POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

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ÚLCERA DE PERNA DE ETIOLOGIA VENOSA – Um caso clínico – Ana Catarina Silva 1 , Inês Pereira 1 , Paulo Martins 2 1 Internas de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar ; 2 Enfermeiro de Família ENQUADRAMENTO A maioria das úlceras do membro inferior é de causa vascular, sendo 70% a 90% por insuficiência venosa e 10% a 15% por oclusão arterial e diabetes mellitus. A insuficiência venosa crónica carateriza-se por edema, eritema, eczema e/ou lipodermatoesclerose da pele e do tecido subcutâneo. Na maioria das vezes, a anamnese e o exame físico são suficientes para concluir o diagnóstico e orientar o tratamento. Objetivo: alertar para a importância do trabalho em equipa nos Cuidados de Saúde Primários, a fim de serem prestados os melhores cuidados a doentes com doença venosa crónica. DESCRIÇÃO DO CASO • M.C.M.R., sexo feminino, 67 anos, caucasiana, casada, 4º ano de escolaridade, reformada (doméstica), autónoma para as atividades de vida diária. Família nuclear na fase VIII do ciclo de Duvall; classe média (Graffar classe III). • Antecedentes Pessoais: Doença venosa crónica (desde 2008) CEAP: Classe 6 (K95); úlcera venosa crónica no membro inferior esquerdo (S97); obesidade grau II (IMC 38,6 Kg/m 2 ) (T82); anomalia da glicose em jejum (A91); gonartrose esquerda (L90). • Antecedentes Cirúrgicos: enxerto de pele da face interna do membro inferior esquerdo por úlcera venosa • Sem hábitos tabágicos, alcoólicos e toxicómanos. Alergias medicamentosas: penicilina e iodopovidona. • Sem medicação habitual. Evolução da História da Doença Atual 2008 Diagnóstico de patologia varicosa - aconselhada a fazer venotrópico e usar meias de compressão elástica. 2009 Observada úlcera varicosa com componente infecioso e realizada antibioterapia e tratamento diário da ferida. Inicia acompanhamento em consulta de cirurgia vascular. 2010 - 2013 Faz vários ciclos de antibioterapia devido a infeções da ferida. Posteriormente, por não controlo da recorrência de infeções e devido à ferida se manter aberta, efetua desbridamento e plastia com enxerto da pele. 2013 - 2016 A ferida mantém-se aberta com recorrências infeciosas, com necessidade de internamento para antibioterapia endovenosa, terapia por vácuo e 2 novos enxertos. Encaminhada para consulta da dor por algias incontroláveis. Inicia tratamento duas vezes por semana com terapia compressiva na Unidade de Saúde Familiar, tendo sido decidida, em equipa de família, 2016 - 2017 a administração de sulodexida intramuscular 1 vez por dia durante 20 dias. Após esta terapêutica, verificou-se melhoria significativa dos sinais inflamatórios e redução do tamanho da ferida. Assim, após 1 mês de tratamento, deixou de fazer analgesia, com necessidade de tratamento da ferida apenas 1 vez por semana. Face à evolução clínica favorável, optou-se por continuar sulodexida oral por 40 dias. Inicia sulodexina intramuscular e terapia compressiva Figura 1: Úlcera exsudativa, ausência de tecido de granulação Figura 3: Úlcera pouco exsudativa, epitelização em todo o leito da ferida 23/11/2016 14/12/2016 31/12/2016 02/03/2017 Figura 2: Diminuição carga necrótica, presença de tecido de granulação Figura 4: Expressiva diminuição do leito da ferida DISCUSSÃO A úlcera venosa crónica é uma patologia com consequências físicas e psicológicas devastadoras. Neste caso, a terapêutica com sulodexida foi um dos principais fatores para a melhoria da sintomatologia, pelo que nos casos de difícil resolução poderá ser uma das armas terapêuticas a instituir. Dado os Cuidados de Saúde Primários serem o primeiro ponto de contacto do utente com os serviços de saúde e a frequência deste diagnóstico ser elevada, este caso mostra a necessidade de uma adequada abordagem e de um permanente acompanhamento destes doentes pela equipa de família, a fim de uma melhoria da sua qualidade de vida. BIBLIOGRAFIA: Abbade, Luciana Patrícia Fernandes; Lastória, Sidnei. Abordagem de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa. An. Bras. Dermatol. 2006 Dec; 81( 6 ): 509-522 | Aldunate, Johnny; Isaac, Cesar; Ladeira, Pedro et al. Úlceras venosas em membros inferiores. Rev. Med São Paulo. 2010 Jul-Dez; 89 (3/4): 158-163. | Furtado, Katia. Úlcera de perna – tratamento baseado na evidência. Rev. Nursing Port. 2003 Jul. | Toniollo, Cleide; Bertolin, Telma. Úlcera venosa crónica: um relato de caso. Rev. Bras. de Ciências do Envelhecimento Humano. 2012; 9 (3): 417-425.

ÚLCERA DE PERNA DE ETIOLOGIA VENOSA<br />

– Um caso clínico –<br />

Ana Catarina Silva 1 , Inês Pereira 1 , Paulo Martins 2<br />

1<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar ; 2 Enfermeiro de Família<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A maioria das úlceras do m<strong>em</strong>bro inferior é de causa vascular, sendo 70% a 90% por insuficiência venosa e 10% a 15% por oclusão arterial e diabetes mellitus. A<br />

insuficiência venosa crónica carateriza-se por ed<strong>em</strong>a, erit<strong>em</strong>a, ecz<strong>em</strong>a e/ou lipodermatoesclerose da pele e do tecido subcutâneo. Na maioria das vezes, a<br />

anamnese e o exame físico são suficientes para concluir o diagnóstico e orientar o tratamento.<br />

Objetivo: alertar para a importância do trabalho <strong>em</strong> equipa nos Cuidados de Saúde Primários, a fim de ser<strong>em</strong> prestados os melhores cuidados a doentes com<br />

doença venosa crónica.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• M.C.M.R., sexo f<strong>em</strong>inino, 67 anos, caucasiana, casada, 4º ano de escolaridade, reformada (doméstica), autónoma para as atividades de vida diária. Família<br />

nuclear na fase VIII do ciclo de Duvall; classe média (Graffar classe III).<br />

• Antecedentes Pessoais: Doença venosa crónica (desde 2008) CEAP: Classe 6 (K95); úlcera venosa crónica no m<strong>em</strong>bro inferior esquerdo (S97); obesidade grau<br />

II (IMC 38,6 Kg/m 2 ) (T82); anomalia da glicose <strong>em</strong> jejum (A91); gonartrose esquerda (L90).<br />

• Antecedentes Cirúrgicos: enxerto de pele da face interna do m<strong>em</strong>bro inferior esquerdo por úlcera venosa<br />

• S<strong>em</strong> hábitos tabágicos, alcoólicos e toxicómanos. Alergias medicamentosas: penicilina e iodopovidona.<br />

• S<strong>em</strong> medicação habitual.<br />

Evolução da História da Doença Atual<br />

2008 Diagnóstico de patologia varicosa - aconselhada a fazer venotrópico e usar meias de compressão elástica.<br />

2009 Observada úlcera varicosa com componente infecioso e realizada antibioterapia e tratamento diário da ferida.<br />

Inicia acompanhamento <strong>em</strong> consulta de cirurgia vascular.<br />

2010 - 2013<br />

Faz vários ciclos de antibioterapia devido a infeções da ferida. Posteriormente, por não controlo da recorrência de infeções e devido à ferida<br />

se manter aberta, efetua desbridamento e plastia com enxerto da pele.<br />

2013 - 2016<br />

A ferida mantém-se aberta com recorrências infeciosas, com necessidade de internamento para antibioterapia endovenosa, terapia por<br />

vácuo e 2 novos enxertos. Encaminhada para consulta da dor por algias incontroláveis.<br />

Inicia tratamento duas vezes por s<strong>em</strong>ana com terapia compressiva na Unidade de Saúde Familiar, tendo sido decidida, <strong>em</strong> equipa de família,<br />

2016 - <strong>2017</strong><br />

a administração de sulodexida intramuscular 1 vez por dia durante 20 dias. Após esta terapêutica, verificou-se melhoria significativa dos<br />

sinais inflamatórios e redução do tamanho da ferida. Assim, após 1 mês de tratamento, deixou de fazer analgesia, com necessidade de<br />

tratamento da ferida apenas 1 vez por s<strong>em</strong>ana. Face à evolução clínica favorável, optou-se por continuar sulodexida oral por 40 dias.<br />

Inicia sulodexina<br />

intramuscular e terapia<br />

compressiva<br />

Figura 1: Úlcera exsudativa, ausência de tecido de granulação<br />

Figura 3: Úlcera pouco exsudativa, epitelização <strong>em</strong> todo o leito da ferida<br />

23/11/2016 14/12/2016 31/12/2016 02/03/<strong>2017</strong><br />

Figura 2: Diminuição carga necrótica, presença de tecido de granulação<br />

Figura 4: Expressiva diminuição do leito da ferida<br />

DISCUSSÃO<br />

A úlcera venosa crónica é uma patologia com consequências físicas e psicológicas devastadoras. Neste caso, a terapêutica com sulodexida foi um dos principais<br />

fatores para a melhoria da sintomatologia, pelo que nos casos de difícil resolução poderá ser uma das armas terapêuticas a instituir. Dado os Cuidados de Saúde<br />

Primários ser<strong>em</strong> o primeiro ponto de contacto do utente com os serviços de saúde e a frequência deste diagnóstico ser elevada, este caso mostra a necessidade<br />

de uma adequada abordag<strong>em</strong> e de um permanente acompanhamento destes doentes pela equipa de família, a fim de uma melhoria da sua qualidade de vida.<br />

BIBLIOGRAFIA: Abbade, Luciana Patrícia Fernandes; Lastória, Sidnei. Abordag<strong>em</strong> de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa. An. Bras. Dermatol. 2006 Dec; 81( 6 ): 509-522 | Aldunate, Johnny; Isaac, Cesar; Ladeira, Pedro et al. Úlceras venosas <strong>em</strong> m<strong>em</strong>bros inferiores. Rev. Med São Paulo. 2010 Jul-Dez; 89 (3/4):<br />

158-163. | Furtado, Katia. Úlcera de perna – tratamento baseado na evidência. Rev. Nursing Port. 2003 Jul. | Toniollo, Cleide; Bertolin, Telma. Úlcera venosa crónica: um relato de caso. Rev. Bras. de Ciências do Envelhecimento Humano. 2012; 9 (3): 417-425.

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