vida. A conEnuidade de cuidados é uma mais valia em MGF, no entanto pode-se tornar um elemento confundidor. Por vezes é necessária uma visão externa para percepcionar pormenores essenciais para um diagnósEco correcto. Assim, o médico deve ter em atenção, através da colheita de uma história clínica detalhada, situações de distensões frequentes e recorrentes que o alertem para a presença desta síndrome. Os profissionais de saúde podem ter um papel acEvo na prevenção da recorrência destas lesões, que iriam culminar num eventual compromeEmento funcional da criança, com todas as consequências psicológicas e sociais inerentes a este facto. Bibliografia 1. Kumar B, Lenert P. Joint Hypermobility Syndrome: Recognizing a Commonly Overlooked Cause of Chronic Pain. Am J Med. 2017 Mar 9. 2. Lisi C, Monteleone S, Tinelli C, Rinaldi B, Di Natali G, Savasta S. Postural analysis in a pediatric cohort of paEents with Ehlers-Danlos Syndrome: a pilot study. Minerva Pediatr. 2017 Feb 17. 3. Byers PH, Belmont J, Black J, De Backer J, Frank M, Jeunemaitre X, Johnson D, Pepin M, Robert L, Sanders L, Wheeldon N. Diagnosis, natural history, and management in vascular Ehlers-Danlos syndrome. Am J Med Genet C Semin Med Genet. 2017 Mar;175(1):40-47.

Entorses recorrentes ou algo mais?<br />

Ana Rente, Diana Tomaz. USF Jardins da Encarnação<br />

Enquadramento<br />

Exist<strong>em</strong> doenças com um enorme impacto a nível da qualidade de vida afectando por vezes as acEvidades de vida diária e a esfera psicossocial do doente.<br />

A síndrome de Ehlers-Danlos é uma doença autossómica dominante do tecido conjunEvo. A síndrome de hipermobilidade, presente <strong>em</strong> aproximadamente<br />

3% da população, é considerada o subEpo da Síndrome de Ehlers-Danlos mais comum e menos severo, <strong>em</strong>bora existam complicações significaEvas<br />

principalmente a nível músculo-esqueléEco. Apesar da elevada prevalência é largamente subdiagnosEcada, devido à falta de conhecimento sobre a<br />

doença, à heterogeneidade clínica e ao facto do diagnósEco depender do exame objecEvo. Isto leva a um atraso ou ausência de diagnósEco, o que pode<br />

provocar intervenções desnecessárias, com frustração dos doentes e dos próprios profissionais de saúde. O presente relato de caso pretende alertar os<br />

profissionais de saúde a ponderar<strong>em</strong> a existência desta síndrome perante uma história clínica sugesEva, uma vez que pode ter implicações funcionais e<br />

psicológicas para o doente, principalmente quando se trata de um criança.<br />

Descrição do caso<br />

Criança de 11 anos, do sexo f<strong>em</strong>inino, filha única, aparent<strong>em</strong>ente saudável, seguida <strong>em</strong> consulta de vigilância pela médica de família.<br />

PraEca dança cont<strong>em</strong>porânea e violoncelo.<br />

O agregado familiar é consEtuído pelo pai, pela mãe e pela criança, encontrando-se no estadio IV de Duvall.<br />

S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes neste contexto.<br />

19-11-2015 – Consulta de Intersubs=tuição<br />

S: Dor na \bio-társica esquerda com 2 dias de evolução, que associava<br />

a "mau jeito" na aula de dança. Após ser quesEonada sobre episódios<br />

idênEcos, refere múlEplas distensões musculares desde 2013.<br />

O: Ed<strong>em</strong>a e dor à mobilização passiva e acEva da arEculação referida,<br />

juntamente com laxidão <strong>em</strong> diversas arEculações.<br />

A: Entorse/distensão do tornozelo.<br />

P: Tratamento sintomáEco. Encaminhamento para a consulta<br />

hospitalar de Medicina Física e da Reabilitação (MFR) por suspeita de<br />

Síndrome de Hipermobilidade.<br />

11-02-2016 - (consulta de Intersubs=tuição)<br />

S: Dor entre o 1º e 2º dedos da mão esquerda, com 6 dias de evolução,<br />

com irradiação ao 2º dedo e com agravamento após as aulas de<br />

violoncelo.<br />

O: Ed<strong>em</strong>a da região afectada e dor à movimentação do 1º dedo.<br />

A: Entorse/distensão de arEculação.<br />

P: Tratamento sintomáEco.<br />

14-11-2016 – (consulta hospitalar de MFR)<br />

P: Teve indicação para realizar exercícios de psico-motricidade e para<br />

Consulta de Reumatologia.<br />

04-01-<strong>2017</strong> – (consulta hospitalar de MFR)<br />

S: S<strong>em</strong> episódios de entorses nos úlEmo 3 meses.<br />

O: Tibio-társica s<strong>em</strong> ed<strong>em</strong>a, dor à palpação do ligamento lateral<br />

externo e nos movimentos de inversão, s<strong>em</strong> limitação das cinésias<br />

arEculares.<br />

P: Ecografia das Ebio-társicas + ortótese.<br />

07-12-2015 – (consulta hospitalar de MFR)<br />

O: laxidão muscular.<br />

P: Perda de peso e manutenção da acEvidade esica habitual.<br />

13-02-<strong>2017</strong> - (consulta hospitalar de MFR)<br />

S: Novo episódio de entorse da Ebio-társica direita, actualmente com<br />

queixas álgicas relacionadas com o esforço.<br />

O: S<strong>em</strong> ed<strong>em</strong>a ou dor à palpação no ligamento lateral externo, s<strong>em</strong><br />

défice das amplitudes arEculares. Ecografia das Ebio-társicas com<br />

discreto espessamento sinovial residual na goteira ântero-externa do<br />

ligamento perónio astragaliano anterior, podendo ser de natureza<br />

traumáEca sequelar.<br />

P: Sessões de MFR + ortótese estabilizadora da Ebio-társica para uso<br />

na práEca desporEva.<br />

Discussão<br />

Numa etapa tão crucial como o desenvolvimento de uma criança é essencial que haja um ambiente propício a esta situação <strong>em</strong> que não existam limitações<br />

esicas ou psicossociais associadas. A síndrome de Ehlers-Danlos é uma patologia que pode interferir nas acEvidades de vida diária, podendo ter um<br />

impacto significaEvo <strong>em</strong> termos de qualidade de vida. A conEnuidade de cuidados é uma mais valia <strong>em</strong> MGF, no entanto pode-se tornar um el<strong>em</strong>ento<br />

confundidor. Por vezes é necessária uma visão externa para percepcionar pormenores essenciais para um diagnósEco correcto. Assim, o médico deve ter<br />

<strong>em</strong> atenção, através da colheita de uma história clínica detalhada, situações de distensões frequentes e recorrentes que o alert<strong>em</strong> para a presença desta<br />

síndrome. Os profissionais de saúde pod<strong>em</strong> ter um papel acEvo na prevenção da recorrência destas lesões, que iriam culminar num eventual<br />

compromeEmento funcional da criança, com todas as consequências psicológicas e sociais inerentes a este facto.<br />

Bibliografia<br />

1. Kumar B, Lenert P. Joint Hypermobility Syndrome: Recognizing a Commonly Overlooked Cause of Chronic Pain. Am J Med. <strong>2017</strong> Mar 9. 2. Lisi C, Monteleone S, Tinelli C, Rinaldi B, Di Natali G, Savasta S.<br />

Postural analysis in a pediatric cohort of paEents with Ehlers-Danlos Syndrome: a pilot study. Minerva Pediatr. <strong>2017</strong> Feb 17. 3. Byers PH, Belmont J, Black J, De Backer J, Frank M, Jeun<strong>em</strong>aitre X, Johnson D,<br />

Pepin M, Robert L, Sanders L, Wheeldon N. Diagnosis, natural history, and manag<strong>em</strong>ent in vascular Ehlers-Danlos syndrome. Am J Med Genet C S<strong>em</strong>in Med Genet. <strong>2017</strong> Mar;175(1):40-47.

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