You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Doença de Peyronie – uma revisão<br />
Susana Prego de Faria 1 , Ana Rita C. Simões 2<br />
( 1 IFE UCSP Amarante 1; 2 IFE USF Amadeo de Souza Cardoso)<br />
<strong>Update</strong> <strong>em</strong> Medicina <strong>2017</strong> I Albufeira, 4 a 7 Maio <strong>2017</strong><br />
INTRODUÇÃO:<br />
A doença de Peyronie (DP) é uma patologia<br />
peniana benigna que afeta essencialmente<br />
homens entre os 55 e os 60 anos 1 . A sua<br />
prevalência varia de 0.4 a 9% 1 , aumentando<br />
com a idade. A prevalência pode estar,<br />
contudo, subestimada devido a múltiplos fatores<br />
- vergonha <strong>em</strong> mencionar os sintomas ao<br />
médico, homens de idade mais avançada<br />
pod<strong>em</strong> considerar sintomatologia como<br />
“evolução natural” do envelhecimento 2 .<br />
Fig.1 – Curvatura peniana anormal<br />
OBJETIVO:<br />
Realização de uma revisão acerca da DP e sua etiologia,<br />
s<strong>em</strong>iologia, diagnóstico e tratamento.<br />
METEDOLOGIA:<br />
Foi realizada uma revisão clássica, através da pesquisa<br />
bibliográfica na Medline/Pubmed, UpToOate e motores<br />
de busca genéricos, de artigos publicados nos últimos 10<br />
anos, <strong>em</strong> Inglês, Português e Espanhol, com os termos<br />
Mesh “Peyronie disease“, “Penile patology” e "Penile<br />
Curvature".<br />
RESULTADOS:<br />
Etilologia<br />
A etiologia da DP é provavelmente multifatorial,<br />
resultante de uma interação entre disposição<br />
genética, trauma e isqu<strong>em</strong>ia tecidual 2 . O trauma<br />
vascular de repetição da túnica albugínea causa<br />
transformação do tecido conjuntivo numa placa<br />
fibrótica que pode levar a curvatura peniana que,<br />
se acentuada, pode impedir a penetração<br />
vaginal 1 . A maioria dos autores defende que a DP<br />
resulta de pequenos traumas repetidos no pénis<br />
durante o ato sexual 2 .<br />
DP manifesta-se<br />
<strong>em</strong> duas fases<br />
Fase inflamatória<br />
aguda (6-18 meses)<br />
Isquémia tecidual<br />
com dor, curvatura ou nódulos penianos<br />
pouca ou nenhuma dor mas mantendo<br />
a curvatura peniana e disfunção eréctil 3<br />
Fig.2 – Formação de placa fibrosa na túnica<br />
albugínea do pénis<br />
Diagnóstico<br />
História clínica<br />
Exame físico<br />
MCDTS<br />
A história clínica deve ser minuciosa, questionando sobre a curvatura peniana, interferência com ato sexual e<br />
dor durante o mesmo, assim como a presença de co-morbilidades e eventos causadores 1 . É importante<br />
averiguar o impacto psicológico no doente e parceira/o, assim como o grau de disfunção erétil 2 .<br />
No exame físico do pénis, uma placa ou nódulo b<strong>em</strong> definidos pod<strong>em</strong> ser palpáveis 1 . É geralmente útil pedir<br />
ao doente que tire fotografias do pénis ereto no domicílio, para melhor caracterizar a deformidade 2 .<br />
A ecografia é o mais sensível, permitindo a avaliação da fibrose intrapeninana e placas fibróticas. A ecografia<br />
Doppler <strong>em</strong> modo Duplex após medicação vasoativa pode ser um método objetivo para avaliar o grau de<br />
deformidade e disfunção sexual 4 .<br />
O tratamento da DP pode ser médico ou cirúrgico, dependendo da extensão da doença 2 . Não há terapia oral<br />
recomendada atualmente para o tratamento de rotina da DP 5 . As injeções medicamentosas na lesão peniana são<br />
geralmente seguras e b<strong>em</strong> toleradas 2 . Apesar de uma variedade de opções, os resultados do tratamento médico têm<br />
Tratamento<br />
estado aquém das espectativas 5 . A abordag<strong>em</strong> cirúrgica é indicada a doentes com sintomatologia há mais de 12<br />
meses e cuja deformidade peniana compromete a função sexual, sendo o seu principal objetivo a restauração das<br />
funcionalidades do pénis. Com a técnica cirúrgica adequada para cada caso, este tipo de tratamento apresenta<br />
resultados satisfatórios na maioria dos doentes 4 .<br />
CONCLUSÃO:<br />
A DP é uma patologia com prevalência crescente e com um grande impacto na vida do doente. A atuação do médico de família é essencial na<br />
abordag<strong>em</strong> deste probl<strong>em</strong>a e no apoio ao doente. O médico deve ter presente a sua etiologia multifactorial, os factores de risco a que pode estar<br />
associada e as duas fases de apresentação (aguda/crónica). O seu diagnóstico é essencialmente clínico deixando os exames compl<strong>em</strong>entares<br />
para os casos <strong>em</strong> que haja dúvida. Aproximadamente 10% dos doentes têm melhoria espontânea na fase aguda 4 no entanto a maioria evolui<br />
dentro de 12 meses o que pode constituir um probl<strong>em</strong>a psicológico grave, com repercussões na vida diária do doente. O médico deve estar atento<br />
à evolução da doença adequando o melhor tratamento, sendo este conservador, ou referenciando para a Especialidade de Urologia que pode<br />
fornecer a possibilidade das injecções locais ou até do tratamento cirúrgico, sendo este último o que t<strong>em</strong> resultados mais promissores.<br />
BIBLIOGRAFIA: 1)”Guidelines on Penile Curvature”; K. Hatzimouratidis (Chair), I. Eardley, F. Giuliano, I. Moncada, A. Salonia, © European Association of Urology 2015. 2) 2. DIAGNOSIS AND TREATMENT OF<br />
PEYRONIE’S DISEASE: AUA GUIDELINE (2015)Copyright © 2015 American Urological Association Education and Research, Inc.® 3) “Doença de Peyronie”; Livro Urologia Brasil, Chapter · January 2013,<br />
ResearchGate, Cap.25; Dr. Fernando Nestor Facio Junior, Dr. Eduardo B. Bertero; Dr. Luis Cesar F. Spessoto. 4) “Avanços Cirúrgicos Recentes na Doença de Peyronie”; Department of Urology. Hospital<br />
Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisbon. Portugal; Sandro Gaspar. sandrosilvagaspar@gmail.com Recebido: 19 de fevereiro de 2015 - Aceite: 24 de nov<strong>em</strong>bro de 2015 | Copyright ©<br />
Ord<strong>em</strong> dos Médicos 2016 Sandro GASPAR, José Santos DIAS, Francisco MARTINS, Tomé LOPES; Acta Med Port 2016 Feb;29(2):131-138; http://dx.doi.org/10.20344/amp.6317<br />
5) Nonsurgical treatment options in Peyronie’s Disease: 2016 update; Raidh A. Talib, Mohammed Abdulkare<strong>em</strong> Ibrahim, Önder Cangüven; Turk J Urol 2016; 42(4): 217-23 • DOI: 10.5152/tud.2016.40799.