15.04.2017 Views

POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DOR DA CINTURA PÉLVICA<br />

RELACIONADA COM A GRAVIDEZ<br />

Ana Luisa Marcelino - USF Ouriceira<br />

ENQUADRAMENTO: A dor da cintura pélvica relacionada com a gravidez<br />

(DCPG) é uma forma especifica de dor lombar com uma etiologia multifatorial<br />

(fatores biomecânicos, traumáticos, genéticos, hormonais e degenerativos). É<br />

definida como uma dor relacionada com a gravidez que se localiza entre a<br />

crista ilíaca posterior, a prega glútea e as articulações sacroilíacas, que pode<br />

irradiar para a parte posterior da coxa e que pode aparecer <strong>em</strong> conjunto ou<br />

separadamente na sínfise púbica. É reprodutível por testes físicos e t<strong>em</strong> como<br />

fatores de risco: história prévia de dor lombar, DCPG ou traumas da pélvis.<br />

Desvalorizada pelos médicos é uma entidade que pode ter implicações físicas<br />

e psicológicas importantes nas grávidas e no pós-parto nos cuidados ao<br />

recém-nascido.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO: mulher, 35 anos, IO:0000, <strong>em</strong>pregada de balcão, s<strong>em</strong> antecedentes pessoais<br />

relevantes.<br />

26 s<strong>em</strong>anas gestação 34 s<strong>em</strong>anas gestação<br />

Consulta de puerpério<br />

S - Dor na região lombar e púbica de<br />

agravamento progressivo no último mês<br />

(7 EVA) a fazer paracetamol 1000 mg<br />

<strong>em</strong> SOS.<br />

O – Dor á palpação dos ligamentos<br />

sacro-ilíacos posteriores e sínfise púbica,<br />

- Teste Trendelenburg com alterações<br />

- Straigth Leg Rainsing test negativo.<br />

A – W99 Probl<strong>em</strong>a da gravidez/parto,<br />

outro<br />

P - Explicada anatomia pélvica, fatores<br />

de risco, mecanismos etiológicos<br />

conhecidos, fatores de agravamento/<br />

alivio. Cinta pélvica por curtos períodos<br />

Melhoria significativa das queixas<br />

álgicas (4 EVA)<br />

S – Há cerca de 4 s<strong>em</strong>anas com<br />

agravamento da dor durante<br />

atividade laboral (transportava<br />

caixas; períodos prolongados <strong>em</strong> pé)<br />

O – Sobreponível ao anterior<br />

A – W99 Probl<strong>em</strong>a da gravidez/<br />

parto, outro<br />

P – Certificado de incapacidade<br />

t<strong>em</strong>porária. Reforço do ensino de<br />

mecanismos etiológicos, evicção de<br />

fatores de agravamento e uso de<br />

cinta pélvica.<br />

Consulta 3 meses pós parto<br />

S – S<strong>em</strong> queixas pélvicas. Marcha<br />

autónoma e s<strong>em</strong> dor após 10 sessões<br />

de fisioterapia (exercícios pélvicos e<br />

abdominais para estabilização da<br />

pélvis).<br />

O - Palpação dos ligamentos sacro<br />

ilíacos posteriores e sínfise púbica<br />

s<strong>em</strong> dor.<br />

Teste Trendelenburg s<strong>em</strong> alterações<br />

A – W28 Limitação funcional/<br />

incapacidade<br />

P – Retorno às suas AVD´s.<br />

S - Parto distócico com fórceps,<br />

terminando <strong>em</strong> cesariana por<br />

incompatibilidade pélvica às 40 s,<br />

feto com 3980 kg. Dor na região<br />

púbica e sacro ilíaca (9 EVA).<br />

Marcha com canadianas.<br />

O – Radiografia da bacia - sínfise<br />

púbica s<strong>em</strong> diastese.<br />

Incapacidade de apoio unipodal.<br />

Dor à palpação da sínfise púbica.<br />

A – W92 Parto com complicações<br />

de nado vivo; W28 Limitação<br />

funcional/incapacidade<br />

P – Referenciação para MFR<br />

DISCUSSÃO: A DCPG é uma dor que geralmente desaparece depois ou durante os 3 meses após o parto,<br />

mas que pode prolongar-se até aos 2 anos. O presente caso pretende realçar a importância de uma<br />

abordag<strong>em</strong> at<strong>em</strong>pada para evitar o agravamento e a cronicidade da situação. Apesar de não existir<br />

nenhum fluxograma de intervenção devidamente estabelecido, são vários os estudos que suger<strong>em</strong> a<br />

importância de um diagnóstico precoce e de uma intervenção no sentido de informar as utentes sobre os<br />

mecanismos lesionais, de alivio e agravamento da dor e que lhes sejam fornecidas estratégias de<br />

intervenção. Quando estas medidas não são suficientes é necessário que sejam referenciadas para a MFR<br />

de forma a se estabelecer um plano de exercícios individualizado. Assim, é importante que os médicos de<br />

família estejam familiarizados com a DCPG, que a valoriz<strong>em</strong> e que a reconheçam como uma entidade que<br />

pode ter um impacto importante na qualidade de vida da mulher na gravidez e no pós-parto.<br />

BIBLIOGRAFIA:<br />

• Vle<strong>em</strong>ing et al. European guidelines for the diagnosis and treatment of pelvic girdle pain; Eur Spine J (2008) 17:794–819<br />

• Verstraete E.H. et al. Pelvic Girdle Pain during or after Pregnancy: a review of recente evidence and a clinical care path proposal; FVV in ObGyn, 2013, 5 (1): 33-43<br />

• Elden H. et al. Predictors and consequences of long-term pregnancy-related pelvic girdle pain: a longitudinal follow-up study. BMC Musculoskeletal Disorders<br />

(2016) 17:276<br />

• Kanakaris et al. Pregnancy-related pelvic girdle pain: an update. BMC Medicine 2011, 9:15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!