POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

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Enquadramento “HOSPITAL? MAS EU SÓ ESTOU COM GRIPE!”- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Negrões S. 1 ; Ramalho A. 1 ; Pissarra M. 1 1 USF Sobreda – ACES Almada/Seixal; saranegroes@gmail.com O Flutter auricular é um tipo de taquiarritmia supraventricular que se origina a partir de um circuito elétrico do tipo macroreentrada na aurícula direita. Estima-se que a incidência global é de 88/100.000 pessoas/ano e que esta aumenta com a idade. A clínica pode manifestar-se por um quadro de palpitações, fadiga, tonturas, dor torácica e/ou dispneia. O diagnóstico é feito por eletrocardiograma, que na forma típica apresenta-se com deflexões auriculares em dente de serra direcionadas negativamente (ondas f) nas derivações II,III e aVF e deflexões positivas em V1. A abordagem terapêutica varia consoante a estabilidade hemodinâmica do doente, isto é se instável procede-se a cardioversão elétrica de emergência, se estável opta-se pelo controlo da frequência cardíaca com beta bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio, anticoagulação para prevenção do acidente vascular cerebral (AVC) e tratamento da causa subjacente. Descrição do caso ♀ 62 anos; AP: Perturbação bipolar do tipo I, Hipotiroidismo, Glaucoma, Obesidade, Doença de Parkinson, Adenocarcinoma da mama esquerda. MH: Acetato de eslicarbazepina 800 mg id; Ciamemazina 30 gotas id; Levotiroxina sódica 0.1 mg id; Omeprazol 40 mg id S: Astenia, mialgias, tosse seca com um dia de evolução. Negava dispneia, dor torácica ou palpitações. Consulta aberta USF 19/12/2016 Urgência 19/12/2016 USF 22/12/2016 O: Glasgow 15; Temp. 37º C; Eupneica; TA: 130/85mmHg; AC: sons arrritmicos, taquicardicos, sem sopros; AP: mv + e simérico bilateralmente com crepitações bibasais; FC: 155 bpm A: Taquiarritmica de novo – Flutter auricular ? FA? + Gripe P: Referencio para SU do hospital de referência Exame objetivo: sobreponível GSA (aa): ph 7.45; pCO2 36; pO2 68.2; HCO3 24.4; Sat O2 95% ECG: Flutter auricular com RVR Estudo analítico: Hb13.4g/dL; Leucócitos 7,5 10^9/L; Creatinina 1.4mg/dl; LDH 715 UI/L; CK 331 UI/L; Mioglobina 782 ng/mL; Troponina 21 ng/L; PCR 6.7mg/dL Rx torax: ICT normal; infiltrado instersticial na base direita Eco TT: boa função sistólica global esquerda, sem alterações segmentares. Sem valvulopatia mitral. Pericardio sem derrame Cardioversão eléctrica 150J Ritmo sinusal Inicia bisoprolol 2.5mg/dia + rivaroxabano 20mg/dia (4 semanas). Alta com consulta marcada Medicina Interna. S: Sem queixas O: FC: 80 bpm; TA:127/80mmHg; AC: S1 e S2 presentes e ritmicos sem sopros; AP: mv+ e simétrico bilateralmente, sem ruídos adventícios A: Flutter auricular, com reversão a RS P: Mantém medicação instituída. Discussão O flutter auricular é uma condição médica urgente e para a qual o médico de família deve estar atento, pois a clínica pode confundir ou mascarar o diagnóstico. O seu reconhecimento tem vital importância para o doente, dado conferir risco aumentado de eventos trombóticos e de desenvolvimento de cardiomiopatia induzida por taquicardia, ou ser causa de instabilidade hemodinâmica. Este caso realça a importância da execução de uma boa anamnese e de um exame físico completo, mesmo que o tempo da consulta seja escasso e não seja o médico de família do utente a observa-lo. Bibliografia 1 BMJ Flutter artrial Junho 2016; 2 Vadmann H, Nielsen PB, Hjortshoj SP, Riahi S, Rasmussen LH, Lip GY, Larsen TB.. Atrial flutter and thromboembolic risk: a systematic review. Heart. 2015;101(18):1446-55.

Enquadramento<br />

“HOSPITAL? MAS EU SÓ ESTOU COM GRIPE!”- A<br />

PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Negrões S. 1 ; Ramalho A. 1 ; Pissarra M. 1<br />

1<br />

USF Sobreda – ACES Almada/Seixal;<br />

saranegroes@gmail.com<br />

O Flutter auricular é um tipo de taquiarritmia supraventricular que se origina a partir de um circuito elétrico do tipo macroreentrada na aurícula<br />

direita. Estima-se que a incidência global é de 88/100.000 pessoas/ano e que esta aumenta com a idade. A clínica pode manifestar-se por um quadro de<br />

palpitações, fadiga, tonturas, dor torácica e/ou dispneia. O diagnóstico é feito por eletrocardiograma, que na forma típica apresenta-se com deflexões<br />

auriculares <strong>em</strong> dente de serra direcionadas negativamente (ondas f) nas derivações II,III e aVF e deflexões positivas <strong>em</strong> V1. A abordag<strong>em</strong> terapêutica<br />

varia consoante a estabilidade h<strong>em</strong>odinâmica do doente, isto é se instável procede-se a cardioversão elétrica de <strong>em</strong>ergência, se estável opta-se pelo<br />

controlo da frequência cardíaca com beta bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio, anticoagulação para prevenção do acidente vascular<br />

cerebral (AVC) e tratamento da causa subjacente.<br />

Descrição do caso<br />

♀ 62 anos;<br />

AP: Perturbação bipolar do tipo I, Hipotiroidismo, Glaucoma, Obesidade, Doença de Parkinson, Adenocarcinoma da mama esquerda.<br />

MH: Acetato de eslicarbazepina 800 mg id; Ciam<strong>em</strong>azina 30 gotas id; Levotiroxina sódica 0.1 mg id; Omeprazol 40 mg id<br />

S: Astenia, mialgias, tosse seca com um dia de evolução. Negava dispneia, dor torácica ou palpitações.<br />

Consulta<br />

aberta<br />

USF<br />

19/12/2016<br />

Urgência<br />

19/12/2016<br />

USF<br />

22/12/2016<br />

O: Glasgow 15; T<strong>em</strong>p. 37º C; Eupneica; TA: 130/85mmHg; AC: sons arrritmicos, taquicardicos, s<strong>em</strong><br />

sopros; AP: mv + e simérico bilateralmente com crepitações bibasais; FC: 155 bpm<br />

A: Taquiarritmica de novo – Flutter auricular ? FA? + Gripe<br />

P: Referencio para SU do hospital de referência<br />

Exame objetivo: sobreponível<br />

GSA (aa): ph 7.45; pCO2 36; pO2 68.2; HCO3 24.4; Sat O2 95%<br />

ECG: Flutter auricular com RVR<br />

Estudo analítico: Hb13.4g/dL; Leucócitos 7,5 10^9/L; Creatinina 1.4mg/dl; LDH 715 UI/L; CK<br />

331 UI/L; Mioglobina 782 ng/mL; Troponina 21 ng/L; PCR 6.7mg/dL<br />

Rx torax: ICT normal; infiltrado instersticial na base direita<br />

Eco TT: boa função sistólica global esquerda, s<strong>em</strong> alterações segmentares. S<strong>em</strong> valvulopatia<br />

mitral. Pericardio s<strong>em</strong> derrame<br />

Cardioversão eléctrica 150J Ritmo sinusal<br />

Inicia bisoprolol 2.5mg/dia + rivaroxabano 20mg/dia (4 s<strong>em</strong>anas). Alta com consulta marcada<br />

Medicina Interna.<br />

S: S<strong>em</strong> queixas<br />

O: FC: 80 bpm; TA:127/80mmHg; AC: S1 e S2 presentes e ritmicos s<strong>em</strong> sopros; AP: mv+ e simétrico<br />

bilateralmente, s<strong>em</strong> ruídos adventícios<br />

A: Flutter auricular, com reversão a RS<br />

P: Mantém medicação instituída.<br />

Discussão<br />

O flutter auricular é uma condição médica urgente e para a qual o médico de família deve estar atento, pois a clínica pode confundir ou mascarar o<br />

diagnóstico. O seu reconhecimento t<strong>em</strong> vital importância para o doente, dado conferir risco aumentado de eventos trombóticos e de desenvolvimento<br />

de cardiomiopatia induzida por taquicardia, ou ser causa de instabilidade h<strong>em</strong>odinâmica. Este caso realça a importância da execução de uma boa<br />

anamnese e de um exame físico completo, mesmo que o t<strong>em</strong>po da consulta seja escasso e não seja o médico de família do utente a observa-lo.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

BMJ Flutter artrial Junho 2016; 2 Vadmann H, Nielsen PB, Hjortshoj SP, Riahi S, Rasmussen LH, Lip GY, Larsen TB.. Atrial flutter and thrombo<strong>em</strong>bolic risk: a syst<strong>em</strong>atic review. Heart.<br />

2015;101(18):1446-55.

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