POSTERS - Update em medicina 2017 book 1
- BULLYING - UM PROBLEMA REAL EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR Lara Tomás, Inês Figueiredo, Fátima Cordeiro USF Lusitana – ACES Dão Lafões Enquadramento O Bullying, enquanto abuso sistemático de poder, caracterizado por agressão psicológica ou física com a intenção de causar distress noutra pessoa, tem sido considerado com um fator de risco major para doença mental e alterações do desenvolvimento psicossocial. Em Portugal, estudos demonstram que 23.5% dos alunos entre os 10 e os 18 anos já se envolveram em comportamentos de bullying. Caso clínico Identificação • A.C. 15 anos • Sexo feminino • Frequenta 10º Ano Antecedentes Avaliação familiar • Familia nuclear • Duval fase V • APGAR familiar 8 PT, 38 anos Hipotiroidismo 65 anos Hipertensão Diabetes Hipotiroidismo 2001 RT, 40 anos Camionista TM, 36 anos ansiedade Óbito aos 67 anos por AVC RG, 33 anos saudável Esquema 1 - Genograma familiar Legenda: Mulher Homem Psicofigura de mitchell: Agregado Familiar • Escoliose • Psoríase • ansiedade AC 15 anos PC 18 meses saudável RG, 10 anos saudável Boa relação Consulta aguda no médico de família – vem acompanhada pela mãe S O P01 - SENSAÇÃO DE ANSIEDADE / NERVOSISMO / TENSÃO relacionado com a ida à escola P03 - SENSAÇÃO DE DEPRESSÃO "quero desaparecer deste mundo pq os colegas da escola faze pouco de i...; " os colegas da turma fazem-e topeça e cai .; pensei em matar-e co ua faca; estou sepe soziha, ão teho aigos sic P06 - PERTURBAÇÃO DO SONO; T08 - PERDA DE PESO, N01 – CEFALEIA, Refere também Exame físico: Fácies triste, aspeto pouco cuidado, choro fácil, emagrecida. IMC 18.9, restante exame físico sem alterações Exame mental: humor depressivo, desinteresse, isolamento social, ideação suicida. H (Casa) – nega problemas E (escola)- ão teho aigos; goza coigo; isucesso escola… A (alimentação) – ão teho apetite A (actividades) – Não e iteesso po ada… D (drogas e cosumos) – não consome S (sexualidade) – há u apaz ue gosta de i…ão ueo ada co ele…ele goza coigo S (depressão e suicído) – ueo desapaece A P76 - PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA, com ideação suicida P Referenciação para o serviço de urgência (SU) de pediatria por risco de suicidio SU de pediatria Internamento em Pedopsiquiatria No internamento, iniciou Sertralina 50 mg, e risperidona 1mg, com evolução favorável. iniciou acompanhamento com equipa de pedopsiquiatria e psicologia Escola • Prevenir a intimidação • Evitar retaliações • Acompanhamento pedagógico Acompanhamento médico Seguimento em: • Pedopsiquiatria • Psicologia Medico de Família • Acompanhamento • Alerta • Avaliação familiar • prevenção Atualmente, segundo a adolescente, sente-se melhor e o bullying parou. Discussão Crianças e adolescentes que sofrem de bullying têm o dobro da probabilidade de manifestar sintomas somáticos como cefaleias, dor abdominal e patologia do sono. Estes jovens apresentam também um elevado risco de doença mental como depressão, lesões auto infligidas, perturbações de comportamento alimentar e suicídio. Os efeitos negativos persistem na idade adulta com repercussões socioeconómicas e psicológicas. O médico de família tem um papel importante de rastrear e detetar estas situações, aproveitando para promover a saúde mental e prevenir consequências a longo prazo. 1 - Norma DGS 010/2013 - 31/05/2013 - Plano Nacional de Saúde Infantil e Juvenil; 2 - Scott EJ, Dale J - Childhood bullying: implications for general practice Br J Gen Pract. 2016 Oct;66(651):504-5. doi: 10.3399/bjgp16X687145; 3 - Klomek AB et al - Childhood bullying behaviors as a risk for suicide attempts and completed suicides: a population-based birth cohort study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2009 Mar;48(3):254-61.; 4- J Dale, R Russell, D Wolke - Intervening in primary care against childhood bullying: an increasingly pressing public health need Journal of the Royal Society of Medicine 2014, vol 107(6);
- Page 150 and 151: DIABETES NO RAMADÃO Eliézer Cerda
- Page 152 and 153: AUTO-MONITORI)AÇÃO DA GLICÉMIA N
- Page 155: A relação entre a pressão arteri
- Page 162: Puberdade precoce no sexo feminino:
- Page 166: UMA “SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO
- Page 170: Nevralgia do Glossofaríngeo Uma s
- Page 173 and 174: Um sintoma comum e uma patologia ra
- Page 175 and 176: Quando o tratamento se torna um Ten
- Page 177 and 178: Consulta Programada Consulta de Neu
- Page 179 and 180: Priscila Araújo; Raquel Parreira;
- Page 182: Patrícia Marques, Joana Leal, Ana
- Page 186: QUE LUGAR TEM A SULODEXIDA NO TRATA
- Page 190: EDEMA UNILATERAL DO MEMBRO INFERIOR
- Page 194: Enquadramento Descrição do caso A
- Page 198: Enquadramento A hipoglicémia pós
- Page 204: Endometriose umbilical? Leonor Luca
- Page 207: LEIOMIOMA SUBMUCOSO DO CÓLON DESCE
- Page 211: Autores: Nuno Soares 1 , Mafalda Si
- Page 215: Carlos Júlio 1 , Inês Costa 2 Int
- Page 219: 1 semana QUANDO OS SINTOMAS FAZEM P
- Page 223: Vanda Ng Godinho 1 , Vítor Martins
- Page 227: A PROPÓSITO DE UMA APRESENTAÇÃO
- Page 231: SÍNDROME WOLF PARKINSON WHITE - A
- Page 237: Autores: Joana Castro*; Nuno Parent
- Page 241: Caso Clínico 1 Joana Sofia Gil, Em
- Page 247: QUANDO UMA DOR AGRAVA A OUTRA E TUD
- BULLYING -<br />
UM PROBLEMA REAL EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR<br />
Lara Tomás, Inês Figueiredo, Fátima Cordeiro<br />
USF Lusitana – ACES Dão Lafões<br />
Enquadramento<br />
O Bullying, enquanto abuso sist<strong>em</strong>ático de poder, caracterizado por agressão psicológica ou física com a intenção de<br />
causar distress noutra pessoa, t<strong>em</strong> sido considerado com um fator de risco major para doença mental e alterações do<br />
desenvolvimento psicossocial. Em Portugal, estudos d<strong>em</strong>onstram que 23.5% dos alunos entre os 10 e os 18 anos já se<br />
envolveram <strong>em</strong> comportamentos de bullying.<br />
Caso clínico<br />
Identificação<br />
• A.C. 15 anos<br />
• Sexo f<strong>em</strong>inino<br />
• Frequenta 10º Ano<br />
Antecedentes<br />
Avaliação familiar<br />
• Familia nuclear<br />
• Duval fase V<br />
• APGAR familiar 8<br />
PT, 38 anos<br />
Hipotiroidismo<br />
65 anos<br />
Hipertensão<br />
Diabetes<br />
Hipotiroidismo<br />
2001<br />
RT, 40 anos<br />
Camionista<br />
TM, 36 anos<br />
ansiedade<br />
Óbito aos 67<br />
anos por<br />
AVC<br />
RG, 33 anos<br />
saudável<br />
Esqu<strong>em</strong>a 1 - Genograma familiar<br />
Legenda:<br />
Mulher<br />
Hom<strong>em</strong><br />
Psicofigura de mitchell:<br />
Agregado Familiar<br />
• Escoliose<br />
• Psoríase<br />
• ansiedade<br />
AC 15 anos<br />
PC 18 meses<br />
saudável<br />
RG, 10 anos<br />
saudável<br />
Boa relação<br />
Consulta aguda no médico de família – v<strong>em</strong> acompanhada pela mãe<br />
S<br />
O<br />
P01 - SENSAÇÃO DE ANSIEDADE / NERVOSISMO / TENSÃO relacionado com a ida à escola<br />
P03 - SENSAÇÃO DE DEPRESSÃO "quero desaparecer deste mundo pq os colegas da<br />
escola faze pouco de i...; " os colegas da turma faz<strong>em</strong>-e topeça e cai .; pensei<br />
<strong>em</strong> matar-e co ua faca; estou sepe soziha, ão teho aigos sic<br />
P06 - PERTURBAÇÃO DO SONO; T08 - PERDA DE PESO, N01 – CEFALEIA,<br />
Refere também<br />
Exame físico: Fácies triste, aspeto pouco cuidado, choro fácil, <strong>em</strong>agrecida.<br />
IMC 18.9, restante exame físico s<strong>em</strong> alterações<br />
Exame mental: humor depressivo, desinteresse, isolamento social, ideação suicida.<br />
H (Casa) – nega probl<strong>em</strong>as<br />
E (escola)- ão teho aigos; goza coigo; isucesso escola…<br />
A (alimentação) – ão teho apetite<br />
A (actividades) – Não e iteesso po ada…<br />
D (drogas e cosumos) – não consome<br />
S (sexualidade) – há u apaz ue gosta de i…ão ueo ada<br />
co ele…ele goza coigo<br />
S (depressão e suicído) – ueo desapaece<br />
A P76 - PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA, com ideação suicida<br />
P Referenciação para o serviço de urgência (SU) de pediatria por risco de suicidio<br />
SU de pediatria<br />
Internamento <strong>em</strong> Pedopsiquiatria<br />
No internamento, iniciou Sertralina 50 mg, e risperidona 1mg, com evolução favorável. iniciou<br />
acompanhamento com equipa de pedopsiquiatria e psicologia<br />
Escola<br />
• Prevenir a intimidação<br />
• Evitar retaliações<br />
• Acompanhamento<br />
pedagógico<br />
Acompanhamento médico<br />
Seguimento <strong>em</strong>:<br />
• Pedopsiquiatria<br />
• Psicologia<br />
Medico de Família<br />
• Acompanhamento<br />
• Alerta<br />
• Avaliação familiar<br />
• prevenção<br />
Atualmente, segundo a adolescente, sente-se melhor e o bullying parou.<br />
Discussão<br />
Crianças e adolescentes que sofr<strong>em</strong> de bullying têm o dobro da probabilidade de manifestar sintomas somáticos como<br />
cefaleias, dor abdominal e patologia do sono. Estes jovens apresentam também um elevado risco de doença mental como<br />
depressão, lesões auto infligidas, perturbações de comportamento alimentar e suicídio. Os efeitos negativos persist<strong>em</strong> na<br />
idade adulta com repercussões socioeconómicas e psicológicas. O médico de família t<strong>em</strong> um papel importante de<br />
rastrear e detetar estas situações, aproveitando para promover a saúde mental e prevenir consequências a longo prazo.<br />
1 - Norma DGS 010/2013 - 31/05/2013 - Plano Nacional de Saúde Infantil e Juvenil; 2 - Scott EJ, Dale J - Childhood bullying: implications for general practice Br J Gen Pract. 2016 Oct;66(651):504-5. doi: 10.3399/bjgp16X687145; 3 -<br />
Klomek AB et al - Childhood bullying behaviors as a risk for suicide att<strong>em</strong>pts and completed suicides: a population-based birth cohort study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2009 Mar;48(3):254-61.; 4- J Dale, R Russell, D Wolke -<br />
Intervening in primary care against childhood bullying: an increasingly pressing public health need Journal of the Royal Society of Medicine 2014, vol 107(6);