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POSTERS - Update em medicina 2017 book 1

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<strong>em</strong> <strong>medicina</strong>


ÍNDICE<br />

INVESTIGAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA<br />

UTILIZAÇÃO DE VIDEOJOGOS EM IDADES PRECOCES:<br />

UMA PREOCUPAÇÃO ATUAL<br />

Ana Sofia Vitorino; Mariana Nogueira………………………………………………………………...………….Pg 20<br />

PRESCRIÇÃO DE TIAZÍDICOS EM DOENTES HIPERTENSOS COM GOTA:<br />

REALIDADE DE UMA UNIDADE<br />

Sofia Rosas De Araújo; José Carvalho; Raquel Rodrigues; Maria Bernardete Machado;<br />

Carlos Albuquerque………………………………………………………………………………………………………..Pg 21<br />

ARE HEALTHY CHILDREN ATTENDED BY FAMILY PHYSICIANS OR PEDIATRICIANS?<br />

DETERMINANTS OF AN IMPORTANT DECISION.<br />

Susana Rebelo; Sofia Velho Rua; Joana Leça; Ana Couto; Firmino Machado……………….…Pg 22<br />

PERFIL DE RISCO CARDIOVASCULAR DOS HOMENS COM DISFUNÇÃO ERÉTIL<br />

– CASUÍSTICA DE UMA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR<br />

Ângela Lee Chin; Ana Filipa Vicente……………………………………………………………………………….Pg 23<br />

USO DE MAPA NA USF COVA DA PIEDADE: EXPERIÊNCIA DE TRÊS ANOS<br />

Marina Lima; Cecília Coelho; Luísa Rocha…………………………….…………………………………..…….Pg 24<br />

AVALIAÇÃO E MELHORIA DA QUALIDADE DA PRESCRIÇÃO DO MÉTODO<br />

CONTRACETIVO EM MULHERES FUMADORAS COM MAIS DE 35 ANOS<br />

Maria Ramos; Ivone Rodrigues; Sofia Santos; Filipa Bagulho;<br />

Teresa Tomé; Emília Nina……………………………………………………………………………………….……….Pg 25<br />

A DISFUNÇÃO ERÉCTIL NUMA UNIDADE DE CUIDADOS DE SAÚDE<br />

PERSONALIZADOS - REALIDADE OU IRREALIDADE?<br />

Tatiana Pereira; Renata Almeida; Liliane Carvalho………………………………………………………….Pg 26<br />

GRAVIDEZ E VACINAÇÃO DA GRIPE SAZONAL – UMA VACINA ESQUECIDA?<br />

David Tonelo; Jorge Caetano Pereira; Clarisse Aguiar…………………………………………………….Pg 27<br />

FEBRE - O QUE OS CUIDADORES (NÃO) SABEM<br />

Carla Patrícia Silva; Sofia Faria; Sílvia Martins; Hugo Rocha; Ivete………………………………….Pg 28<br />

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM DOENTES COM FACTORES DE RISCO<br />

Tiago José Tavares 1 ; Martina; Pedro Vasconcelos; Ana Paula Pinheiro………..…….………….Pg 29


CADIHS<br />

Susana Prego De Faria; Ana Rita C. Simões; Cláudia Conceição………………………………..….Pg 30<br />

CONSULTA DE PÉ DIABÉTICO – A REALIDADE NUMA UNIDADE DE CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Michelle Oliveira; Mariline Ribeiro; Madalena Santos…………………………………………………….Pg 31<br />

DEPRESSÃO E ANSIEDADE NA SÍNDROME DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO<br />

(SAOS): PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM A GRAVIDADE DA SAOS<br />

Sofia Madanelo; Cátia Quina; Joana Baptista; Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio………………….……………….Pg 32<br />

IMPACTE DA INFORMAÇÃO ESCRITA DADA PELO MÉDICO DE FAMÍLIA<br />

NA DIABETES TIPO 2<br />

Ines Rosendo; Luiz Miguel Santiago……………………………………………………………………………….Pg 33<br />

ESTUDO R-TEQS: RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE ECRA E QUALIDADE DO SONO<br />

EM ADOLESCENTES<br />

Ana Rita Ferreira; David Tonelo; Estér Pereira………………………………………………………..……….Pg 34<br />

DOENÇA CARDIOVASCULAR EM DIABÉTICOS E ADE<br />

QUAÇÃODA ESTATINA NUMA USF<br />

Filipe Pereira; Joana Caniço; Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio………………………………………………….………….Pg 35<br />

SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO NUMA UNIDADE DE SAÚDE<br />

FAMILIAR<br />

André Silva Costa; Andreia Ramalho; Anabela Bitoque………………………………………………….Pg 36<br />

RASTREIO DAS PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO<br />

– MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE<br />

Patrícia Costa; Rita Nunes; Anne-Marie Ferreira; Ana Patrícia Cardoso; Joana Gonçalves;<br />

Rafael Sousa; Luís Infante……………………………………………………………………………….…………….Pg 37<br />

REVISÃO DE TEMAS<br />

FIBRILHAÇÃO AURICULAR E RISCO DE DEMÊNCIA<br />

Sara Santos; Bárbara Antunes………………………………………………………………………………….……..Pg 40<br />

ABORDAGEM DO TREMOR ESSENCIAL EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Bárbara Antunes; Sara Santos…………………………………………………………………….…………………..Pg 41


O USO DA METFORMINA NA DIABETES GESTACIONAL - QUAL A EVIDÊNCIA<br />

DA SEGURANÇA FETAL?<br />

Ana Rita Luz; Mafalda Oliveira; Maria João Gonçalves………………………….………………………..Pg 42<br />

GRAVIDEZ APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA<br />

Sara Vale; Ana Sequeira……………………………………………………………….…….………….………………..Pg 43<br />

TABAGISMO E GRAVIDEZ – O QUE FAZER? UMA REVISÃO BASEADA<br />

NA EVIDÊNCIA<br />

Helena Marques; Juliana Pais; Maria Miguel Sá……………………………………………….……………..Pg 44<br />

PENTOXIFILINA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA VENOS<br />

A CRÓNICA- QUE EVIDÊNCIA?<br />

Priscila Araújo; Susana Vieira……………………………………………………………………………………….....Pg 45<br />

ADENOCARCINOMA GÁSTRICO... A LITERATURA<br />

Rita Oliveira; Ana Lima; Sara Rocha; Diana Ferreira; Ana Cunha……………………………………..Pg 46<br />

SÍNDROME DE SOBREPOSIÇÃO ASMA-DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA:<br />

UMA NOVA ENTIDADE<br />

Sara Gomes; Sandra Ventura; Vânia Guedes; Mário Gomes…………………………………….……..Pg 47<br />

TABACO E DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA – ONDE HÁ FUMO NÃO HÁ FOGO?<br />

Lidia Oliveira……………………………………………………………………………………………………….…………..Pg 48<br />

“SMOKE RINGS IN THE DARK” – O TABACO TORNA-NOS INFELIZES?<br />

Lídia Oliveira…………………………………………………………………………………………………….……………..Pg 49<br />

“SMOKE GETS IN YOUR HEART” – TABACO E FIBRILAÇÃO AURICULAR<br />

Lídia Oliveira…………………………………………………………………………………………………………….……..Pg 50<br />

VACINA CONTRA O VÍRUS VARICELA-ZOSTER NA PRECONCEPÇÃO: QUAL A<br />

EVIDÊNCIA?<br />

Adriana Meneses; Sofia Oliveira Vale; Rita Sampaio Santos…………………………………………..Pg 51<br />

VITAMINA D E HIPERTENSÃO ARTERIAL<br />

Sofia Rosas De Araújo; José Carvalho; Rita Santos…………………………………………………..……..Pg 52<br />

ABORDAGEM SISTEMATIZADA DE MASSAS CERVICAIS<br />

EM IDADE PEDIÁTRICA<br />

Catarina Isabel Dias Rosa; Ana Margarida Adão; Mariana Bastos;<br />

Sónia Gala; Sandra Almeida……………………………………………………………………………………..……..Pg 53


CHLAMYDIA TRACHOMATIS: PODEMOS ESQUECER-NOS DELA?<br />

Andreia Ramalho; André Silva Costa; Marina Lima; Mª Lurdes Ferreira……………………..…..Pg 54<br />

DEPRESSÃO E RISCO DE SUICÍDIO<br />

Patrícia Marques; Joana Leal; Ana Patrícia Cabaça; Ana Alexandre………………………...………Pg 55<br />

DOMPERIDONA E REDUÇÃO DE EPISÓDIOS DE REFLUXO DURANTE<br />

O PRIMEIRO ANO DE VIDA: QUE EVIDÊNCIA?<br />

Maria João Xará 1 ; Michelle Oliveira; Lurdes Romão; Miguel Costa; Lúcia Gomes…………..Pg 56<br />

DOR E EXERCÍCIO NA OSTEOARTROSE<br />

Pedro Barreira; Tiago Gonçalves; Sara Machado; Raquel Sanches; Sofia R<strong>em</strong>tula…..……..Pg 57<br />

1000 DIAS POR 1 VIDA: A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO<br />

NOS PRIMEIROS 1000 DIAS<br />

Catarina Fonseca; Alexandra Pinho; Mafalda Pires; Tatiana Louro; Patrícia Mora……….….Pg 58<br />

EVIDÊNCIA DA TERAPÊUTICA TÓPICA NA GONARTROSE<br />

Filipa Faria…………………………………………………………………………………………………………...…..……..Pg 59<br />

ALGORITMO DE ABORDAGEM DA DIMINUIÇÃO DA FORÇA MUSCULAR<br />

AGUDA NÃO TRAUMÁTICA NO ADULTO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA<br />

Débora Franco; Helena Conceição; Diogo Romeira; Tânia Teixeira;<br />

Marina Gouveia………………………………………………………………………………………………..……………..Pg 60<br />

“PROBIÓTICOS: QUAL A EVIDÊNCIA NA REDUÇÃO DA MORBILIDADE<br />

NA DIARREIA AGUDA EM IDADE PEDIÁTRICA”<br />

Clara Cabral Vilares; Mariana Lima Ramos……………………………………………………………………..Pg 61<br />

SERÃO AS ESCOLAS MAIS SEGURAS PARA AS CRIANÇAS DO QUE OS LOCAIS<br />

PÚBLICOS?<br />

Sara Santos………………………………………………………………………………………….…………………..……..Pg 62<br />

E OS HOMENS NÃO TÊM "DIREITO" A SOFRER DE OSTEOPOROSE?<br />

Sara Santos……………………………………………………………………………………………….……………..……..Pg 63<br />

DEPRESSÃO OU DEMÊNCIA, EIS A QUESTÃO<br />

Sara Santos…………………………………………………………………………………………….………………..……..Pg 64<br />

PUBALGIA NOS JOVENS FUTEBOLISTAS<br />

Sara Santos………………………………………………………………………………………….…………………..……..Pg 65


LIRAGLUTIDA E SEGURANÇA CARDIOVASCULAR<br />

– UMA REVISÃO BASEADA NA EVIDÊNCIA<br />

Melinda Séra; Ana Sardo; Joana Guerra; Ana Rita Correia; Annamária Mohácsi………..…..Pg 66<br />

APLICAÇÃO DO FRAX® À REALIDADE PORTUGUESA<br />

André Cardoso; Inês Costa; Luís Teixeira; Anabela Andrade……………………………..……………Pg 67<br />

PAPEL DA CANELA NA MELHORIA DO PERFIL GLICÉMICO DOS DOENTES<br />

COM DM TIPO 2: UMA REVISÃO BASEADA NA EVIDÊNCIA<br />

Fabiana Peixoto; Cátia Martins; Ana Paula Reis……………………………………………..………..……..Pg 68<br />

ERISIPELA E CELULITE – UMA REVISÃO DA ABORDAGEM TERAPÊUTICA<br />

Catarina Pinto; Cristina Xavier; Mário Esteves; Luís Leal; Paulo Gonçalves……………………..Pg 69<br />

ABORDAGEM DAS ARRITMIAS EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Filipa Bagulho; Constança Ruiz; Ana Luisa Marcelino……………………………………………………..Pg 70<br />

MINDFULNESS NO TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA<br />

Madalena Monteiro; Ivone Costa………………………………………………………………...…………..……..Pg 71<br />

ANOREXIA NERVOSA NA ADOLESCÊNCIA<br />

Rosário Rodrigues; Ivone Costa; João Ferreira………………………………….……………………..……..Pg 72<br />

METFORMINA NO TRATAMENTO DA DIABETES GESTACIONAL<br />

– QUE EVIDÊNCIA?<br />

Ana Rita Correia; Annamária Mohácsi; Melinda Séra; Ana Sardo;<br />

Dra. Vanessa Z. Guerreiro……………………………………………………………………………….………..……..Pg 73<br />

RISCO DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 COM A UTILIZAÇÃO DE ESTATINAS EM<br />

DOENTES COM DISLIPIDEMIA E RISCO CARDIOVASCULAR MODERADO<br />

Joana Rita Marinho; Inês Andrade Rosa; Cecília Cardoso Coelho…………………………………..Pg 74<br />

O USO DE SERENOA REPENS NA MELHORIA DOS SINTOMAS URINÁRIOS BAIXOS<br />

NA HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA – REVISÃO BASEADA NA EVIDÊNCIA<br />

Catarina Soares; Cláudia Azevedo; Joana Pontes…………………………………………………….……..Pg 75<br />

HEMORRAGIA UTERINA ANÓMALA EM IDADE REPRODUTIVA<br />

João Ferreira; Ivone Costa; Rosário Rodrigues………………………………………………………………..Pg 76<br />

“SULODEXIDA (VESSEL®): A EFICÁCIA DE UM FÁRMACO NA DOENÇA ARTERIAL<br />

PERIFÉRICA”<br />

Ana Sardo; Joana Guerra; Melinda Será; Ana Rita Correia; Susana Pereira Costa….…...…..Pg 77


CEFALEIAS EM IDADE PEDIÁTRICA<br />

Sofia Marçalo; Mafalda Gonçalves…………………………………………………………………………..……..Pg 78<br />

ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA ACNE<br />

Ivone Costa; João Ferreira; Rosário Rodrigues………………….……………………………………..……..Pg 79<br />

INCIDENTALOMAS DA TIRÓIDE – ABORDAGEM EM CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Catarina Matos Morais; Raquel Soares De Freitas……………………………………………..……….…..Pg 80<br />

ABORDAGEM DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA FEMININA NOS CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Sandra Ventura; Vânia Guedes; Sara Gomes; Vítor Fernandes……………………………………....Pg 81<br />

RASTREIO DO CANCRO COLO-RETAL EM INDIVÍDUOS DE MÉDIO RISCO<br />

Ana Teresa Fernandes; Filipe Neves; Maria Inês Madureira; Alexandra Azevedo…………..Pg 82<br />

ABORDAGEM A PALPITAÇÕES INESPECÍFICAS EM CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Lara Tomás; Inês Figueiredo; Fátima Cordeiro…………………………………………………….…..……..Pg 83<br />

DOENÇA DE PEYRONIE – UMA REVISÃO<br />

Susana Prego De Faria; Ana Rita C. Simões……………………………………………………………..……..Pg 84<br />

ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO COMO FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR<br />

– REVISÃO BASEADA NA EVIDÊNCIA<br />

Catarina Rego; Elisabete Borges…………………………………………………………………….………..……..Pg 85<br />

SEZONISMO EM PORTUGAL<br />

André Pires……………………………………………………………………………………………..………………..……..Pg 86<br />

RASTREIO DE CITOMEGALOVÍRUS NA PRÉ-CONCEÇÃO E GRAVIDEZ, QUAL<br />

A EVIDÊNCIA?<br />

Júlio Costa Santos; Andreia Correia; Ana Luís Pereira……………………………………….……..……..Pg 87<br />

GINECOMASTIA À VISTA: À ABORDAGEM!<br />

Eliseo Martínez; Dolores Vázquez; Ana Patrícia Rosa……………………………………………………..Pg 88<br />

ARTRITE TEMPORAL NOS IDOSOS:<br />

UMA REALIDADE QUE NÃO PODE SER ESQUECIDA<br />

Mariana Gayo; Álvaro Teixeira…………………………………………………………………………..……..……..Pg 89


VAGINOSES BACTERIANAS EM MULHERES GRÁVIDAS ASSINTOMÁTICAS<br />

– DEVE SER FEITO O SEU RASTREIO?<br />

Mariana Gayo; Maria Manuela Bernardo…………………………………………………..……………..……..Pg 90<br />

DIABETES NO RAMADÃO<br />

Eliézer Cerdas; Sara Fernández; Nivalda Pereira…………………………………..…………………….…..Pg 91<br />

ABORDAGEM DO SOPRO CARDÍACO EM IDADE PEDIÁTRICA PELO MÉDICO<br />

DE FAMÍLIA<br />

Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio; Filipe Pereira……………………………………………………………………………..……..Pg 92<br />

AUTO-MONITORIZAÇÃO DA GLICÉMIA NA DIABETES MELLITUS TIPO 2<br />

- QUAL A EVIDÊNCIA?<br />

Costa Neves; Ana Filipa Pereira; Rosa Leonardo Costa…………………………………………………..Pg 93<br />

MODELO DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA DOR CRÓNICA NOS CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS DE PORTUGAL<br />

Sara Araújo Machado; Pedro Barreira; João Barreira; Raquel Sanches;<br />

Sofia R<strong>em</strong>tula; Tiago Castelar…………………………………………………………………………………..……..Pg 94<br />

A RELAÇÃO ENTRE A PRESSÃO ARTERIAL, A FUNÇÃO COGNITIVA E DEMÊNCIA I<br />

Marisa Gonçalves; Liliana Andrade……………………………………..…………………………………………..Pg 95<br />

RELATOS DE CASOS CLÍNICOS<br />

DOR DA CINTURA PÉLVICA RELACIONADA COM A GRAVIDEZ<br />

Ana Luisa Marcelino…………………………………………………………………….………………………………….Pg 98<br />

PUBERDADE PRECOCE NO SEXO FEMININO. COMO ATUAR NOS<br />

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS? A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.<br />

Inês Pereira; Ana Catarina Silva..……………………………………………………………………………………..Pg 99<br />

UMA CAUSA MENOS PROVÁVEL DE ICTERÍCIA<br />

Sara Vale; Stefanie Morais………………………………………………………….……………………………..….Pg 100<br />

UM SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO QUE NÃO ERA BEM ASSIM<br />

Stefanie Morais; Sara Vale………………………………………………………….……………………………..….Pg 101<br />

PARA ALÉM DA SOMA DAS PARTES… O VERDADEIRO DESAFIO<br />

DA GESTÃO DOS LUTS EM CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Sílvia Martins; Angela Neves………………………………………………………….…………………………….Pg 102


NEVRALGIA DO GLOSSOFARÍNGEO<br />

- UM SÍNDROME COM MUITAS MÁSCARAS!<br />

Joana Maia; Joana Simões; Ana Rita Coutinho……………………………………………………………..Pg 103<br />

ADENOCARCINOMA GÁSTRICO...A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO!<br />

Rita Oliveira; Sara Rocha; Diana Ferreira; Ana Cunha; Ana Lima…………………………………..Pg 104<br />

UM SINTOMA COMUM E UMA PATOLOGIA RARA...<br />

Carla Ribeiro; Virgílio Pinto……………………………………………………………………………………….….Pg 105<br />

UM CORPO ESTRANHO INCOMUM...<br />

Carla Ribeiro; Virgílio Pinto…………………………………………………………………………………………..Pg 106<br />

QUANDO O TRATAMENTO SE TORNA UM TENDÃO DE AQUILES<br />

Maria João Gonçalves; Ana Rita Luz……………………………………………………………………………..Pg 107<br />

DIFICULDADES POR TRÁS DA OBESIDADE MÓRBIDA<br />

– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Sofia Oliveira Vale; Adriana Meneses; Ana Catarina Machado………………………………..……Pg 108<br />

ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: UM DIAGNÓSTICO INTRIGANTE<br />

Sofia Rosas De Araújo; José Carvalho; Rita Santos……………………………………………….………Pg 109<br />

DOR PSICOSSOMÁTICA OU DOR TORÁCICA? A PROPÓSITODE<br />

UM CASO CLÍNICO<br />

Maria Inês Oliveira 1 ; Maria Antónia Araújo……………………………………………………….………….Pg 110<br />

UM CASO DE ADENOPATIAS INTERMITENTES<br />

Priscila Araújo; Raquel Parreira; Paula Atalaia…………………………………………………………..…..Pg 111<br />

ABORDAGEM DA DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA EM CUIDADOS DE SAÚDE<br />

PRIMÁRIOS – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Ana Filipa Vicente; Ângela Lee Chin……………………………………………………………………………..Pg 112<br />

HIPERTENSÃO NO ADOLESCENTE – QUAL A CAUSA?<br />

Patrícia Marques; Joana Leal; Ana Patrícia Cabaça……………………………………………..………..Pg 113<br />

OTALGIA E LOMBALGIA, QUAL A RELAÇÃO?<br />

Lorina Pestana; Ana Catarina Matos Silva…………………………………………………………...………..Pg 114<br />

QUE LUGAR TEM A SULODEXIDA NO TRATAMENTODA<br />

ÚLCERA VENOSA CRÓNICA<br />

Ana Lopes Da Silva; Beatriz Meneses; Ana Sofia Matos…………………………………………..……Pg 115


SINDROME DE HIPER IGD - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Isa Garcia; Sara Custódio Alves; Catarina Oliveira…………………………………………………….……Pg116<br />

EDEMA UNILATERAL DO MEMBRO INFERIOR: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO<br />

Sophie Sousa; Telma Lopes; Susana Paiva…………………………………………………………..………..Pg 117<br />

CORAÇÃO POR UM CABELO<br />

Bruno Da Fonseca Nunes……………………………………………………………………………………………..Pg 118<br />

AMENORREIA: "SERÁ STRESS DOUTORA?<br />

- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Sara Negrões; Catarina Soares………………………………………………………………………………....…..Pg 119<br />

QUANDO O ESPELHO ENGANA<br />

Joana Leal; Patrícia Marques; Ana Patrícia Cabaça………………………………….…..………………..Pg 120<br />

UM CASO DE ...HIPOGLICÉMIA PÓS PRANDIAL<br />

Ricardo Afonso………………………………………………………………………………..…………………….……..Pg 121<br />

.<br />

SIFILIS – IMPORTÂNCIA DA SUSPEIÇÃO CLÍNICA<br />

Nídia Cristele Nunes; Susana Grilo Lourenço; David Tomaz Rodrigues;<br />

Joana Pereira; Joana Fernandes; Nuno Páscoa; Hugo Salgueiro…………………………………..Pg 122<br />

BULLYING - UM PROBLEMA REAL EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR<br />

Lara Tomás; Inês Figueiredo; Fátima Cordeiro; Helena Palma………………………………………Pg 123<br />

ENDOMETRIOSE UMBILICAL?<br />

Leonor Lucas; Ana Ramos Pinto………………………………………………………………….………………..Pg 124<br />

PENDOMETRIOSE UMBILICAL PRIMÁRIA<br />

– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Nuno Guerra; Cátia Palha……………………………………………………………………………………………..Pg 125<br />

LEIOMIOMA SUBMOCOSO DO CÓLON DESCENDENTE<br />

Catarina Isabel Dias Neto; Sandra Gomes; Tania Oliveira Santos………………...……………….Pg 126<br />

ÚLCERA DE PERNA DE ETIOLOGIA VENOSA – UM CASO CLÍNICO<br />

Ana Catarina Silva; Inês Pereira; Paulo Martins…………………………………………………...………..Pg 127<br />

ABORTAMENTOS DE REPETIÇÃO<br />

Nuno Soares; Mafalda Silva……………………………………………………………………………………...…..Pg 128<br />

DE AINES A OPIÓIDES: UM CASO DE LOMBALGIA E DOR CRÓNICA<br />

Carlos Júlio; Inês Costa……………………………………………………………………………………………..…..Pg 129


DOR NEUROPÁTICA: QUANDO O DOENTE RECUSA MEDICAÇÃO ORAL<br />

Carlos Júlio; Inês Costa……………………………………………………………………………………..…………..Pg 130<br />

FITOFOTODERMATITE - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Joana Baptista; Sofia Madanelo; Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio…………………………………………………….Pg 131<br />

QUANDO OS SINTOMAS FAZEM PARTE DO TRATAMENTO<br />

- REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER<br />

Sofia Madanelo; Joana Baptista; Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio………………………………………………...…..Pg 132<br />

VACINAÇÃO CONTRA O PAPILOMA VÍRUS HUMANO NO GÉNERO<br />

MASCULINO EM IDADE PEDIÁTRICA: QUAL A EVIDÊNCIA?<br />

Vanessa Silva; Diana Soares; Marisa Agra; Cátia Lírio; Sofia Rodrigues…………….……….…Pg 133<br />

O INÍCIO DE UMA TEMPESTADE?<br />

Vanda Ng Godinho; Vítor Martins; Helena Sousa………………………….……………………………..Pg 134<br />

DESAFIOS DIAGNÓSTICOS DE UMA FRATURA<br />

Cristina Gonçalves Costa; Céline Gama; Maria Cristina Oliveira Rodrigues…………….…….Pg 135<br />

A PROPÓSITO DE UMA APRESENTAÇÃO RARA DE PSORÍASE<br />

Fabiana Peixoto; Cátia Martins; Margarida Aguiar……………………………………………………....Pg 136<br />

CRÓNICA DE UM AVC ARRASTADO...AOS 38 ANOS.<br />

Carla Costa; Diana Miranda; Cláudia Teixeira……………………………………………………...………..Pg 137<br />

SÍNDROME WOLF PARKINSON WHITE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Catarina Pinto; Cristina Xavier; Mário Esteves……………………………………………………..………..Pg 138<br />

SÍFILIS NA GRAVIDEZ<br />

Vanessa Aguiar; Tânia Bairos; Ana Marques………………………………………….……………………..Pg 139<br />

NUMA CONSULTA DE "ROTINA" ...<br />

Diana Isabel Costa Rato; Isa Alexandra Alves Garcia; Marina Pinto Cardoso………….…….Pg 140<br />

CEFALEIA RECORRENTE: MALFORMAÇÃO DE CHIARI TIPO I<br />

Joana Castro; Nuno Parente…………………………………………………………………………………..……..Pg 141<br />

QUANTO MAIS ME BATES, MAIS PRECISAS DE MIM<br />

– UM CASO DE VIOLÊNCIA CONJUGAL…………………………………………………………..………..Pg 142<br />

Madalena Monteiro; Ivone Costa<br />

DORSALGIA - JANELAS DIAGNÓSTICAS INESPERADAS<br />

Joana Sofia Gil; Emília Couto E Santos……………………………………………………..…………………..Pg 143


OVERLAP DERMATITE SEBORREICA E DERMATITE ATÓPICA<br />

Vanessa Aguiar; Tânia Bairos; Ana Marques…………………………………………….…………………..Pg 144<br />

MÁS NOTÍCIAS NUMA FASE FELIZ - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Cláudia Teixeira; Diana Miranda; Carla Costa………………………………………………………..……..Pg 145<br />

QUANDO UMA DOR AGRAVA A OUTRA E TUDO COMPLICA<br />

– UM CASO CLÍNICO<br />

Catarina Soares; Luciana Costa……………………………………………………………………………………..Pg 146<br />

AFINAL NÃO ERA PRECISO AMPUTAR!<br />

Sara Oliveira Nunes; Carla Gouveia………………………………………..……………………………………..Pg 147<br />

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA: QUANDO SUSPEITAR?<br />

Ana Catarina Machado; Adriana Menezes; Sofia Oliveira Vale……………………….…………….Pg 148<br />

QUANDO O QUENTE NÃO SE SENTE – UM RELATO DE CASO<br />

Ana Rita Correia; Melinda Será; Joana Guerra…………………………………….………………………..Pg 149<br />

UM CASO DE OMALGIA COM EVOLUÇÃO INESPERADA<br />

Inês Andrade Rosa; Rebeca Martins Natal; Cecília Cardoso Coelho……….…………………….Pg 150<br />

QUEM TEM MUITOS MÉDICOS, NÃO TEM NENHUM?<br />

Joana M. Ferreira; Inês Videira; Márcia Sá………………………………………………………………...…..Pg 151<br />

RESISTÊNCIA À VARFARINA?- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Ana Sardo; Susana Pereira Costa; Annamária Mohácsi…………………………………...……………Pg 152<br />

HIPERTENSÃO ARTERIAL GALOPANTE<br />

Inês Videira; Joana M. Ferreira; Susana Figueiredo……………………………………………..………..Pg 153<br />

O IMPACTO DO MESMO PROBLEMA NOS VÁRIOS MEMBROS<br />

DE UMA FAMÍLIA<br />

Inês Mendes Correia; Diogo Soeiro; Vasco Martins; Catarina Pinto; Rosa Feliciano…….Pg 154<br />

“HOSPITAL? MAS EU SÓ ESTOU COM GRIPE!”<br />

- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Sara Negrões; Mafalda Pissarra; Andreia Ramalho………………………………………………..……..Pg 155<br />

CONTRACEPÇÃO HORMONAL COMBINADA E RISCO TROMBOEMBOLICO:<br />

PORQUE ALERTAR NUNCA É DEMAIS!<br />

Eduardo João Reis; Mariana Cunha Moura; Adilia Rafael…………………………….……………….Pg 156


O TABAGISMO CRÓNICO: FACTOR DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL<br />

Inês Correia; Diogo Soeiro; Carla Patricia Marques; Joaquina Rosário;<br />

Rosa Feliciano……………………………………………………………………………………………………………….Pg 157<br />

ARTERITE DE TAKAYASU - RELATO DE CASO CLÍNICO<br />

Marta Ribeiro; Ana Rita Faustino; Liliana Mota………………………………………………………..…..Pg 158<br />

HISTÓRIA DE UMA ÚLCERA VENOSA CRÓNICA E SUAS COMPLICAÇÕES<br />

- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Tiago José Tavares; Ana Paula Pinheiro; Pedro Vasconcelos……………………….……………….Pg 159<br />

DOR ABDOMINAL, A NECESSIDADE DO SEU ENQUADRAMENTO – RELATO DE CASO<br />

David Rodrigues; Hugo Salgueiro; Joana Fernandes; Joana Pereira;<br />

Nidia Nunes; Nuno Páscoa; Susana Grilo……………………………………………………………………..Pg 160<br />

FITIRÍASE PALPEBRAL - UM DIAGÓSTICO RARO<br />

Ana Rita C. Simões; Susana Prego De Faria; Lúcia Azevedo……………………………..…………..Pg 161<br />

UM “OLHAR” DIAGNÓSTICO - UM CASO DE ASTROCITOMA PILOCÍTICO<br />

Diana Rocha; Liliana Fonte………………………………………………………….………………………………..Pg 162<br />

OLHAR NOS OLHOS DO DOENTE - UM CASO CLÍNICO<br />

Tiago José Tavares; Ângela Pinho; Filipa Peixoto; Ana Paula Pinheiro……………….…………Pg 163<br />

O PAPEL DO MÉDICO DE FAMÍLIA COMO ADVOGADO DO DOENTE<br />

- UM CASO CLÍNICO DE MIXEDEMA<br />

Ivone Costa; Madalena Monteiro………………………………………………………………………..………..Pg 164<br />

QUISTO BRANQUIAL, RELATO DE UM CASO<br />

Ângela Bento Pinto; Beatriz Nobre Filipe; Inês Domingues Teixeira………..………………..….Pg 165<br />

ACROCORDONS NA GRAVIDEZ<br />

Tânia Bairos; Vanessa Aguiar; Ana Marques……………………………………………………….………..Pg 166<br />

QUANDO O TRATAMENTO VAI MAIS ALÉM…<br />

Michelle Oliveira; Maria João Xará; Mariline Ribeiro; Madalena Santos……...……….……….Pg 167<br />

UM CASO DE ERISIPELA BOLHOSA COMPLICADA<br />

Teresa Reis Araújo; Carina Freitas; Ana Rita Mendes; Telma Gameiro;<br />

Catarina Magalhães; Vanessa Martins; Ângela Nunes……………………………………………..…..Pg 168<br />

SÍNDROME DA MÃO DIABÉTICA TROPICAL – UM CASO CLÍNICO INESPERADO<br />

Ana Patrícia Rosa; Carlos Filipe Santos; Andreia Fernandes; Maria Capitão Couto;<br />

Eliseo Álvarez Martínez…………………………………………………………….…………………………………..Pg 169


FALHA TERAPÊUTICA DE 2 NOAC'S<br />

André Pire; Inês Carvalho Pint…………………………………..…………………………………………………..Pg 170<br />

DISPLASIA CRÂNIO-FRONTO-NASAL: UM RARO DESAFIO EM CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Diana Vaz De Miranda; Carla Costa; Cláudia Teixeira………………………………………………..….Pg 171<br />

DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA EM ADULTO IMUNOCOMPETENTE<br />

Joana Pinto Pereira; João Abrantes; Hugo Salgueiro; Nídia Nunes;<br />

Susana Lourenço; David Rodrigues; Nuno Páscoa; Joana Fernandes……………………..…….Pg 172<br />

ALERGIA A ESTATINAS<br />

Tânia Bairos; Vanessa Aguiar; Ana Marques………………………………………….……………………..Pg 173<br />

"ENTORSES" RECORRENTES OU ALGO MAIS?<br />

Ana Rente; Diana Tomaz; Paula Mosa…………………………………………………………………………..Pg 174<br />

DIAGNÓSTICO DA TOXOPLASMOSE DA GRÁVIDA NOS CUIDADOS DE SAÚDE<br />

PRIMÁRIOS<br />

Ana Helena Almeida; Filipa Vicente Rodrigues……………………………………………………………..Pg 175<br />

UM CASO RARO DE ASSIMETRIA MAMÁRIA<br />

Maria Teresa Albergaria; Guilherme Figueredo………………………………………………..…………..Pg 176<br />

PROFILAXIA DA ITU RECORRENTE – REVISÃO DA LITERATURA<br />

Ana Mafalda Ventur; Carolina Ferreir; Catarina Possidóni………………………………….…………Pg 177<br />

CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE DOENTES COM DPOC DE UMA USF<br />

Ana Mafalda Ventura; Paula Fernandes………………………………………………………………………..Pg 178<br />

QUANDO A HBA1C NÃO É SUFICIENTE:<br />

UM CASO DE HEMOGLOBINA DE BALTIMORE<br />

André Silva Costa; Andreia Ramalho; Joana Gil; Marina Lima; Anabela Bitoque…..………Pg 179<br />

A INESPERADA TOSSE CONVULSA AOS 20 DIAS DE VIDA<br />

Ana Campos Portela; Ana Carolina Rodrigues; Gabriela Amorim Reis;<br />

Ana Isabel Campos Pereira Portela…………………………………………………………………………..…..Pg 180<br />

HIPERPLASIA NODULAR LINFÓIDE - DOR ABDOMINAL RARA<br />

Patrícia Costa; Nunes; Anne-Marie Ferreira; Ana Patrícia Cardoso; Joana Gonçalves;<br />

Luís Infante; Rafael Sousa……………………………………………………………………………………………..Pg 181<br />

A PNEUMONIA QUE NÃO RESOLVE- PNEUMONIA ORGANIZATIVA RECIDIVANTE<br />

Cátia De Quina Pires; Joana Baptista; Sofia Madanelo………………………………………………….Pg 182


Utilização de Videojogos <strong>em</strong> Idades Precoces:<br />

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS<br />

METODOLOGIA<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

CONCLUSÃO<br />

Uma preocupação atual<br />

Ana Sofia Vitorino 1 , Mariana Nogueira 2<br />

1<br />

UCSP Parede ACES de Cascais , 2 Hospital CUF Descobertas, Centro da Criança<br />

Com o avanço das tecnologias, a internet e os videojogos (VDJ) tornaram-se as principais atividades de lazer das crianças. O<br />

seu uso indevido pode provocar: sedentarismo, obesidade, alteração do padrão do sono, ansiedade e dependência.<br />

A Acad<strong>em</strong>ia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma utilização diária inferior a 2H. O uso excessivo de VDJ t<strong>em</strong> sido<br />

estudado sob o prisma de comportamentos aditivos. Estudos mostram que 5-11% das crianças entre 10-18 anos apresentam<br />

consumos considerados aditivos. A quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatísticas de Distúrbios Mentais (DSM-5) já́<br />

prevê̂ este diagnóstico.<br />

Este trabalho pretende caraterizar os hábitos de utilização dos VDJ num grupo de alunos do concelho de Cascais, determinar a<br />

prevalência do consumo aditivo de VDJ nesta população e identificar os fatores de risco e/ou protetores deste consumo.<br />

• Estudo transversal e observacional de um grupo de crianças do 6º ano de escolaridade de Escolas Públicas do Concelho de<br />

Cascais.<br />

• Pedido previamente autorização ao responsável da Saúde Escolar, às escolas envolvidas e aos Encarregados de Educação<br />

para a participação das crianças no estudo.<br />

• Preenchimento de um questionário anónimo de autopreenchimento pela população-alvo (perguntas fechadas e de resposta<br />

curta).<br />

• Feito pré-teste (n=20 crianças). Excluídas as crianças s<strong>em</strong> autorizações assinadas pelos Encarregados de Educação.<br />

• Critério de consumo aditivo (CCA): resposta ’sim’ a pelo menos 5 de 9 itens adaptados dos critérios DSM-5.<br />

• Estudo estatístico: SPSS<br />

Obtidos 152 questionários preenchidos (79,2% participação).<br />

47% (n=71) 53% (n=80)<br />

Idades compreendidas entre 10-14 anos (média: 11,5 anos).<br />

35%<br />

30%<br />

25%<br />

20%<br />

15%<br />

10%<br />

5%<br />

0%<br />

Gráfico 2: T<strong>em</strong>po de utilização dos VDJ.<br />

15,2%<br />

6,6%<br />

27,8% 27,8%<br />

22,4%<br />

29,6%<br />

19,2%<br />

17,1%<br />

9,9%<br />

Nunca 4h<br />

S<strong>em</strong>ana Fim-de-s<strong>em</strong>ana<br />

24,3%<br />

§ A maioria das crianças joga:<br />

sozinho (70,9%) ou com amigos (58,9%)<br />

§ Tipos de jogos favoritos: ação e jogos online (multiplayer).<br />

§ 33% das crianças apresentam comportamentos de risco e<br />

3,9% cumpre CCA. Não foi estabelecida uma relação<br />

significativamente estatística entre a presença de<br />

comportamentos de risco ou CCA e o rendimento escolar.<br />

§ Limitações do estudo: instrumento não validado, amostra<br />

de 1 concelho, apenas alunos de Escolas Públicas.<br />

0,45<br />

0,4<br />

0,35<br />

0,3<br />

0,25<br />

0,2<br />

0,15<br />

0,1<br />

0,05<br />

0<br />

Gráfico 1: Idade <strong>em</strong> que tiveram o 1º dispositivo eletrónico e que<br />

começaram a jogar.<br />

3,3%<br />

3,3%<br />

T<strong>em</strong>po utilização diário<br />

11,8%<br />

Fatores<br />

de<br />

risco<br />

Consumo<br />

aditivo<br />

Comportamento<br />

de risco<br />

p > 0,05 p < 0,05 1<br />

Idade de início p > 0,05 p > 0,05<br />

Com qu<strong>em</strong> joga p > 0,05 p > 0,05<br />

Jogos ação, luta e online p > 0,05 p < 0,05 1<br />

T<strong>em</strong>po médio sono p > 0,05 p < 0,05 2<br />

Habilitações literárias pais<br />

17,1%<br />

28,9%<br />

Fatores<br />

protetores<br />

39,5%<br />

34,9%<br />

31,6%<br />

21,1%<br />

p > 0,05 p > 0,05<br />

Atividades extracurriculares p > 0,05 p > 0,05<br />

8,6%<br />

< 4 anos 4-5 anos 6-8 anos 8-10 anos 10-12 anos<br />

Que tiveram o primeiro dispositivo (%) Que começam a jogar (%)<br />

Tabela 1: Fatores de risco e protetores para desenvolvimento de comportamentos<br />

de risco<br />

Com este estudo foi possível conhecer a realidade de utilização de VDJ nesta região e iniciar estratégias de intervenção na<br />

comunidade com vista à promoção da saúde <strong>em</strong> idades precoces. Iniciou-se sessões de Educação para a Saúde para alunos de 6º<br />

ano sobre o t<strong>em</strong>a “Consumos Aditivos s<strong>em</strong> Substância” e participamos na sessão t<strong>em</strong>ática “Tecnologi@ com H@rmoni@”,<br />

promovida pela Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Girassol, do ACES Cascais, onde foi abordado o t<strong>em</strong>a dos videojogos aos<br />

pais e familiares das crianças das escolas envolvidas.<br />

Bibliografia: D.A.Gentile, H.Choo, A.Liau et all. Pathological Video Game Use Among Youths: A two-year Longitudinal Study. Pediatrics, 2011; 127;e319; D.Gentile. Pathological Video-Game use Among Youth Ages 8-18. A National Study. Psychological Science 2009; C. Laranjeira, F.Vidal,<br />

S.Peres. Televisão, videojogos e internet – Hábitos de consumo. Saude Infantil, 2008. 98-101; R.A.Tejeiro, R.M.Moran. Measuring probl<strong>em</strong> video-game playing in adolescents. Society for the study of addiction to Alchohol and other Drugs. 2002 (97). 1601-1606.


Are healthy children attended by Family Physicians or Pediatricians?<br />

Determinants of an important decision.<br />

Susana Rebelo 1 ; Sofia Velho Rua 2 ; Joana Leça 3 ; Ana Couto 1 ; João Firmino Machado 4<br />

1 - USF S. Miguel-o-Anjo, ACeS do Ave-Famalicão; 2 - USF Ribeirão, ACeS do Ave-Famalicão; 3 - USF Terras do Ave, ACeS do Ave-Famalicão; 4 - Unidade de Saúde<br />

Pública, ACeS Porto Ocidental, EPIUnit - Instituto de Saúde Pública, Universidade do Porto.<br />

Introduction:<br />

In the United States, the ratio of children’s health care provided by Family<br />

Physicians (FPs) decreased by about 33% between 1992 and 2002, from one in four<br />

children to one in six. 1 At the same time, there was an increase in the number of<br />

visits provided by Pediatricians. 1 In Portugal, the National Program for Child and<br />

Juvenile Health establishes 18 surveillance consultations at specific ages, 13 of th<strong>em</strong><br />

on the first 6 years of life. 2 Even though in Portugal there are no official numbers, it is<br />

clear that the number of children who are simultaneously attended by<br />

Pediatricians in private care is rising. Therefore, the main objectives of our study<br />

were to determine if children attend the FP or the FP/Pediatrician for their<br />

surveillance consultations, as well as the variables associated with the parents’<br />

choice between the two physicians.<br />

Methods:<br />

A cross-sectional survey was applied to the Parents of children aged 6 years old or<br />

less, without chronic diseases, enrolled in public, s<strong>em</strong>i-private and private<br />

kindergartens in the city of Vila Nova de Famalicão. The questionnaire was<br />

designed by the investigators and consisted of two parts: the first comprised direct<br />

questions about the sociod<strong>em</strong>ographic characteristics related to parents, children<br />

and the household. The second part consisted of stat<strong>em</strong>ents about accessibility<br />

and knowledge, regarding the Family Physician and the Pediatrician, to be rated<br />

according to a Likert scale. We excluded children with chronic diseases followed<br />

by Pediatricians in public hospitals; those up to 2 years old who had a Pediatrician<br />

but did not attend their services; children who did not have a FP; and those who<br />

had a FP but did not attend their services. According to national<br />

statistics 3-4 , in Sept<strong>em</strong>ber of 2015, there were 4989 children enrolled<br />

in the kindergartens in the municipality of Vila Nova de Famalicão.<br />

We determined a minimum sample size of 536 valid questionnaires<br />

using OpenEpi (prevalence 50%; confidence interval (CI) 95%;<br />

design effect 1.5). We considered that the number of delivered<br />

questionnaires should be three times greater in order to deal with<br />

non-delivered questionnaires and the exclusion criteria, that could<br />

not be anticipated.<br />

Results:<br />

A total of 1539 questionnaires were delivered, 1138 were collected<br />

and 697 were included in the analysis. Of our sample, 213 children<br />

(30.6%) attended only the FP and 484 (69.4%) attended both the FP<br />

and the Pediatrician. We found significant differences between the<br />

two groups for all the variables (table 1), except for the father´s age.<br />

Using a multivariate binary logistic regression, the mother´s age and<br />

educational level, household net income, private health insurance,<br />

number of children and children´s age r<strong>em</strong>ained significantly<br />

associated with attending both physicians (table 2). Regarding the<br />

parents’ perception about accessibility and clinical knowledge of<br />

the physicians, we found statistical differences between the two<br />

groups (table 3).<br />

Table 1| Sociod<strong>em</strong>ographic and household characteristics of the participants (n=697)<br />

Total<br />

n= 697<br />

FP group<br />

n= 213<br />

FP/Pediatrician<br />

group<br />

n= 484<br />

p-value<br />

Mother’s age (years)<br />

Mean ± SD 34.43 ± 4.96 33.61 ± 5.71 34.81 ± 4.49 0.005<br />

Mother’s education<br />

Without higher education<br />

With higher education<br />

Mother’s professional situation<br />

Not active<br />

Active<br />

Mother’s marital status<br />

Single<br />

Divorced/separated<br />

Married/cohabiting couples<br />

468 (67.4%)<br />

226 (32.6%)<br />

94 (13.5%)<br />

600 (86.5%)<br />

56 (8.1%)<br />

31 (4.5%)<br />

608 (87.5%)<br />

190 (89.6%)<br />

22 (10.4%)<br />

46 (21.7%)<br />

166 (78.3%)<br />

27 (12.7%)<br />

16 (7.5%)<br />

170 (79.8%)<br />

278 (57.7%)<br />

204 (42.3%)<br />

48(10.0%)<br />

434 (90.0%)<br />

29 (6.0%)<br />

15 (3.1%)<br />

438 (90.9%)<br />


PERFIL DE RISCO CARDIOVASCULAR DOS HOMENS COM DISFUNÇÃO ERÉTIL –<br />

CASUÍSTICA DE UMA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR<br />

Ângela Lee Chin 1 ; Ana Filipa Vicente 1<br />

1<br />

Interna de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

USF Arruda (ACES Estuário do Tejo)<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Disfunção Erétil (DE), definida como a incapacidade <strong>em</strong> obter e/ou manter uma<br />

ereção suficiente para um des<strong>em</strong>penho sexual satisfatório, associa-se com a saúde física<br />

e/ou psicológica do hom<strong>em</strong>, e diminui a sua qualidade de vida. Estudos d<strong>em</strong>onstram<br />

elevada prevalência de DE <strong>em</strong> indivíduos com Fatores de Risco (FR) cardiovascular. A sua<br />

prevalência mundial t<strong>em</strong> aumentado, prevendo-se que <strong>em</strong> 2025 ultrapasse os 320<br />

milhões. 1<br />

A etiologia da DE é multifatorial, pois a função erétil depende da conjugação de<br />

fatores vasculares, neurológicos, hormonais, psicológicos e iatrogénicos. 1,2 No entanto, a<br />

DE de orig<strong>em</strong> vasculogénica é predominante (> 80% dos casos). 1<br />

A DE é considerada um marcador precoce de aterosclerose e de doença vascular<br />

sistémica. Os FR para aterosclerose e doença cardiovascular, sendo promotores de<br />

disfunção endotelial, são também FR para DE. A disfunção endotelial é um fator etiológico<br />

comum à doença cardiovascular e à DE. 1<br />

O calibre das artérias cavernosas é menor que o das artérias coronárias ou carótidas,<br />

pelo que são as primeiras com alterações clinicamente relevantes decorrentes do<br />

desenvolvimento de placas de aterosclerose. 2<br />

Está descrito que a DE antecede <strong>em</strong> cerca de 39 meses o aparecimento de eventos<br />

cardiovasculares. Nesse sentido, a deteção precoce da DE representa uma oportunidade<br />

para a impl<strong>em</strong>entação de medidas preventivas e/ou terapêuticas da doença<br />

cardiovascular. 1<br />

A presença de DE <strong>em</strong> doentes com doença cardiovascular conhecida correlaciona-se<br />

com a extensão da doença. Alguns autores têm proposto que a DE seja considerada uma<br />

situação cardiovascular equivalente. 3<br />

OBJETIVO<br />

Pretendeu-se com esta casuística determinar o perfil<br />

de risco cardiovascular dos homens com disfunção erétil na<br />

Unidade de Saúde Familiar (USF) Arruda.<br />

METODOLOGIA<br />

Através do MIM@UF obteve-se a lista de utentes da<br />

USF que nos últimos 2 anos tinham como probl<strong>em</strong>a ativo o<br />

código Y07 – Impotência NE, do ICPC-2.<br />

Consultando processo a processo, elaborou-se uma<br />

base de dados no Microsoft Excel, com a idade dos homens,<br />

data de diagnóstico da DE, presença de FR cardiovascular e<br />

respetivas datas de diagnóstico - Obesidade, Hipertensão<br />

Arterial (HTA), Dislipidémia e Diabetes Mellitus (DM) - e<br />

antecedentes de eventos cardiovasculares.<br />

Os dados foram analisados estatisticamente no mesmo<br />

programa informático.<br />

Critérios de inclusão<br />

- Homens inscritos na USF Arruda;<br />

- Código Y07 – Impotência NE do<br />

ICPC-2 como probl<strong>em</strong>a ativo nos<br />

últimos 2 anos.<br />

Critérios de<br />

exclusão<br />

- Falta de dados no<br />

processo clínico.<br />

RESULTADOS<br />

48 processos<br />

clínicos<br />

Idades: 22 - 85 A<br />

(média de 61 A)<br />

73% com diagnóstico<br />

recente de DE (


HTA grau 2<br />

Dados insuficientes<br />

Pré-HTA<br />

HTA grau 1<br />

Normal<br />

HTA grau 2<br />

Dados insuficientes<br />

Pré-HTA<br />

HTA grau 1<br />

Normal<br />

Normal<br />

HTA grau 1<br />

HTA grau 2<br />

Pré-HTA<br />

Dados insuficientes<br />

Normal<br />

Pré-HTA<br />

Normal<br />

Normal<br />

Uso de MAPA na USF Cova da Piedade:<br />

Experiência de três anos<br />

Lima, Marina 1 | Coelho, Cecília 1 | Rocha, Luísa 2<br />

1<br />

Interna de Formação Específica de MGF, USF Cova da Piedade - ACES Almada-Seixal | 2 Assistente de MGF, USF Cova da Piedade - ACES Almada-Seixal<br />

<strong>Update</strong> <strong>em</strong> Medicina <strong>2017</strong><br />

Contacto: marina_aml@hotmail.com<br />

Introdução e Objetivos<br />

A monitorização ambulatória de pressão arterial (MAPA) é uma ferramenta diagnóstica e terapêutica útil <strong>em</strong> doentes com hipertensão<br />

arterial (HTA). Encontra-se estabelecida como sendo mais preditiva de eventos cardiovasculares adversos do que a medição de pressão<br />

arterial (PA) convencional 1,2,3 . Pretendeu-se caracterizar a experiência no manejo de MAPA numa Unidade de Saúde Familiar, no que<br />

concerne às indicações para a sua realização, resultados obtidos e mudança de atitude terapêutica subsequente, de forma a compreender<br />

as repercussões do seu uso.<br />

Métodos<br />

Como? Estudo observacional, descritivo e retrospetivo. Onde? USF Cova da Piedade. Quando? Avaliação entre 1 de Janeiro de 2013 e 30<br />

de Nov<strong>em</strong>bro de 2016. Qu<strong>em</strong>? Todos os utentes que realizaram MAPA na USF no período compreendido, identificados por meio de base<br />

de dados informática de MAPA, consentimentos informados escritos e ficheiro de agendamento de colocação do dispositivo. O quê?<br />

Analisados os relatórios de todos os exames realizados e identificados os utentes a qu<strong>em</strong> estes pertenciam. Consulta dos processos<br />

clínicos (SClínico © ), obtendo informação sobre a indicação para a sua realização e encaminhamento terapêutico posterior. A informação<br />

impossível de obter pelos registos foi codificada como desconhecida. Para processamento estatístico dos dados foi utilizado o Microsoft<br />

Excel 2013 © .<br />

Resultados<br />

Avaliadas 154 MAPA. As idades encontravam-se entre os 19 e os 90 anos (média = 54.2 anos), com distribuição<br />

equivalente entre géneros (51.9% 48.1% ). Em 8% dos estudos obtiveram-se dados insuficientes para<br />

interpretação, principalmente devido a fuga na braçadeira.<br />

Gráfico 1 – Indicação de realização de<br />

MAPA<br />

Suspeita HTA<br />

mascarada<br />

Suspeita hipoTA<br />

ortostática<br />

Desconhecida<br />

Suspeita HTA<br />

bata branca<br />

Avaliação de<br />

controlo<br />

Diagnóstico<br />

48,7%<br />

1,3% 2,6% 3,2%<br />

3,9%<br />

40,3%<br />

As principais indicações<br />

de realização de MAPA<br />

foram: diagnóstico de<br />

HTA (48.7%), avaliação do<br />

controlo sob terapêutica<br />

(40.3%) e exclusão de<br />

suspeita de HTA de bata<br />

branca (3.9%). Em 3.2%<br />

dos casos não foi possível<br />

apurar o motivo de<br />

realização (Gráfico 1).<br />

Gráfico 2 - Padrão noturno de PA<br />

8%<br />

Dipper<br />

9%<br />

Não dipper<br />

38%<br />

11%<br />

Extr<strong>em</strong>e dipper<br />

Dados insuficientes<br />

Reverse Dipper<br />

34%<br />

Quanto ao padrão<br />

noturno de PA, 37.7%<br />

eram dipper e 33.8%<br />

não-dipper, com 7.8% a<br />

corresponder<strong>em</strong> a<br />

dipper invertidos.<br />

(Gráfico 2). Dos doentes<br />

com perfil não-dipper,<br />

42.3% tinham critérios<br />

de HTA grau 1 ou 2.<br />

5% 9% 16% 21% 48%<br />

A<br />

Gráfico 3 – Interpretação de resultado de MAPA por indicação de realização<br />

3% 10% 11%<br />

B<br />

35% 40% 17%<br />

83%<br />

Diagnóstico Av. de controlo Susp. HTA<br />

BB<br />

20% 20% 20%<br />

Desc.<br />

40%<br />

25%<br />

75%<br />

Susp.<br />

hipoTA<br />

orto<br />

100%<br />

Susp.<br />

HTA<br />

masc.<br />

Dos exames para diagnóstico, 48% apresentava valores normais de PA, enquanto 26.7%<br />

tinha critérios de HTA e 16% de pré-HTA. Na avaliação de controlo, 38% dos doentes não<br />

apresentava perfil tensional controlado. Na suspeita de HTA de bata branca, o<br />

diagnóstico foi confirmado apenas numa ocasião. Quanto à HTA mascarada, não foi<br />

confirmada <strong>em</strong> nenhum dos casos que motivaram suspeição (Gráfico 3).<br />

Gráfico 4 - Medidas aplicadas a doentes com HTA<br />

grau 1 ou 2 <strong>em</strong> MAPA<br />

Iniciou medicação<br />

Ajuste dose ou fármaco<br />

Manteve medicação prévia<br />

Cronoterapia<br />

Desconhecido<br />

Não voltou à consulta<br />

Alteração do estilo de vida<br />

Faleceu<br />

S<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entação de medidas<br />

Ajuste terap. + Crono<br />

3<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

1<br />

5<br />

8<br />

7<br />

20<br />

0 5 10 15 20 25<br />

Do total de 50 doentes com HTA grau 1 ou 2, 20 iniciaram<br />

terapêutica antihipertensora, 14 receberam ajustes na<br />

dose, fármaco e/ou no horário de toma (cronoterapia) e 7<br />

mantiveram o tratamento (Gráfico 4).<br />

Conclusões<br />

Quase metade dos doentes com critérios de HTA no consultório obtiveram valores normais de PA na MAPA. Mais de um terço dos casos<br />

apresentou um padrão de PA não-dipper, associado a pior prognóstico cardiovascular. Uma percentag<strong>em</strong> significativa dos hipertensos<br />

previamente diagnosticada, não apresentava perfil tensional controlado, mesmo sob terapêutica antihipertensora. A maioria dos doentes<br />

com HTA são seguidos <strong>em</strong> cuidados de saúde primários, pelo que a utilização de MAPA pode ser extraordinariamente importante para<br />

melhorar a qualidade e precisão do diagnóstico e seguimento.<br />

Referências Bibliográficas: 1) Sierra C, De la Sierra A, Sobrino J, et al.. Monitorización ambulatoria de la presión arterial (MAPA): características clínicas de 31,530 pacientes. Med Clin (Barc) 2007; 129(1):1-5 2)<br />

O’Brien E, Coats A, Owens P, et al. Use and interpretation of ambulatory blood pressure monitoring: recommendations of the British Hypertension Society. BMJ 2000;Vol. 320: 1128-1133. 3) O’Brien E, Parati G,<br />

Stergiou G. Ambulatory Blood Pressure Measur<strong>em</strong>ent – What is the International Consensus? Hypertension 2013; 62:988-994.


AVALIAÇÃO E MELHORIA DA QUALIDADE DE PRESCRIÇÃO DO<br />

MÉTODO CONTRACETIVO EM MULHERES FUMADORAS COM<br />

MAIS DE 35 ANOS<br />

Maria Lúcia Ramos 1 , Ivone Rodrigues 1 , Sofia Santos 1 , Filipa Bagulho 1 , Teresa Tomé 1 , Emília Nina 1<br />

Filiações: 1- USF Celasaúde.<br />

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS<br />

A toma de contracetivo hormonal combinado (CHC) <strong>em</strong> mulheres com mais de 35 anos aumenta o risco de eventos trombo<strong>em</strong>bólicos, sendo por isso<br />

desaconselhada independent<strong>em</strong>ente do grau de consumo tabágico, e contraindicada se consumo ≥ 15 cigarros por dia. Realizou-se este trabalho com o<br />

objetivo de determinar a prevalência de mulheres fumadoras com mais de 35 anos a fazer CHC, e aplicar medidas corretoras de forma a diminuir essa<br />

mesma prevalência.<br />

METODOLOGIA<br />

RESULTADOS<br />

• Tipo de estudo: Avaliação de qualidade.<br />

• Dimensão <strong>em</strong> estudo: Efetividade.<br />

• Tipo de dados: Resultado.<br />

• Unidade <strong>em</strong> estudo: Mulheres inscritas <strong>em</strong> uma Unidade de Saúde<br />

Familiar com idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos, entre<br />

janeiro de 2014 e janeiro de 2016.<br />

• Critérios de inclusão: Mulheres entre os 35 e os 54 anos, com<br />

codificação (W11) e (W14), e registo de hábitos tabágicos.<br />

• Critérios de exclusão: Mulheres com registo de contracetivo à base<br />

de progestativos (W11 ou W12), com registo de esterilização (W13)<br />

ou uso de preservativo (incluídas no W14); mulheres s<strong>em</strong> registo de<br />

método contracetivo ou hábitos tabágicos atualizados há mais de 3<br />

anos.<br />

• Profissionais abrangidos: Médicos.<br />

• Período de avaliação: 1ª avaliação: 5 de Janeiro de 2016; 2ª<br />

avaliação: 6 de Set<strong>em</strong>bro de 2016.<br />

• Fonte de dados: MedicineOne®<br />

• Tipo de avaliação: Interna, interpares retrospetiva.<br />

• Critérios de avaliação: Foi definido como padrão/qualidade<br />

esperada: mulheres com mais de 35 anos a fazer CHC não fumam.<br />

• Primeira observação: Identificaram-se 2713 mulheres com idades<br />

entre 35 e 54 anos, sendo 381 fumadoras (14%). Excluiram-se 202<br />

mulheres pelos critérios definidos na metodologia, sendo a amostra<br />

final constituída por 179 utentes com idade média de 41,8 anos.<br />

Destas, 69 mulheres (38,5%) usavam anel vaginal e 110 (61,4%)<br />

usavam CHC oral.<br />

• Medidas corretoras: Durante os meses de janeiro e fevereiro de<br />

2016, as utentes foram convocadas telefonicamente pelos<br />

investigadores, e ficaram com Consulta de Planeamento Familiar<br />

agendada para o seu Médico de Família (MF), de modo a lhe ser<strong>em</strong><br />

propostos métodos alternativos. As consultas decorreram até à data<br />

da segunda avaliação.<br />

• Segunda observação: Após a aplicação das medidas corretoras,<br />

houve uma diminuição do número de mulheres fumadoras a usar<br />

CHC de 179 para 165 (14 mulheres – 8% - alteraram método<br />

contracetivo).<br />

DISCUSSÃO<br />

Houve uma diminuição de 8% no número de mulheres fumadoras a fazer CHC. No entanto, as medidas corretoras adotadas não tiveram a efetividade<br />

pretendida. Tal pode ter ocorrido pelo facto de algumas mulheres não ter<strong>em</strong> entendido a mensag<strong>em</strong> que lhes foi transmitida telefonicamente e, por sua<br />

vezes, não o conseguiram transmitir ao seu MF. Reconhece-se a necessidade de novas medidas interventivas potencialmente mais eficazes,<br />

nomeadamente a realização de sessão de apresentação dos resultados na reunião da USF, para que a intervenção seja mais assertiva. Não foram<br />

contabilizados o número de cigarros diários, e as mulheres que fumam 1 ou 2 cigarros por dia pod<strong>em</strong> desvalorizar esse facto preferindo não mudar de<br />

método contracetivo. Outra medida interventiva passa por pela prevenção ao próprio tabagismo.<br />

CONCLUSÃO<br />

A diminuição conseguida através de intervenção no número de mulheres fumadoras a fazer CHC de 8% não deve ser menosprezada, conseguindo-se<br />

efectivamente diminuir o risco trombo<strong>em</strong>bólico <strong>em</strong> 14 mulheres. Reconhece-se no entanto a necessidade de continuar a intervir.


A DISFUNÇÃO ERÉTIL NUMA UNIDADE DE CUIDADOS DE SAÚDE<br />

PERSONALIZADOS<br />

REALIDADE OU IRREALIDADE?<br />

Introdução<br />

Tatiana G.Pereira 1 , Renata Almeida 2<br />

1<br />

UCSP Figueira Foz Urbana 2 USF São Julião<br />

A disfunção erétil (DE) é a incapacidade persistente ou recorrente para atingir ou manter uma ereção adequada até<br />

completar a atividade sexual, conduzindo a relevante auto-insatisfação, b<strong>em</strong> como défice na relação interpessoal. Este<br />

distúrbio pode dever-se a várias causas, sejam elas do foro orgânico, psíquico ou misto. Os indivíduos mais jovens têm<br />

maior probabilidade de desenvolver disfunção eréctil de causa psíquica; já os homens mais velhos apresentam,<br />

habitualmente, causa orgânica, com maior contributo de diversos fatores de risco.<br />

Objetivos<br />

Determinar a prevalência de utentes com<br />

disfunção erétil numa Unidade de<br />

Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)<br />

e caracterizar estes doentes.<br />

Resultados<br />

Metodologia<br />

Estudo observacional, descritivo, transversal, retrospetivo; Recolha de dados:<br />

Vitacare® (31 Outubro de 2016). Processamento de dados: Microsoft Excel 2010®<br />

População: total utentes sexo masculino pertencentes à UCSP [15 – 90 anos]<br />

Critérios de Inclusão : utentes com disfunção eréctil (Y07) nos probl<strong>em</strong>as ativos<br />

Amostra: todos os utentes que cumpram os critérios de inclusão<br />

Variáveis: Idade, Co-Morbilidades (DM (T89/T90), HTA (K86/K87),Dislipidémia<br />

(T93),Obesidade/Excessodepeso(T82/T83),EAM/Isqu<strong>em</strong>ia(K74/K75/K76/K77),<br />

Abuso tabaco/álcool (P17/P15) AVC (K90) HBP(Y85)), Medicação Crónica.<br />

Intervalo de Idades<br />

'>=90A<br />

'85A-89A<br />

'80A-84A<br />

'75A-79A<br />

'70A-74A<br />

'65A-69A<br />

'60A-64A<br />

'50A-54A<br />

'55A-59A<br />

'45A-49A<br />

'40A-44A<br />

'35A-39A<br />

'30A-34A<br />

'25A-29A<br />

'20A-24A<br />

'15A-19A<br />

Número de Indivíduos<br />

0 2 4 6 8 10 12 14<br />

De um total de 9572 utentes de sexo masculino [15 – 90<br />

anos] pertencentes à UCSP verificou-se que 0,8% (n=77)<br />

apresenta disfunção erétil (Y07) nos probl<strong>em</strong>as ativos. O<br />

mais novo teria 20 anos, o mais velho 80, sendo a média<br />

de idades de 67,8 anos. A idade mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

encontrada situa-se entre os 65 e 69 anos.<br />

Fator de Risco Percent N<br />

Dislipid<strong>em</strong>ia 59,7% 46<br />

HTA 37,7% 29<br />

Ansiedade/Depressão 37,7% 29<br />

Obesidade/<br />

Excesso de Peso 29,8% 23<br />

DM 27,3% 21<br />

Antidepressivos/Ansiolíticos 29,8% 23<br />

Idade dos Homens com Disfunção Erétil<br />

Terapêutica Disfunção Erétil Perc N<br />

Inibidores Fosfodiesterase 10% 8<br />

S<strong>em</strong> terapêutica 90% 69<br />

Total 100% 77<br />

Nº de Fatores de Risco Percent N<br />

3 37% 28<br />

4 22% 17<br />

Referenciados à Consulta de Urologia 12% 9<br />

Discussão<br />

Nesta Unidade de Saúde a prevalência da DE (0,8%) é bastante inferior à encontrada a nível nacional (3%): trata-se de um t<strong>em</strong>a<br />

tabú, de difícil abordag<strong>em</strong>, inclusivé com e pelo Médico de Família - o qual deverá iniciar a t<strong>em</strong>ática durante a consulta. Há,<br />

também, a limitação da codificação clínica. A idade média verificada (68 anos) é sobreponível ao descrito a nível nacional, o que<br />

vai de encontro ao facto de a idade estar relacionada com o aparecimento de disfunção eréctil. Verificou-se que 37,7% dos utentes<br />

<strong>em</strong> estudo sofria Ansiedade/Depressão, e que destes 79% estavam medicados com Anti-depressivos/Ansiolíticos. Uma vez que as<br />

causas psicogénicas representam 10 a 20% dos casos de DE, há que enfatizar a grande importância da tentativa de aconselhamento<br />

sexual e acompanhamento frequente destas patologias <strong>em</strong> detrimento, s<strong>em</strong>pre que possível, da terapêutica medicamentosa.<br />

Destaca-se a baixa taxa de tratamento instituído, b<strong>em</strong> como das referenciações para a especialidade urológica, o que nos leva a<br />

concluir a necessidade pr<strong>em</strong>ente de desmitificar a t<strong>em</strong>ática da disfunção erétil na sociedade.<br />

Referências Bibliográficas: International Journal of Impotence Research (2003) 15, 63–71, M Kubin, Epid<strong>em</strong>iology of erectile dysfunction; Associação Portuguesa de Urologia, Jan. 2010, Sociedade Portuguesa de Andrologia


Gravidez e vacinação da gripe sazonal<br />

- uma vacina esquecida?<br />

David Tonelo 1 , Jorge Caetano Pereira 2 , Clarisse Aguiar 3<br />

1 - USF Santiago; 2 - USF D. Sancho I; 3 - USF S. Domingos<br />

Introdução<br />

As mulheres grávidas quando infetadas pelo vírus influenza têm<br />

maior risco de desenvolver complicações e uma maior mortalidade,<br />

quando comparadas com a população geral.<br />

Esse risco não se deve a uma maior probabilidade de ser<strong>em</strong><br />

infetadas, mas a alterações imunológicas, nomeadamente<br />

diminuição da imunidade mediada por linfócitos T, b<strong>em</strong> como a<br />

mudanças no sist<strong>em</strong>a cardiovascular e respiratório durante a<br />

gravidez. O risco de doença grave aumenta ao longo da evolução da<br />

gravidez, sendo o 3º trimestre comparável ao de indivíduos de<br />

elevado risco. Existe também risco para o <strong>em</strong>brião/feto,<br />

particularmente maiores incidências de malformações congénitas,<br />

partos pr<strong>em</strong>aturos, baixo peso à nascença e nados-mortos.<br />

As grávidas são assim consideradas um grupo de risco, com<br />

indicação para vacinação da gripe, sendo esta recomendada a nível<br />

nacional e internacional. A vacina da gripe é segura nas grávidas,<br />

indicada <strong>em</strong> qualquer trimestre de gestação e deve ser administrada<br />

durante todo o Outono/Inverno.<br />

Objetivo<br />

Determinar a cobertura da vacinação da gripe nas grávidas na<br />

Unidade de Saúde Familiar (USF) Santiago, Agrupamento de Centros<br />

de Saúde (ACeS) Pinhal Litoral, durante os anos 2014 e 2015.<br />

Métodos<br />

Tipo de estudo: observacional, descritivo, transversal e retrospetivo.<br />

Fonte de dados: processo clínico informatizado na plataforma<br />

SClinico®.<br />

População: utentes do sexo f<strong>em</strong>inino inscritas na USF Santiago.<br />

Amostra: todas as utentes com gravidez durante o período <strong>em</strong><br />

análise, definida pela data da última menstruação (2014 e 2015).<br />

Critérios de exclusão: Para a análise da cobertura vacinal foram<br />

apenas consideradas as utentes com vigilância <strong>em</strong> Saúde Materna na<br />

USF.<br />

Análise estatística: Microsoft Excel® 2016.<br />

Resultados<br />

2014<br />

Local de vigilância<br />

34 Hospital<br />

44 grávidas com vigilância Saúde Materna<br />

99<br />

grávidas<br />

23 USF<br />

21 USF + Particular<br />

21 Particular<br />

23 USF<br />

3<br />

Vacinação<br />

1 no 1ºT<br />

1 no 2ºT<br />

1 no 3ºT<br />

Taxa de vacinação<br />

2014: 11,4%<br />

Idade média: 33 A<br />

Idade mínima: 20 A<br />

Idade máxima: 47 A<br />

21 USF + Particular<br />

2<br />

1 no 2ºT<br />

1 no 3ºT<br />

2015<br />

Local de vigilância<br />

Taxa de cobertura<br />

2 anos: 14,9%<br />

41 Hospital<br />

57 grávidas com vigilância Saúde Materna<br />

117<br />

grávidas<br />

27 USF<br />

30 USF + Particular<br />

Vacinação<br />

18 Particular<br />

1 Não vigiada<br />

27 USF<br />

8<br />

6 no 2ºT<br />

2 no 3ºT<br />

Taxa de vacinação<br />

2015: 17,5%<br />

Idade média: 32 A<br />

Idade mínima: 16 A<br />

Idade máxima: 45 A<br />

30 USF + Particular<br />

2<br />

1 no 2ºT<br />

1 no 3ºT<br />

Discussão/Conclusão<br />

Perante os resultados obtidos, observou-se uma baixa cobertura de vacinação da gripe nas grávidas da amostra selecionada.<br />

Existe assim uma potencial marg<strong>em</strong> para melhoria, através de intervenções de informação e esclarecimento dos benefícios e riscos junto das<br />

utentes e dos Médicos de Família, tendo estes últimos um papel fundamental na vigilância de Saúde Materna e na impl<strong>em</strong>entação das<br />

recomendações <strong>em</strong> vigor.<br />

Bibliografia<br />

-Influenza and pregnancy [cited 28 Feb]. Available from: http://www.uptodate.com/contents/influenza-and-pregnancy<br />

-CDC: Influenza (Flu) [cited 19 Mar]. Available from: http://www.cdc.gov/flu/index.htm<br />

-Rasmussen SA, Jamieson DJ, Uyeki TM. Effects of influenza on pregnant women and infants. Am J Obstet Gynecol. 2012;207(3 Suppl):S3–8. doi:<br />

10.1016/j.ajog.2012.06.068<br />

-Dodds L, McNeil SA, Fell DB, Allen VM, Coombs A, Scott J, et al. Impact of influenza exposure on rates of hospital admissions and physician visits because of respiratory<br />

illness among pregnant women. CMAJ. 2007;176:463–8. doi: 10.1503/cmaj.061435


FEBRE – O QUE OS CUIDADORES (NÃO) SABEM<br />

Carla Silva¹; Hugo Rocha¹; Ivete Afonso²; Sílvia Martins¹; Sofia Faria¹; Raquel Braga³<br />

¹Internos de Medicina Geral e Familiar, USF Lagoa; ²Interna de Pediatria, Hospital Pedro Hispano; ³Assistente<br />

Graduada de Medicina Geral e Familiar, USF Lagoa. ULS Matosinhos<br />

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS<br />

METODOLOGIA<br />

• A febre é um dos sintomas mais comuns <strong>em</strong> idade<br />

pediátrica.<br />

• É um desafio para os pais saber quando esta é motivo de<br />

preocupação, tornando-a uma razão frequente de recurso<br />

aos serviços de saúde.<br />

• Pretende-se caracterizar os conhecimentos, preocupações e<br />

atitudes dos pais perante uma criança com febre.<br />

RESULTADOS<br />

• Estudo transversal e descritivo.<br />

• Aplicação telefónica de questionário, construído pelos autores, aos<br />

pais/cuidadores de todas as crianças de uma USF que, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro de<br />

2015, tivess<strong>em</strong> idades compreendidas entre 29 dias e 36 meses. Foi<br />

solicitado consentimento informado verbal no início de cada contacto<br />

telefónico.<br />

• O questionário foi alvo de estudo piloto.<br />

• Se os pais tivess<strong>em</strong> mais do que uma criança na idade alvo, apenas era<br />

considerada uma participação.<br />

• Dados registados <strong>em</strong> Excel® e analisados pelo SPSS® versão 20,0.<br />

1. Caracterização da amostra n (%)<br />

Cuidadores<br />

Número total 248 (100)<br />

Média de idades<br />

(anos)<br />

Mãe 197 (79,4)<br />

Pai 27 (10,9)<br />

Outros 24 (9,7)<br />

Pais 32,8 [18-46]<br />

Outros cuidadores 60,5 [37-73]<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

2. Local de avaliação t<strong>em</strong>peratura (n)<br />

0<br />

206<br />

96<br />

22<br />

Axilar Retal Auricular Outro<br />

2.1. Avaliação de t<strong>em</strong>peratura retal<br />

<strong>em</strong> idade < 2 anos? (%)<br />

Sim 53<br />

5<br />

4. Medicação <strong>em</strong> casa para a febre? (%)<br />

Sim 98,9<br />

5. Dose n (%)<br />

5.1. Dose correta <strong>em</strong> função nº filhos (%)<br />

Correta 66 (26,7) Filho único 30,2<br />

Infra-terapêutica 72 (29,0) >1 filho 41,3<br />

Supra-terapêutica 47 (18,9)<br />

Não sabe 63 (25,4)<br />

Habilitações<br />

Básico / Primário 50 (20,2)<br />

Secundário 82 (33,1)<br />

Licenciatura 102 (41,1)<br />

Mestrado /<br />

Doutoramento<br />

14 (5,6)<br />

Outros filhos 134 (54)<br />

Crianças<br />

Média idade (meses) 21 [1-36]<br />

8. Medicação antes do SU? (%)<br />

16%<br />

84%<br />

60,0%<br />

50,0%<br />

40,0%<br />

30,0%<br />

20,0%<br />

10,0%<br />

0,0%<br />

Medo mascarar<br />

sintomas<br />

Só com indicação<br />

médica<br />

3. Valor a partir do qual é febre? n (%)<br />

17 (6,9)<br />

8.1 Porquê? n (%)<br />

114 (46)<br />

29 (74,4)<br />

2 (5,1)<br />

Não sabe dose 8 (20,5)<br />

5 (2)<br />

93 (37,5)<br />

19 (7,7)<br />

36,5-37,4 37,5 37,6-37,9 38 38,2-39<br />

5,6%<br />

6. Medicação que t<strong>em</strong> <strong>em</strong> casa? n (%) 7. Que fármaco dá <strong>em</strong> 1º lugar? (%)<br />

Paracetamol 134 (54,7)<br />

Paracetamol +<br />

Ibuprofeno<br />

10. Onde recorre <strong>em</strong> 1º lugar? (%)<br />

50%<br />

21,8% 21,8%<br />

Linha 24 C.Saúde H.Privado H.Público<br />

0,2%<br />

Farmácia<br />

111 (45,3)<br />

Paracetamol 98,2<br />

11. Principal perigo da febre?<br />

Não preocupa<br />

Meningite<br />

Morte<br />

Desidratação<br />

Não sabe<br />

Lesão cerebral<br />

Convulsões<br />

(1,2%)<br />

(1,6%)<br />

(1,6%)<br />

(2,8%)<br />

(8,9%)<br />

(21,8%)<br />

(62,1%)<br />

Sim<br />

Não<br />

9. Quando recorre ao médico? n (%)<br />

12. Abordag<strong>em</strong> prévia do t<strong>em</strong>a? (%)<br />

12.1 Qu<strong>em</strong>? n (%)<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

(17,7%)<br />

(28,2%)<br />

(21,4%)<br />

(23%)<br />

41%<br />

Médico família 71 (48,3)<br />

Pediatra 39 (26,5)<br />

Preparação parto 17 (11,6)<br />

30<br />

20<br />

10<br />

(9,7%)<br />

59%<br />

Formação pessoal 9 (6,1)<br />

Família 6 (4,1)<br />

0<br />

Início febre Febre>1d Febre>2d Febre>3d +sintomas<br />

DISCUSSÃO<br />

Sim<br />

Não<br />

Enfermeiro 5 (3,4)<br />

• Este estudo d<strong>em</strong>onstra que persist<strong>em</strong> conceções e atitudes erradas <strong>em</strong> relação à febre. Apesar do nível elevado de literacia da amostra<br />

estudada, verificaram-se conceitos errados sobre a medição e terapêutica da criança febril, não sendo, no entanto, representativa da população<br />

geral. O Médico de Família (MF) parece ser o profissional que mais aborda este t<strong>em</strong>a, ainda assim, <strong>em</strong> apenas 48,3% dos casos.<br />

• É essencial sensibilizar os MF para a abordag<strong>em</strong> desta t<strong>em</strong>ática nas consultas de saúde infantil, e de forma oportunista, de forma a aumentar os<br />

conhecimentos dos pais e cuidadores relativamente à etiologia da febre, aos seus potenciais benefícios <strong>em</strong> contexto infecioso, e acerca da<br />

administração correta de antipiréticos. Esta informação pode contribuir para diminuir a ansiedade parental e melhorar a prestação de cuidados à<br />

criança febril. Mais estudos poderão ser realizados neste âmbito, envolvendo uma população mais representativa.<br />

Bibliografia: Rodrigues L, Tojal M et al. Conhecimentos e atitudes dos pais perante a febre, Saúde Infantil, 2010;32(1): 17-21; Sakai R, Niijima S et al. Parental knowledge and perceptions of fever in children and fever manag<strong>em</strong>ent<br />

practices: differences between parents of children with and without a history of febrile seizures, Pediatr Emerg Care. 2009 Apr;25(4):231-37; Kelly M, Saham L, Parental knowledge, attitudes and beliefs regarding fever in children: an<br />

interview study, BMC Public Health. 2016; 16: 540; Enarson M, Samina MD et al; Beliefs and Expectations of Canadian Parents Who Bring Febrile Children for Medical Care, Pediatrics 2012 Oct;130(4):e905-12


AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PULMONAR EM DOENTES<br />

COM FACTORES DE RISCO<br />

Tiago Tavares 1 , Martina Rocha 2 , Pedro Vasconcelos 1 , Ana Paula Pinheiro 1<br />

1-USF Viseu-Cidade, 2-USF Infante D. Henrique, ACeS Dão Lafões,<br />

Introdução<br />

A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma doença respiratória cujo diagnóstico deve ser pensado na<br />

presença de sintomas respiratórios (dispneia, tosse crónica e expetoração) e /ou factores de risco (por ex<strong>em</strong>plo<br />

exposição ao fumo do tabaco ou outros poluentes).<br />

As últimas guidelines GOLD <strong>2017</strong> mantém as indicações de requisitar uma espirometria diagnóstica <strong>em</strong><br />

pessoas com mais de 40 anos e história pessoal de tabagismo.<br />

Objetivos<br />

O objetivo deste estudo é determinar a taxa de doentes fumadores com mais de 40 anos de uma unidade de<br />

saúde familiar (USF) a qu<strong>em</strong> foi pedida uma espirometria, b<strong>em</strong> como avaliar o resultado do estudo espirométrico.<br />

Métodos<br />

Tipo de estudo: observacional, retrospetivo e<br />

transversal<br />

População: utentes com mais de 40 anos inscritos na<br />

USF<br />

Análise estatística: Numbers®<br />

Critérios de Inclusão: utentes com código do<br />

ICPC-2:“P17-Abuso do tabaco” na lista de patologias<br />

crónicas, no ano de 2015<br />

Fonte de dados: processo clínico informático<br />

Resultados<br />

Utentes da USF - 16.255<br />

52% com mais<br />

de 40 anos<br />

4%<br />

96%<br />

77%<br />

23%<br />

Resultados espirometria<br />

N %<br />

Índice Tiffenau 0.7 53 64,6<br />

Fumadores (n=359)<br />

Não fumadores (n=8093)<br />

Espirometria<br />

S<strong>em</strong> Espirometria<br />

S<strong>em</strong> resultado 18 22<br />

Discussão<br />

O que estes resultados d<strong>em</strong>onstram é que há um número elevado de utentes (77,2%) com indicação<br />

para realizar espirometria que ainda não foram estudados e que se for<strong>em</strong> aplicadas as indicações<br />

das GOLD cerca de 13% das pessoas <strong>em</strong> risco têm de facto DPOC, o que vai de encontro aos<br />

números nacionais.<br />

Limitações do trabalho:<br />

1 - provável baixa taxa de codificação de tabagismo, já que pela nossa experiência seria de esperar<br />

existir uma maior percentag<strong>em</strong> de fumadores.<br />

2 - ausência de resultado de 18 espirometrias, dado o potencial que esse valor t<strong>em</strong> de alterar as<br />

nossas conclusões.<br />

Bibliografia: UpToDate.com; Guidelines GOLD <strong>2017</strong>


Susana Prego de Faria 1 ; Ana Rita C. Simões 2 ; Cláudia Conceição 3<br />

1<br />

Interna de Formação Específica <strong>em</strong> MGF, UCSP Amarante; 2 Interna de Formação Específica <strong>em</strong> MGF, USF Amadeo de Souza-Cardoso; 3 Interna de Formação Específica <strong>em</strong> MGF, UCSP Vila Meã<br />

Introdução<br />

As atividades de Planeamento Familiar são fundamentais na prática da Medicina Geral e Familiar, devendo, também assegurar o acesso a<br />

métodos contracetivos da escolha do utente, seguros e eficazes. Os métodos de longa duração estão cada vez mais <strong>em</strong> voga por garantir<strong>em</strong> uma<br />

contraceção de alta eficácia, que não exige a motivação diária da mulher n<strong>em</strong> interfere com a relação sexual.<br />

O implante hormonal subcutâneo (IHS) é um método que t<strong>em</strong> vindo a ganhar popularidade entre as mulheres. T<strong>em</strong> um prazo de validade de 3 anos<br />

mas pode ser r<strong>em</strong>ovido quando a mulher o desejar. Sendo um método dispendioso e que exige um profissional treinado para a sua<br />

colocação/r<strong>em</strong>oção, é fundamental compreender os motivos de escolha deste método, assim como os motivos que levam ao pedido para a<br />

retirada do implante antes do término da sua validade.<br />

Objectivo<br />

Este estudo pretende caracterizar as utentes que colocaram IHS nas Unidade de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) Amarante-1 e Unidade de Saúde Familiar (USF)<br />

Amadeo de Souza-Cardoso e a sua adaptação a este método contracetivo.<br />

Metodologia<br />

Tipo de estudo: Observacional, transversal e descritivo.<br />

Local do estudo: Centro de Saúde de Amarante<br />

População e amostra do estudo: Utentes do sexo f<strong>em</strong>inino, com Médico de<br />

Família atribuído, inscritas nas UCSP Amarante-1 e USF Amadeo de Souza-<br />

Cardoso, <strong>em</strong> idade fértil, que colocaram/substituíram o método contracetivo de<br />

IHS, entre 01/01/2012 e 30/04/2016. A amostra corresponde à totalidade da<br />

população <strong>em</strong> estudo.<br />

Fontes de informação: Lista de pedidos de IHS à Unidade de Aprovisionamento<br />

de Vila Real da ARS Norte, Processo Clínico Informatizado (SClínico) e questionário<br />

realizado por via telefónica.<br />

Processo de recolha de informação: Utentes contactadas telefonicamente pelas<br />

investigadoras (que não foss<strong>em</strong> as próprias médicas de família), explicação<br />

breve do estudo e seus objetivos e solicitada a participação. As que aceitaram<br />

participar foram convidadas a responder a um questionário sobre a sua<br />

adaptação ao implante. Após consentimento das utentes, foi ainda consultado o<br />

processo clínico informatizado (SClínico) de forma a completar os dados<br />

necessários.<br />

Variáveis do estudo: idade, número de gravidezes, número de filhos,<br />

procedimento <strong>em</strong> estudo (colocação ou substituição), data do procedimento,<br />

Resultados<br />

método contracetivo anterior, motivo para a colocação do IHS, r<strong>em</strong>oção do IHS<br />

antes da data de término da validade (sim/não) e motivo de r<strong>em</strong>oção (quando<br />

aplicável).<br />

Critérios de exclusão: Foram realizadas três tentativas de contacto telefónico ao<br />

fim das quais se excluíram as utentes que não atenderam. Excluíram-se também<br />

aquelas que apresentavam números de telefone incorretos e/ou desatualizados.<br />

Plano de minimização de vieses: Contacto telefónico <strong>em</strong> diferentes dias da<br />

s<strong>em</strong>ana e <strong>em</strong> diferentes horários. Questionário breve realizado no imediato (caso<br />

as utentes apresentass<strong>em</strong> disponibilidade para tal) ou acordada uma data e hora<br />

para a sua realização. Para uniformizar critérios inter-observador, as primeiras<br />

10 chamadas foram realizados pelas investigadoras <strong>em</strong> conjunto, sendo que os<br />

restantes seguiram criteriosamente o guião do contacto telefónico.<br />

Gestão da informação: Os dados colhidos foram registados numa base de dados<br />

<strong>em</strong> Excel 2013© e a análise estatística foi efetuada no mesmo.<br />

Considerações éticas: O protocolo do estudo foi submetido à Comissão de Ética<br />

para a Saúde da ARS Norte, que <strong>em</strong> 22/09/2016 deu o seu parecer favorável.<br />

Gestão da informação: Os dados colhidos foram registados numa base de dados<br />

<strong>em</strong> Excel 2013© e a análise estatística foi efetuada no mesmo.<br />

Considerações éticas: O protocolo do estudo foi submetido à Comissão de Ética<br />

para a Saúde da ARS Norte, que <strong>em</strong> 22/09/2016 deu o seu parecer favorável.<br />

N %<br />

População 69 100<br />

Excluídas 26 37,68<br />

Amostra 43 62,32<br />

Tabela 1 – Dados da população e<br />

amostra<br />

Nº procedimentos 51<br />

Média de idades 27,86<br />

Média de gravidezes 1,16<br />

Média de filhos por<br />

mulher<br />

N<br />

1,02<br />

Tabela 2 – Nº de procedimentos e<br />

caracterização da amostra<br />

57 motivos de colocação de IHS,<br />

14 mulheres referiam dois.<br />

Motivos de colocação<br />

1,75%<br />

12,28%<br />

24,56%<br />

8,77%<br />

52,63%<br />

Dificuldade de compromisso com toma diária<br />

Outros<br />

Pretendiam método de longa duração<br />

Efeitos adversos de outros contraceptivos<br />

Contra-indicação para outros métodos<br />

Gráfico 1 – Motivos totais de<br />

colocação de IHS<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2,33% 2,33%<br />

Método Anterior<br />

48,84<br />

%<br />

4,65%<br />

2,33%<br />

32,56<br />

Gráfico 2 - Método usado<br />

anteriormente à colocação do<br />

último HIS<br />

6,98<br />

Foram reportados 49 efeitos<br />

adversos, <strong>em</strong> 86,05& (n=37) das<br />

mulheres.<br />

4,08%<br />

Efeitos adversos<br />

10,20%<br />

22,45%<br />

63,27%<br />

Irregularidades menstruais<br />

Aumento de peso<br />

Outros<br />

Gráfico 3 – Efeitos adversos<br />

reportados pelas mulheres que<br />

usavam HIS<br />

Quatro das mulheres (9,30%) retiraram<br />

IHS antes do término do prazo de<br />

validade, cada uma por um motivo<br />

diferente<br />

Idade<br />

19<br />

Motivo de r<strong>em</strong>oção<br />

precoce<br />

Irregularidades<br />

menstruais<br />

T<strong>em</strong>po<br />

de<br />

utilização<br />

4 meses<br />

26 Aumento de peso 6 meses<br />

36 Pretende engravidar 10 meses<br />

21<br />

Acne + pilosidade<br />

facial<br />

12 meses<br />

Tabela 3 - Motivos de r<strong>em</strong>oção precoce e<br />

t<strong>em</strong>po de utilização<br />

Discussão e Conclusão<br />

A avaliação da adaptação ao implante hormonal subcutâneo é importante para um melhor conhecimento acerca deste método, assim como para a<br />

sua correta indicação.<br />

Os resultados obtidos revelaram que nas 43 mulheres da amostra o motivo mais frequente para a colocação de IHS foi a dificuldade de compromisso<br />

diário com outros métodos, nomeadamente COC, sendo que este era o método mais usado previamente ao procedimento (48,84%).<br />

A grande maioria das mulheres (86,05%) reportou efeitos adversos sendo os mais frequentes alterações menstruais e aumento ponderal. Estes efeitos<br />

parec<strong>em</strong> ser na sua maioria b<strong>em</strong> tolerados, não justificando o pedido de r<strong>em</strong>oção precoce, já que apenas uma minoria (9,30%) a solicitou. O<br />

esclarecimento e informação acerca de efeitos adversos é fundamental e deve ser realizado previamente à colocação do IHS, por forma a prevenir a<br />

descontinuação precoce e consequent<strong>em</strong>ente evitando gastos desnecessários.<br />

O presente estudo apresenta algumas limitações. Desde logo o pequeno tamanho amostral leva à necessidade de os resultados ser<strong>em</strong> lidos com alguma<br />

ressalva, correndo-se o risco de generalizações abusivas. Além disso, não é sabido até que ponto as mulheres que não se conseguiram contactar<br />

representam diferenças <strong>em</strong> relação à amostra. Estes resultados diz<strong>em</strong> respeito a uma população de uma região geográfica específica, com as suas<br />

inerências próprias, não podendo ser generalizados para a população nacional geral. São necessários mais estudos, de âmbito nacional, que permitam<br />

compreender melhor os motivos de colocação/r<strong>em</strong>oção precoce de IHS, garantindo a sua oferta às mulheres adequadas e minimizando custos.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Direção Geral de Saúde, Saúde Reprodutiva e Planeamento Familiar, Lisboa: DGS, 2008. - 67 p. - ed. revista e atualizada; 2. Committee on Gynecologic Practice Long-Acting Reversible<br />

Contraception Working Group., Committee Opinion No. 642: Increasing Access to Contraceptive Implants and Intrauterine Devices to Reduce Unintended Pregnancy., Obstet Gynecol. 2015 Oct;126(4):e44-8. doi:<br />

10.1097/AOG.0000000000001106.; 3. http://www.implanon-usa.com/en/consumer/about-it/insertion-and-r<strong>em</strong>oval/index.xhtml.<br />

4.http://www.merck.com/product/usa/pi_circulars/i/implanon/implanon_pi.pdf


% Utentes<br />

CHEN. Jose; et al. Diabetic Foot: clinical reports; J Vacs Br 2005; 4(1):11-21; BORTOLETTO.M.S.S; et al; Diabetic Foot – a Syst<strong>em</strong>atic Examinatio; Arq.Ciên. Saúde; 2009:v13, n 1:37-43; YOSUF, M.K. et al; Diabetic<br />

neuropathic forefoot and heel ulcers: manag<strong>em</strong>ent, clinical presentation and outcomes; J Wound Care; Sept 2015; 2;24 (9):420-425; GEPED 2015, Tradução das recomedações do International<br />

Working Group On The Diabetic Foot; BAKER Neil, KENNY Colin; Prevention, Screening and referral of Diabetic Foot in Primary Care; CPD Module16:307-16; Norma de Orientação Clínica<br />

005/2011 Diagnóstico Sist<strong>em</strong>ático do Pé Diabético de 21/01/2011.<br />

Nº Complicações<br />

Consulta de Pé Diabético – a realidade numa Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados<br />

Michelle Oliveira 1 ; Mariline Ribeiro 1 ; Madalena Santos 2<br />

1<br />

Interna de de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, UCSP Mira<br />

2<br />

Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Mira<br />

4 a 7 de maio de <strong>2017</strong> – Palácio de Congressos do Algarve<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica que cresce a um ritmo estimado de nove milhões de novos casos por ano e cujas<br />

complicações t<strong>em</strong> consequências desastrosas na qualidade de vida dos doentes.<br />

O Pé Diabético t<strong>em</strong> um impacto negativo na qualidade de vida do doente e elevados custos socioeconómicos. Estima-se que 20-<br />

25% das admissões hospitalares <strong>em</strong> utentes com DM ocorre por complicação do Pé Diabético e que um diabético t<strong>em</strong> um risco de<br />

amputação 15 a 46 vezes superior aos indivíduos s<strong>em</strong> DM. Embora o Pé Diabético seja consequência de diversas alterações<br />

fisiopatológicas irreversíveis, o seu desfecho por ser melhorado com um acompanhamento adequado e uma referenciação precoce para<br />

os cuidados especializados.<br />

OBJETIVO<br />

Caraterizar os indivíduos observados na Consulta do Pé<br />

Diabético na Unidade de Cuidados de Saúde Primários de Mira e<br />

definir as alterações do pé mais prevalentes na avaliação do Pé<br />

Diabético.<br />

METODOLOGIA<br />

Análise retrospetiva dos registos feitos no SClínico e <strong>em</strong><br />

papel, dos doentes que foram referenciados à Consulta de Pé da<br />

UCSP Mira desde Março de 2015 até Set<strong>em</strong>bro de 2016, pelo<br />

seu médico assistente.<br />

RESULTADOS<br />

Número total doentes diabéticos observados na Consulta de Pé Diabético : 49 doentes<br />

• Distribuição por sexo<br />

35%<br />

65%<br />

Masculino F<strong>em</strong>inino<br />

• Distribuição por idade<br />

Idade média: 72 anos<br />

Idade mínima: 42 anos<br />

Idade máxima: 93 anos<br />

• Tipo de Diabetes<br />

100%<br />

76%<br />

50% 24%<br />

0%<br />

I II<br />

Tipo de Diabetes<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

• Complicações da Diabetes<br />

6<br />

8<br />

Renal Cardiovascular Visão Amputação<br />

anterior<br />

Complicações da Diabetes<br />

7<br />

3<br />

• Cuidados de Higiene dos Pés<br />

Sinais e Sintomas:<br />

22%<br />

••Sono não reparador<br />

78%<br />

•Insónia<br />

•Sonolência Sim diurna Não<br />

•<br />

• Calçado Adequado<br />

47%<br />

53%<br />

Adequado Desadequado<br />

• Alterações:<br />

Pele<br />

Nº utentes<br />

Diminuição da<br />

pilosidade 39<br />

Calosidades 33<br />

Desidratação 28<br />

Pele fina e brilhante 27<br />

Dermatomicose 24<br />

Ed<strong>em</strong>a 19<br />

Diminuição da<br />

t<strong>em</strong>peratura 15<br />

Gretas/fissuras 13<br />

Unhas<br />

Nº utentes<br />

Onicomicose 21<br />

Corte incorreto 19<br />

Onicocriptose 12<br />

Onicogrifose 8<br />

Alterações da<br />

Sensibilidade Nº utentes<br />

Protetora (monofilamento) 8<br />

Tátil 4<br />

Dolorosa 1<br />

Vibratória 1<br />

Dolorosa 1<br />

Músculo-Esquelético Nº utentes<br />

Dedos <strong>em</strong> garra 19<br />

Encavalgamento dos dedos 18<br />

Hallux Valgus 4<br />

Ausência do reflexo<br />

aquiliano 2<br />

Vascular<br />

Nº utentes<br />

ITB aumentado 5<br />

ITB diminuído 1<br />

Ausência de pulsos<br />

palpáveis 1<br />

CONCLUSÃO:<br />

O Pé Diabético é uma entidade com grande impacto na qualidade de vida dos utentes, pois todos os probl<strong>em</strong>as com ela<br />

relacionados são causadores de sofrimento (tanto para o doente como para a sua família) e de elevados custos socias e<br />

financeiros.<br />

Um maior conhecimento dos médicos e enfermeiros da família das alterações típicas desta entidade, uma maior<br />

consciência da sua gravidade, um rastreio e tratamentos adequados, permite, não só melhorar a qualidade de vida destes<br />

utentes, como evitar as suas complicações.


DEPRESSÃO E ANSIEDADE NA SÍNDROME DE<br />

APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS):<br />

PREVALÊNCIA E RELAÇÃO COM A GRAVIDADE DA SAOS<br />

Sofia Madanelo , Cátia Quina, Joana Baptista, Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio.<br />

USF Santa Joana | ACeS Baixo Vouga<br />

sofia.madanelo@hotmail.com<br />

INTRODUÇÃO<br />

SAOS<br />

SAOS<br />

Depressão e Ansiedade<br />

É um dos principais distúrbios do sono,<br />

apresentando uma prevalência de cerca de 5%<br />

da população.<br />

A Polissonografia (PSG) permite calcular o Índice<br />

de Apneia ou Hipopneia (IAH), fundamental para<br />

o seu diagnóstico e classificação como: Ligeira<br />

(5-15); Moderada (15-29) e Grave ≥30.<br />

‣ A fragmentação do sono e a hipox<strong>em</strong>ia ocorridas nos doentes com SAOS têm impacto ao nível da<br />

função cognitiva e do humor, podendo causar irritabilidade e desinteresse pelas atividades<br />

diárias, com repercussões no relacionamento familiar e social, verificando-se uma maior<br />

incidência de depressão e ansiedade nestes indivíduos.<br />

‣ A presença de SAOS pode também ser responsável pela falência da terapêutica antidepressiva.<br />

‣ Alguns estudos têm encontrado evidência de melhoria significativa nos sintomas depressivos<br />

aquando do tratamento com CPAP.<br />

OBJETIVO<br />

Determinar a prevalência de sintomas depressivos e de ansiedade <strong>em</strong> doentes com e s<strong>em</strong> SAOS e possível relação dos mesmos com a<br />

gravidade da SAOS.<br />

METODOLOGIA<br />

‣ Tipo de estudo: observacional, transversal e analítico.<br />

‣ População: doentes seguidos <strong>em</strong> consulta de Pneumologia de um hospital por suspeita da SAOS.<br />

‣ Critérios de exclusão: analfabetos ou incapazes de preencher autonomamente o questionário.<br />

‣ Amostra: de conveniência - doentes avaliados <strong>em</strong> consulta de Set<strong>em</strong>bro-Dez<strong>em</strong>bro 2015.<br />

‣ Procedimentos: após consentimento informado, foram aplicados dois questionários validados de autopreenchimento - Inventário de Depressão de<br />

Beck (IDB), Hospital Anxiety and Depression scale (HADS-D e HADS-A). Foram integrados no estudo todos os questionários preenchidos de<br />

forma completa. Posteriormente, foram registados os resultados da PSG.<br />

‣ Variáveis: sexo, idade, diagnóstico e gravidade da SAOS (IAH), sintomas de depressão (IDB, HADS-D) e ansiedade (HADS-A), t<strong>em</strong>po de sono com baixa<br />

saturação de oxigénio(TS-Sat.O20,05).<br />

Depressão e<br />

ansiedade<br />

Saturação de oxigénio<br />

Encontrou-se uma diferença estatisticamente significativa<br />

entre o HADS-D e TS-Sat.O2


IMPACTE DA INFORMAÇÃO ESCRITA<br />

DADA PELO MÉDICO DE FAMÍLIA NA DIABETES TIPO 2<br />

Inês Rosendo 1 , Luiz Miguel Santiago 2<br />

1<br />

UCSP Fernão de Magalhães, 2 USF Topázio Coimbra<br />

Introdução A educação terapêutica e<br />

informação dada à pessoa com diabetes tipo 2<br />

(DM2) parece ser importante nesta doença de<br />

prevalência crescente.<br />

Metodologia<br />

Ensaio clínico não farmacológico.<br />

Amostra: 18 primeiras pessoas com<br />

DM2 <strong>em</strong> consulta de seguimento a<br />

partir de 15/10/14. Recrutados 65<br />

médicos de família voluntários,<br />

distribuídos pelas 5 ARS, por<br />

amostrag<strong>em</strong> multietápica após<br />

estratificação.<br />

Resultados<br />

Intervenção: Na primeira<br />

consulta, as pessoas<br />

foram aleatorizadas <strong>em</strong> 4<br />

grupos (3 de intervenção<br />

com folhetos validados e 1<br />

controlo) e foi reforçada a<br />

leitura do folheto nas<br />

consultas seguintes de<br />

seguimento habitual, até 6<br />

meses.<br />

Objetivo Este estudo visou estudar a<br />

efetividade da informação escrita dada ao<br />

utente diabético, a 6 meses, no controlo<br />

metabólico e cardiovascular.<br />

Variáveis: HbA1c, glicémias no<br />

domicílio, peso, altura, perímetro<br />

abdominal, tensão arterial, cigarros<br />

fumados, atividade física praticada<br />

(escala PACE validada 1 ), adesão à<br />

terapêutica (escala MAT validado 2 ),<br />

medicamentos tomados, t<strong>em</strong>po de<br />

evolução da diabetes, idade, sexo e<br />

formação. Estatística: descritiva e<br />

inferencial.<br />

709<br />

Recrutados<br />

Intervenção 355<br />

• Folheto diabetes<br />

(120)<br />

• Folheto atividade<br />

física (116)<br />

• Folheto<br />

terapêutica(119)<br />

Controlo<br />

354<br />

702<br />

Após 6 meses<br />

Intervenção 350<br />

• Folheto diabetes<br />

(119)<br />

• Folheto atividade<br />

física (113)<br />

• Folheto<br />

terapêutica(118)<br />

Controlo<br />

352<br />

Após 6 meses da intervenção:<br />

A adesão à terapêutica farmacológica<br />

melhorou mais no grupo intervenção<br />

§Nos subgrupos:<br />

§Idade < 65 anos (p= 0,027)<br />

§Formação<br />

§≤ 4 anos (p=0,030)<br />

§≤ 9 anos (p=0,006)<br />

§Duração DM2 ≤ 5 anos<br />

(p=0,010)<br />

§HbA1c inicial ≥ 7%<br />

(p=0,008)<br />

s<strong>em</strong> diferenças significativas<br />

nas variáveis estudadas na<br />

amostra nestes 2 t<strong>em</strong>pos<br />

n<strong>em</strong> entre grupos<br />

§Não melhoria controlo glicémico:<br />

§HbA1c<br />

§Com diferenças entre folhetos:<br />

Idade: média 66,04 +/- 10,45 anos<br />

Sexo: 60,1% ♂<br />

Educação: média 6,24 +/- 3,90 anos<br />

Diagnóstico DM2: 9,28 +/- 7,85 anos<br />

Conclusões:<br />

Folhetos dados nos cuidados de saúde primários a pessoas com<br />

DM2 pod<strong>em</strong> ter benefícios na adesão à terapêutica a curto prazo,<br />

nomeadamente <strong>em</strong> pessoas mais novas e com menor formação.<br />

Será importante fazer estudos mais prolongados para perceber o<br />

impacte a nível de morbimortalidade, estudos com intervenções mais<br />

frequentes e que ajud<strong>em</strong> a perceber qual o tipo de intervenção mais<br />

eficaz na população Portuguesa.<br />

Agradecimentos:<br />

Unidades de saúde e médicos de família que fizeram recrutamento e recolha de dados: Dagmara Paiva, João Monteiro, Manuel Tinoco, Ângela<br />

Neves, Raquel Braga, Maria José Teixeira, Carla Costa, Carla Morna, Maria Margarida Moreira, José Rui Caetano, Francisco Fachado, Lina<br />

Costa, Daniela Neves, Mónica Granja, Gabriela Poças, Helena Oliveira, Paulo Sousa Neves, Severina Nicora, Dilermando Sobral, José Augusto<br />

Simões, Celina Pires Rosa, Raquel Ferreira, Pedro Salgado Gomes, Ana Sofia Tavares, Helena Carvalho, António Pereira, Miguel Pereira, Vasco<br />

Queiroz, Liliana Constantino, Joana Azeredo, Luísa Carvalho, Paula Cristina Silva, Joana Abreu, Maria de Lurdes Tavares Bello, Tatiana<br />

Petrachi, Maria José Verdasca, Maria do Rosário Gonçalves, Andreia Luís, Marta Marquês, Joana Luís, Ana Andreia Matos, Raquel Henriques,<br />

Jaime Brito da Torre, Cineyde Barros, Natalyia Barchuk, Nuno Jacinto, Laura Gonçalves, Hermínia Caeiro, Viktoriia Vinagre, Nelson Brito,<br />

Margarida Feteira, Rui Miranda, Susana Costa.<br />

inesrcs@gmail.com<br />

Bibliografia:<br />

1 – Núcleo de Exercício e Saúde, Faculdade de<br />

Motricidade Humana, Universidade Técnica de<br />

Lisboa, ed. Aconselhamento para a actividade<br />

física PACE. Oeiras: C.M; 2003.<br />

2 - Delgado AB, Lima ML. Contributo para a<br />

validação concorrente de uma medida de adesão<br />

aos tratamentos. Psicol Saúde Amp Doenças.<br />

2001;2(2):81-100.


ESTUDO<br />

R-TEQS<br />

Relação entre T<strong>em</strong>po de Ecrã e<br />

Qualidade do Sono <strong>em</strong> adolescentes<br />

Rita Lopes Ferreira 1 | David Tonelo 1 | Ester Pereira 2<br />

1<br />

USF Santiago; 2 Serviço Pediatria Centro Hospitalar de Leiria, EPE<br />

INTRODUÇÃO<br />

Apesar das evidências publicadas sobre os efeitos<br />

potencialmente nefastos para a saúde do uso excessivo<br />

de dispositivos de ecrã, as crianças e adolescentes<br />

permanec<strong>em</strong> d<strong>em</strong>asiadas horas diante dos mesmos. A<br />

Organização Mundial de Saúde define que, <strong>em</strong> idade<br />

escolar, duas horas diárias são o limite máximo de<br />

t<strong>em</strong>po recomendado para o uso destes dispositivos.<br />

OBJETIVOS<br />

1. Caraterizar a utilização de dispositivos eletrónicos<br />

<strong>em</strong> adolescentes.<br />

2. Caraterizar a qualidade do sono <strong>em</strong> adolescentes.<br />

3. Relacionar o t<strong>em</strong>po de utilização de dispositivos<br />

de ecrã com a qualidade do sono <strong>em</strong> adolescentes.<br />

METODOLOGIA<br />

TIPO DE ESTUDO<br />

Observacional<br />

Transversal e descritivo<br />

Com componente analítico<br />

AMOSTRA<br />

De conveniência<br />

7º, 8º e 9º anos de 5<br />

escolas do concelho de<br />

Leiria (Nov e Dez de 2016)<br />

PRÉ-TESTE<br />

24 alunos de<br />

uma turma<br />

de 8º ano<br />

FONTES DE INFORMAÇÃO<br />

Questionário de<br />

autopreenchimento,<br />

incluindo o Índice da<br />

Qualidade do Sono de<br />

Pittsburgh (IQSP)<br />

ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />

SPSS Statistics 23.0®<br />

Teste t-Student<br />

(p < 0,05)<br />

RESULTADOS<br />

AMOSTRA<br />

Distribuídos 1000<br />

questionários<br />

Devolvidos 530<br />

questionários<br />

Excluídos 84<br />

Amostra final:<br />

n = 446<br />

54,7%<br />

45,3%<br />

Idade média Mínima Máxima<br />

12,9 ± 0,9 anos 11 anos 15 anos<br />

PADRÃO DE UTILIZAÇÃO<br />

• Percentag<strong>em</strong> de utilizadores: 100%<br />

• Utilizam > 2 horas/dia: 94%<br />

% de utilizadores por dispositivo eletrónico<br />

S<strong>em</strong>ana<br />

Fim-de-s<strong>em</strong>ana<br />

Televisão 365 (82%) 395 (87%)<br />

Computador 245 (5%) 300 (67%)<br />

Tel<strong>em</strong>óvel 397 (89%) 379 (85%)<br />

Tablet/iPad 205 (46%) 222 (45%)<br />

Nº horas por dia<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

1,3<br />

2,4<br />

3,7<br />

T<strong>em</strong>po médio por dispositivo eletrónico e t<strong>em</strong>po total*<br />

0,9<br />

2,0<br />

2,9<br />

2,4<br />

3,0<br />

5,4<br />

0,7<br />

0,9<br />

Televisão Computador Tel<strong>em</strong>óvel Tablet<br />

1,6<br />

S<strong>em</strong>ana Fim-de-s<strong>em</strong>ana Total<br />

Nº horas por dia<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

5,3<br />

8,3<br />

6,2<br />

Total de<br />

utilização<br />

*Formula 5 :<br />

(5/7 x TE médio durante a s<strong>em</strong>ana) +<br />

(2/7 x TE médio aos fins-de-s<strong>em</strong>ana)<br />

CARACTERIZAÇÃO DA<br />

QUALIDADE DO SONO<br />

O IQSP resulta do somatório de 7 componentes<br />

(qualidade subjetiva, latência, duração, eficiência,<br />

perturbações, uso de hipnóticos, disfunção diurna), cujo<br />

o score final classifica a qualidade do sono:<br />

• IQSP≥5 á qualidade do soo: 40%<br />

• IQSP


Doença cardiovascular <strong>em</strong> Diabéticos e<br />

adequação da Estatina numa USF<br />

Filipe Pereira 1 , Joana Caniço 1 , Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio 2<br />

1<br />

USF Costa de Prata, 2 USF Santa Joana | ACeS Baixo Vouga<br />

Introdução<br />

A prevalência de diabetes t<strong>em</strong> vindo a aumentar a nível mundial, prevendo-se que a incidência atual de 350 milhões de diabéticos aumentará para 550 milhões<br />

<strong>em</strong> 2030. Nos doentes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) , as doenças cardiovasculares (DCV) constitu<strong>em</strong> a principal causa de morbimortalidade. De facto,<br />

estima-se que um diabético com 50 anos terá <strong>em</strong> média 6 anos de vida perdidos, sendo a DCV responsável por 58% desta diferença.<br />

De acordo com as últimas recomendações europeias, no doente diabético o controlo do colesterol LDL (c-LDL) é o fator modificável com maior valor<br />

prognóstico, pretendendo-se o valor alvo máximo de 100mg/dL. Se existir um ou mais fatores de risco cardiovascular (FRCV) associados e/ou lesão de<br />

órgão-alvo (LOA) indica-se um c-LDL inferior a 70mg/dL.<br />

Objetivo<br />

Avaliar o cumprimento do valor de c-LDL alvo <strong>em</strong> doentes diabéticos, relacionando-o com a terapêutica instituída e as estratégias tomadas para controlo.<br />

Metodologia<br />

Tipo de estudo: retrospetivo, observacional e descritivo.<br />

População: utentes diabéticos inscritos e vigiados na USF, com consulta nos 12 meses <strong>em</strong> estudo (agosto-2015 a junho- 2016) = 669 diabéticos.<br />

Amostra: aleatória - 20% da população <strong>em</strong> estudo.<br />

Variáveis: idade, sexo, identificação de DCV estabelecida, LOA, fatores de RCV, valor de c-LDL, terapêutica instituída, alteração de terapêutica <strong>em</strong> consulta.<br />

Fonte de dados: SClínico.<br />

Tratamento de dados: módulo descritivo do SPSS.<br />

Resultados<br />

Foram incluídos<br />

129 utentes diabéticos<br />

Idade média de 67,7 anos<br />

(mínimo 23, máximo 91)<br />

54,3% do sexo f<strong>em</strong>inino<br />

c-LDL médio: 97,7mg/dl<br />

Ficha lipídica não avaliada <strong>em</strong> 5 doentes.<br />

30 DCV<br />

N %<br />

Doença cardíaca 19 14,7<br />

Doença renal crónica 10 7,8<br />

Doença vascular periférica 3 2,3<br />

Retinopatia avançada 1 0,8<br />

Doença cerebrovascular 1 0,8<br />

49 LOA<br />

N %<br />

Lesão renal 46 35,7<br />

Lesão cardíaca 24 18,6<br />

Lesão vascular 1 0,8<br />

121 FRCV<br />

N %<br />

Hipertensão 106 82,2<br />

Dislipid<strong>em</strong>ia 69 53,5<br />

Obesidade 67 51,9<br />

Hábitos tabágicos ativos 8 6,2<br />

Valor alvo<br />

< 100 mg/dL < 70 mg/dL<br />

N = 11<br />

3 s<strong>em</strong> avaliação da ficha lipídica<br />

8 com avaliação da ficha lipídica<br />

<br />

4<br />

Cumpre?<br />

4<br />

<br />

Alterada terapêutica?<br />

1 3<br />

<br />

N = 118<br />

2 s<strong>em</strong> avaliação da ficha lipídica<br />

116 com avaliação da ficha lipídica<br />

14,7%<br />

Cumpre?<br />

17 99<br />

85,3%<br />

<br />

Alterada terapêutica?<br />

<br />

25 74<br />

25,3% 74,7%<br />

Dos 17 doentes<br />

com valor alvo<br />

cumprido:<br />

Dos 99 não controlados:<br />

• 10 s<strong>em</strong> terapêutica<br />

• 2 com fibrato isolado<br />

• 87 com estatina (1 <strong>em</strong><br />

associação com ezetimibe)<br />

N<br />

Dose<br />

P25 Mediana P75<br />

Sinvastatina 11 20 20 20<br />

Atorvastatina 5 20 20 20<br />

Fluvastatina 1 - - -<br />

N<br />

Dose<br />

P25 Mediana P75<br />

Sinvastatina 47 20 20 20<br />

Atorvastatina 26 10 20 20<br />

Rosuvastatina 8 5 5 10<br />

Outra estatina 6 - - -<br />

S<strong>em</strong> estatina 12 - - -<br />

Em 25 doentes a estratégia foi alterada:<br />

• 22 troca de estatina<br />

Apenas 5 destas alterações representaram uma mudança<br />

• 2 aumento da dosag<strong>em</strong><br />

para uma potência relativa superior da estatina.<br />

• 1 início de estatina<br />

Discussão<br />

As comorbilidades que mais motivaram a alteração dos valores alvo de LDL foram a presença de HTA, dislipid<strong>em</strong>ia, obesidade e LOA renal.<br />

O grau de cumprimento dos valores-alvo variou consoante este se situava nos 100mg/dL ou nos 70mg/dL, tendo sido de 50% e 14,4%, respetivamente. Logo, e<br />

<strong>em</strong>bora o pequeno número total de doentes com RCV alto, foi nos doentes com um valor-alvo mais exigente, apresentando para isso RCV muito alto, que a<br />

intervenção revelou ter de ser notada e intensificada.<br />

Assim, este trabalho relevou a necessidade de impl<strong>em</strong>entação, por parte dos profissionais de saúde, de estratégias que permitam melhorar a sua intervenção<br />

clínica nos doentes diabéticos, começando pela vigilância da ficha lipídica <strong>em</strong> todos os doentes e aperfeiçoando o atingimento dos valores-alvo de c-LDL.<br />

Referências bibliográficas: (1) European Society of Cardiology. 2016 ESC/EAS Guidelines for the Manag<strong>em</strong>ent of Dyslipida<strong>em</strong>ias. European Heart Journal (2016) 37, 2999–3058.<br />

(2) European Society of Cardiology. 2016 European Guidelines on cardiovascular disease prevention in clinical practice. European Heart Journal (2016) 37, 2315–2381


Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono<br />

numa Unidade de Saúde Familiar<br />

Silva Costa A 1 , Ramalho A 2 , Bitoque A 1<br />

1- USF Monte Caparica, ACES Almada-Seixal<br />

2 - USF Sobreda, ACES Almada-Seixal<br />

Contato: andrefsc88@gmail.com<br />

Introdução<br />

A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença comum. Estima-se que a prevalência na população portuguesa varie entre 1-5%. Segundo um<br />

estudo da Rede Médicos-Sentinela 1 , as comorbilidades mais frequentes são a obesidade (84,6%), a hipertensão arterial (HTA) (74,8%) e Diabetes Mellitus<br />

(38,7%). Segundo a Orientação nº 022/2014 da DGS 2 , atualizada a 28/11/2016, os doentes com SAOS sob ventiloterapia com pressão positiva contínua<br />

(CPAP/AutoCPAP), s<strong>em</strong>pre que estabilizados, deverão passar a ser seguidos <strong>em</strong> Cuidados de Saúde Primários.<br />

Objetivos e Métodos<br />

Caracterizar a população de doentes da Unidade de Saúde Familiar (USF) Monte Caparica que realizaram Estudo do Sono Simplificado (ESS-ApneaLink TM ) <strong>em</strong><br />

ambulatório; avaliar a incidência de SAOS durante um período 12 meses nesta população; analisar as comorbilidades mais frequentes; identificar a proporção<br />

de doentes que iniciaram CPAP/AutoCPAP.<br />

Estudo observacional retrospetivo. Foram estudados todos os doentes que realizaram ESS-ApneaLink TM durante o ano de 2015. Foram considerados critérios<br />

de diagnóstico de SAOS, e motivo de referenciação hospitalar para consulta de Pneumologia, os seguintes critérios: índice apneia-hipopneia (IAH) ≥ 15; IAH 5-<br />

14 e pontuação ≥ 10 na Escala de Epworth (EE) 3 .<br />

Resultados<br />

Durante o período de referência realizaram-se 106 ESS-ApneaLink TM . Foram excluídos 4 doentes, cujo exame não foi conclusivo.<br />

ESS-ApneaLink TM<br />

HTA<br />

SAOS 50,98%<br />

(n=52)<br />

IAH ≥ <br />

IAH 5- e EE ≥ <br />

38,24% (n=39)<br />

12,75% (n=13)<br />

HTA não controlada<br />

≥ antihipertensores<br />

53,85% (n=21)<br />

79,49% (n=31)<br />

N SAOS<br />

49,02% (n=50)<br />

≥ antihipertensores<br />

30,77% (n=12)<br />

Comorbilidades<br />

SAOS (n=52) USF (n=13914)<br />

IMC ≥ 0 76,92% (n=40) 10,49% (n=1459)<br />

HTA 75,00% (n=39) 38,80% (n=5399)<br />

Dislipidémia 75,00%(n=39) 28,49% (n=3964)<br />

DM2 42,31%(n=22) 11,54% (n=1606)<br />

Tabagismo 15,38%(n=8) 17,27% (n=2403)<br />

SAOS<br />

Idade Média 59,65 ± 10,69<br />

Mín 33<br />

p = 0,074<br />

Máx 79<br />

Género Masculino 59,62% (n=31)<br />

F<strong>em</strong>inino 40,39% (n=21)<br />

p = 0,086<br />

SAOS ± HTA<br />

TA > 140/90<br />

mmHg<br />

SAOS 53,85% (n=21)<br />

2,23<br />

N SAOS 53,12% (n=17)<br />

p=0,482<br />

2,16<br />

SAOS ± IMC<br />

Spearman Correlation p = 0,009<br />

49%<br />

Antihipertensores<br />

(Média)<br />

CPAP/AUTOCPAP<br />

N SAOS Tratamento N Tratamento<br />

51%<br />

30%<br />

21%<br />

p=0,717<br />

Discussão<br />

Dado que o exame foi pedido <strong>em</strong> contexto de diagnóstico e não de rastreio, com uma probabilidade pré-teste elevada, a incidência de doentes com critérios<br />

de SAOS foi de encontro à esperada. A proporção de comorbilidades está de acordo com o descrito na literatura. É de salientar as proporções mais elevadas<br />

de HTA, DM2, Dislipidémia e Obesidade relativamente à população de doentes da USF <strong>em</strong> estudo.<br />

Existe correlação estatisticamente significativa entre o IMC e o diagnóstico de SAOS. Apesar de uma proporção mais elevada, não se verificaram diferenças<br />

significativas no grupo de doentes com TA > 140/90 mmHg entre os grupos estudados. 4 O mesmo se verificou relativamente ao número médio de<br />

antihipertensores.<br />

Verificamos que n<strong>em</strong> todos os doentes referenciados a consulta Pneumologia iniciaram ventiloterapia. Tal poderá estar relacionado com os resultados da<br />

realização de polissonografia cardiorrespiratória <strong>em</strong> laboratório (com resultados eventualmente discrepantes), assim como dificuldades na adesão à<br />

terapêutica ou até pelo não comparecimento à consulta hospitalar.<br />

Será de esperar uma percentag<strong>em</strong> considerável de doentes sub-diagnosticados <strong>em</strong> Portugal, sendo que, num futuro próximo, a prevalência desta patologia<br />

possa vir a aumentar, tornando fundamental o papel dos Cuidados de Saúde Primários quer no diagnóstico quer no seguimento destes doentes.<br />

Referências Bibliográgicas:<br />

1 - Rodrigues AP, Pinto P, et al. Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono: epid<strong>em</strong>iologia, diagnóstico e tratamento. Um estudo da Rede Médicos-Sentinela. INSA. DGS. Dez 2014. 2 - Direção-<br />

Geral da Saúde. Seguimento nos Cuidados de Saúde Primários de doentes com Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono sob terapêutica com pressão positiva contínua. Programa Nacional<br />

para as Doenças Respiratórias. Núm: 022/2014 Atualização: 28/11/2016. 3 - Epstein LJ, Kristo D, et al. Adult Obstructive Sleep Apnea Task Force of the American Acad<strong>em</strong>y of Sleep<br />

Medicine. Clinical guideline for the evaluation, manag<strong>em</strong>ent and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009 Jun 15;5(3):263-76. 4 - Durán-Cantolla J,<br />

Aizpuru F, et al. Obstructive sleep apnea/hypopnea and syst<strong>em</strong>ic hypertension. Sleep Med Rev. 2009 Oct;13(5):323-31


RASTREIO DAS PERTURBAÇÕES DO<br />

ESPECTRO DO AUTISMO<br />

MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE<br />

Patrícia Costa 1 | Rita Nunes 1 | Anne­Marie Ferreira 1 | Ana Patrícia Cardoso 2<br />

Joana Gonçalves 3 | Luís Infante 4 | Rafael Sousa 5<br />

1<br />

USF Terras de Azurara | 2 USF Grão Vasco | 3 USF Viseu Cidade | 4 USF Mont<strong>em</strong>uro | 5 USF Infante D. Henrique<br />

JUSTIFICAÇÃO<br />

Rastreio perturbações do espectro do<br />

autismo – 16 aos 30 meses de idade<br />

Teste de rastreio: Modified Checklist<br />

for Autism in Toddlers (M­CHAT)<br />

OBJETIVOS<br />

• Introduzir o rastreio de perturbações do<br />

espectro do autismo<br />

• Avaliar o preenchimento do<br />

questionário M­CHAT<br />

MÉTODOS<br />

Dimensão estudada: qualidade técnico­científica<br />

Unidade de Estudo: crianças com 24 meses de idade<br />

que realizaram consulta de vigilância de saúde infantil<br />

e juvenil (SIJ)<br />

Tipo de dados: processo<br />

Fonte de dados: entrevista<br />

Tipo de avaliação: interna e retrospetiva, base<br />

institucional<br />

Critérios: crianças com 24 meses de idade que<br />

realizaram consulta de vigilância de SIJ <strong>em</strong> 2015 e <strong>em</strong><br />

2016 com preenchimento do questionário M­CHAT. 1ª<br />

avaliação <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 2015 e 2ª avaliação <strong>em</strong><br />

Abril de 2016<br />

Padrão de qualidade: Insatisfatório:


Fibrilhação auricular e risco de D<strong>em</strong>ência<br />

Bárbara Antunes, USF Villalonga; Sara Santos, USF Costa Campos<br />

Introdução<br />

Objectivo e Metodologia<br />

A Fibrilhação auricular (FA) e a d<strong>em</strong>ência são duas patologias cuja prevalência aumenta com a idade,<br />

sendo, por isso, probl<strong>em</strong>as de saúde comuns numa população cada vez mais envelhecida. Estas<br />

patologias apresentam vários factores de risco <strong>em</strong> comum, no entanto, nos últimos anos t<strong>em</strong>-se<br />

vindo a verificar uma associação entre a FA e a d<strong>em</strong>ência que parece ser independente deste facto. O<br />

mecanismo responsável por esta associação não é conhecido mas pensa-se que fenómenos<br />

<strong>em</strong>bólicos isquémicos e a hipoperfusão cerebral crónica provocada pela diminuição do débito<br />

cardíaco sejam importantes. Tendo <strong>em</strong> conta que lidamos com uma população cada vez mais<br />

envelhecida, é importante conhecer a associação entre estas patologias de forma a desenvolver e<br />

aplicar medidas de prevenção.<br />

Objectivo: Rever a evidência disponível acerca da associação entre FA e d<strong>em</strong>ência.<br />

Metodologia - Pesquisa bibliográfica<br />

• Tipos de estudo: MA, RS, EO<br />

• Período de pesquisa: 01/2005 e 08/2016<br />

• Bases de dados: PubMed, Cochrane Library, NHS Evidence<br />

• Língua: Portuguesa e Inglesa<br />

• Termos MesH: atrial fibrilation, d<strong>em</strong>encia, cognitive decline<br />

Resultados<br />

Referência Tipo de estudo População Resultados Conclusões Nível de<br />

evidência<br />

Udompanich S<br />

et al<br />

RS<br />

8 estudos d<strong>em</strong>onstram associação entre FA e<br />

d<strong>em</strong>ência.<br />

Indivíduos com FA têm 1.7 a 3.3 maior risco de<br />

d<strong>em</strong>ência do que indivíduos <strong>em</strong> ritmo sinusal<br />

Bruijn RF et al EO n= 6514 723 indivíduos (11.7%) com FA (11.7%)<br />

Dublin S et al EO n= 3045<br />

Thacker EL et<br />

al<br />

(idade ≥ A)<br />

EO n= 5150<br />

(idade ≥ 65 A)<br />

Bunch TJ et al EO n= 37025<br />

Stefansdottir H<br />

et al<br />

Jo-Nan Liao et<br />

al<br />

Miyasaka Y et<br />

al<br />

(média 60.6 A)<br />

EO n= 4251<br />

(média 76 A)<br />

932 indivíduos com d<strong>em</strong>ência<br />

370 indivíduos (12.2%) com FA<br />

572 indivíduos (18.8%) com d<strong>em</strong>ência<br />

552 indivíduos (10.7%) com FA<br />

Score de MMSE: –10.3 pontos do que o espectável<br />

para a idade<br />

10,161 indivíduos (27%) com FA<br />

1,535 dos indivíduos (4.1%) com d<strong>em</strong>ência<br />

Indivíduos com FA com volumes cerebrais inferiores<br />

quando comparados com aqueles s<strong>em</strong> FA<br />

EO n= 333665 Incidência anual de d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong> indivíduos com FA<br />

superior à incidência de d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong> indivíduos<br />

s<strong>em</strong> FA - 2.12% vs 1.50%<br />

EO n= 2837<br />

(média 71 A)<br />

Sabatini T et al EO n= 255<br />

(média 70 A)<br />

Marzona I et al MA n= 31546<br />

(média 66.5 A)<br />

299 indivíduos com d<strong>em</strong>ência<br />

Ocorrência de d<strong>em</strong>ência pós diagnóstico de FA<br />

associada a aumento da mortalidade<br />

Indivíduos com FA não valvular apresentam scores<br />

no MMSE significativamente inferiores às dos<br />

indivíduos <strong>em</strong> ritmo sinusal<br />

1016 indivíduos (3.3%) com FA inicial + 2052<br />

indivíduos (6.5%) final<br />

11 estudos analisados<br />

8 reportaram uma associação entre FA e d<strong>em</strong>ência mas <strong>em</strong> variáveis magnitudes de risco.<br />

FA associada a aumento do risco de d<strong>em</strong>ência, independent<strong>em</strong>ente de antecedentes de AVC. 2<br />

FA está associada a um maior risco de desenvolver d<strong>em</strong>ência 2<br />

Na ausência de antecedentes de AVC, as doentes com FA têm maior probabilidade de<br />

desenvolver d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong> idades mais jovens do que pessoas s<strong>em</strong> FA<br />

A FA está associada, de forma independente, a todos os tipos de d<strong>em</strong>ência. 2<br />

FA associada com menor volume cerebral, associação mais forte com o aumento da gravidade<br />

da FA. Achados suger<strong>em</strong> que a FA t<strong>em</strong> um efeito negativo cumulativo no cérebro,<br />

independente dos enfartes cerebrais<br />

A FA associa-se de forma independente a um maior risco de d<strong>em</strong>ência 2<br />

D<strong>em</strong>ência é uma patologia comum após um primeiro diagnóstico de FA e está associada a<br />

morte pr<strong>em</strong>atura<br />

Associação entre FA não valvular e declínio da função cognitiva. 2<br />

O declinio cognitivo e funcional são consequências importantes da FA mesmo na ausência de<br />

AVC.<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

Santangeli P et<br />

al<br />

MA n= 77668<br />

indivíduos<br />

11,700 indivíduos (15%) com FA<br />

4773 indivíduos com d<strong>em</strong>ência (6.5%)<br />

FA independ<strong>em</strong>ente associada a um maior risco de d<strong>em</strong>ência 2<br />

Kalantarian S<br />

et al<br />

MA<br />

22 estudos<br />

FA associada a maior risco de d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong><br />

doentes com história de AVC (2.70% risco) e a<br />

maior risco de d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong> doentes s<strong>em</strong> história<br />

de AVC (1.33% risco)<br />

FA associada a um maior risco de declínio cognitivo e d<strong>em</strong>ência, com ou s<strong>em</strong> história de AVC<br />

clínico.<br />

2<br />

Discussão<br />

Os estudos apresentados apresentam várias limitações. Em primeiro lugar, pelo tipo de estudo,<br />

uma vez que a maioria são estudos observacionais. Por outro lado, os estudos são<br />

heterogéneos no que se refere ao seu desenho, ao tamanho da amostra e mesmo à sua<br />

qualidade. Alguns dos estudos não têm <strong>em</strong> conta a associação entre outras co-morbilidades<br />

(como hipertensão arterial e Diabetes mellitus) e o seu contributo para o desenvolvimento de<br />

d<strong>em</strong>ência. Um dos principais outcomes dos estudos analisados era o desenvolvimento de<br />

d<strong>em</strong>ência, diagnosticada recorrendo à escala MMSE, no entanto, este também apresenta<br />

algumas limitações, não tendo sensibilidade para detectar diminuições ligeiras da função<br />

cognitiva.<br />

Não obstante as várias limitações apresentadas, todos os estudos apresentados apontam para<br />

uma relação, independente de outros factores de risco, entre FA e declínio cognitivo e<br />

d<strong>em</strong>ência.<br />

Conclusão<br />

Os estudos selecionados d<strong>em</strong>onstram evidência de que existe uma associação entre FA e<br />

d<strong>em</strong>ência, sugerindo um risco de 2 a 3 vezes maior de desenvolver d<strong>em</strong>ência <strong>em</strong> doentes<br />

com FA. No entanto, são necessários mais estudos de larga escala, com amostras<br />

populacionais de maiores dimensões para investigar a relação causal, independente, entre<br />

FA e d<strong>em</strong>ência, utilizando métodos de diagnóstico de d<strong>em</strong>ência mais objectivos e para<br />

estabelecer o potencial benefício do tratamento hipocoagulante na redução do risco de<br />

d<strong>em</strong>ência.<br />

Bibliografia<br />

Brujin RF, Heenringa J, Walters FJ et al. Associantion between Atrial Fibrillation and D<strong>em</strong>entia in the general population; JAMA Neurol. 2025; 72(11): 1288-1294<br />

Dublin S, Anderson ML, Haneuse SJ et al; Atrial fibrillation and risk of d<strong>em</strong>entia: a prospective cohort study; J. Am. Geriatr. Soc., Agosto 2011<br />

Marzona I, O'Donnell M, Teo K, et al., Increased risk of cognitive and functional decline in patients with atrial fibrillation: results of the ONTARGET and TRANSCEND studies, CMAJ, Abril 2012 vol. 184 no. 6<br />

Bunch TJ, Weiss JP, Crandall BG et al; Atrial fibrillation is independently associated with senile, vascular, and Alzheimer's d<strong>em</strong>entia., j.hrthm., 2010 Apr;7(4):433-7<br />

Stefansdottir H, Arnar DO, Aspelund T, et al, Atrial fibrillation is associated with reduced brain volume and cognitive function independent of cerebral infarcts; http://stroke.ahajournals.org/<br />

Santangeli P, Di Biase L, Bai R, Mohanty S, et al; Atrial fibrillation and the risk of incident d<strong>em</strong>entia: a meta-analysis.; j.hrthm, 2012 Nov;9(11):1761-8.<br />

Udompanich S, Lip GY, Apostolakis S, Lane DA.; Atrial fibrillation as a risk factor for cognitive impairment: a s<strong>em</strong>i-syst<strong>em</strong>atic review; Q J Med; 2013; 106:795–802<br />

Liao JN, Chao TF, Liu CJ, Wang KL et al; Risk and prediction of d<strong>em</strong>entia in patients with atrial fibrillation — A nationwide population-based cohort study; Internacional Journal of Cardiology, Nov<strong>em</strong>ber 15, 2015Volume 199, Pages–30<br />

Sabatini T, Frisoni GB, Barbisoni P et al; Atrial fibrillation and cognitive disorders in older people; J Am Geriatr Soc. 2000 Abr;48(4):387-90<br />

Kalantarian S, Stern TA, Mansour M, Ruskin JN; Cognitive impairment associated with atrial fibrillation: a meta-analysis; Ann Intern Med. 2013 Mar 5; 158(5 0 1): 338–346.<br />

Miyasaka Y, Barnes ME, Petersen RC, et al; Risk of d<strong>em</strong>entia in stroke-free patients diagnosed with atrial fibrillation: data from a community-based cohort; European Heart Journal; Vol 28, Issue 16; Pp. 1962 – 1967<br />

Thacker EL, McKnight B, Psaty BM et al; Atrial fibrillation and cognitive decline: a longitudinal cohort study, Journal of the American Acad<strong>em</strong>y of Neurology, 2013 Jul 9; 81(2): 119–125.


Abordag<strong>em</strong> do Tr<strong>em</strong>or Essencial<br />

<strong>em</strong> Cuidados de Saúde Primários<br />

Introdução<br />

O tr<strong>em</strong>or é classicamente definido como um distúrbio do movimento oscilatório de uma determina da parte do corpo com caráter rítmico. É classificado de acordo com a situação <strong>em</strong> que ocorre, podendo ser um<br />

tr<strong>em</strong>or de repouso, postural ou cinético. Ainda que a causa mais comum de tr<strong>em</strong>or postural e cinético seja o tr<strong>em</strong>or essencial, exist<strong>em</strong> outras patologias que se pod<strong>em</strong> manifestar desta forma.<br />

Dado o impacto deste distúrbio do movimento na qualidade de vida dos doentes e a possibilidade de ser sintoma A de patologia neurológica, é importante saber abordar este tipo de queixa de forma a realizar uma<br />

correta orientação diagnóstica e terapêutica.<br />

Objetivos<br />

Rever as recomendações acerca de tr<strong>em</strong>or essencial e elaborar um algoritmo de decisão clínica para a abordag<strong>em</strong> diagnóstica e terapêutica nos CSP.<br />

Metodologia<br />

Revisão da literatura com pesquisa <strong>em</strong> livros de texto e artigos, nas bases de dados Pubmed, UpToDate, BMJ, nas línguas portguesa e iglesa utilizado os teros treor, diagnosis, aageet.<br />

Factores de Alívio<br />

- Pode ser suprimido com exercícios e técnicas<br />

apropriadas.<br />

- Cessa durante o sono.<br />

- A ingestão de etanol<br />

reduz t<strong>em</strong>porariamente a amplitude do tr<strong>em</strong>or <strong>em</strong><br />

cerca de 50-70% dos casos<br />

História Clínica<br />

Começa num dos m<strong>em</strong>bros superiores e só depois afecta o outro, podendo haver algum grau de assimetria<br />

Inicialmente pode ser intermitente, tornando-se persistente com o t<strong>em</strong>po.<br />

A amplitude é muito variável, e depende do grau de activação <strong>em</strong>ocional.<br />

A amplitude tende a aumentar com o t<strong>em</strong>po.<br />

Verifica-se algum grau de controlo voluntário.<br />

O tónus muscular é normal. Não há rigidez n<strong>em</strong> bradicinésia.<br />

Envolvimento da musculatura craniana <strong>em</strong> 30% casos<br />

História familiar <strong>em</strong> 50º-60% casos<br />

- Monosintomático<br />

- postural e cinético<br />

- normalmente resolve com o<br />

relaxamento<br />

Exame Objectivo<br />

- Geralmente ambos os m<strong>em</strong>bros superiores estão<br />

afectados<br />

- pode afectar a cabeça, lábios e voz.<br />

- ausência de rigidez ou bradicinésia.<br />

Factores de Agravamento<br />

- Medicação<br />

- Cafeína<br />

- Hipertiroidismo<br />

- Febre<br />

- Ansiedade<br />

Excluir outros sinais neurológicos<br />

Critérios de Inclusão<br />

Tr<strong>em</strong>or bilateral de intenção e mãos e<br />

punhos por pelo menos três horas.<br />

Ausência de outras manifestações<br />

neurológicas.<br />

Tr<strong>em</strong>or adicional ou isolado da cabeça,<br />

mas s<strong>em</strong> postura anormal<br />

Pode ter tr<strong>em</strong>or isolado da<br />

cabeça desde que s<strong>em</strong> distonia<br />

Tr<strong>em</strong>or bilateral, simétrico,<br />

postural ou cinético,<br />

envolvendo mãos e<br />

antebraços, que é visível e<br />

persistente<br />

Critérios de Exclusão<br />

Outros sinais neurológicos anormais,<br />

sobretudo distonia<br />

Causas conhecidas de aumento do tr<strong>em</strong>or<br />

fisiológico - exposição a fármacos que induzam<br />

tr<strong>em</strong>or ou sintomas de abstinência<br />

História ou evidência clínica de tr<strong>em</strong>or<br />

psicogénico<br />

Tr<strong>em</strong>or ortostático primário<br />

Tr<strong>em</strong>or de voz, queixo ou<br />

língua isolado<br />

Tr<strong>em</strong>or associado a posições<br />

isoladas ou a tarefas<br />

específicas<br />

Medicar quando:<br />

Incapacidade intermitente ou persistente, devida ao TE.<br />

Aqueles com pouca incapacidade ou tr<strong>em</strong>or ligeiro,<br />

normalmente não precisam de ser medicados,<br />

a não ser que express<strong>em</strong> desejo <strong>em</strong> sê-lo.<br />

Tratamento Medicamentoso<br />

Tratamento Medicamentoso<br />

Referenciar para eventual intervenção cirúrgica<br />

quando:<br />

Tr<strong>em</strong>or refractário à terapêutica farmacológica, que afecta a<br />

qualidade de vida do doente<br />

Vantagens: Taxa de redução do<br />

tr<strong>em</strong>or elevada;<br />

Riscos: Disartria; H<strong>em</strong>orragia cerebraltalamotomia<br />

bilateral<br />

Indicações<br />

Reações Adversas (RA) e Contra-<br />

Indicações (CI)<br />

Propanolol Primidona Topiramato Gabapentina<br />

- Mais indicado para doentes mais jovens, que pod<strong>em</strong> não tolerar a primidona;<br />

- Incapacidade persistente, <strong>em</strong> terapêutica continuada;<br />

- Dose única para antecipação de situações socias que potencialmente possam<br />

agravar o tr<strong>em</strong>or<br />

RA: fadiga, impotência, bradicardia.<br />

CI (relativas): Bloqueio de ramo, asma, diabetes mellitus tipo 1.<br />

A AAN sugere consulta de cardiologia antes do início do tratamento.<br />

- Geralmente é a 1ª escolha <strong>em</strong> doentes idosos<br />

- A co-administração com beta-bloqueante, nomeadamente propanolol,<br />

t<strong>em</strong>-se mostrado benéfica, <strong>em</strong> variados estudos.<br />

RA: sedação, tonturas, fadiga, náuseas, vertig<strong>em</strong>, ataxia, perturbações<br />

<strong>em</strong>ocionais, nistagmo, an<strong>em</strong>ia megaloblástica,<br />

Trombocitopenia.<br />

- Redução do tr<strong>em</strong>or labial associado ao TE - Em monoterapia, se má tolerância aos restantes<br />

RA: dor abdominal, redução da m<strong>em</strong>ória e da<br />

concentração, anorexia, perda ponderal,<br />

perturbação do discurso, labilidade <strong>em</strong>ocional,<br />

RA: sonolência, tonturas, ataxia, sobretudo <strong>em</strong> idosos.<br />

CI: Insuficiência renal<br />

Tend<strong>em</strong> a ser mais graves se o tratamento for inicial.<br />

CI: Insuficiência renal e hepática.<br />

CI: Porfiria<br />

Evitar interrupção repentina e assegurar<br />

hidratação.<br />

Posologia<br />

-Terapêutica Continuada (TC)<br />

- Dose única (DU)<br />

- 40 mg, 2 a 3 vezes/ dia, até 320 mg/dia;<br />

- Se dose única: 10 a 20 mg, cerca de uma hora antes de evento potenciador de<br />

tr<strong>em</strong>or.<br />

- Deve-se iniciar com 25 mg (½ cp da dose disponível), 1x vez/ dia ao<br />

deitar.<br />

Deve ser titulada durante várias s<strong>em</strong>anas e de acordo com a tolerância/<br />

resposta terapêutica.<br />

A AAN sugere incr<strong>em</strong>entos de 25 mg a cada 3-4 dias, até dose de 250<br />

mg/ dia.<br />

A titulação deverá ser mais gradual nos idosos.<br />

Se não houver resposta terapêutica com 250 mg/ dia, deve-se retirar.<br />

- Dose inicial de 50 mg/ dia, durante 1 s<strong>em</strong>ana.<br />

Incr<strong>em</strong>entos de 50 mg/ dia a cada s<strong>em</strong>ana.<br />

Dose de manutenção- 200- 400 mg, 2 vezes/ dia,<br />

até 800 mg/ dia.<br />

TC: sugere-se começar com 300 mg, 3 vezes/ dia, <strong>em</strong><br />

incr<strong>em</strong>entos de 300 mg a cada 24 horas, ayé dose máxima<br />

de 2400 mg/ dia.<br />

Posologia de acordo com as recomendações da American Acad<strong>em</strong>y of Neurology (AAN) e do Infarmed.<br />

Conclusões<br />

O TE t<strong>em</strong> grande impacto na qualidade de vida dos doentes e, como tal, o seu correcto diagnóstico e tratamento são essenciais. O diagnóstico é, essencialmente, clínico, tornando-se imprescindível a realização de<br />

uma anamnese detalhada e exame objectivo dirigido. Em alguns casos, pod<strong>em</strong> ser necessários MCDT’s para exclusão de outras causas. A terapêutica é, essencialmente, médica.<br />

Assim propomos este algoritmo como ferramenta de consulta rápida, de modo a auxiliar, de forma pragmática e com conteúdo científico actualizado, a abordag<strong>em</strong> ao tr<strong>em</strong>or essencial no âmbito dos cos CSP.<br />

Autoras: Bárbara Antunes, UCSP Azambuja, Orientadora: Dr.ª Lígia Rodrigues e Sara Santos, USF Costa Campos, Orientador: Ibraime Carlos<br />

Bibliografia;<br />

http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2006/RN%2014%2001/Pages%20from%20RN%2014%2001-7.pdf<br />

Chantal, Simon, Hazel, Everitt, Oxford hand<strong>book</strong> of General Practice, Fourth Edition, pg 547, 2014<br />

Tarsy, Daniel, Shih, Ludy, Treatment and prognosis of essential tr<strong>em</strong>or, UptoDate, Mar 2016.<br />

Burke, A Deborah, Essential Tr<strong>em</strong>or, Medscape


O USO DE METFORMINA NA DIABETES<br />

GESTACIONAL – qual a evidência da segurança fetal?<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nas últimas décadas t<strong>em</strong>-se verificado um aumento da incidência da diabetes gestacional (DG) com consequente aumento da morbilidade perinatal,<br />

infantil e materna. De um modo geral, o controlo da DG é realizado através de alterações do estilo de vida (alimentação saudável e prática regular<br />

de exercício físico), sendo frequent<strong>em</strong>ente necessário recorrer ao uso de insulina, que pode associar-se a hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal e ao aumento de<br />

peso fetal ao nascimento, além das dificuldades inerentes à sua utilização. Recent<strong>em</strong>ente, t<strong>em</strong>-se discutido a utilização da metformina na DG, sendo<br />

que a possibilidade de gerar efeitos adversos fetais t<strong>em</strong> sido alvo de vários estudos.<br />

O propósito deste trabalho é rever a evidência existente acerca da segurança fetal da metformina, quando utilizada no tratamento da DG.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa<br />

bibliográfica<br />

Ana Rita Luz| Maria João Gonçalves| Mafalda Oliveira<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> MGF, USF St. André de Canidelo<br />

Foram pesquisadas normas de orientação clínica, revisões sist<strong>em</strong>áticas (RS), metanálises, ensaios clínicos aleatorizados controlados (ECAC),<br />

estudos observacionais (EO), guidelines (GL) na Medline e noutras plataformas de <strong>medicina</strong> baseada na evidência, publicados entre set<strong>em</strong>bro de<br />

2011 e set<strong>em</strong>bro de 2016, <strong>em</strong> português, inglês e espanhol, utilizando os termos MeSH: Diabetes, Gestational/therapy; Pregnancy e Metformin. Foi<br />

utilizada a taxonomia SORT para atribuição dos níveis de evidência e forças de recomendação.<br />

RESULTADOS<br />

Da pesquisa realizada resultaram 163 artigos, tendo sido incluídos 8 destes artigos. O processo de seleção está representado na Figura 1.<br />

163 artigos<br />

Exclusão de<br />

artigos repetidos<br />

(n = 6)<br />

157 artigos<br />

Figura 1 – Organigrama da seleção de artigos; Legenda: GL – Guideline; MA – Meta-análise; RS – Revisão sist<strong>em</strong>ática<br />

Revisão de títulos<br />

e abstract<br />

8 artigos<br />

incluídos:<br />

1 RS, 4 MA, 3GL<br />

REVISÃO SISTEMÁTICA<br />

Autor/Ano População/Intervenção Resultados N<br />

E<br />

Singh K. et<br />

al, 2014<br />

7 ECAC<br />

Comparar o controlo glicémico<br />

e os resultados maternos e<br />

neonatais da insulinoterapia<br />

versus uso de metformina <strong>em</strong><br />

grávidas com DG<br />

No grupo de grávidas submetido a<br />

metformina, ocorreu diminuição<br />

significativa do risco de hipoglic<strong>em</strong>ia<br />

neonatal<br />

S<strong>em</strong> diferença significativa <strong>em</strong> relação a:<br />

- Peso ao nascimento<br />

- Presença de defeitos congénitos<br />

(Um artigo mostrou um possível aumento do nº de<br />

partos pré-termo no grupo da metformina)<br />

GUIDELINES<br />

Autor/Ano Recomendações N<br />

E<br />

National Collaborating<br />

Centre for Women's<br />

and Children's Health<br />

(UK), 2015<br />

ACOG, 2013<br />

Endocrinology<br />

Society, 2013<br />

Legenda: NE – Nível de Evidência<br />

“A escolha da farmacoterapia hipoglic<strong>em</strong>iante para mulheres com<br />

DG (que pode incluir insulina e/ou agentes orais – metformina e<br />

glibenclamida) deve ser individualizada, de acordo com o perfil<br />

glicémico e aceitação da mulher.”<br />

“A insulina e os agentes hipoglic<strong>em</strong>iantes orais (por ex<strong>em</strong>plo,<br />

metformina e glibenclamida) são igualmente efetivos e adequados<br />

como farmacoterapia de 1.ª linha.”<br />

“Farmacoterapia com metformina deverá constituir opção quando<br />

não há controlo glicémico satisfatório com medidas dietéticas <strong>em</strong><br />

grávidas que recusam ou apresentam contra-indicação à<br />

insulinoterapia ou ao uso de glibenclamida, excetuando no 1.º<br />

trimestre de gestação.”<br />

DISCUSSÃO / CONCLUSÃO<br />

O uso da metformina no tratamento da DG , quando comparado ao<br />

uso de insulina, mostrou levar a uma diminuição do risco de<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal e de recém-nascidos grandes para a idade<br />

gestacional, s<strong>em</strong> diferenças significativas na mortalidade fetal, na<br />

presença de defeitos congénitos e no índice APGAR (SORT B). Uma<br />

das MA referiu o potencial da metformina aumentar o número de<br />

partos pré-termo. Apesar deste potencial risco, e tendo <strong>em</strong> conta<br />

todos os restantes efeitos benéficos, os resultados obtidos poderão<br />

suscitar o uso da metformina inclusivamente como abordag<strong>em</strong> inicial<br />

da DG nos Cuidados de Saúde Primários. A Sociedade Portuguesa de<br />

Diabetologia (2016) considera existir evidência científica da segurança<br />

e eficácia da utilização de metformina durante a gravidez. Contudo<br />

são necessários mais estudos a longo prazo que o comprov<strong>em</strong>.<br />

2<br />

3<br />

3<br />

3<br />

METANÁLISE<br />

Autor/Ano População/Intervenção Resultados N<br />

E<br />

Butalia S. et<br />

al, 2015<br />

Kitwitee P.<br />

et al, 2014<br />

Genxia L. et<br />

al, 2014<br />

Gui J. et al,<br />

2012<br />

14 ECAC<br />

Comparar o uso de<br />

metformina versus insulina <strong>em</strong><br />

grávidas com DG ou diabetes<br />

mellitus tipo 2, <strong>em</strong> termos de<br />

resultados maternos e<br />

neonatais<br />

8 ECAC<br />

Comparar o uso de<br />

metformina e insulina na DG<br />

11 ECAC<br />

Comparar o uso de<br />

metformina versus insulina <strong>em</strong><br />

grávidas com DG, <strong>em</strong> termos<br />

de resultados maternos e<br />

neonatais<br />

5 ECAC<br />

Comparar o controlo<br />

glicémico e os resultados<br />

maternos e neonatais da<br />

insulinoterapia versus uso de<br />

metformina <strong>em</strong> grávidas com<br />

DG<br />

No grupo de grávidas submetido a metformina,<br />

ocorreu diminuição significativa do risco de<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal e do peso excessivo para a idade<br />

gestacional<br />

S<strong>em</strong> diferença significativa <strong>em</strong> relação a:<br />

- Idade gestacional ao nascimento<br />

- Presença de defeitos congénitos<br />

- Índice APGAR<br />

- Mortalidade fetal<br />

No grupo de grávidas submetido a metformina,<br />

ocorreu diminuição significativa do risco de<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal e do nº de admissões na<br />

Unidade de Cuidados Intensivos<br />

S<strong>em</strong> diferença significativa <strong>em</strong> relação a:<br />

- Peso ao nascimento<br />

- Presença de defeitos congénitos<br />

- Índice APGAR<br />

- Mortalidade fetal<br />

No grupo de grávidas submetido a metformina,<br />

ocorreu diminuição significativa do risco de<br />

hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal, do peso ao nascimento e do nº<br />

de admissões na Unidade de Cuidados Intensivos<br />

S<strong>em</strong> diferença significativa <strong>em</strong> relação a:<br />

- Peso excessivo ou reduzido <strong>em</strong> relação à idade<br />

gestacional<br />

- Parto pr<strong>em</strong>aturo<br />

- Presença de defeitos congénitos<br />

No grupo de grávidas submetido a metformina não<br />

ocorreu diferença significativa <strong>em</strong> relação a:<br />

- Hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal<br />

- Peso para a idade gestacional<br />

- Nº de admissões na Unidade de Cuidados Intensivos<br />

- Presença de defeitos congénitos<br />

- Índice APGAR<br />

- Mortalidade fetal<br />

No grupo da metformina houve um aumento<br />

significativo do nº de partos pré-termo!<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. SORT: the strength-of-recommendation taxonomy. Am Fam Physician. 2005;71(1):19-20 | 2. Genxia L et al. Effect comparison of<br />

metformin with insulin treatment for gestational diabetes: a meta-analysis based on RCTs. General Ginaecology. 2014| 3. Gui J, Liu Q, Feng<br />

L. Metformin vs Insulin in the Manag<strong>em</strong>ent of Gestational Diabetes: A Meta-Analysis. PLOS ONE. 2013; 8 (5)| 4. Kitwitee P. et al.<br />

Metformin for the treatment of gestational diabetes: An updated meta-analysis. Diabetes Research and Clinical Practice. 2015 | 5. Singh K,<br />

Rahimpanah F, Barclay M. Metformin for the manag<strong>em</strong>ent of gestational diabetes mellitus – A literature review. Australian and New Zealand<br />

Journal of Obstetrics and Gynaecology. 2015 | 6. Butalia S. et al. Syst<strong>em</strong>atic Review or Meta-analysis Short- and long-term outcomes of<br />

metformin compared with insulin alone in pregnancy: a syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis. Diabetic Medicine. 2016 ; 34(1):27-36| 7. Royal<br />

College of Obstetrians and Gyneacologists. Diabetes in Pregnancy: Manag<strong>em</strong>ent of Diabetes and Its Complications from Preconception to<br />

the Postnatal Period - National Collaborating Centre for Women's and Children's Health (UK). 2015 | 8. Blumer I. et al. Diabetes and<br />

Pregnancy: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. JCEM. 2013; 98 (11): 4227-4249 | 9. ACOG. Gestational Diabetes Mellitus.<br />

2013<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1


Gravidez após cirurgia bariátrica<br />

Sara Vale 1 , Ana Sequeira 2<br />

1<br />

UCSP Santa Marta de Penaguião, ACeS Douro Norte<br />

2<br />

USF Lethes, ULS Alto Minho<br />

Mais de 80% das cirurgias bariátricas são realizadas <strong>em</strong><br />

mulheres, sendo que metade destas estão <strong>em</strong> idade<br />

reprodutiva. Assim, é cada vez mais frequente o<br />

acompanhamento de mulheres com antecedentes de<br />

cirurgia bariátrica na consulta pré-concecional ou prénatal<br />

pelo Médico de Família.<br />

Figura 1: Tipos de cirurgia bariátrica.<br />

Foram pesquisadas normas de orientação clínica, revisões sist<strong>em</strong>áticas e meta-análises na PubMed, UpToDate,<br />

Direcção-Geral de Saúde e National Institute for Health and Care Excellence (NICE), publicadas entre 2010 e 2016,<br />

de acesso livre, <strong>em</strong> portugueŝ e ingleŝ , utilizando os termos MeSH “pregnancy” e "bariatric surgery".<br />

A fertilidade melhora<br />

substancialmente após a<br />

cirurgia bariátrica.<br />

Rastreio da diabetes gestacional<br />

As grávidas submetidas a cirurgia do<br />

tipo restritivo faz<strong>em</strong> o rastreio por<br />

PTGO. Devido à síndrome de<br />

dumping, as grávidas submetidas a<br />

bypass gástrico faz<strong>em</strong> o rastreio por<br />

pesquisa da glic<strong>em</strong>ia capilar <strong>em</strong> jejum<br />

e pós-prandial durante uma s<strong>em</strong>ana<br />

ou por avaliação da h<strong>em</strong>oglobina<br />

glicada.<br />

É recomendado um intervalo<br />

entre a cirurgia e uma gravidez<br />

de pelo menos 12-18 meses.<br />

Contudo, a cirurgia bariátrica nã<br />

o está indicada como<br />

tratamento da infertilidade.<br />

A via de parto nestas grávidas<br />

deve obedecer a critérios obsté<br />

tricos, não constituindo indicaçã<br />

o formal para cesariana eletiva.<br />

Défice de absorção de nutrientes após<br />

bypass gástrico:<br />

É sugerida a pesquisa de défices de<br />

micronutrientes através da avaliação do<br />

h<strong>em</strong>ograma, ferritina, ferro, vitamina B12,<br />

tiamina, ácido fólico, cálcio e vitamina D por<br />

trimestre de gravidez. Se houver défice, deve<br />

fazer-se supl<strong>em</strong>entação adequada e passar<br />

para vigilância mensal.<br />

A obstrução intestinal após bypass gástrico é<br />

uma complicação rara, mas potencialmente<br />

grave, podendo resultar <strong>em</strong> morte fetal e<br />

materna. Cursa com sintomas inespecíficos e<br />

comuns às queixas obstétricas, como<br />

hiper<strong>em</strong>ese, refluxo esofágico e contratilidade<br />

uterina, sendo a TAC abdominal o método de<br />

eleição para estabelecer o diagnóstico.<br />

As grávidas submetidas a cirurgia bariátrica têm menor frequência de abortos espontâneos, diabetes<br />

gestacional, pré-eclâmpsia e partos pré-termo comparativamente às grávidas obesas que não<br />

realizaram cirurgia bariátrica, aproximando-se da frequência das grávidas não obesas. O Médico de<br />

Família deve saber fazer o adequado acompanhamento destas grávidas e saber orientar para os<br />

cuidados de saúde secundário, quando necessário.<br />

Bibliografia:<br />

Nuthalapaty, FS. The impact of obesity on f<strong>em</strong>ale fertility and pregnancy. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acedido a 1 de Outubro, 2016.) Johansson K, Cnattingius S, Näslund I, et al. Outcomes of pregnancy after bariatric surgery. N Engl<br />

J Med 2015; 372:814. Ouyang, DW. Fertility and pregnancy after bariatric surgery. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acedido a 1 de Outubro, 2016.) Karmon A, Sheiner E. Pregnancy after bariatric surgery: a comprehensive review. Arch<br />

Gynecol Obstet 2008; 277:381. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG practice bulletin no. 105: bariatric surgery and pregnancy. Obstet Gynecol 2009; 113:1405.


Tabagismo e gravidez – o que fazer?<br />

Uma revisão baseada na evidência<br />

Helena Marques¹; Juliana Pais²; Maria Miguel Sá³<br />

1 - USF S.Félix/Perosinho; 2 - USF Cuidar; 3 - USF Famílias<br />

1. Introdução<br />

Maior causa evitável de morte pr<strong>em</strong>atura<br />

Portugal: responsável pela morte 1/10 pessoas<br />

Nº mulheres fumadoras t<strong>em</strong> aumentado<br />

Graves consequências para o feto e RN<br />

2 . Metodologia<br />

A pesquisa bibliográfica decorreu <strong>em</strong> Fevereiro de 2015, nas<br />

bases de dados de Medicina Baseada na evidência, no<br />

período compreendido entre dez<strong>em</strong>bro de 2005 e Fevereiro<br />

2015, utilizando como palavras-chave tobacco use<br />

cessation, pregnant woman, nicotine.<br />

A pesquisa foi realizada na língua Portuguesa e Inglesa.<br />

Critérios Inclusão Exclusão<br />

População Grávidas, fumadoras, Restantes<br />

saudáveis<br />

Intervenção Terapia com substitutos<br />

de nicotina<br />

Toma de outros<br />

fármacos<br />

(transdérmicos pastilhas)<br />

Comparação Placebo Não comparação com<br />

grupo de controlo<br />

Outcome Eficácia (abstinência, Efeitos laterais<br />

avaliada s<strong>em</strong>pre que<br />

possível com<br />

doseamento de CO e<br />

cotinina)<br />

Estudos EAC, NOC, MA, RS Ensaios clínicos não<br />

aleatorizados. Opinião<br />

de Perito<br />

3. Resultados<br />

Guideline<br />

U.S. Preventive<br />

Services Task Force<br />

(2009)<br />

NICE Quitting<br />

smoking in<br />

pregnancy and<br />

following<br />

chilbirth<br />

(2010)<br />

Society of<br />

obstetrician and<br />

gynaecologists of<br />

Canada<br />

(2010)<br />

Supporting<br />

smoking cessation<br />

(The Royal<br />

Australian College<br />

of General<br />

Practitioners)<br />

(2014)<br />

Resultados<br />

- Não foi devidamente testada e comprovada a<br />

eficácia e segurança do uso de TSN durante a<br />

gravidez.<br />

- Estudos inconclusivos relativamente ao<br />

aumento das taxas de abstinência tabágica <strong>em</strong><br />

mulheres grávidas.<br />

- Evidência mista da eficácia da TSN nas<br />

grávidas<br />

- O EC com maior robustez não encontrou<br />

evidência que a TSN seja eficaz ou que afete o<br />

peso do RN.<br />

- Recomendação apenas nos casos <strong>em</strong> que<br />

TCC falhe, discutindo os riscos e benefícios.<br />

- Recomendação apenas nos casos <strong>em</strong> que a<br />

TCC falhe, discutindo os riscos e benefícios.<br />

- Os dispositivos intermitentes, como as<br />

pastilhas elásticas ou spray nasal, pod<strong>em</strong> ser<br />

preferíveis dado que não são de uso contínuo.<br />

- Existe evidência insuficiente quanto ao uso<br />

de farmacoterapia durante a gravidez, no<br />

entanto o uso de TSN é recomendada quando<br />

a TCC falha, informando dos riscos.<br />

- As formas de TSN intermitente são<br />

preferíveis face aos transdérmicos.<br />

4. Conclusão<br />

• Evidência insuficiente para determinar eficácia na gravidez.<br />

• Necessidade de novos estudos para averiguar o aumento do<br />

metabolismo da nicotina<br />

• Algumas sociedades recomendam o seu uso <strong>em</strong> casos que a<br />

terapia cognitivo-comportamental falha, pesando os<br />

potenciais riscos e benefícios.<br />

• Foi atribuída uma Força de Recomendação final – B<br />

5. Bibliografia<br />

1-Direção Geral Saúde. Cessação tabágica – Programa-tipo de actuação. Gradiva, 2008. [cited 5 february 2015]. Available from http://www.dgs.pt/upload/m<strong>em</strong>bro.id/ficheiros/i009774.pdf; 2-COLEMAN Tim, CHAMBERLAIN Catherine, COOPER Sue, LEONARDI-BEE Jo. Efficacy<br />

and safety of nicotine replac<strong>em</strong>ent therapy for smoking cessation in pregnancy: syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis. Addiction [online]. January 2011, vol 106, pp 52-61. [cited 2015-02-05]. Available from http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21054620.<br />

3-COLEMAN Tim, COOPER Sue, THORNTON James G, GRAINGE Matthew J, WATTS Kim, BRITTON John, LEWIS Sarah. A Randomized Trial of Nicotine-Replac<strong>em</strong>ent Therapy Patches in Pregnancy. New England Journal of Medicine [online]. March 2012, vol 366, pp 808-8.


Pentoxifilina no tratamento da úlcera venosa crónica<br />

Que evidência?<br />

Priscila Araújo; Susana Vieira | USF do Parque, ACES Lisboa Norte<br />

As úlceras venosas crónicas representam a maior causa de úlcera de perna, correspondendo entre 60 a 80% dos casos.<br />

Estima-se que 1% da população venha a desenvolver úlcera de perna <strong>em</strong> alguma altura da sua vida. Com este trabalho<br />

pretende-se rever a evidência acerca da eficácia da utilização de pentoxifilina no tratamento da úlcera venosa crónica.<br />

Foram pesquisadas normas de orientação clínica (NOC), revisões sist<strong>em</strong>áticas, meta-análises e estudos originais, nas<br />

línguas portuguesa e inglesa, através das palavras MeSH “pentoxifylline” e “venous ulcers”, usando as bases de dados da<br />

MEDLINE, National Guideline Clearinghouse, Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness, The Cochrane Library e<br />

National Institute for Health and Care Excellence. Foi usada a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) para<br />

classificar quanto ao nível de evidência e força de recomendação.<br />

Entre os 54 artigos encontrados, foram selecionados 6.<br />

Norma de<br />

Orientação<br />

Clínica<br />

Revisão<br />

Sist<strong>em</strong>ática<br />

Referência Resultados SOR<br />

National best practice and<br />

evidence based guidelines<br />

for wound manag<strong>em</strong>ent,2009<br />

Scottish Intercollegiate<br />

Guidelines Network, 2010<br />

Australian and New Zealand<br />

Clinical Practice Guideline<br />

for Prevention and<br />

Manag<strong>em</strong>ent of Venous Leg<br />

Ulcers 2011<br />

Uso de pentoxifilina 400mg, 3 vezes por dia, como adjuvante da terapia compressiva, é<br />

eficaz no tratamento das úlceras venosas.<br />

Referência População/Intervenção Resultados SOR<br />

Jull et al<br />

Cochrane Database of<br />

Sist<strong>em</strong>atic Reviews, 2012<br />

12 ECA (864 adultos)<br />

Pentoxifilina vs placebo<br />

A pentoxifilina com terapia compressiva aumenta a<br />

probabilidade de cicatrização e s<strong>em</strong> terapia compressiva<br />

parece ser efetiva.<br />

A<br />

A<br />

Meta-análise<br />

Iglesias et al<br />

2006<br />

4 ECA (432 utentes)<br />

Pentoxifilina vs placebo<br />

O tratamento com pentoxifilina promoveu uma cicatrização<br />

6,55 s<strong>em</strong>anas mais precoce.<br />

A<br />

Ensaio<br />

Clínico<br />

Aleatorizado<br />

(ECA)<br />

Referência População/Intervenção Resultados NE<br />

Parsa et al<br />

2012<br />

(40 doentes) Terapia<br />

compressiva isolada vs<br />

pentoxifilina 400mg 3<br />

vezes/dia associada a<br />

terapia compressiva.<br />

O t<strong>em</strong>po médio de cicatrização no grupo de intervenção<br />

(pentoxifilina + terapia compressiva) foi 4 meses e no grupo<br />

controlo (terapia compressiva isolada) foi 6,25 meses.<br />

2<br />

Parece existir uma forte evidência quanto ao uso de pentoxifilina no tratamento das úlceras venosas dos m<strong>em</strong>bros inferiores,<br />

aumentando a probabilidade de cicatrização, principalmente quando associada a terapia compressiva.<br />

JullAB,Arroll B, ParagV,Waters J. Pentoxifylline for treating venous leg ulcers. Cochrane Database Syst Rev. 2012;12:CD001733. Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Manag<strong>em</strong>ent of chronic<br />

venous leg ulcers: a national clinical guideline [Internet]. Edinburg: SIGN; 2010. Iglesias CP, Claxton K. Comprehensive decision-analytic model and Bayesian value-of-information analysis: pentoxifylline in<br />

the treatment of chronic venous leg ulcers. Pharmacoeconomics. 2006;24(5):465-78. Parsa H, Zangivand AA, Hajimaghsoudi L. The effect of pentoxifylline on chronic venous ulcers.Wounds.<br />

2012;24(7):190-4. Health Service Executive (HSE) Office of the Nursing Services Director. National best practice and evidence based guidelines for wound manag<strong>em</strong>ent. Health Service Executive (HSE),<br />

The Irish Health Repository. Oct-2009. Australian Wound Manag<strong>em</strong>ent Association Inc., The New Zealand Wound Care Society Inc. The Australian and New Zealand clinical practice guideline for<br />

prevention and manag<strong>em</strong>ent of venous leg ulcers. New Zealand Guidelines Group. Oct-2011.


Adenocarcinoma<br />

gástrico... a literatura<br />

Rita Oliveira 1, Ana Lima 2 , Sara Rocha 3 , Diana Ferreira 4 , Ana Cunha 5<br />

Interna da UCSP Chaves IB 1,3,4 Internas UCSP S. Neutel 2,5<br />

INTRODUÇÃO<br />

O cancro gástrico é o 4º cancro mais frequente a nível mundial. Em alguns países, caso de Portugal,<br />

exist<strong>em</strong> variações regionais que enfatizam as diferenças nos fatores físicos, biológicos, sociais e<br />

ambientais envolvidos na patogénese do cancro gástrico, como o que se verifica no interior do país.<br />

MÉTODOS<br />

Revisão de t<strong>em</strong>a sobre as atualizações referentes ao cancro gástrico. Pesquisa de NOCs, guidelines, e<br />

artigos publicados na PubMed, Cochrane, usando os descritores adeocarcioa, cacro gástrico,<br />

nos últimos 5 anos.<br />

O desenvolvimento de cancro gástrico é um<br />

processo complexo que envolve fatores<br />

ambientais, a suscetibilidade do hospedeiro<br />

e uma infeção bacteriana ou vírica.<br />

• Aspirina, frutas frescas, vegetais e<br />

vitamina C parec<strong>em</strong> ser protetores.<br />

• O papel do álcool na génese do cancro do<br />

estômago não foi comprovado.<br />

O cancro gástrico,<br />

habitualmente, não se<br />

torna sintomático até<br />

que haja doença<br />

extensa.<br />

Fatores de risco:<br />

- Tabaco (11% dos casos)<br />

- Sexo masculino<br />

- Dieta rica <strong>em</strong> sal, fumados, carnes, picantes<br />

- Agentes infeciosos (Helicobacter pylori, VEB)<br />

- Condições patológicas do estômago<br />

(gastrite atrófica, metaplasia intestinal)<br />

- Cirurgia gástrica prévia<br />

- História familiar<br />

- An<strong>em</strong>ia perniciosa<br />

- Polipos adenomatosos<br />

- Exposição a radiação<br />

- Químicos exógenos<br />

Perda de peso, dispepsia, náuseas,<br />

vómitos, anorexia e fadiga são as<br />

principais manifestações.<br />

Diagnóstico:<br />

- A endoscopia é modalidades de eleição para a<br />

deteção diagnostico, seguimento e<br />

estadiamento do cancro gástrico.<br />

- Os níveis séricos de CEA e CA 19-9 encontramse<br />

elevados <strong>em</strong> doentes com cancro gástrico<br />

avançado, no entanto, apenas 1/3 dos doentes<br />

têm níveis anormais. Devido à sua baixa<br />

especificidade e sensibilidade, estes<br />

marcadores não têm qualquer papel no<br />

rastreio.<br />

- A TAC fornece informação acerca do tumor<br />

primário, deteta linfadenopatias e avalia a<br />

invasão das estruturas adjacentes.<br />

Tratamento<br />

A cirurgia representa a modalidade terapêutica de<br />

eleição. Vários fatores determinam a extensão da<br />

ressecção gástrica nos doentes com cancro<br />

potencialmente curável: estádio tumoral, tipo<br />

histológico, localização do tumor, drenag<strong>em</strong><br />

ganglionar, morbilidade operatória e função<br />

gastrointestinal a longo prazo.<br />

O seguimento deverá permitir a investigação e o<br />

tratamento de sintomas, quer os relacionados com<br />

as sequelas dos tratamentos efetuados, quer os<br />

relacionados com a eventual doença recorrente,<br />

devendo ser efetuada antes de uma degradação<br />

significativa do estado clínico.<br />

A maioria das recorrências ocorre nos primeiros 3 anos de seguimento após cirurgia.<br />

Bibliografia: European Society for Medical Oncology/ European Society of Surgical Oncology/ European Society for Therapeutic Radiology and Oncology (ESMO-ESSO-ESTRO); National<br />

Comprehensive Cancer Network (NCCN) guidelines; National Cancer Institute (NCI); American College of Gastroenterology (ACOG); European Helicobacter Study Group..


4º passo<br />

5º passo<br />

1º passo<br />

2º passo<br />

3º passo<br />

Bibliografia:<br />

1 - Louie S, Zeki AA, Schivo M, Chan AL, Yoneda KY, Avdalovic M, Morrissey BM, Albertson TE. The asthma-chronic obstructive pulmonary disease overlap syndrome: pharmacotherapeutic considerations. Expert Rev. Clin. Pharmacol. 2013; 6:<br />

197–219 2 - Global Initiative for asthma and Global initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Diagnosis of diseases of chronic airflow limitation: asthma, COPD and Asthma-COPD Overlap Syndrome (ACOS). <strong>Update</strong>d 2015. 3 - Tho NV,<br />

Park HY, Nakano Y. Asthma-COPD overlap syndrome (ACOS): A diagnostic challenge. Respirology. 2015 Oct 8. doi: 10.1111/resp.12653. Review. 4 - Reddel HK. Treatment of overlapping asthma-chronic obstructive pulmonary disease: Can<br />

guidelines contribute in an evidence-free zone? J Allergy Clin Immunol. 2015 Sep;136(3):546-52. 5 - Bujarski S, Parulekar AD, Sharafkhaneh A, Hanania NA. The asthma COPD overlap syndrome (ACOS). Curr Allergy Asthma Rep. 2015<br />

Mar;15(3):509.<br />

S. Gomes, V. Guedes, S. Ventura, M. Gomes<br />

Internos de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

Unidade de Saúde Familiar Faria Guimarães<br />

Introdução:<br />

A asma e a doença pulmonar obstrutiva crónica<br />

(DPOC) são reconhecidas como duas doenças<br />

distintas, dadas as diferenças nos mecanismos<br />

fisiopatológicos que lhes estão associados. A prática<br />

clínica d<strong>em</strong>onstra, contudo, uma grande prevalência<br />

da sobreposição destas duas entidades no mesmo<br />

indivíduo, que poderá ir de 15 a 55%. Neste<br />

contexto, a Global Initiative for Chronic Obstructive<br />

Lung Disease (GOLD) reconheceu uma nova<br />

entidade denominada Síndrome de Sobreposição<br />

Asma – DPOC (ACOS), que define como “limitação<br />

persistente do fluxo de ar, com várias caraterísticas<br />

geralmente associadas à asma e várias<br />

caraterísticas geralmente associadas à DPOC”.<br />

Objetivos:<br />

Sist<strong>em</strong>atizar a orientação diagnóstica e terapêutica<br />

mais adequada da Síndrome de Sobreposição Asma-<br />

DPOC<br />

Métodos:<br />

Revisão da literatura médica publicada até janeiro de<br />

<strong>2017</strong>, usando bases de dados científicas, com as<br />

palavras-chave “Asthma and Chronic Obstructive<br />

Pulmonary Disease Overlap Syndrome”, "diagnosis"<br />

e "treatment".<br />

Resultados:<br />

Os estudos suger<strong>em</strong> a existência de uma proporção<br />

muito significativa de doentes que reún<strong>em</strong> critérios<br />

para o diagnóstico de ACOS. Estes são mais<br />

sintomáticos, têm exacerbações graves mais<br />

frequent<strong>em</strong>ente, consom<strong>em</strong> mais recursos de saúde,<br />

têm um declínio mais rápido da função respiratória,<br />

pior qualidade de vida e maior mortalidade do que<br />

aqueles que apresentam asma ou DPOC<br />

isoladamente. O diagnóstico é um desafio e o<br />

tratamento mais adequado ainda é desconhecido.<br />

Considera-se, no entanto, que os corticosteroides<br />

inalados (ICS) <strong>em</strong> dose baixa a moderada poderão<br />

ter um papel fundamental, associados a um agonista<br />

adrenérgico beta 2 de longa duração de ação (LABA)<br />

e/ou um antagonista muscarínico de longa duração<br />

de ação (LAMA). O tratamento deve ainda incluir a<br />

cessação tabágica, reabilitação pulmonar, vacinação<br />

e tratamento das comorbilidades.<br />

Idade de início<br />

Padrão dos sintomas<br />

Função pulmonar<br />

Função pulmonar entre<br />

sintomas<br />

Antecedentes pessoais<br />

e familiares<br />

T<strong>em</strong>po de evolução<br />

Raio-X do tórax<br />

Diagnóstico de Doença Crónica das Vias Aéreas<br />

Os sintomas suger<strong>em</strong> doença crónica das vias<br />

respiratórias?<br />

Sim<br />

Considerar outra<br />

doença<br />

Diagnóstico do síndrome <strong>em</strong> adultos<br />

1) Assinalar as características da Asma e DPOC que melhor descrev<strong>em</strong> o doente<br />

2) Comparar o número de características a favor de cada diagnóstico e selecionar um diagnóstico<br />

Asma<br />

• Antes dos 20 anos<br />

• Variação <strong>em</strong> minutos, horas ou dias<br />

• Pior durante a noite ou madrugada<br />

• Desencadeada pelo exercício, <strong>em</strong>oções,<br />

riso, poeira ou exposição a alérgenos<br />

• Registo de limitação do fluxo aéreo variável<br />

(espirometria ou peak flow)<br />

• Normal<br />

• Diagnóstico prévio de asma<br />

• História familiar de asma e outras<br />

patologias alérgicas (rinite alérgica ou<br />

ecz<strong>em</strong>a)<br />

• S<strong>em</strong> agravamento dos sintomas ao longo<br />

do t<strong>em</strong>po. Variação dos sintomas ou<br />

sazonalmente ou de ano para ano<br />

• Pod<strong>em</strong> melhorar espontaneamente ou ter<br />

uma resposta imediata aos<br />

broncodilatadores ou aos ICS ao longo das<br />

s<strong>em</strong>anas<br />

• Normal<br />

DPOC<br />

• Depois dos 40 anos<br />

• Persistente apesar do tratamento<br />

• Dias bons e maus, mas s<strong>em</strong>pre com sintomas<br />

diários e dispneia de esforço<br />

• Tosse crónica e expetoração que antecede a<br />

dispneia e s<strong>em</strong> relação com desencadeantes<br />

• Registo de limitação do fluxo aéreo<br />

persistente (FEV1/FVC


Lídia Oliveira – USF Nascente<br />

INTRODUCÃO: A disfunção sexual f<strong>em</strong>inina (DSF) é altamente prevalente, entre os 40% e 70% <strong>em</strong><br />

Portugal. Traduz-se por uma alteração <strong>em</strong> qualquer uma das fases do ciclo de resposta sexual da<br />

mulher (desejo, excitação e orgasmo) e/ou por perturbações dolorosas associadas ao ato sexual. O<br />

tabagismo é um probl<strong>em</strong>a de saúde pública a nível mundial. Nos homens, a associação entre tabagismo<br />

e diminuição da função sexual, especialmente a disfunção eréctil, t<strong>em</strong> sido extensivamente estudada.<br />

No entanto poucos estudos têm abordado a relação entre tabagismo e disfunção sexual <strong>em</strong> mulheres.<br />

MÉTODOS: Pesquisa das seguintes palavras-chave: “smoking”; “f<strong>em</strong>ale”, “sexual”, “dysfunction”,<br />

“tobacco”. Pesquisa de artigos <strong>em</strong> português, inglês e espanhol <strong>em</strong> bases de dados: The Cochrane<br />

Library, Pubmed, SUMsearch nos últimos 5 anos.<br />

RESULTADOS: Ainda há controvérsia sobre se o tabaco é fator determinante para a DSF. Alguns<br />

estudos apontam como fator causal e dose dependente. Vários mecanismos foram encontrados para<br />

explicar esta relação.<br />

A incidência de orgasmo<br />

vaginal foi significativamente<br />

menor <strong>em</strong> fumadoras.<br />

Efeito anti-estrogénico da<br />

nicotina por inibição da<br />

aromatase (passo final na<br />

síntese do estrogénio) e<br />

alterações no metabolismo<br />

hepático do estradiol<br />

Menor ingurgitamento do<br />

tecido erétil do clitóris e do<br />

tecido esponjoso do ponto G,<br />

ponto A e ponto U<br />

Efeito vasoconstritor e próaterogénico<br />

da nicotina ,<br />

reduzindo substâncias<br />

vasoactivas como o factor<br />

endotelial relaxina, o óxido<br />

nítrico, prostaglandina,<br />

prostaciclina e tromboxano no<br />

endotélio vascular<br />

Na circulação, os estrogénios<br />

ligam-se à globulina de ligação<br />

à hormona sexual (SHBG). Nos<br />

fumadores, as concentrações<br />

de SHBG são mais elevadas<br />

gerando concentrações mais<br />

baixas de estrogénios ativos<br />

livres<br />

“In pr<strong>em</strong>enopausal women,<br />

current smoking was an<br />

independent risk and dose<br />

dependent factor for FSD.”<br />

A resistência das artérias<br />

uterinas, clitóris e lábios é<br />

significativamente maior <strong>em</strong><br />

mulheres fumadoras<br />

Ciclos mais irregulares,<br />

anovulação, diminuição da<br />

fertilidade, idade e sintomas da<br />

menopausa mais precoces<br />

diminuição do fluxo sanguíneo, lubrificação vaginal, maior rigidez da parede vaginal e<br />

consequente diminuição do prazer e da frequência das relações sexuais<br />

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O tabaco é considerado, nalguns estudos, um fator de risco<br />

independente para a DSF. No entanto mais investigação é necessária para esclarecer a etiologia da<br />

relação. Ainda assim, deverá ser um aspeto a incluir nas consultas anti tabágicas como parte do<br />

esqu<strong>em</strong>a motivacional e de acompanhamento.<br />

Ribeiro, Bárbara et al, Disfunção Sexual F<strong>em</strong>inina <strong>em</strong> idade Reprodutiva, Revista Portuguesa Medicina Geral e Familiar, 2013. ; Tziomalos, Konstantionos et al, Endocrine effects of tobacco<br />

smoking, Clinical Endocrinology, 2004. ; Kapoor D. et al, Smoking and hormones in health and endocrine disorders, Eur J Endocrinology 2005 Apr;152(4):491-9. ; Gulum, Mehmet et al,<br />

Relationship between Smoking and F<strong>em</strong>ale Sexual Dysfunction, Andrology Los Angeles, 2015; Shifren, Jan et. Al, Sexual dysfunction in women: Epid<strong>em</strong>iology, risk factors, and evaluation,<br />

April 2016, available at https://www.uptodate.com ; Ravara,Sofia,International Networkof Women against Tobacco, Newsletter n 4 March <strong>2017</strong> ; Harte CB, Meston CM. Acute Effects of<br />

Nicotine on Physiological and Subjective Sexual Arousal in Nonsmoking Men: A Randomized, Double‐Blind, Placebo‐Controlled Trial. The journal of sexual medicine. 2008;5:110-21. ¸ Yilmaz<br />

et al., Relationship between Smoking and F<strong>em</strong>ale Sexual Dysfunction, Andrology (Los Angel) 2015, 4:2 http://dx.doi.org/10.4172/2167-0250.1000144, October 2015; Choi J et al, Doseresponse<br />

relationship between cigarette smoking and f<strong>em</strong>ale sexual dysfunction, Obstet Gynecol Sci. 58(4):302-8. doi: 10.5468/ogs..58.4.302. Epub Jul 16. ¸ Costa RM et al, Smoking is<br />

unrelated to f<strong>em</strong>ale sexual function., Substance Use Misuse, 2015 Jan;50(2):189-94. doi: 10.3109/10826084.2014.962054. Epub 2015 Oct 7. ; Hajrullah Fejza et al, F<strong>em</strong>ale Sexual<br />

Dysfunction among Kosovo Women , British Journal of Medicine & Medical Research 19(1): XX-XX, 2016; Article no.BJMMR.29615 , Dec<strong>em</strong>ber 2016. ; Maseroli E et al, Cardiometabolic<br />

Risk and F<strong>em</strong>ale Sexuality: Focus on Clitoral Vascular Resistance.J Sex Med. 2016 Nov;13(11):1651-1661. doi: 10.1016/j.jsxm.2016.09.009. Epub 2016 Sep 28.


"Smoke rings in the dark"<br />

O tabaco torna-nos infelizes?<br />

Lídia Oliveira, USF Nascente<br />

O consumo de tabaco é considerado automedicação<br />

<strong>em</strong> sintomas depressivos aliviandoos<br />

a curto prazo, mas agravando-os a longo<br />

prazo.<br />

Introdução: O tabagismo é um<br />

probl<strong>em</strong>a de saúde pública mundial,<br />

relacionado com doenças<br />

cardiovasculares, respiratórias e<br />

neoplásicas. A depressão é uma<br />

condição psiquiátrica frequente com<br />

morbidade significativa. A ocorrência<br />

simultânea destas duas patologias<br />

importantes levanta a questão de<br />

causalidade que não está<br />

completamente esclarecida na<br />

literatura.<br />

Métodos:<br />

Palavras-chave:<br />

"tobacco", "depression", “depressive<br />

disorders", “smoking". Artigos <strong>em</strong><br />

português, inglês e espanhol <strong>em</strong><br />

bases de dados: The Cochrane<br />

Library, Pubmed, SUMsearch nos<br />

últimos 5 anos.<br />

O efeito da exposição crónica à nicotina<br />

desregula os sist<strong>em</strong>as: dopaminérgico,<br />

opióide, glutamatérgico, serotonérgico e<br />

glicocorticóide. Estes mecanismos atuam<br />

como sensibilizadores do sist<strong>em</strong>a de<br />

stress, enfraquecendo os mecanismos de<br />

coping e tornando os fumadores mais<br />

suscetíveis ao stress <strong>em</strong>ocional diante de<br />

fatores ambientais desestabilizadores.<br />

Um estudo de set<strong>em</strong>bro de 2016<br />

relatou uma ligação positiva entre<br />

fumadores e probabilidade de<br />

medicação antidepressiva a 10<br />

anos, mesmo controlando fatores<br />

de confusão e familiares.<br />

A cessação tabágica está associada à<br />

redução da depressão, ansiedade e stress<br />

e melhora o humor positivo e a qualidade<br />

de vida.<br />

Há uma relação positiva entre a exposição<br />

pré-natal ao tabaco e diversos resultados<br />

negativos de saúde mental na infância.<br />

Resultados:<br />

Ainda<br />

existe controvérsia sobre<br />

se o tabaco é ou não um<br />

fator causador da<br />

depressão. Alguns<br />

estudos apontam para o<br />

relacionamento como<br />

existente e bidirecional.<br />

Discussão / Conclusão:<br />

Neste paradoxo é difícil estabelecer<br />

a direção da causalidade. Além<br />

disso, existe a possibilidade de que<br />

o tabagismo e a depressão sejam<br />

reciprocamente relacionados entre<br />

si por um circuito de feedback <strong>em</strong><br />

que fumar aumenta os riscos de<br />

depressão, enquanto ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po o início da depressão leva a<br />

um aumento do consumo de tabaco.<br />

São necessárias mais pesquisas<br />

para esclarecer a etiologia dessa<br />

relação bidirecional, sendo um<br />

assunto controverso e importante na<br />

área preventiva.<br />

Stepankova L. et al, Depression and Smoking Cessation: Evidence from a Smoking Cessation<br />

Clinic with 1-Year Follow-Up., Ann Behav Med. 2016 Dec 29. doi: 10.1007/s12160-016-9869-6.<br />

[Epub ahead of print], Talha Khan Burki, Smoking and mental health, Published: 11 May 2016,<br />

The Lancet Respiratory Medicine, Matcham F et al, Smoking and common mental disorders in<br />

patients with chronic conditions: An analysis of data collected via a web-based screening syst<strong>em</strong>.,<br />

Gen Hosp Psychiatry. <strong>2017</strong> Mar - Apr;45:12-18. doi: 10.1016/j.genhosppsych.2016.11.006. Epub<br />

2016 Dec 8., Aesoon Park, PhD, Mediating Role of Stress Reactivity in the Effects of Prenatal<br />

Tobacco Exposure on Childhood Mental Health Outcomes, Nicotine Tob Res´, 2014 Feb; 16(2):<br />

174–185, Published online 2013 Aug 29. , Boden JM, Br J Psychiatry. Cigarette smoking and<br />

depression: tests of causal linkages using a longitudinal birth cohort 2010 Jun;196(6):440-6..,<br />

Marcus R. Munafo et sl, Cigarette smoking and depression: a question of causation , The British<br />

Journal of Psychiatry (2010) 196, 425–426. , G<strong>em</strong>ma Taylor et al, Change in mental health after<br />

smoking cessation: syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis, BMJ 2014;348:g1151


Lídia Oliveira, USF Nascente<br />

Introdução: A fibrilação auricular (FA) é atualmente a arritmia cardíaca mais frequente na prática clínica,<br />

com maior prevalência na população idosa, com graves consequências. O tabagismo é também um grave<br />

probl<strong>em</strong>a de saúde pública que t<strong>em</strong> sido apontado como um fator importante no início / evolução da FA.<br />

Métodos: Pesquise palavras-chave: “smoking" “atrial fibrillation", "tobacco". Pesquisa de artigos <strong>em</strong><br />

português, inglês e espanhol <strong>em</strong> bancos de dados: The Cochrane Library, Pubmed, SUMsearch nos últimos<br />

5 anos.<br />

No estudo cardíaco de Framingham, foi<br />

considerado um fator de risco somente entre as<br />

mulheres, quando ajustado para a idade (1,4<br />

vezes), mas com pouca importância após o ajuste<br />

para outros fatores de risco. Outros estudos, no<br />

entanto, concluíram que não havia relação entre<br />

fumar e FA.<br />

No Estudo de Rotterdam, foi encontrado um<br />

aumento de risco de 51% e 49% da incidência de<br />

FA, respetivamente, entre fumadores atuais e exfumadores,<br />

quando comparados aos nunca tinham<br />

fumado, s<strong>em</strong> diferença entre homens e mulheres.<br />

No estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in<br />

Communities), concluiu-se que os fumadores têm<br />

um risco duas vezes maior de desenvolver FA <strong>em</strong><br />

comparação com não-fumadores.<br />

(Nov<strong>em</strong>bro de 2016), o tabagismo foi relacionado<br />

com o aumento da mortalidade cardiovascular <strong>em</strong><br />

pacientes com FA. A cessação tabágica mostrou<br />

reduzir o risco de FA, mas não a r<strong>em</strong>oveu<br />

completamente.<br />

(Março de <strong>2017</strong>) fumadores com FA tiveram riscos<br />

de hospitalização e morte mais altos do que o<br />

esperado.<br />

Fibrose auricular<br />

Aumento da inflamação e stress oxidativo<br />

Aterogénese<br />

Disfunção endotelial<br />

Estado protrombótico com aumento da ativação<br />

plaquetária e aumento dos níveis de fibrinogénio<br />

‣ANOS TABACO=<br />

‣Risco de FA - fumadores<br />

atuais têm um risco<br />

aumentado <strong>em</strong> comparação<br />

com ex-fumadores<br />

> Risco de morte por todas as<br />

causas e morte cardiovascular<br />

<strong>em</strong> pacientes com FA, b<strong>em</strong><br />

como risco de h<strong>em</strong>orragia<br />

grave <strong>em</strong> pacientes com FA<br />

que us<strong>em</strong> anticoagulante<br />

Conclusão: O fumo pode estar envolvido no início da FA, b<strong>em</strong> como no seu agravamento. No entanto,<br />

pesquisas futuras são necessárias para identificar os mecanismos biológicos subjacentes a esta associação,<br />

b<strong>em</strong> como o papel da cessação do tabagismo na prevenção da FA. Deve ser estimulado como uma<br />

estratégia de saúde cardiovascular global e como uma estratégia específica para pacientes de FA reduzindo<br />

o risco de resultados adversos.<br />

Alanna M et al, Multimorbidity and the risk of hospitalization and death in atrial fibrillation: A population-based study, America Heart Journal March <strong>2017</strong>; Volume 185, Pages 74–84.; Jan Heeringa et al, Cigarette Smoking and Risk<br />

of Atrial Fibrillation: The Rotterdam Study,American Heart J. 2008;156(6):1163-1169. ; Zhu W et al, Association of smoking with the risk of incident atrial fibrillation: A meta-analysis of prospective studies, Int J Cardiol. 2016 May<br />

14;218:259-266. doi: 10.1016/j.ijcard.2016.05.013. [Epub ahead of print]; Kokubo Y. et al, A combination of smoking and Metabolic Syndrome increased tge risk od incident atrial fibrillation: The Suita study, Journal hypertension,<br />

2016 sept<strong>em</strong>ber. ; Zhu W et al, International Journal Cardiology Relationship between smoking and adverse outcomes in patients with atrial fibrillation: A meta-analysis and syst<strong>em</strong>atic review.2016 Nov 1;222:289-94. doi:<br />

10.1016/j.ijcard.2016.07.220. Epub 2016 Jul 29.


Adriana Meneses 1 , Sofia Oliveira Vale 1 , Rita Sampaio Santos 2<br />

INTRODUÇÃO<br />

O vírus da varicela-zoster (VVZ) é um vírus altamente contagioso sendo um risco para a mulher grávida não imune. A varicela pode causar infeção<br />

grave na grávida, muitas vezes complicada por pneumonia viral. Na primeira metade da gravidez, pode provocar a rara síndrome da varicela<br />

congénita no recém-nascido, enquanto que no final da gravidez pode causar varicela neonatal. A vacinação das mulheres suscetíveis <strong>em</strong> idade<br />

reprodutiva ou durante a preconceção é uma medida de prevenção primária que pode evitar a morbilidade e mortalidade associada ao VVZ na<br />

gravidez. Contudo, as Normas de Orientação Clínica portuguesas não faz<strong>em</strong> referência a esta medida preventiva.<br />

OBJETIVOS E MÉTODOS<br />

Objetivos: Rever a evidência científica do efeito da vacinação contra a varicela, na preconceção, na diminuição da morbimortalidade materna, fetal<br />

e neonatal.<br />

Métodos: Pesquisa de guidelines, meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>áticas e estudos originais, nas bases de dados National Guideline Clearinghouse,<br />

NICE, Guidelines Finder, CMA Infobase, NHS, Cochrane, DARE e Tripdatabase e PUBMED, e pesquisa manual no domínio online da World Health<br />

Organization (WHO) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC), <strong>em</strong> 15 dez<strong>em</strong>bro de 2016, utilizando os termos MeSH: chickenpox<br />

vaccine e preconception care. Foram incluídos estudos <strong>em</strong> inglês, espanhol e português, publicados desde 2006. Para avaliar o nível de<br />

evidência e estabelecer a força de recomendação foi aplicada a Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Family Physician.<br />

RESULTADOS<br />

VACINA CONTRA O VÍRUS VARICELA-ZOSTER<br />

NA PRECONCEPÇÃO: QUAL A EVIDÊNCIA?<br />

GUIDELINES<br />

1<br />

USF Nova Salus | 2 USF Valbom<br />

Referência Ano Metodologia Resultados Comentários NE<br />

2010<br />

2012<br />

• Escala de GRADE para<br />

avaliação da consistência<br />

dos artigos<br />

• Pesquisa entre janeiro de<br />

2009 e janeiro de 2012<br />

• Recomendações baseadas<br />

<strong>em</strong> guidelines atuais de<br />

atividades preventivas<br />

• Níveis de evidencia e graus<br />

de recomendação NHMRC<br />

2014 • Não refere<br />

2016 • Não refere<br />

2008<br />

• Estudo Coorte prospetivo<br />

• Entre março de 1995 e<br />

março de 2005 (10 anos)<br />

• Inclusão de 79 mulheres,<br />

seronegativas, vacinadas na<br />

preconceção ou<br />

imediatamente após a data<br />

da última menstruação<br />

• Recomenda a imunização e quimioprofilaxia<br />

da varicela-zóster na preconceção, após o seu<br />

rastreio. (FR B)<br />

• Recomenda a vacinação na preconceção nas<br />

mulheres s<strong>em</strong> história clara de varicela ou<br />

não imunes após rastreio, no mínimo 28 dias<br />

antes da conceção. (FR B)<br />

• Recomenda a vacinação na preconceção se<br />

não houver história de varicela<br />

documentada, de vacinação ou não<br />

imunidade comprovada por rastreio<br />

laboratorial. (FR B)<br />

• Recomenda que a vacinação de adolescentes<br />

e adultos s<strong>em</strong> evidência de imunidade contra<br />

a varicela deve ser considerada nos países<br />

co ua édia de idade alta ≥ 15 aos de<br />

aquisição de infeção, com um esqu<strong>em</strong>a de 2<br />

doses, com espaçamento no mínimo de 4<br />

s<strong>em</strong>anas. Mínimo 4 s<strong>em</strong>anas antes da<br />

conceção. (FR B)<br />

ESTUDOS ORIGINAIS<br />

Legenda: FR - Força de recomendação; NE - Nível de evidência; NHMRC: National Health and Medical Research Council<br />

• D<strong>em</strong>onstra ausência de relação entre a<br />

imunização na preconceção e a presença<br />

posterior de malformações fetais. Ausência<br />

de registos de casos de varicela neonatal e<br />

síndrome de varicela congénito após<br />

imunização.<br />

• Recomenda que as mulheres <strong>em</strong> idade fértil<br />

evit<strong>em</strong> a gravidez num período de 1 a 3<br />

meses após vacinação.<br />

• Consenso de peritos<br />

• A evidência não é<br />

especificada para cada<br />

recomendação<br />

• Não define intervalo mínimo<br />

de t<strong>em</strong>po entre vacinação e<br />

conceção<br />

• Consenso de peritos<br />

• Baseado <strong>em</strong> guidelines<br />

• Resultados com baixo nível<br />

de evidência<br />

• Consenso de peritos<br />

• S<strong>em</strong> metodologia<br />

• Resultados com baixo nível<br />

de evidência<br />

• Não especifica intervalo<br />

mínimo de t<strong>em</strong>po entre<br />

vacinação e conceção<br />

• Consenso de peritos<br />

• S<strong>em</strong> metodologia<br />

• Resultados com baixo nível<br />

de evidência<br />

• Número reduzido de<br />

mulheres seronegativas para<br />

o vírus da varicela-zoster<br />

• S<strong>em</strong> intervalo confiança de<br />

95%<br />

• Risco de viés por<br />

subnotificação (depende de<br />

registos que requer<strong>em</strong> uma<br />

notificação voluntária)<br />

CONCLUSÃO<br />

A vacinação contra o VVZ na mulher não-imune na preconceção é recomendada. Esta revisão t<strong>em</strong> como limitação o fato de incluir<br />

apenas um estudo original, sendo os restantes guidelines/consensos. Esta limitação compreende-se pelo facto de ser<strong>em</strong> realizados<br />

poucos estudos <strong>em</strong> mulheres que pretendam engravidar a curto prazo, sendo assim necessários mais estudos randomizados<br />

controlados de boa qualidade acerca da segurança e eficácia da vacina na preconceção. Será também importante a realização de<br />

uma revisão acerca do custo-eficácia da vacinação.<br />

REFERÊNCIAS: American Family Physician. 2004 Feb. Vol 69 (3): 549-556. Disponível <strong>em</strong> www.aafp.org/afp. Guidelines for preventive activities in general practice, Royal Auystralian College of General Practice, 8th<br />

edition, 2012; Preconception Clinical Care for Women Imunozations, Centers for disease control and Prevention, 2014; Recomendations for routine immunization, Word Health Organization, 2016; Routine Prenatal<br />

Care, National Guideline Clearinghouse, 2010; Wilson, et al, Varicella Vacine Exposure during pregnancy: Data from 10 years of pregnancy registry, JID 2008: 197 (Suppl 2) S178-184.<br />

3<br />

3<br />

3<br />

3<br />

2


VITAMINA D E HIPERTENSÃO ARTERIAL<br />

Sofia Rosas de Araújo 1 , José Carvalho 1 , Rita Santos 2<br />

1. USF Infante D. Henrique, Viseu; 2. USF Mont<strong>em</strong>uro, Viseu<br />

INTRODUÇÃO<br />

A vitamina D engloba um grupo de esteróides<br />

lipossolúveis. Poucos alimentos contêm vitamina D, sendo a síntese<br />

dérmica a principal fonte. O défice de vitamina D é comum, causado por<br />

exposição solar reduzida. A hipertensão arterial (HTA) resulta do<br />

desequilíbrio entre vasoconstrição e vasodilatação. Crê-se que a deficiência<br />

de vitamina D atue como fator epigenético no sentido da vasoconstrição. 1-4<br />

METODOLOGIA<br />

OBJETIVO<br />

Rever a evidência disponível acerca do papel da vitamina D na<br />

etiologia da HTA e sua supl<strong>em</strong>entação.<br />

Pesquisa bibliográfica de artigos de revisão, meta análises<br />

e guidelines publicados nos últimos 5 anos nas bases de dados Medline/Pubmed,<br />

usando termos MeSH “hypertension”, “vitamin d”, “ergocalciferols”,<br />

“cholecalciferol”, “therapeutics” nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa.<br />

RESULTADOS<br />

Mecanismos pelos quais a vitamina D poderá influenciar a pressão arterial 1,2,5-8<br />

• Recetores para vitamina D foram identificados no endotélio vascular, músculo liso vascular e nas células de músculo cardíaco.<br />

• Este composto estará envolvido na supressão do sist<strong>em</strong>a renina-angiotensina-aldosterona e terá efeito benéfico sobre a função endotelial. Os análogos da<br />

vitamina D pod<strong>em</strong> ter efeitos renoprotectores.<br />

• A vitamina D previne o hiperparatiroidismo secundário; níveis elevados de hormona paratiroideia têm efeito vasculotóxico, incluindo indução de hipertrofia<br />

ventricular esquerda.<br />

• A vitamina D regulará também a expressão do recetor do peptídico natriurético.<br />

Estudo Associação vitamina D com pressão arterial Evidência de supl<strong>em</strong>entação terapêutica<br />

Vitamin D Therapy in Individuals<br />

with Pre-Hypertension or<br />

Hypertension: The DAYLIGHT Trial 3<br />

Evidence for the vitamin D<br />

hypothesis: The NHANES III<br />

extended mortality follow-up 4<br />

Role of Vitamin D in<br />

Cardiometabolic Diseases 5<br />

Os achados deste ensaio suger<strong>em</strong> que a associação<br />

entre o status da vitamina D e a HTA constatada <strong>em</strong><br />

estudos observacionais não é causal.<br />

Relação inversa entre os níveis de vitamina D e a<br />

hipertensão.<br />

A associação entre défice de vitamina D e hipertensão<br />

não está firm<strong>em</strong>ente estabelecida.<br />

Vitamin D and risk of future<br />

Heterogeneidade entre os estudos que mediram os<br />

hypertension: meta-analysis of níveis de 25(OH)D no sangue e os que avaliaram o<br />

283,537 participants 6 status dietético da vitamina D.<br />

São necessários estudos para determinar se a<br />

associação da vitamina D com HTA será causal.<br />

Controversy in the link between<br />

vitamin D suppl<strong>em</strong>entation and<br />

hypertension 7<br />

Vitamin D status and hypertension:<br />

a review 8<br />

Effect of Vitamin D Suppl<strong>em</strong>entation<br />

on Blood Pressure 9<br />

Plasma 1,25-Dihydroxyvitamin<br />

D and the Risk of Developing<br />

Hypertension 10<br />

The relationship between vitamin D<br />

levels and nondipper hypertension 11<br />

Dados observacionais mostram relação clara entre os<br />

níveis de 25(OH)D e a pressão arterial.<br />

Apesar da evidência de uma ligação consistente entre a<br />

vitamina D e a pressão arterial, ainda permanec<strong>em</strong><br />

questões relacionadas com a causalidade dessa relação.<br />

Níveis baixos de vitamina D estão associados com a<br />

elevação da pressão arterial e eventos cardiovasculares.<br />

Em contraste com a associação inversa entre a 25(OH)D<br />

e o risco de HTA, a 1,25(OH)2-D foi positivamente<br />

associada ao risco de HTA. Deste modo, concentrações<br />

mais elevadas de 1,25(OH)2-D estão associadas a um<br />

risco mais elevado de HTA.<br />

Em doentes com hipertensão não-dipper os níveis de<br />

vitamina D são mais baixos do que <strong>em</strong> pacientes com<br />

hipertensão dipper.<br />

A supl<strong>em</strong>entação de vitamina D não reduziu a tensão arterial<br />

<strong>em</strong> indivíduos com pré-hipertensão ou hipertensão <strong>em</strong><br />

estádio I e deficiência de vitamina D.<br />

Necessidade de ensaios clínicos randomizados para<br />

determinar se a supl<strong>em</strong>entação terá benefícios.<br />

São necessárias guidelines para a supl<strong>em</strong>entação com<br />

vitamina D. Até que tais diretrizes sejam publicadas, uma<br />

nutrição adequada deve ser aconselhada.<br />

São necessários estudos para determinar se a terapia com<br />

vitamina D pode ser benéfica na prevenção ou no<br />

tratamento da HTA.<br />

Dados de ensaios não d<strong>em</strong>onstraram efeito significativo da<br />

supl<strong>em</strong>entação de vitamina D na tensão arterial (mesmo <strong>em</strong><br />

doses elevadas). Até ao momento, a vitamina D não t<strong>em</strong><br />

lugar no controlo da pressão sanguínea.<br />

São necessários ensaios clínicos randomizados para<br />

determinar se a supl<strong>em</strong>entação vitamínicos pode ser<br />

benéfica na prevenção ou no tratamento da HTA.<br />

A supl<strong>em</strong>entação com vitamina D é ineficaz para reduzir a<br />

pressão arterial e, portanto, não deve ser usada como um<br />

agente anti-hipertensor.<br />

DISCUSSÃO<br />

Apesar da evidência de ligação entre vitamina D e HTA, estes dados são observacionais, mantendo-se por esclarecer a causalidade, a<br />

elucidar com ensaios clínicos aleatorizados, controlados por placebo. Ensaios clínicos randomizados também são necessários para determinar se a<br />

supl<strong>em</strong>entação com vitamina D pode ser benéfica na prevenção ou no tratamento da HTA, b<strong>em</strong> como dose ótima, intervalo de administração, tipo de<br />

vitamina D, necessidade ou não de irradiação ultravioleta e qual a população que beneficiará desta intervenção. 1,7,8<br />

Ainda que a sua administração seja segura e barata, será pr<strong>em</strong>aturo recomendar a ingestão supl<strong>em</strong>entar de vitamina D especificamente para a prevenção<br />

da HTA ou doenças cardiovasculares. Além disso, a falta de eficácia no tratamento também argumenta contra o doseamento rotineiro de vitamina D <strong>em</strong><br />

pacientes com HTA. 3,8,9,10<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Solak Y, et al. What Do We Know and Do Not Know About Vitamin D?: A Causal Association Between Vitamin D Receptor Genetic Polymorphism and Hypertension. The Journal of Clinical Hypertension. 2014. 16 (9) 2. Afzal, Shoaib et al. Low vitamin D and hypertension:<br />

a causal association? The Lancet Diabetes & Endocrinology , Volume 2 , Issue 9 , 682 – 684 3. Pankaj A et al. Vitamin D Therapy in Individuals with Pre-Hypertension or Hypertension: The DAYLIGHT Trial. Circulation. 2015;131:254-262 4. Daraghmeh AH et al. Evidence for the vitamin D<br />

hypothesis: The NHANES III extended mortality follow-up. Atherosclerosis , Volume 255 , 96 – 101 5. Wang C. Role of Vitamin D in Cardiometabolic Diseases. Journal of Diabetes Research. 2013;2013:243934 6. Kunutsor SK, Apekey TA, Steur M. Vitamin D and risk of future hypertension:<br />

meta-analysis of 283,537 participants. Eur J Epid<strong>em</strong>iol (2013) 28: 205 7. Beveridge LA, Witham MD. Controversy in the link between vitamin D suppl<strong>em</strong>entation and hypertension. Expert Rev. Cardiovasc. Ther. 13(9), 971–973 (2015) 8. Ke L, et al. Vitamin D status and hypertension: a review.<br />

Integrated Blood Pressure Control 2015:8 9. Beveridge LA, et al. Effect of Vitamin D Suppl<strong>em</strong>entation on Blood Pressure. JAMA Intern Med. 2015;175(5):745-754 10. Ballegooijen AL, et al. Plasma 1,25Dihydroxyvitamin D and the Risk of Developing Hypertension. Hypertension.<br />

2015;66:563-570 11. Yilmaz S et al. The relationship between vitamin D levels and nondipper hypertension. Blood Press Monit. 2015 Dec;20(6):330-4


ABORDAGEM SISTEMATIZADA DE MASSAS CERVICAIS EM IDADE PEDIÁTRICA<br />

Catarina Dias Rosa 1 , Ana Margarida Adão 2 , Mariana Bastos 3 , Sónia Gala 4 ,Sandra Almeida 5<br />

1,3,4,5<br />

USF Beira Ria, 2 USF Flor de Sal – ACeS do Baixo Vouga<br />

catarina.dias.rosa@gmail.com<br />

INTRODUÇÃO<br />

A presença de uma massa cervical <strong>em</strong> idade pediatria é<br />

frequent<strong>em</strong>ente motivo de alarme por parte dos seus<br />

progenitores, <strong>em</strong>bora cerca de 90% destas massas<br />

sejam benignas. Uma abordag<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>atizada<br />

permitirá ao profissional de saúde diagnosticar e<br />

encaminhar precoc<strong>em</strong>ente os casos urgentes, assim<br />

como tranquilizar os progenitores quando não houver<br />

motivo de alarme.<br />

OBJETIVOS<br />

Sist<strong>em</strong>atização da abordag<strong>em</strong> de massas cervicais <strong>em</strong><br />

idade pediátrica;<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa <strong>em</strong> bases de dados de Medicina Baseada na<br />

Evidência (MBE) com os termos Massa cervical,<br />

Recoedações e Pediatria.<br />

Idade Lateralidade Evolução<br />

Sintomas<br />

Associados<br />

Antecedentes<br />

Pessoais<br />

Caracterização<br />

da massa<br />

• início, rapidez de<br />

evolução, aumento<br />

de tamanho,<br />

agudizações<br />

• Febre, Tosse,<br />

Odinofagia, Tr<strong>em</strong>ores<br />

noturnos, Perda<br />

ponderal, Fadiga,<br />

Artralgias<br />

• Exposição recente?<br />

Viagens?<br />

• Tamanho, dor,<br />

erit<strong>em</strong>a,<br />

t<strong>em</strong>peratura,<br />

mobilidade,<br />

flutuação,<br />

consistência<br />

QUISTO DO<br />

TIREOGLOSSO<br />

R<strong>em</strong>anescente do canal do tireoglosso, sendo o quisto congénito mais comum do pescoço<br />

Situado na linha média, não sendo conhecido o estímulo para a sua expansão<br />

Geralmente assintomático, mas pode ser sintomático se associado a nasofaringite<br />

Tratamento: terapêutica antibiótica seguida de cirurgia ou de incisão e drenag<strong>em</strong><br />

QUISTO<br />

BRANQUIAL<br />

ADENOPATIA<br />

CERVICAL<br />

PAROTIDITE<br />

EPIDÉMICA<br />

Cerca de 20% de todas as massas cervicais<br />

Mais frequentes <strong>em</strong> adolescentes, não havendo predomínio de género<br />

Habitualmente assintomáticos, podendo gerar sintomas se infetados ou fístula<br />

Tratamento: s<strong>em</strong>elhante ao Quisto do Tireoglosso<br />

Achado muito frequentes no exame objetivo<br />

Etiologia benigna: tranquilizar pais!<br />

Nódulo infracentimetrico, forma alongada, consistência mole<br />

Ausência de dor ou sinais inflamatórios, não aderente a planos superficiais ou profundos<br />

Entidade rara desde a introdução da vacina no PNV. É devida ao paramixovírus<br />

É mais frequente <strong>em</strong> crianças com idade inferior a 10 anos de idade<br />

30%: Febre, mialgias, anorexia, ed<strong>em</strong>a de pelo menos uma das parótidas e dor local<br />

Complicações: orquite, ooforite, mastite, meningite, paralisia facial, síndrome Guillan-Barré<br />

Massa dura, fixa, arredondada, insidiosa, s<strong>em</strong> sinais inflamatórios, presença de disfagia, estridor ou SDR<br />

CONCLUSÃO<br />

Exist<strong>em</strong> muitos diagnósticos diferencias de massas cervicais. Embora a maioria seja benigna <strong>em</strong> idade pediátrica, as causas<br />

malignas necessitam de tratamento urgente. É por isso muito importante sist<strong>em</strong>atizar a abordag<strong>em</strong> de forma evitar a<br />

incorreta orientação de um caso com sinais de alarme.<br />

Anne S, Teot LA, Mandell DL. Fine needle aspiration biopsy: role in diagnosis of pediatric head and neck masses. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2008;72(10):1547-1553. Dulin MF, Kennard TP,<br />

Leach L, Williams R. Manag<strong>em</strong>ent of cervical lymphadenitis in children. Am Fam Physician. 2008;78(9):1097-1098. Long SS, Pickering LK, Prober CG. Principles and Practice of Pediatric<br />

Infectious Diseases. 2nd ed. New York, NY: Churchill Livingstone; 2003. Dickson PV, Davidoff AM. Malignant neoplasms of the head and neck. S<strong>em</strong>in Pediatr Surg. 2006;15(2):92-98. Citak EC,<br />

Koku N, D<strong>em</strong>irci M, Tanyeri B, Deniz H. A retrospective chart review of evaluation of the cervical lymphadenopathies in children. Auris Nasus Larynx. 2011;38(5):618-621. Umapathy N, De R,<br />

Donaldson I. Cervical lymphadenopathy in children. Hosp Med. 2003;64(2):104-107.


Chlamydia Trachomatis: Pod<strong>em</strong>os Esquecer-Nos Dela?<br />

Ramalho A. 1 ; Silva Costa A. 2 ; Lima, M. 3 ; Ferreira, Mª L. 1<br />

1<br />

USF Sobreda; 2 USF Monte da Caparica, 3 USF Cova da Piedade<br />

Contacto: and_ramalho@hotmail.com<br />

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS:<br />

Chlamydia trachomatis (CT) é a infeção bacteriana sexualmente transmitida mais comum mundialmente. A maioria é assintomática (70%<br />

<strong>em</strong> mulheres). A infeção não tratada pode causar sequelas graves, com custos consideráveis: doença inflamatória pélvica, gravidez<br />

ectópica, infertilidade e dor pélvica crónica. 1 Este trabalho t<strong>em</strong> como objetivo rever a evidência relativa à custo-efetividade do rastreio de<br />

CT e <strong>em</strong> que moldes este pode ser realizado nos Cuidados de Saúde Primários.<br />

METODOLOGIA:<br />

- Pesquisa de artigos <strong>em</strong> português e inglês, publicados nos últimos 5 anos, no PubMed, NICE e DGS.<br />

- Termos MESH: chlamydia trachomatis, screening, cost effective.<br />

- Nível de evidência (N.E.) classificado usando o método SORT da American Family Physician.<br />

RESULTADOS:<br />

36 Artigos<br />

Encontrados<br />

EXCLUÍDOS estudos que não<br />

respeitavam t<strong>em</strong>a, editoriais, opinião<br />

SELECCIONADOS 1 Artigo de Revisão, 4 Estudos<br />

Originais, 5 Guidelines, 1 Publicaçao DGS<br />

ENSAIOS<br />

CLÍNICOS<br />

Tuite AR, et al Relação custo-eficácia do rastreio anual e custo de sequelas de<br />

(2012) 1 infeções não tratadas.<br />

Van den Broek<br />

IVF, et al (2012) 2<br />

Desenho do estudo Conclusões N.E.<br />

Rastreio 16-29a, numa região rural da Holanda, consoante o perfil de<br />

risco.<br />

Gillespie P, et al Rastreio 18-29a que recorreram a: consulta geral, PF e clinica de saúde<br />

(2012) 3 do estudante. Comparaçao entre custos de rastreio vs complicações.<br />

Ardine de Wit G,<br />

et al (2015) 4<br />

Em 3 regiões-piloto dos Países Baixos, rastreio 16-29 anos segundo<br />

estruturas diferentes (16-29 anual, 16-24 anual, bianual, a cada 5<br />

anos).<br />

Rastreio anual foi estimado ser altamente rentável. 3<br />

Score de risco é viável, com melhores taxas de<br />

positividade e custo-efectividade.<br />

Seria caro impl<strong>em</strong>entar Rastreio Nacional. 2<br />

Apenas com taxas de participação elevadas será<br />

possivel atingir a custo-efectividade.<br />

Rastreio a cada 5 anos mais custo efectivo.<br />

1<br />

2<br />

GUIDELINES Recomendações F. R.<br />

The Royal Australian College of<br />

General Practitioners (2012) 5<br />

CDC (2015) 6<br />

Rastreio anual ♀ ≤ 25a mostrou reduzir para metade as taxas de infecção e complicações.<br />

Rastreio das grávidas apenas se FR.<br />

Rastreio anual ♀ ≤ 25a e outras idades se FR. Repetir 3 meses após tratamento.<br />

Rastreio grávidas


Patrícia Marques, Joana Leal, Ana Patrícia Cabaça, Ana Isabel Alexandre<br />

(msm.patricia@gmail.com) - USF Cartaxo Terra Viva<br />

INTRODUÇÃO<br />

A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais<br />

frequentes. Pode manifestar-se desde a criança até à<br />

terceira idade, sendo mais prevalente <strong>em</strong> mulheres.<br />

Afeta a qualidade de vida, a produtividade, e as<br />

relações pessoais e familiares, sendo também um dos<br />

principais fatores de risco para suicídio.<br />

Sab<strong>em</strong>os que a presença de doença psiquiátrica,<br />

principalmente a depressão, se verifica <strong>em</strong> pelo menos<br />

90% dos casos de suicídio.<br />

Atualmente, o suicídio é a 13ª causa de morte a nível<br />

mundial (cerca de 3000/dia), com uma prevalência<br />

estimada <strong>em</strong> Portugal de 11,7%.<br />

OBJETIVOS<br />

• Exposição das principais características da depressão<br />

e suicídio<br />

• Abordag<strong>em</strong> da importância e relação entre a<br />

depressão e o risco de suicídio.<br />

CONCLUSÕES<br />

Não existe atualmente uma causa específica para a<br />

depressão. Sabe-se que há relação com alterações de<br />

alguns neurotransmissores, e que a personalidade e os<br />

acontecimentos traumáticos da vida de cada indivíduo<br />

pod<strong>em</strong> funcionar como desencadeantes da doença.<br />

Segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos<br />

Transtornos Mentais V), o diagnóstico de depressão<br />

poderá ser feito com base na presença de 5 ou mais dos<br />

seguintes sintomas (durante pelo menos 2 s<strong>em</strong>anas e com<br />

pelo menos um dos dois primeiros sintomas presentes):<br />

humor deprimido; anedonia; mudança no apetite ou peso;<br />

perturbação do sono; sentir-se mais lento ou inquieto,<br />

agitado; cansaço ou falta de energia; sentimento de culpa<br />

ou inutilidade; probl<strong>em</strong>as de concentração; e<br />

pensamentos de morte ou suicidas.<br />

Por outro lado, não nos pod<strong>em</strong>os esquecer de excluir<br />

causas extrínsecas e que sintomas físicos, como cefaleias,<br />

náuseas, vómitos ou dores diversas, pod<strong>em</strong> ser sinais<br />

indiretos de depressão, principalmente nos idosos.<br />

METODOLOGIA<br />

Foi realizada pesquisa de artigos de revisão e revisão<br />

sist<strong>em</strong>ática, na base de dados Pubmed/MEDLINE.<br />

A pesquisa foi limitada a trabalhos publicados nos<br />

últimos 5 anos, <strong>em</strong> humanos, <strong>em</strong> inglês e português, e<br />

utilizando os termos MeSH depressive disorder AND<br />

suicide.<br />

Dos artigos obtidos foram selecionados aqueles<br />

enquadráveis nos objetivos definidos.<br />

RESULTADOS<br />

Foram encontrados 64 artigos dos quais foram<br />

selecionados 11: 10 artigos de revisão e 1 artigo de<br />

revisão sist<strong>em</strong>ática sob a forma de guidelines.<br />

Exist<strong>em</strong> diferentes graus e tipos de depressão, mas o risco<br />

de suicídio deve ser s<strong>em</strong>pre valorizado. É importante fazer<br />

o diagnóstico correto, fazer uma avaliação familiar cuidada<br />

e não ter medo de perguntar acerca de pensamentos de<br />

morte e tentativas de suicídio.<br />

Na verdade, cerca de 2/3 dos indivíduos comunicam a sua<br />

intenção suicida. Dev<strong>em</strong>os avaliar potenciais fatores de<br />

risco, como perturbações mentais, doenças terminais,<br />

abuso de substâncias, morte do cônjuge, des<strong>em</strong>prego,<br />

reforma, ou falta de apoio familiar e/ou social.<br />

Dev<strong>em</strong>os ainda estar atentos aos sinais de alarme mais<br />

comuns, como a angústia permanente, auto-desprezo,<br />

impulsividade, o dizer adeus frequente, ou a oferta de<br />

objetos ou bens pessoais valiosos.<br />

O suicídio é possível prevenir e os Cuidados Primários têm<br />

um papel importante nesse sentido. Quer o médico, quer<br />

o enfermeiro de família, são fundamentais na deteção<br />

precoce do probl<strong>em</strong>a e na abordag<strong>em</strong> adequada, para<br />

minimizar potenciais comportamentos de risco.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Diagnostic and Statistícal Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), American Psychiatric Association. 2013; | 2. Asarnow JR, Miranda J. Improving Care for Depression & Suicide Risk in Adolescents: Innovative Strategies for Bringing Treatments to Community<br />

Settings. Annu Rev Clin Psychol. 2014;10:275–303; | 3. Recommendations on screening for depression in adults. Canadian Task Force on Preventive Health Care. CMAJ. 2013; 185(9):775-782; | 4. Rihmer Z et al. The role of general practitioners in prevention of<br />

depressionrelated suicides. Neuropsychopharmacol Hung. 2012;14(4):245-251; | 5. Raue PJ et al. Suicide Risk in Primary Care: Identification and Manag<strong>em</strong>ent in Older Adults. Curr Psychiatry Rep. 2014; 16(9):466; | 6. Isometsä E. Suicidal Behaviour in Mood Disorders—<br />

Who, When, and Why?. CanJPsychiatry. 2014;59(3):120–130; | 7. Hall CA, Reynolds III CF. Late-life depression in the primary care setting: Challenges, collaborative care, and prevention. Maturitas. 2014;79(2):147–152; |8. ADEB – Associação de Apoio aos Doentes<br />

depressivos e Bipolares (http://www.adeb.pt/); | 9. http://www.spsuicidologia.pt/.


DOMPERIDONA E REDUÇÃO DE EPISÓDIOS DE REFLUXO<br />

DURANTE O PRIMEIRO ANO DE VIDA: QUE EVIDÊNCIA?<br />

Maria João Xará 1 , Michelle Oliveira 2 , Lurdes Romão 3 , Lúcia Gomes 4 , Miguel Costa 4<br />

1<br />

Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Entre Margens<br />

2<br />

Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, UCSP Mira<br />

3<br />

Assistente Graduada de Medicina Geral e Familiar, USF Entre Margens<br />

4<br />

Assistente Hospitalar Graduado(a) de Pediatria, CHEDV<br />

4 a 7 de maio de <strong>2017</strong> – Palácio de Congressos do Algarve<br />

INTRODUÇÃO<br />

O refluxo gastro esofágico (RGE) é um probl<strong>em</strong>a comum <strong>em</strong> idade pediátrica, quer no âmbito de cuidados de saúde primários como <strong>em</strong> secundários, podendo <strong>em</strong><br />

alguns casos verificar-se doença do refluxo gastro esofágico (DRGE). Até 50% das crianças com idade inferior a 3 meses regurgitam pelo menos uma refeição<br />

diariamente 1 , probl<strong>em</strong>a que tende a melhorar com o crescimento, podendo atingir números inferiores a 5% aos 2 anos de idade 2 .<br />

O diagnóstico de RGE é feito usualmente com base na história clínica 3 . O tratamento, que visa a melhoria da sintomatologia, promover o normal crescimento e prevenir<br />

complicações, assenta <strong>em</strong> medidas não farmacológicas e/ou farmacológicas 4 . De entre as opções farmacológicas disponíveis destacam-se os agentes procinéticos, de<br />

que é ex<strong>em</strong>plo a domperidona. Apesar de não existir<strong>em</strong> estudos publicados sobre o seu consumo <strong>em</strong> Portugal, a sua utilização <strong>em</strong> idade pediátrica t<strong>em</strong> sido comum.<br />

É objetivo do presente trabalho sist<strong>em</strong>atizar a evidência disponível acerca do uso de domperidona no primeiro ano de vida na redução de episódios de refluxo gastro<br />

esofágico.<br />

MÉTODOS<br />

Pesquisa de normas de orientação clínica (NOC), metanálises (MA), revisões sist<strong>em</strong>áticas (RS) e ensaios clínicos aleatorizados e controlados (ECA), publicados entre<br />

janeiro de 2000 e outubro de 2016, nas línguas inglesa, francesa, portuguesa e espanhola, nas bases de dados National Guideline Clearinghouse, Canadian Medical<br />

Association Practice Guidelines Infobase, Cochrane Library, Dare, Pubmed, Tripdatabase e SUMsearch. Utilizados os termos MeSH gastroesophageal reflux,<br />

domperidone e infant.<br />

Para avaliação da evidência e atribuição de forças de recomendação (FR) foi utilizada a escala Strenght of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Family<br />

Physician.<br />

RESULTADOS<br />

Organigrama representativo dos artigos obtidos<br />

Principais evidências<br />

Refª Aspetos metodológicos Resultados/ Conclusões<br />

Hegar B et al<br />

2008<br />

(ECAC 5 )<br />

Objetivo: comparar o efeito da domperidona vs cisapride na<br />

frequência de regurgitação, monitorização pH e parâmetros<br />

cardíacos<br />

n=20 (1-12m) – Cisapride n=10 e Domperidona n=10<br />

0,8mg/kg/dia, 3id, 15 minutos antes de refeição, 3s<br />

Os dois fármacos reduz<strong>em</strong> sintomas. Não há<br />

diferença na eficácia entre o cisapride e a<br />

domperidona, mas cisapride reduz sintomas mais<br />

rapidamente.<br />

NE<br />

FR<br />

NE<br />

2<br />

Refª Aspetos metodológicos Resultados/ Conclusões<br />

Kumar Y,<br />

Sarvananthan R<br />

2008<br />

(RS 6 )<br />

Questão clínica: Quais os efeitos do<br />

tratamento do refluxo sintomático <strong>em</strong><br />

crianças?<br />

Não foram encontradas revisões sist<strong>em</strong>áticas ou RCTs com informação direta acerca do uso de domperidona no tratamento de<br />

crianças com DRGE<br />

Não se sabe se a domperidona reduz os sintomas <strong>em</strong> bebés com RGE e pode causar efeitos adversos<br />

NE<br />

2<br />

NE<br />

FR<br />

Tighe MP et al<br />

2009<br />

5 estudos sobre domperidona (1979-<br />

1994) – Total 191 crianças<br />

Há alguma evidência de benefício no uso da domperidona na DRGE <strong>em</strong> crianças (Grau D). Não há efeitos adversos sérios com<br />

domperidona 0.3mg/kg 3id ou 0.6mg/kg 3id <strong>em</strong> crianças (grau D).<br />

NE<br />

2<br />

(RS 3 )<br />

Tighe M et al<br />

2014<br />

(RS 7 )<br />

3 estudos sobre domperidona A evidência dos RCT’s é insuficiente para permitir a avaliação da eficácia dos pró-cinéticos. Dada a diversidade no desenho de<br />

estudos e a heterogeneidade dos outcomes, não foi possível realizar meta-análise sobre eficácia da domperidona.<br />

Doperidoa está associada a relativamente poucos efeitos adversos, mas há casos que reportam efeitos extra-piramidais<br />

NE 2<br />

Vandenplas Y<br />

(NASPGHAN e<br />

ESPGHAN)<br />

2009<br />

,<br />

(NOC 8 )<br />

Painel com 9 gastroenterologistas<br />

pediátricos e 2 epid<strong>em</strong>iologistas<br />

Poteiais efeitos adversos são superiores aos benefícios dos procinéticos no tratamento da DRGE<br />

Ua revisão sist<strong>em</strong>ática recente identificou apenas 4 RCT’s que d<strong>em</strong>onstraram não haver uma evidêia rousta da eficácia da<br />

domperidona na DRGE pediátria<br />

Doperidoa causa efeitos adversos extrapiramidais, ocasionalmente.<br />

NE<br />

2<br />

NICE<br />

2015<br />

(NOC 9 )<br />

Métodos usados para análise da<br />

evidência: meta-análises, revisões de<br />

meta-análises e revisões sist<strong>em</strong>áticas<br />

Não oferecer domperidona o trataeto do RGE e da DGRE se aoselhaeto espeializado.<br />

Doperidoa está assoiada a efeitos adversos significativos como sintomas neurológicos (efeitos discinéticos) e potenciais<br />

disritias<br />

NE<br />

2<br />

FR<br />

B<br />

DISCUSSÃO<br />

A evidência disponível para o uso de domperidona no tratamento sintomático do refluxo gasto esofágico no primeiro ano de vida é muito limitada<br />

e a terapêutica não é isenta de efeitos adversos, destacando-se os efeitos extrapiramidais e o potencial disrítmico, especialmente <strong>em</strong> pacientes<br />

com patologia cardíaca. Pelo exposto, a prescrição deste fármaco nesta situação clinica deve ser ponderada, não sendo recomendada por rotina<br />

(NE 2, FR B).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, et al. Prevalence of symptoms of gastrooesophageal reflux during infancy: a paediatric practice-based survey. Arch Pediatr Adolesc Med 1997; 151: 569-72. 2. Martin AJ, Pratt N, Kennedy JD, et al. Natural history and<br />

familial relationships of infant spilling to 9 years of age. Pediatrics 2002; 109: 1061-7. 3. Tighe MP, Nadeen AA, Bevan A, Beattie RM. Current Pharmacological Manag<strong>em</strong>ent of Gastro-Esophageal Reflux in Children: An Evidence-Based Syst<strong>em</strong>atic Review.<br />

Pediatr Drugs 2009; 11 (3): 185-202. 4. Tighe MP, Cullen M, Beattie RM. How to use: a pH study. Arch Dis Child Ed Pract. 2009; 94: 18-23. 5. Hegar et al. Domperidone versus cisapride in the treatment of infant regurgitation and increased acid gastrooesophageal<br />

reflux: a pilot study. Acta Pediatrica 2009; 98: 750-755. 6. Kumar Y, Sarvananthan R. GORD in Children. Clinical Evidence 2008; 10: 310. 7. Tighe M et al. Pharmacological treatment of children with gastro-oesophageal reflux (Review). The<br />

Cochrane Collaboration 2014. 8. Vandenplas Y et al. Pediatric Gastroesophageal Reflux Clinical Practice Guidelines: Joint Recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (NASPGHAN) and the<br />

European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN). Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition. 2009; 49: 498-547. 9. NICE guideline. Gastro-oesophageal reflux disease in children and young people: diagnosis<br />

and manag<strong>em</strong>ent. 2015.


Pedro Barreira1, Tiago Gonçalves2, Raquel Sanches3, Sara Machado4,Sofia R<strong>em</strong>tula2<br />

(1) Interno de Formação Específica (FE) de Medicina Geral e Familiar (MGF) na USF Alcais, ACeS Cascais<br />

(2) Interno de FE de MGF na USF Conde de Oeiras, ACeS Lisboa Ocidental e Oeiras<br />

(3) Interna de FE de MGF na USF S.Julião, ACeS Lisboa Ocidental e Oeiras<br />

(4) Interna de FE de MGF na USF Samora Correia, ACeS Estuário do Tejo<br />

INTRODUÇÃO<br />

A osteoartrose (OA) é a forma mais comum de reumatismo, um dos principais motivos de<br />

consulta <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar, b<strong>em</strong> como uma das principais causas de absentismo<br />

ao trabalho.1 Enquanto para a maioria dos indivíduos a dor na OA pode ser considerada<br />

nociceptiva, focalizada na articulação afetada e com uma intensidade variável com utilização<br />

da articulação, outros indivíduos experimentam dor referida, podendo ter dor espontânea <strong>em</strong><br />

repouso sugerindo uma componente neuropática da dor.2 A dor na OA pode assumir um<br />

ritmo inflamatório ou mecânico. No primeiro a dor é atribuída primeiramente à sinovite que<br />

t<strong>em</strong> sido d<strong>em</strong>onstrada durante várias fases da doença. Na dor de ritmo mecânico, observa-se<br />

um agravamento da dor com o uso continuo e sobrecarga da articulação, diminuindo com o<br />

repouso.3 O exercício t<strong>em</strong> sido uma componente central para a gestão da OA, visando a<br />

melhoria da amplitude de movimento articular, da força, des<strong>em</strong>penho funcional e redução<br />

dos sintomas.<br />

OBJETIVOS<br />

Revisão do estado de arte existente com vista<br />

a promover discussão sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Revisão da literatura, através de pesquisa de artigos<br />

<strong>em</strong> bases de dados científicos, nomeadamente<br />

MEDLINE-PubMed e UpToDate. Não foi restringida a<br />

pesquisa quanto a revistas ou língua de publicação.<br />

As palavras-chaves foram: osteoartrose, dor, exercício.<br />

RESULTADOS / DISCUSSÃO<br />

Um programa de exercício para a OA deve cont<strong>em</strong>plar<br />

as seguintes componentes: aeróbica, força e<br />

resistência muscular, flexibilidade e funcionalidade.<br />

As recomendações gerais para a prescrição do<br />

exercício na OA são consistentes com as adotadas<br />

para os indivíduos aparent<strong>em</strong>ente saudáveis,<br />

obedecendo ao principio FITT, que apresenta uma<br />

especificação da Frequência (F), Intensidade (I),<br />

T<strong>em</strong>po ou duração (T), e Tipo ou modo (T) do exercício<br />

a realizar.4<br />

Tipo Frequência Intensidade / Duração Observações<br />

Aeróbio (cardiovascular)<br />

Exercícios rítmicos que mobilizam um grande<br />

número de grupos musculares (marcha, bicicleta,<br />

r<strong>em</strong>o, natação, dança)<br />

3 - 5<br />

dias/s<strong>em</strong><br />

60-80% da FC máx / 5-10<br />

min/sessão até 20-30 min por<br />

sessão, se tolerável<br />

OA <strong>em</strong> articulações do m<strong>em</strong>bro inferior optar por atividades de baixo impacto,<br />

como natação, exercícios aquáticos, pois causarão sobrecarga menor do que<br />

exercícios onde exista suporte de peso corporal.<br />

OA numa articulação do m<strong>em</strong>bro superior (ex: gleno-umeral) optar por<br />

exercícios que envolvam os m<strong>em</strong>bros inferiores.<br />

Ajudam a controlar o peso.<br />

Força / resistência muscular<br />

Exercícios <strong>em</strong> que através da contração<br />

muscular há deslocamento de um peso ou de<br />

outro tipo de resistência (pesos livres,<br />

máquinas de musculação, bandas elásticas)<br />

2-3<br />

dias/ s<strong>em</strong><br />

(dias não<br />

consecutivos)<br />

Iniciar com cerca de 10% da força<br />

máxima individual. Progressão até<br />

dor tolerável<br />

Por ex<strong>em</strong>plo no caso da Gonartrose, o fortalecimento seletivo do quadricípite,<br />

é primordial para manter o desenvolvimento deste músculo, combatendo a<br />

atrofia <strong>em</strong> resposta à instalação do ciclo vicioso da dor.<br />

Flexibilidade<br />

Exercícios de alongamento destinados a manter<br />

ou aumentar a amplitude de movimento <strong>em</strong><br />

redor de uma articulação funcional<br />

Mínimo<br />

diariamente<br />

Passivo. Manter 10-30s /<br />

Alongamento dos principais grupos<br />

musculares<br />

Mantém ou melhora a amplitude do movimento e a redução da rigidez,<br />

aumentando a mobilidade articular. Dev<strong>em</strong> ser realizados no inicio do trabalho<br />

aeróbio ou de força.<br />

Funcional<br />

Exercícios que simulam as atividades da vida diária<br />

com o objetivo de melhorar o equilíbrio, marcha e<br />

as tarefas do quotidiano<br />

60-80% da FC máx / 5-10<br />

min/sessão até 20-30 min por<br />

sessão, se tolerável<br />

Promov<strong>em</strong> equilíbrio, fundamental dada a disfunção verificada<br />

nos propriocetivos articulares.<br />

CONCLUSÃO<br />

O exercício físico é uma das opções de intervenção mais válida e de<br />

beneficio reconhecido na promoção da melhoria da aptidão física e do<br />

estado de saúde dos indivíduos com OA. Inúmeras pessoas com OA<br />

poderão ser b<strong>em</strong> sucedidas se integradas <strong>em</strong> programas comunitários<br />

supervisionados por profissionais qualificados, traduzindo-se num alivio<br />

dos sintomas e melhoria franca na Qualidade de Vida. O tipo de exercício<br />

apropriado e a dose certa resultará <strong>em</strong> benefícios, não apenas para as<br />

articulações atingidas pela OA, mas para a saúde <strong>em</strong> geral.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1 Direção Geral de Asúde. Programa Nacional contra as Doenças Reumáticas: Despacho Ministerial de 26-03-2004. Lisboa: DGS, 2004.<br />

2 Hunter DJ, McDougall JJ, Keefe FJ: The symptons of osteoarthritis and the genesis of pain. Rheum Dis Clin North Am. 2008; 34(3): 623-43.<br />

3 Kidd BL. Osteoarthritis and joint pain. 2006; 123 (1-2): 6-9;<br />

4 ACSM s Guidelines for Exercise Testing and Prescription 8Th Edition. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2010.


1000 dias por uma vida<br />

A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NOS PRIMEIROS 1000 DIAS<br />

Catarina Fonseca - Médica IFE de MGF | Patrícia Mora - Médica especialista de MGF | Alexandra Pinho - Médica IFE de MGF | Tatiana Louro - Médica IFE de MGF | Mafalda Pires - Médica IFE de MGF<br />

UCSP Casal de Cambra - ACES Sintra<br />

INTRODUÇÃO<br />

• O acentuado aumento da incidência de doenças como a Obesidade, a Diabetes mellitus, as neoplasias ou as doenças cardiovasculares, tornou-se um probl<strong>em</strong>a de saúde<br />

pública, a nível mundial. Uma nutrição adequada relaciona-se com a manutenção do estado de saúde, mas também com um importante efeito preventivo ou protetor <strong>em</strong><br />

relação a estas doenças.<br />

• A idade de maior plasticidade adaptativa ocorre nos primeiros dias de vida, havendo uma verdadeira janela de oportunidade <strong>em</strong> que o fornecimento de determinados<br />

nutrientes influenciará o desenvolvimento do organismo.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesuisa da iliogafia puliada a PuMed, Medlie e UpToDate, os últios 8 aos, utilizado os teos Me“H das e hild<br />

nutrition.<br />

RESULTADOS<br />

Desde a conceção até ao final do<br />

segundo ano de vida.<br />

Crescimento intrauterino e infantil inadequados<br />

Importância do<br />

estado<br />

nutricional<br />

materno<br />

Preconceção<br />

- 9 meses<br />

JANELA DE OPORTUNIDADE<br />

para a programação nutricional<br />

precoce da vida.<br />

Nascimento<br />

2 anos<br />

Rim<br />

- HTA<br />

- Insuf. renal<br />

Cérebro<br />

- Desregulação<br />

do apetite<br />

Alterações no crescimento, vascularização e<br />

metabolismo nos orgãos<br />

Fígado<br />

- Alteração do<br />

metabolismo da<br />

glicose e da<br />

gliconeogénese<br />

Pâncreas<br />

endócrino<br />

↓ Massa élulas eta<br />

↑ apoptose ilhéus<br />

↓ vasulaização ilhéus<br />

↑stess oidativo ilhéus<br />

Músculo<br />

e Tecido<br />

Adiposo<br />

- Alteração<br />

da resposta<br />

à insulina<br />

- Resistência ao<br />

glucagon<br />

Hiperglicémia / Hiperinsulinémia / Resistência à insulina<br />

Exist<strong>em</strong> determinantes dietéticos, comportamentais e de saúde que<br />

se associam a uma ótima nutrição, crescimento e desenvolvimento.<br />

Síndrome Metabólica<br />

São sugeridas 6 intervenções nutricionais fundamentais:<br />

SUPLEMENTAÇÃO DE<br />

FERRO E ÁCIDO<br />

FÓLICO NA GRAVIDEZ<br />

SUPLEMENTAÇÃO DE<br />

VITAMINA A<br />

ALEITAMENTO<br />

MATERNO EXCLUSIVO<br />

ATÉ AOS 6M<br />

USO DE ZINCO EM<br />

EPISÓDIOS DE<br />

DIARREIA<br />

ALIMENTAÇÃO<br />

COMPLEMENTAR<br />

GARANTIA DE ÁGUA,<br />

SANEAMENTO BÁSICO<br />

E HIGIENE ADEQUADA<br />

↓ Moilidade e<br />

mortalidade na infância<br />

Nutrição e desenvolvimento fetal e infantil ótimos<br />

↓ Oesidade e doeças<br />

não contagiosas<br />

↑ Desevolvieto ogitivo,<br />

motor e socio-<strong>em</strong>ocional<br />

↑ Capaidade de<br />

aprendizag<strong>em</strong><br />

↑ Capaidade de<br />

trabalho e produtividade<br />

Recomendado <strong>em</strong><br />

zonas de deficiência<br />

Recomendado <strong>em</strong> países<br />

<strong>em</strong> desenvolvimento<br />

CONCLUSÕES<br />

<br />

Segundo a WONCA Europa, a Medicina Geral e Familiar caracteriza-se por promover a saúde e b<strong>em</strong>-estar através de intervenções tanto apropriadas como efetivas, tendo<br />

uma responsabilidade específica pela saúde da comunidade.<br />

<br />

O Médico de Família pode promover uma nutrição adequada nos primeiros 1000 dias de vida através de diversas intervenções, nomeadamente através da modulação das<br />

influências maternas durante a gestação, promoção do aleitamento materno e impl<strong>em</strong>entação precoce de uma dieta equilibrada. A promoção destas ações permite um<br />

saudável e adequado desenvolvimento físico, cognitivo e socio<strong>em</strong>ocional.<br />

<br />

É fundamental que as crianças tenham um ambiente propício e acolhedor que permita o desenvolvimento de laços fortes com os seus cuidadores.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Cunha A, Leite A, Almeida I. The pediatiia’s role in the first thousand days of the child: the pursuit of healthy nutrition and development. Jornal de Pediatria. 2015;91 (6 Suppl 1):44-51. 2. Blake-amb TL, Locks LM, Perkins ME,<br />

Woo Baidal JA, Cheng ER, Taveras EM. Interventions for Childhod Obesity in the First 1000 Days A Syst<strong>em</strong>atic Review. American Journal of Preventive Medicine. 2016; 50(6):780-789. 3. Mameli C, Mazzantini S, Zucccotti GV. Nutrition<br />

in the First 1000 Days: The origin of childhood obesity. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2016; 13:838-847. 4. Save the children. Nutrition in the First 1,000 Days. State of the World's Mothers 2012.<br />

Disponível <strong>em</strong>: http://www.savethechildren.es/docs/Ficheros/517/Mothers_2012_Asia_lr.pdf. 5. The Lancet. Maternal and Child Nutrition. Executive Summary of The Lancet Maternal and Child Nutrition Series. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://thousanddays.org/wp-content/uploads/2013/06/Nutrition_exec_summ_final.pdf.23WQES43. 6. Naudeau S, Kataoka N, Valerio A, Neuman MJ, Elder LK. Como investir na primeira infância: um guia para a discussão de políticas<br />

e a preparação de projetos de desenvolvimento da primeira infância. São Paulo. Editora Singular. 2011.


Evidência da terapêutica<br />

tópica na Gonartrose<br />

Faria, Filipa<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar na UCSP Mirandela II<br />

Contacto: filipaguedesfaria@gmail.com<br />

Introdução e objetivos<br />

•A osteoartrose (OA) é uma patologia articular<br />

degenerativa comum, com prevalência crescente e<br />

com grande impacto na qualidade de vida dos<br />

doentes, nomeadamente nas suas atividades<br />

laborais por limitação funcional. Afeta principalmente<br />

as articulações de carga, como o joelho. A<br />

gonartrose é causa de morbilidade considerável,<br />

sendo a dor o sintoma mais frequente. Os antiinflamatórios<br />

não esteroides (AINE) tópicos pod<strong>em</strong><br />

representar uma atitude terapêutica mais segura e<br />

uma forma de diminuir o uso e efeitos secundários<br />

da via oral. Com este trabalho pretende-se rever a<br />

evidência disponível sobre o benefício do uso de<br />

terapêutica tópica no tratamento da dor na<br />

osteoartrose do joelho.<br />

Métodos de revisão<br />

•Foi efetuada uma pesquisa de Normas de<br />

Orientação Clínica (NOC), Revisões Sist<strong>em</strong>áticas<br />

(RS), Meta-análises (MA) e Artigos Originais (AOr)<br />

nas bases de dados de Medicina Baseada na<br />

Evidência, publicadas entre Janeiro 2000 e<br />

Set<strong>em</strong>bro 2016, nas línguas portuguesa, inglesa e<br />

espanhola, utilizando os termos Mesh:<br />

“administration topical”, “administration cutaneous”,<br />

“anti-inflammatory agentes, non steroidal” and<br />

“osteoarthritis“. Incluíram-se ainda artigos<br />

relacionados. Utilizou-se para a classificação do<br />

nível de evidência e da força de recomendação (FR)<br />

pelos critérios Strength of Recommendations<br />

Taxonomy (SORT) da American Acad<strong>em</strong>y of Family<br />

Physicians para a avaliação da qualidade dos<br />

estudos e atribuição de forças de recomendação.<br />

Guidelines<br />

Autor (ano) Resultados Força de<br />

recomendação<br />

American College of Reumatology<br />

2012<br />

Se não existir resposta satisfatória ao paracetamol <strong>em</strong> dose<br />

máxima, deve ser usado um AINE tópico ou oral ou injeção articular<br />

de corticoide.<br />

A terapia tópica deve ser a 1ª escolha <strong>em</strong> maiores de 75 anos.<br />

FR A<br />

FR B<br />

OARSI 2010<br />

Royal Australian College of General<br />

Praticioners 2009<br />

NICE 2008<br />

Pod<strong>em</strong> ser usados como adjuvantes e/ou alternativa aos<br />

analgésicos / anti-inflamatórios orais.<br />

Dev<strong>em</strong> ser utilizados <strong>em</strong> tratamento de curta duração.<br />

Juntamente com medidas não farmacológicas (exercício, educação,<br />

perda de peso), são o tratamento de 1ª linha e/ou o paracetamol.<br />

FR A<br />

FR B<br />

FR A<br />

Meta-análises<br />

Autor (ano) Metodologia Resultados Força de<br />

recomendação<br />

Derry S. 2012<br />

• 23 ECAC (n= 4167) / AINE tópico vs placebo<br />

• Avaliação da dor “sucesso clínico” reportado pelo<br />

doente<br />

• Follow up 8-12 s<strong>em</strong>anas<br />

• O diclofenac mostrou-se eficaz na<br />

redução da dor AO do joelho <strong>em</strong><br />

comparação com placebo (11-16%<br />

superior ao placebo)<br />

•Não foi possível avaliar a eficácia de<br />

outros compostos<br />

NE 2<br />

Towheed TE.<br />

2006<br />

• 3 ECAC (n= 593) / diclofenac tópico vs placebo<br />

• Avaliação da dor – sub escala womak – LK para<br />

a dor<br />

• Follow up 4-12 s<strong>em</strong>anas<br />

• O diclofenac reduziu a dor <strong>em</strong><br />

comparação com o placebo (absolute<br />

effect size = 0,33(IC 95%; 0,18-0,48))<br />

NE 2<br />

Biswal S.<br />

2006<br />

• 4 ECAC (n= 709) / diclofenac ou eltenac tópico vs<br />

placebo<br />

• Avaliação da dor – escala womak ou escala<br />

visual analógica<br />

• Follow up 4-12 s<strong>em</strong>anas<br />

• AINE tópicos foram eficazes no alívio da<br />

gonalgia durante 4 ou mais s<strong>em</strong>anas<br />

(absolute effect size = 0,28 (IC 95%; 0,14-<br />

0,42))<br />

NE 2<br />

Lin J. 2004 • 2-7 ECAC consoante follow up (n= 442-1000) /<br />

AINE tópico (diclofenac / eltenac / salicilatos /<br />

ibuprofeno) vs placebo<br />

• Usadas diferentes posologias e escalas<br />

• Follow up 1-4 s<strong>em</strong>anas<br />

• Redução da dor nas primeiras duas<br />

s<strong>em</strong>anas<br />

1ª s<strong>em</strong>ana: absolute effect size = 0,41<br />

(IC 95%; 0,16-0,66)<br />

2ª s<strong>em</strong>ana: absolute effect size = 0,40<br />

(IC 95%; 0,15-0,65)<br />

NE 2<br />

Conclusão<br />

•A evidência disponível é pouca e encontra-se limitada a Ensaios Clínicos<br />

Aleatorizados e Controlados com duração máxima de 12 s<strong>em</strong>anas, com<br />

limitações metodológicas, mas aponta para a eficácia da utilização dos<br />

AINE tópicos na redução da dor na AO do joelho (FR B). No entanto, a<br />

heterogeneidade dos compostos estudados e duração dos ensaios limitam<br />

as conclusões e aplicabilidade na prática diária, pelo que são necessários<br />

mais estudos nesta área, nomeadamente com maior duração e seguimento.<br />

Bibliografia<br />

Hochberg M.; “American College of Rheumatology 2012 Recommendations for the<br />

Use of Nonpharmacologic and Pharmacologic Therapies in Osteoarthritis of the<br />

Hand, Hip, and Knee” Arthritis Care & Research. Vol. 64, No. 4, April 2012, pp<br />

465–474.<br />

Zhang W. “OARSI recommendations for the manag<strong>em</strong>ent of hip and knee<br />

osteoarthritis. Part III: changes in evidence following syst<strong>em</strong>atic cumulative update<br />

of research published through January 2009” Osteoarthritis and Cartilage 18<br />

(2010) 476–499.<br />

The Royal Australian College of General Practitioners. “Guideline for the nonsurgical<br />

manag<strong>em</strong>ent of hip and knee osteoarthritis”. Jully 2009.<br />

National Institute for health and clinical excellence. “Osteoarthritis The care and<br />

manag<strong>em</strong>ent of osteoarthritis in Adults”. Nice. February 2008.<br />

Derry S. et al. “Topical NSAIDs for chronic musculoskeletal pain in adults -<br />

Review”. Cochrane database syst rev 2012 set.<br />

Towheed TE . “Pennsaid therapy for osteoarthritis of the knee: a syst<strong>em</strong>atic review<br />

and metaanalysis of randomized controlled trials.” J Rheumatol. 2006<br />

Mar;33(3):567-73.<br />

Biswal S. “Longterm efficacy of topical nonsteroidal antiinflammatory drugs in knee<br />

osteoarthritis: metaanalysis of randomized placebo controlled clinical trials.” J<br />

Rheumatol. 2006 Sep;33(9):1841-4.<br />

Lin J. “Efficacy of topical non-steroidal anti-inflammatory drugs in the treatment of<br />

osteoarthritis: meta-analysis of randomised controlledTrials”. BMJ,<br />

doi:10.1136/bmj.38159.639028.7C (published 30 July 2004)


ALGORITMO DE ABORDAGEM DA DIMINUIÇÃO DA FORÇA MUSCULAR<br />

AGUDA NÃO TRAUMÁTICA NO ADULTO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA<br />

INTRODUÇÃO<br />

Débora Franco 1 , Helena Conceição 2 , Diogo Romeira 1 , Tânia Teixeira 1 , Marina Gouveia 2<br />

1<br />

Centro de Saúde de Machico, Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, EPE<br />

2<br />

Centro de Saúde de Machico, Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, EPE<br />

A fraqueza/diminuição da força muscular aguda (DFMA) é uma queixa inespecífica comum no Serviço de Urgência (SU), que engloba um amplo<br />

diagnóstico diferencial. As causas inclu<strong>em</strong> doenças neurológicas e uma variedade de condições não neurológicas. O diagnóstico de doenças<br />

neurológicas com potencial risco de vida e de processos neuromusculares, requer uma abordag<strong>em</strong> anatómica sist<strong>em</strong>ática, baseada na anamnese e<br />

exame físico minuciosos, e <strong>em</strong> alguns casos, exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico (ECD).<br />

OBJETIVO<br />

Realizar um algoritmo de abordag<strong>em</strong> da DFMA no adulto no SU primário e hospitalar.<br />

MÉTODOS<br />

Realizou-se no adulto. uma pesquisa bibliográfica na base de dados medline e uptodate. Desenvolveu-se um algoritmo de abordag<strong>em</strong> no SU da<br />

DFMA de causa não traumática<br />

DFMA com sinais de dificuldade respiratória ou instabilidade h<strong>em</strong>odinâmica?<br />

1.Estabilização da via aérea, respiração e<br />

circulação.<br />

2.Pesquisar causas que exijam intervenção<br />

<strong>em</strong>ergente (ex. AVC, H<strong>em</strong>orragia<br />

intracerebral, Sindrome de Guillian-Barré,<br />

mielopatia cervical, intoxicação por<br />

organofosforatos.<br />

Bilateral<br />

ou unilateral?<br />

Objetivar se<br />

verdadeira fraqueza<br />

muscular<br />

Avaliar causas de risco de vida por<br />

doenças não-neuromusculares (ex.<br />

SCA, sépsis)<br />

Bilateral<br />

Unilateral<br />

Diminuição do estado mental?<br />

Processo<br />

cerebral massivo<br />

Processo do<br />

tronco cerebral<br />

Sinais de NMS + défice<br />

de NC?<br />

Sinais de NMS<br />

+ défice NC +<br />

tetraparesia<br />

com/s<strong>em</strong><br />

incontinência<br />

de esfíncteres?<br />

Associado a sinais de<br />

envolvimento neurológico central?<br />

1. Lesão cortical: afasia,<br />

h<strong>em</strong>ineglect, apraxia, défice<br />

visual<br />

2. Lesão lacunar: h<strong>em</strong>iparesia<br />

motora, h<strong>em</strong>iparesia<br />

atáxica, “mão desajeitada”<br />

3. Lesão do tronco cerebral:<br />

défices dos nervos<br />

cranianos<br />

Pesquisar doença do nervo<br />

periférico<br />

1. Radiculopatia: fraqueza<br />

e dor miotomal<br />

2. Plexopatia: braquial ou<br />

lombar<br />

3. Lesão ou<br />

aprisionamento de<br />

nervo periférico<br />

Possível<br />

mielopatia cervical<br />

Sinais de NMS + alterações<br />

sensoriais + paraparésia<br />

com/s<strong>em</strong> incontinência de<br />

esfíncteres?<br />

NC – nervo craniano<br />

NMS – neurónio motor superior<br />

NMI - neurónio motor inferior<br />

Sinais de atingimento de neurónio motor superior - presença de espasticidade, hiper-reflexia, sinal de Babinski positivo<br />

Sinais de atingimento de neurónio motor inferior - hipotonia e hiporreflexia<br />

CONCLUSÕES<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Possível mielopatia<br />

dorsal ou lombar<br />

Sinais de NMI + alterações<br />

motoras e sensitivas<br />

predominant<strong>em</strong>ente dos MI?<br />

Possível<br />

polineuropatia aguda<br />

Na abordag<strong>em</strong> no SU da DFMA não traumática é fundamental a anamnese e exame físico e por vezes ECD como a tomografia computorizada<br />

cerebral, ressonância magnética cerebral ou medular, análise do líquido cefalorraquidiano e testes de função pulmonar, pois são vários os<br />

diagnósticos diferenciais.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Asimos AW. Weakness: A syst<strong>em</strong>atic approach to acute, non-traumatic, neurologic and neuromuscular causes. Emer Med Pract 2002; 4:1.| Asimos AW. Evaluation os the adult with acutness<br />

in the <strong>em</strong>ergency department. Uptodate May, 2015.| Goetz CG. Text<strong>book</strong> of Clinical Neurology. Philadelphia: W.B. Saunders, Sept<strong>em</strong>ber 2007.| Juel VC, Bleck TP. Neuromuscular disorders in<br />

critical care. In: Grenvik A, Ayres SM, Holbrook PR, et al, eds. Text<strong>book</strong> of Critical Care. Philadelphia: W.B. Saunders; 2000:1886-1894.


PROBIÓTICOS<br />

Qual a evidência na redução da morbilidade,<br />

na diarreia aguda, <strong>em</strong> idade pediátrica.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Vilares, C (1) ; Ramos, M (2) – Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

Unidade Local de Saúde do Alto Minho: (1) USF UarcoS; (2) USF Arquis Nova.<br />

A gastroenterite resulta num dos principais motivos de recorrência aos serviços de saúde, <strong>em</strong> idade pediátrica.<br />

Os probióticos são microorganismos vivos que quando administrados <strong>em</strong> quantidades apropriadas pod<strong>em</strong> conferir benefício à saúde do<br />

hospedeiro, no entanto, as orientações da Sociedade Europeia de Pediatria e Doenças Infecciosas são vagas quanto as recomendações<br />

sobre o seu uso e benefício. Apesar disso, estes estão a tornar-se cada vez mais populares no tratamento da diarreia.<br />

OBJECTIVO: Rever a evidência existente sobre o efeito do uso de probióticos, sobre a morbilidade, na diarreia aguda, <strong>em</strong> idade pediátrica.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa de guidelines, revisões e metanálises, publicadas entre 2010-2015, nos principais sítios de <strong>medicina</strong> baseada na evidência.<br />

TERMOS MESH: diarrhea AND probiotic AND morbidity.<br />

População: indivíduos com idade < 18 anos, com diarreia aguda<br />

Intervenção: prescrição/supl<strong>em</strong>entação de probiótico<br />

Comparação: ausência de prescrição<br />

Outcome: diminuição da morbilidade global<br />

Critérios de Exclusão<br />

Doença sistémica prévia<br />

Doença inflamatória intestinal prévia<br />

Uso de probiótico ou antibioterapia nas<br />

quatro s<strong>em</strong>anas prévias<br />

Disenteria<br />

Os níveis de evidência (NE) e forças de recomendação (FR) foram aplicados segundo a Strenght of Recommendation Taxonomy (SORT), da American Family Physician.<br />

RESULTADOS<br />

Obtidos 68 artigos, 58 excluídos pelo título/abstract, 1 repetido e 2 por cumprir<strong>em</strong> critérios de exclusão.<br />

Seleccionaram-se: 3 Revisões de T<strong>em</strong>a (RT), 2 Meta-Análises (MA), 1 Revisão Sist<strong>em</strong>ática (RS) e 1 Estudo Clínico Aleatorizado Controlado (ECAC)<br />

Referência<br />

Tipo de<br />

Estudo<br />

Comentário<br />

NE<br />

Best evidence stat<strong>em</strong>ent (best). Use of<br />

lactobacillus rhamnosus GG in children with<br />

acute gastroenteritis. (2011)<br />

RT<br />

• Recomendado administrar LGG a crianças com GEA, para diminuição do t<strong>em</strong>po e duração de hospitalização por diarreia.<br />

• Tratar o mais precoc<strong>em</strong>ente possível, com uma dose de pelo menos 1010 unidade formadoras de colónias, por 5 a 7 dias 2<br />

Acute diarrhea in adults and children:<br />

a global perspective. (2012)<br />

RT<br />

• L. reuteri ATCC 55730, L. rhamnosus GG, L. casei DN-114 001, e Saccharomyces cerevisiae (boulardii) são úteis na diminuição<br />

da severidade e duração da diarreia <strong>em</strong> crianças.<br />

• Probióticos diminu<strong>em</strong> a duração da diarreia <strong>em</strong> 1 dia. A evidência do benefício na GEA viral é superior <strong>em</strong> comparação com<br />

GEA bacteriana<br />

3<br />

Evidence-Based Guidelines for the<br />

Manag<strong>em</strong>ent of Acute Gastroenteritis in<br />

Children in Europe - European Society for<br />

Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and<br />

Nutrition/European Society for Pediatric<br />

Infectious Diseases. (2014)<br />

RT<br />

• O uso concomitante com soro de re-hidratação oral é benéfico na diminuição da duração e intensidade da diarreia - L<br />

rhamnosus GG e S boulardii<br />

• A eficácia e a segurança depende das estirpes<br />

Bifidobacterium lactis in treatment of<br />

children with acute diarrhea. A randomized<br />

double blind controlled trial. (2015)<br />

Syst<strong>em</strong>atic review of probiotics for the<br />

treatment of community-acquired acute<br />

diarrhea in children. (2013)<br />

Gastroenteritis Therapies in Developed<br />

Countries: Syst<strong>em</strong>atic Review and Meta-<br />

Analysis. (2015)<br />

Effectiveness and safety of Saccharomyces<br />

boulardii for acute infectious diarrhea. (2012)<br />

ECAC<br />

RS<br />

MA<br />

MA<br />

• Todas as crianças admitidas no estudo (n = 50) receberam o tratamento preconizado pela OMS, para a diarreia aguda;<br />

• Grupo B.lactis (n = 25) – leite supl<strong>em</strong>entado com Bifidobacterium lactis 14,5x106 CFU/100ml /dia, durante 1 s<strong>em</strong>ana; Grupo<br />

controlo (n = 25) – leite não supl<strong>em</strong>entado .<br />

• A duração da diarreia, <strong>em</strong> média, foi menor do que nos controlos ( 3,12 ± 0,92 vs. 4,10 ± 0,94 dias ) (p = 0,02 );<br />

• O número de dejecções por dia foi menor do que nos controlos ( 3,96 ± 0,62 vs. 4,46 ± 0,85 ) (p = 0,04 );<br />

• A alta hospitalar < 2 dias foi mais frequente do que nos controles ( 72% versus 44%) (p = 0,048) .<br />

• Não houve efeito sobre a febre (p = 0,63 ) ou vómitos (p = 0,54 ) .<br />

• O probióticos reduz<strong>em</strong> a duração da diarreia <strong>em</strong> 14% e a frequência de dejecções ao segundo dia <strong>em</strong> 13,1%. Não mostrar<strong>em</strong><br />

ter relação com o risco de hospitalização pela diarreia (probiótico vs. Placebo) 1<br />

• 6 estudos, envolvendo 1170 pacientes, estudaram diferentes probióticos. (5 estudos - probióticos individualmente vs.<br />

Placebo; 1 estudo – combinação probióticos vs. Placebo).<br />

• Nenhum estudo revelou necessidade de cuidados de saúde posteriores, após resolução do quadro. Outro estudo revelou não<br />

haver diferença entre os diferentes grupos relativamente a necessidade de recorrer ao serviço de urgência. Três estudos não<br />

revelaram diferenças na necessidade de internamento <strong>em</strong> 7 dias. Baseado num estudo, mostrou-se não haver diferença entre<br />

grupos (probiótico vs. Placebo) relativamente a necessidade de hidratação ev durante 7 dias.<br />

• 11 estudos randomizados controlados, envolvendo 1306 crianças revelaram que a S. boulardii reduz significativamente a<br />

duração da diarreia comparativamente ao controlo<br />

• 9 estudos randomizados controlados, envolvendo, 1128 crianças d<strong>em</strong>onstraram que a S. boulardii reduz significativamente o<br />

risco de diarreia ao terceiro dia de doença, assim como a duração da hospitalização, comparativamente ao grupo controlo.<br />

• Com S. boulardii o número de dejecções diarreicas diminuiu ao segundo dia, no entanto, essa diminuição é mais significativa<br />

ao terceiro dia.<br />

1<br />

1<br />

1<br />

CONCLUSÕES<br />

Segundo a evidência, os probióticos (L. rhamnosus, B. lactis e S. boulardii) mostraram efeito na redução da duração do episódio de diarreia<br />

aguda, <strong>em</strong> crianças, assim como, no número de dejecções ao 2º/3º dia e no encurtamento do t<strong>em</strong>po de hospitalização. No entanto, estes<br />

resultados não pod<strong>em</strong> ser extrapolados, uma vez que não pod<strong>em</strong> generalizados para todas as estirpes de probióticos. Mais estudos<br />

clínicos aleatorizados controlados são necessários nesta área, pelo que se atribui uma FORÇA DE RECOMENDAÇÃO B.<br />

Bifidobacterium lactis in treatment of children with acute diarrhea. A randomized double blind controlled trial. The Journal of Medical Science. 2015 Sep 15; 3(3):403-407; Effectiveness and safety of Saccharomyces boulardii for acute infectious diarrhea. Expert<br />

Opinion Biol. Ther. 2012 12(4); Syst<strong>em</strong>atic review of probiotics for the treatment of community-acquired acute diarrhea in children. BMC Public Health 2013, 13(Suppl3):S16; Gastroenteritis Therapies in Developed Countries: Syst<strong>em</strong>atic Review and Meta-Analysis.<br />

PLOS ONE | DOI:10.1371/journal.pone.0128754; June 15, 2015; Best evidence stat<strong>em</strong>ent (BESt). Use of Lactobacillus rhamnosus GG in children with acute gastroenteritis; Cincinnati Children's Hospital Medical Center - Hospital/Medical Center, 2011 Apr 15; World<br />

Gastroenterology Organisation global guidelines: acute diarrhea in adults and children: a global perspective.; World Gastroenterology Organisation - Medical Specialty Society. 2008 Mar; European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and<br />

Nutrition/European Society for Paediatric Infectious Diseases evidence-based guidelines for the manag<strong>em</strong>ent of acute gastroenteritis in children in Europe; Publisher: European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition, 01 July 2014


SERÃO AS ESCOLAS MAIS SEGURAS PARA AS CRIANÇAS<br />

DO QUE LOCAIS PÚBLICOS?<br />

Sara Santos<br />

USF Douro Vita – ACES Douro Sul<br />

Introdução: As escolas são um local onde ocorre um número<br />

significa3vo de acidentes <strong>em</strong> cada ano. Este 3po de acidentes, pelas<br />

suas caracterís3cas e pela limitação funcional que impõ<strong>em</strong>, são causa<br />

importante de morbilidade infan3l, com impacto importante a vários<br />

níveis. A ideia desta revisão surgiu na sequência do elevado número de<br />

acidentes escolares com que a interna teve contacto no estágio de<br />

urgência de Ortotraumatologia.<br />

Objetivo<br />

Este trabalho procura fazer uma revisão do conhecimento<br />

cienEfico existente <strong>em</strong> relação à incidência, grupos etários mais<br />

afetados, o 3po de acidentes mais prevalentes e as a3vidades<br />

relacionadas com os acidentes. Foi também obje3vo relacionar<br />

o número de acidentes ocorridos <strong>em</strong> ambiente escolar e nos<br />

espaços públicos.<br />

Metodologia:<br />

o Pesquisa de meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>á3cas e ensaios clínicos<br />

o Plataformas MedLine/Pubmed, TripDataBase e Cochrane<br />

o Publicações entre 1996 e 2016<br />

o Termos MeSH: “school injuries”, “children”<br />

Resultados:<br />

Apesar de não exis3r<strong>em</strong> dados oficiais sobre todos os acidentes <strong>em</strong> ambiente escolar:<br />

² números que apontam para um aumento destes casos:<br />

2010/2011 22,2% vs 2008 19,4%<br />

² Local dos acidentes:<br />

5-19 anos<br />

22% <strong>em</strong> ambiente escolar<br />

² Grupo etário: maior parte dos trauma3smos ocorre no grupo dos 5 aos 14 anos, com especial incidência entre os 10 e os 14 anos<br />

0-4 anos 7% 5-9 anos 28,5% 10-14 anos 50,4% 15-19 anos 22,2%<br />

² Tipo de acidentes: metade são quedas<br />

² Lesões:<br />

Contusões e h<strong>em</strong>atomas 64,8% Fraturas e luxações 24%<br />

² Acidentes <strong>em</strong> que contexto:<br />

- Àrea de Educação Física (futebol, andebol e jogos)<br />

- Locais de recreio<br />

- Devido a quedas nas escadas por <strong>em</strong>purrão<br />

Um terço de todos os acidentes ocorre onde<br />

as aNvidades são supervisionadas<br />

Os acidentes escolares e <strong>em</strong> espaço público<br />

ocorr<strong>em</strong> com frequência s<strong>em</strong>elhante<br />

Discussão: Os casos mais graves chegam às urgências e são reportados porque implicam a a3vação do seguro escolar, mas há muitos<br />

outros acidentes que acontec<strong>em</strong> na escola e não são registados. As fraturas e luxações pod<strong>em</strong> impor maior período de tratamento, são<br />

causa de morbilidade infan3l devido ao envolvimento das placas de crescimento ósseo e resultam <strong>em</strong> perda de t<strong>em</strong>po escolar <strong>em</strong> termos<br />

de a3vidades educacionais, recrea3vas e despor3vas. Os acidentes escolares são mo3vo de preocupação uma vez que ocorr<strong>em</strong> num<br />

ambiente supervisionado e deve ser este o alvo de medidas de prevenção de acidentes.<br />

Bibliografia: Batalha S et al, Acidentes <strong>em</strong> Crianças e jovens, que contexto e que abordag<strong>em</strong>?, Acta Pediátrica Portuguesa, 2016; Maitra S, School accidents to children:<br />

3me to act, J Accid Emerg Med, 1997; Sweeney J, Are schools safer for children than public places?, J Accid Emerg Med, 1996; K<strong>em</strong>p A, Sibert J, Childhood accidents:<br />

epid<strong>em</strong>iology, trends and preven3on, J Accid Emerg Med, 1997; Bastos A et al, Programa Nacional de Prevenção de Acidentes 2010-2016, Direcção de Serviços de Promoção<br />

e Protecção da Saúde Divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional, Lisboa, 2010 ; School injuries: what we know, what we need; Injuries at school: a review; Venâncio M,<br />

Prevalência dos acidentes <strong>em</strong> espaço escolar e percepção dos agentes educa3vos, 2014


E os homens não têm “direito” a<br />

sofrer de osteoporose?<br />

Sara Santos<br />

USF Douro Vita – ACES Douro Sul<br />

Introdução:<br />

A osteoporose é uma patologia com elevado impacto na sociedade ocidental e globalmente e que,<br />

principalmente no caso dos homens, é muitas vezes ignorada e não tratada. As fraturas osteoporó=cas estão<br />

associadas a um fardo pesado <strong>em</strong> termos de despesa com cuidados de saúde, morbilidade e mortalidade.<br />

Este trabalho foi mo=vado pelo facto de numa amostra de 126 indivíduos do sexo masculino com idade igual<br />

e superior a 65 anos, pertencentes a uma Unidade de Saúde Familiar do ACES Douro II, apenas dois<br />

apresentam estudo com densitometria óssea.<br />

Objetivo do trabalho:<br />

Averiguar sobre a prevalência da osteoporose nos homens, suas consequências, quando tratar e como<br />

Metodologia:<br />

o Pesquisa de meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>á=cas e ensaios clínicos<br />

nas línguas inglesa e portuguesa<br />

o Plataformas MedLine/Pubmed, TripDataBase e Cochrane<br />

o Publicações entre 2008 e 2016<br />

o Termos MeSH: “osteoporosis”, “men”, “bone densitometry”, “treatment”<br />

Resultados:<br />

² 1 <strong>em</strong> cada 8 homens com mais de 50 anos sofre uma fratura provocada pela<br />

osteoporose<br />

² Fraturas que envolv<strong>em</strong> a anca e as vértebras mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

associadas a uma maior morbilidade e mortalidade<br />

² Morr<strong>em</strong> mais homens do que mulheres como consequência deste =po de<br />

fraturas<br />

² O declínio dos níveis de esteróides sexuais e, <strong>em</strong> par=cular, dos níveis de<br />

estrogénios biodisponíveis, parec<strong>em</strong> des<strong>em</strong>penhar um papel importante na<br />

mediação da perda de massa óssea relacionada com a idade nos homens<br />

² O tratamento da osteoporose é geralmente recomendado nos homens com<br />

50 anos ou mais que apresent<strong>em</strong> uma densidade mineral óssea baixa ou<br />

história pessoal de fratura da coluna ou anca<br />

² Os bifosfonatos (habitualmente primeira linha se não houver<br />

contraindicações), o teripara=de (forma recombinante da hormona<br />

para=roideia) e o denosumab (an=corpo monoclonal) d<strong>em</strong>onstraram<br />

reduzir o risco de fraturas vertebrais, não vertebrais e da anca.<br />

Discussão:<br />

A osteoporose nos homens não é um probl<strong>em</strong>a raro mas sim um parâmetro clínico tão importante como o é<br />

para as mulheres. Os homens são raramente avaliados ou tratados para a osteoporose, <strong>em</strong> parte porque o<br />

reconhecimento do probl<strong>em</strong>a não se encontra tão difundido como no caso das mulheres. A densitometria<br />

óssea deve ser considerada primeira escolha para avaliar a resistência óssea. A terapêu=ca deve ser<br />

individualizada, o que inclui balancear os riscos e os benebcios dos bifosfonatos. Dada a disponibilidade de<br />

terapêu=cas eficazes na prevenção e tratamento da osteoporose nos homens, a consciencialização para esta<br />

patologia é essencial na prevenção da morbilidade e mortalidade como consequências de fraturas <strong>em</strong><br />

homens idosos.<br />

BiBliografia:: Hannan MT, Felson DT, Dawson-Hughes B, Tucker KL, Cupples LA, Wilson PWF, Kiel DP 2000 Risk factors for longitudinal bone loss in elderly men and women: the Framingham osteoporosis study. J Bone Miner Res ; Jones G, Nguyen T, Sambrook P, Kelly PJ, Eisman JA 1994 Pro- gressive loss of<br />

bone in the f<strong>em</strong>oral neck in elderly people: longi- tudinal findings from the Dubbo osteoporosis epid<strong>em</strong>iology study. BMJ; Melton LJ, Chrischilles EA, Cooper C, Lane AW, Riggs BL 1992 How many women have osteoporosis. J Bone Miner Res ; Forsen L, Sogaard AJ, Meyer HE, Edna T, Kopjar B 1999 Survival aVer<br />

hip fracture: short- and long-term excess mortality according to age and gender. Osteoporos Int; Center JR, Nguyen TV, Schneider D, Sambrook PN, Eisman JA 1999 Mortality aVer all major types of osteoporo[c fracture in men and women: an observa[onal study. Lancet


Depressão ou D<strong>em</strong>ência,<br />

eis a questão<br />

Sara Santos<br />

USF Douro Vita – ACES Douro Sul<br />

Introdução: A d<strong>em</strong>ência e a depressão são os transtornos neuropsiquiátricos mais comuns <strong>em</strong> idosos. Em 2010, a<br />

d<strong>em</strong>ência afetava cerca de 35 milhões de pessoas <strong>em</strong> todo o mundo, com a perspeGva de este número duplicar a cada 20<br />

anos. Segundo esGmaGvas da World FederaGon for Mental Health, a depressão aGnge cerca de 350 milhões de pessoas. As<br />

duas enGdades clínicas, pela s<strong>em</strong>elhança da sintomatologia de apresentação, pod<strong>em</strong> ser facilmente confundidas. A relação<br />

entre ambas não está ainda completamente esclarecida, uma vez que a d<strong>em</strong>ência pode ser um fator predisponente para a<br />

depressão (pela própria reação do doente à doença e suas consequências) e vice-versa. Muito frequent<strong>em</strong>ente, um quadro<br />

clínico de d<strong>em</strong>ência pode ser acompanhado de depressão, o que dificulta o diagnósGco diferencial.<br />

Resultados<br />

² Presença de sintomas<br />

depressivos clinicamente<br />

significaGvos é um fator<br />

independente responsável<br />

por um risco mais elevado<br />

de desenvolvimento de<br />

défices cogniGvos<br />

moderados ou mesmo<br />

d<strong>em</strong>ência<br />

Métodos: Meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>áGcas e ensaios clínicos<br />

Publicações entre 2006 e 2016<br />

Plataformas MedLine/Pubmed, TripDataBase e Cochrane<br />

Termos MeSH: “d<strong>em</strong>enGa”, “depression”, “elderly”, “differenGal diagnosis”<br />

o humor deprimido, irritado<br />

ou a ausência de <strong>em</strong>oções<br />

² CaracterísGcas comuns às<br />

duas enGdades<br />

o alterações somáGcas e<br />

cogniGvas que afetam<br />

significaGvamente a<br />

capacidade funcional do<br />

indivíduo<br />

² CaracterísGcas que as<br />

disGngu<strong>em</strong><br />

Depressão<br />

o início da doença é b<strong>em</strong> d<strong>em</strong>arcado<br />

o doentes queixam-se das perdas cogniGvas<br />

o idenGficação de evento responsável pela<br />

sintomatologia depressiva<br />

o perdas cogniGvas são posteriores aos<br />

sintomas depressivos<br />

o doente não se esforça durante a aplicação<br />

do exame neuropsicológico<br />

o m<strong>em</strong>ória a longo prazo é a mais afetada<br />

o habitualmente existe história familiar de<br />

depressão<br />

o medicação depressiva t<strong>em</strong> impacto nos<br />

défices cogniGvos<br />

D<strong>em</strong>ência<br />

o início indisGnto<br />

o doente pouco se queixa das perdas<br />

cogniGvas<br />

o história de uma “crise de vida” é<br />

pouco frequente<br />

o alterações cogniGvas são anteriores<br />

aos sintomas depressivos<br />

o luta/esforço para executar as tarefas<br />

cogniGvas<br />

o m<strong>em</strong>ória a curto prazo é a mais<br />

afetada<br />

o melhoria pouco significaGva dos<br />

défices cogniGvos com o uso de<br />

anGdepressivos<br />

o história familiar de d<strong>em</strong>ência<br />

Discussão: O diagnósGco diferencial entre as duas enGdades é frequent<strong>em</strong>ente diecil, o que evidencia a necessidade<br />

da uGlização de instrumentos que permitam, através da avaliação do estado cogniGvo, a disGnção entre ambas. Estudos<br />

recentes revelam que a depressão pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de um estado d<strong>em</strong>encial,<br />

parGcularmente se for de instalação tardia, no entanto, são necessários mais estudos para avaliar o eventual papel da<br />

depressão no desenvolvimento de d<strong>em</strong>ência.<br />

Bibliografia: Mar$ns R, A depressão no idoso; Reys B, Bezerra A, Vilela A, Keusen A, Marinho V, Paula E, Aks J, Diagnós$co de d<strong>em</strong>ência, depressão e psicose <strong>em</strong> idosos por avaliação cogni$va breve, Rev Assoc Med Bras, 2006; Ramos T, Depressão e d<strong>em</strong>ência no idoso: diagnós$co diferencial e correlações, 2014;<br />

Grinberg L, Depression in the elderly – diagnos$c and treatment challenges, 2006; Murray J et al, Global mortality, disability, and the contribu$on of risk factors: Global burden of disease study, Lancet, 1997; Yang Y et al, Func$onal disability, disability transi$ons and depressive symptoms in late life, J Aging Health,<br />

2005; Geiselmenn B et al, Subthreshold depression in the elderly: qualita$ve or quan$ta$ve dis$nc$on? Compr Psychiatry, 2000; Burns A et al, Ra$ng scales in old age psychiatry, Br J Psychiatry, 2002; Raskind M et al, The clinical iinterface of depression and d<strong>em</strong>en$a, J Clin Psychiatry, 1998


Pubalgia nos jovens futebolistas<br />

Sara Santos<br />

USF Douro Vita – ACES Douro Sul<br />

Introdução: O aumento da compe:ção despor:va leva a uma maior vulnerabilidade de aparecimento de<br />

lesões, por repe:ção exaus:va de movimentos estereo:pados e aumento de desequilíbrios musculares. A<br />

pubalgia é uma lesão de sobrecarga caracterizada por provocada por microtrauma:smos de repe:ção<br />

inerentes a gestos despor:vos estereo:pados e repe:dos, <strong>em</strong> que os tecidos reag<strong>em</strong> com um processo<br />

inflamatório com consequente limitação da capacidade funcional. Na literatura nacional exist<strong>em</strong> poucos<br />

dados deste :po de lesões nos escalões de formação, à s<strong>em</strong>elhança do que acontece na literatura<br />

internacional.<br />

Objetivo: Averiguar a incidência, caracterís:cas clínicas e<br />

tratamento da pubalgia nos escalões de formação de futebol<br />

Metodologia:<br />

o Pesquisa de meta-análises, ensaios clínicos e revisões<br />

sist<strong>em</strong>á:cas nas línguas inglesa e portuguesa<br />

o Plataformas MedLine/Pubmed, TripDataBase e Cochrane<br />

o Publicações entre 2010 e 2016<br />

o Termos MeSH: “football/soccer”, “youth squad”,<br />

“groin pain”<br />

Resultados:<br />

² Em crianças e adolescentes que pra:cam futebol, a lesão das<br />

regiões da virilha e pélvica representa entre 4,9 e 11% de todas as<br />

lesões observadas<br />

² Este :po de lesões t<strong>em</strong> tendência a aumentar com a maturação<br />

durante a adolescência<br />

² Obje:vamente caracteriza-se por dor na adução contra resistência<br />

² Imagiologicamente a RMN é o gold standard, revelando alterações<br />

estruturais da sínfise púbica como erosão, esclerose subcondral e<br />

ed<strong>em</strong>a ósseo bilateral<br />

² Os sintomas são associados a ações como chutar, correr e,<br />

principalmente, girar rapidamente<br />

² A pubalgia apresenta boa resposta ao repouso numa fase inicial,<br />

seguido de reabilitação progressiva mediada pela resposta à dor, o<br />

que pode diminuir o risco de complicações futuras como o atraso<br />

da fusão da sínfise púbica ou mesmo a sua ausência<br />

Discussão: A pubalgia pode explicar a dor referida às virilhas <strong>em</strong> atletas adolescentes e o seu diagnós:co<br />

deve ser considerado s<strong>em</strong>pre que se verificar<strong>em</strong> estas queixas. O diagnós:co é essencialmente clínico e<br />

baseado na história compahvel e exame isico. As acad<strong>em</strong>ias de futebol dev<strong>em</strong> prestar atenção a sintomas<br />

prodrómicos referidos aos adutores de modo a favorecer a maturação da apófise púbica e evitar sintomas<br />

crónicos. O tratamento conservador devia ser considerado como primeira linha.<br />

Bibliografia: Ribeiro RN, Costa LOP. Análise epid<strong>em</strong>iológica de lesões no futebol de salão durante o XV Campeonato Brasileiro de Selecções Sub-20. Rev Bras Med Esporte 2006; Baroni B, Generosi R, Junior E. Incidence and factors related to ankle sprains in athletes of futsal na:onal teams. Fisioter<br />

Mov 2008; Junge A, Dvorak J. Injury risk of playing football in Futsal Word Cups. Br J Sports Med 2010; unge A, Dvorak J, Grauf-Baumann T, Peterson L. Football injuries during FIFA tournaments and the Olympic Games, 1998-2001: development and impl<strong>em</strong>enta:on of an injury-repor:ng syst<strong>em</strong>. Am J<br />

Sports Med 2004; Emery CA, Meeuwisse WH. Risk factors for injury in indoor compared with outdoor adolescent soccer. Am J Sports Med 2006; Cain LE, Nicholson LL, Adams RD, Burns J. Foot morphology and foot/ankle injury in indoor football. J Sci Med Sport 2007; Gianos S, Humed PA, Tunstall H.<br />

Efficacy of injury preven:on related coach educa:on within netball and soccer. J Sci Med Sport 2010;


Liraglutida e segurança cardiovascular –<br />

INTRODUÇÃO<br />

Uma revisão baseada na evidência<br />

Melinda Séra 1 , Ana Sardo 2 , Ana Rita Correia 3 , Joana Guerra 2 , Annamária Mohácsi 4<br />

1<br />

USF Lauroé, ACES Central; 2 USF Mirante, ACES Central; 3 USF Ria Formosa, ACES Central; 4 USF Farol, ACES Central<br />

A liraglutida é um agonista dos recetores de GLP-1 usado no tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). A<br />

sua utilização neste contexto melhora o controlo glicémico e facilita a perda ponderal. No entanto, exist<strong>em</strong><br />

poucos estudos que avaliam a sua segurança cardiovascular (CV).<br />

OBJETIVO<br />

Averiguar o perfil de segurança CV do uso de liraglutida <strong>em</strong> doentes com DM2.<br />

MÉTODOS<br />

Pesquisa sist<strong>em</strong>ática<br />

<strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de 2016<br />

pela<br />

Medline<br />

Palavras chave<br />

ou termos MeSH<br />

Liraglutide,<br />

Diabetes Mellitus, Type 2 e<br />

Cardiovascular diseases<br />

Critérios de inclusão<br />

1. Artigos publicados nos últimos 5 anos<br />

2. Língua inglesa<br />

3. Avaliação da segurança CV da liraglutida<br />

A atribuição do nível de evidência e força de recomendação foi realizada com base na escala Strength of<br />

Recommendation Taxonomy (SORT).<br />

RESULTADOS<br />

Resultaram da pesquisa<br />

51 artigos<br />

Selecionados para análise<br />

5 artigos<br />

Autor Tipo de estudo Conclusão NE<br />

O estudo mostrou uma redução significativa de morte cardiovascular<br />

Marso SP. et al<br />

Estudo randomizado e reduções de enfarte do miocárdio não fatal e de acidente vascular<br />

controlado cerebral (AVC) não fatal <strong>em</strong> doentes sob tratamento com liraglutida<br />

1<br />

<strong>em</strong> comparação com placebo.<br />

O estudo d<strong>em</strong>onstrou uma redução não significativa de eventos<br />

Sun F. et al Estudo metánalise cardíacos adversos importantes <strong>em</strong> doentes sob tratamento com 1<br />

agonistas dos recetores de GLP-1 <strong>em</strong> comparação com placebo.<br />

Monami M. et al Estudo metánalise<br />

Os agonistas dos recetores de GLP-1 foram associados a redução<br />

significativa da incidência de eventos cardíacos adversos importantes 1<br />

<strong>em</strong> comparação com placebo.<br />

O estudo mostrou um risco significativamente reduzido de doença<br />

Gejl M. et al Estudo caso-controlo coronária isquémica, insuficiência cardíaca (IC) e AVC <strong>em</strong> doentes<br />

com DM2 derivado ao uso de liraglutida.<br />

2<br />

Margulies KB. et al<br />

CONCLUSÕES<br />

Estudo randomizado<br />

controlado<br />

O uso de liraglutida não resultou numa melhor estabilidade clínica<br />

após hospitalização dos doentes recent<strong>em</strong>ente internados por IC e<br />

com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo.<br />

Legenda: NE – Nível de evidência segundo Strength of Recommendation Taxonomy (SORT)<br />

A liraglutida, segundo a evidência atual, t<strong>em</strong> bom perfil de segurança cardiovascular e melhora os outcomes<br />

dos doentes com DM2 nomeadamente na redução de eventos cardíacos adversos importantes. Contudo são<br />

escassos os estudos randomizados pelo que será importante realizar outros estudos para a sua comprovação.<br />

No futuro, a liraglutida poderá ser o fármaco de escolha, com ou s<strong>em</strong> associação à metformina, no tratamento<br />

de DM2 nos doentes com risco cardiovascular aumentado.<br />

BIBLIOGRAFIA: Marso S. et al, Liraglutide and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes, N Engl J Med. 2016 Jul 28;375(4):311-22., Sun F. et al, Cardiovascular safety and glyc<strong>em</strong>ic control of glucagon-like peptide-1<br />

receptor agonists for type 2 diabetes mellitus: a pairwise and network meta-analysis, Diabetes Res Clin Pract. 2012 Dec;98(3):386-95., Monami M. et al, Effects of glucagon-like peptide-1 receptor agonists on<br />

cardiovascular risk: a meta-analysis of randomized clinical trials, Diabetes Obes Metab. 2014 Jan;16(1):38-47., Gejl M. et al, Risk of cardiovascular disease: the effects of diabetes and anti-diabetic drugs - a nested casecontrol<br />

study, Int J Cardiol. 2015 Jan 15;178:292-6., Margulies KB et al, Effects of Liraglutide on Clinical Stability Among Patients With Advanced Heart Failure and Reduced Ejection Fraction: A Randomized Clinical Trial,<br />

JAMA. 2016 Aug 2;316(5):500-8.<br />

2


REVISÃO DE T<strong>em</strong>a<br />

APLICAÇÃO DO FRAX ® À REALIDADE PORTUGUESA<br />

André Cardoso 1 , Anabela Andrade 2 , Inês Costa 1 , Luís Teixeira 1<br />

Internos USF Senhora de Vagos 1 , Assistente de MGF na USF Senhora de Vagos 2<br />

INTRODUÇÃO<br />

A incidência anual de fraturas de fragilidade (# fragilidade) do colo do fémur <strong>em</strong> Portugal varia entre 77-232/100.000 <strong>em</strong> e 154-572/100.000 <strong>em</strong> ,<br />

aumentando com a idade. Por ano estimam-se <strong>em</strong> cerca 10.000 o número de casos de fratura (#) do colo do fémur, com custos de ≈200 milhões<br />

. Estes custos<br />

não representam o valor real dado que a fratura do colo do fémur corresponde apeas a 39% do total de # fragilidade <strong>em</strong> Portugal. 1,2<br />

Aplicando o T-score (T) da Densitometria óssea (DMO), tal como definido pela Organização Mundial de Saúde, verificou-se que aproximadamente 50% dos<br />

indivíduos com # fragilidade não tinham critérios para osteoporose. Surgiu assim a necessidade de desenvolver novas ferramentas como o FRAX® que avalia uma<br />

série de fatores de risco (FR) b<strong>em</strong> comprovados para osteoporose, tendo já sido validado para a realidade portuguesa. 1-3<br />

OBJETIVOS<br />

Apresentar indicações para tratamento da osteoporose na população portuguesa<br />

segundo a ferramenta FRAX ®. Expor vantagens e limitações do FRAX ®.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa bibliográfica na PubMed <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro 2016. Consulta de<br />

documentação da DGS. Palavras-chave: FRAX ®, osteoporose, Portugal.<br />

RESULTADOS<br />

Indicação para tratamento de osteoporose <strong>em</strong> mulheres pósmenopausa<br />

segundo valores da DMO 4,5<br />

Novas recomendações para tratamento de mulheres e<br />

homens com osteoporose segundo valores do FRAX ® 1,2,6<br />

Pós-menopausa<br />

≥ # fagilidade da ANCA OU ≥ # fagilidade VERTEBRAL sitoática<br />

OU<br />

≥ # fagilidade assitoáticas, idepedeteete do local<br />

# fragilidade prévia<br />

Ø # fragilidade prévia<br />

Tratar<br />

< 65 A ≥ A<br />

SIM<br />

Tratar<br />

NÃO<br />

FRAX ®<br />

> 50 A<br />

T > -2 T < -2<br />

Não Tratar Ø FR # FR #<br />

Não Tratar Tratar<br />

T < -1,5 T < -2,5<br />

Ø FR #<br />

FR # Tratar<br />

Não Tratar Tratar<br />

Major %<br />

OU<br />

Anca %<br />

Tratar<br />

FRAX ®<br />

Major 9%<br />

OU<br />

Anca ,5%<br />

Intermédio<br />

DMO<br />

FRAX ®<br />

Major < 9%<br />

E<br />

Anca < 2,5%<br />

Major 7%<br />

E<br />

Anca %<br />

Não<br />

Tratar<br />

Tratar<br />

Não Tratar<br />

DISCUSSÃO<br />

Uma das vantagens da utilização do FRAX® é permitir decidir quando a DMO é<br />

necessária ou não. O FRAX® inclui muitos dos doentes que, tendo DMO s<strong>em</strong> critérios de<br />

osteoporose, desenvolviam fraturas de fragilidade, permitindo atuar de forma precoce.<br />

O FRAX® apresenta algumas limitações: 1) não validado para monitorização dos<br />

efeitos do tratamento n<strong>em</strong> para ser aplicado a doentes já <strong>em</strong> tratamento; 2) as quedas<br />

são um FR não cont<strong>em</strong>plado no FRAX®. Contudo, baseando-nos <strong>em</strong> cálculos do<br />

QFracture®2013, a presença da variável históia de uedas multiplica por 1,5 vezes a<br />

probabilidade de fratura a 10 anos do FRAX®; 3) os limiares das ovas ecoedações<br />

apresentados neste trabalho baseiam-se na custo-efetividade da utilização de<br />

alendronato genérico; outras medicações mais dispendiosas implicam alvos diferentes.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Marques A, et al. Multidisciplinary Portuguese recommendations on DXA request and<br />

indication to treat in the prevention of fragility fractures. Acta Reumatol Port. 2016.<br />

2. Marques A, et al. A FRAX model for the estimation of osteoporotic fracture probability<br />

in Potugal. Acta Reumatol Port. 2013; 38(2):104-12.<br />

3. Bethel M, et al. Osteoporosis. Medscape 2016.<br />

4. Norma de Orientação Clínica nº 001/2010 de 30/09/2010 - Direcção-Geral da Saúde.<br />

5. Norma de Orientação Clínica nº 027/2011 de 29/09/2011 - Direcção-Geral da Saúde.<br />

6. Marques A, et al. Cost-Effectiveness of Intervention Thresholds for the Treatment of<br />

Osteoporosis Based on FRAX® in Potugal. Calcif Tissue Int (2016) 99:131-141.


Papel da canela na melhoria do perfil<br />

glicémico dos doentes com DM tipo 2:<br />

Uma revisão baseada na evidência<br />

Fabiana Peixoto 1 , Cátia Martins 1 , Ana Paula Reis 2<br />

1- Interna de MedicinaGeral e Familiarda USF Valongo, ACESMaia – Valongo<br />

2-Assistente de Medicina Geral e Familarda USF Valongo, ACES Maia- Valongo<br />

Palavras—chave: foram Cinnamomum e Diabetes Mellitus; “canela” e “Diabetes Mellitus”<br />

Introdução<br />

A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença com prevalência crescente, afetando cerca de 13,1% da população portuguesa 1 . Exist<strong>em</strong> diversas classes<br />

farmacológicas aprovadas para o seu tratamento, tendo algumas delas surgido inicialmente como <strong>medicina</strong> compl<strong>em</strong>entar e alternativa (MAC) 2 . Em<br />

Portugal, são comercializados supl<strong>em</strong>entos alimentares com canela para ser<strong>em</strong> usados no tratamento da DM. Existe uma tendência crescente para o<br />

recurso à MAC no tratamento de diversas patologias 2 . De facto, o interesse nesta especiaria t<strong>em</strong> vindo a aumentar depois de ter<strong>em</strong> surgido dados que<br />

apontam para a sua ação no controlo glicémico.<br />

Objetivo<br />

Determinar qual o papel da supl<strong>em</strong>entação com canela na melhoria do perfil glicémico <strong>em</strong> doentes adultos com DM tipo 2.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa de revisões baseadas na evidência, normas de orientação clínica, meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>áticas (RS) e outras e ensaios clínicos<br />

controlados e aleatorizados (ECAC) nas línguas Inglesa, Espanhola e Portuguesa, publicados até 23 de nov<strong>em</strong>bro de 2016. Recorreu-se às bases de dados<br />

Medline; National Clearinghouse; Canadian Medical Association Practice Guidelines InfoBase; Guidelines Finder da National Electronic<br />

Library for Health do NHS Britânico; Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness – Centre for Reviews and Diss<strong>em</strong>ination; Bandolier;<br />

The Cochrane Library e Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.<br />

Os termos MeSH utilizados foram Cinnamomum e Diabetes Mellitus e <strong>em</strong> português “canela” e “Diabetes Mellitus”. As escalas Strength-of-<br />

Recommendation Taxonomy e Jadad foram utilizadas para avaliar a qualidade dos estudos e a força de recomendação (FR).<br />

Autor<br />

(Ano)<br />

Dugoua<br />

et al.<br />

(2006)<br />

Pham et<br />

al.<br />

(2007)<br />

Kirkam<br />

et al.<br />

(2009)<br />

Leach<br />

MJ,<br />

Kumar<br />

S.<br />

(2012)<br />

Akilen<br />

et al.<br />

(2012)<br />

Allen et<br />

al.<br />

(2013)<br />

Critérios de inclusão<br />

- População: humanos com Diabetes Mellitus tipo 2, com idade superior a 18anos<br />

- Intervenção: supl<strong>em</strong>entação com canela<br />

- Comparação: placebo/ausência de tratamento<br />

- Resultados/ Outcome: melhoria do perfilglicémico<br />

Resultados<br />

Quadro I. Resumo da avaliação das revisões sist<strong>em</strong>áticas<br />

Tipo de<br />

Estudo<br />

RS<br />

RS<br />

RS<br />

RS com<br />

metanálise<br />

(Cochrane)<br />

RS com<br />

metanálise<br />

RS com<br />

metanálise<br />

Discussão/Conclusão<br />

77<br />

artigos<br />

8<br />

Artigos<br />

incluídos<br />

3 Revisões Sist<strong>em</strong>áticas<br />

3 Revisões Sist<strong>em</strong>áticas com Metanálise<br />

1 Guideline<br />

1 Ensaio Clínico Aleatorizado Controlado<br />

População/Métodos Outcome Resultados/Conclusão<br />

Incluídos 3 ECAC<br />

• Doentes com DM tipo 2<br />

• Intervenção: 1,0-6,0g canela<br />

Controlo: placebo<br />

Incluídos 3 ECAC<br />

• Doentes com DM tipo 2<br />

• Intervenção: 1,0-6,0g canela<br />

• Controlo: placebo<br />

Incluídos 5 ECAC<br />

• Doentes com DM tipo 2<br />

• Intervenção: 1,0-6,0g canela<br />

• Controlo: placebo<br />

Incluídos 10 ECAC<br />

• n=577<br />

• Intervenção: 0,5-6,0g canela<br />

• Controlo: 9 placebo<br />

1 não intervenção<br />

Incluídos 6 ECAC<br />

• n = 375<br />

• Intervenção: 1,0-6,0g canela<br />

• Controlo: placebo<br />

Incluídos 10 ECAC<br />

• n=543<br />

• Intervenção: 120mg-6,0g<br />

canela<br />

• Controlo: placebo<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

GPJ<br />

HbA1c<br />

Existe evidência boa a forte da<br />

eficácia da canela <strong>em</strong> diminuir os<br />

níveis de glicose plasmática <strong>em</strong><br />

jejum. Nenhum dos ensaios<br />

conseguiu d<strong>em</strong>onstrar que a canela<br />

reduz a HbA1c.<br />

Sugere-se que a canela t<strong>em</strong>,<br />

possivelmente, um efeito modesto<br />

<strong>em</strong> diminuir os níveis de glicose<br />

plasmática <strong>em</strong> jejum <strong>em</strong> doentes<br />

com DM tipo 2 mal controlada.<br />

Parece que, a determinada dose,<br />

relativamente à GPJ de base, a<br />

canela é capaz e diminuir a GPJ. Não<br />

há evidência do efeito terapêutico a<br />

longo prazo.<br />

DMP GPJ: 1,44 mg/dL<br />

[95% IC: [(-6,12)-3,24]<br />

DMP HbA1c: -0,06%<br />

[95% IC: [(-0,29)-(0,18)]<br />

DMP GPJ: -15,12 mg/dL<br />

[95% IC: [(-18,36)-(-11,88)]<br />

DMP HbA1c: -0,09%<br />

[95% IC: [(-0,14)-(-0,04)]<br />

DMP GPJ: -24,59 mg/dL<br />

[95% IC: [-40,52)-(-8,67)]<br />

DMP HbA1c: -0,16%<br />

[95% IC: [(-0,39)-0,06]<br />

Critérios de exclusão<br />

- Artigos repetidos<br />

- Incumprimento dos critérios de inclusão<br />

- Artigos que não façam subanálise do grupo <strong>em</strong> estudo<br />

- Supl<strong>em</strong>entação não exclusiva com canela<br />

As autoras consideram que não existe evidência suficiente para recomendar a supl<strong>em</strong>entação com canela no tratamento de doentes adultos com DM tipo 2. (Força<br />

Recomendação B). São necessários mais estudos para clarificar o papel da canela na melhoria do perfil glicémico dos doentes com DM tipo 2, nomeadamente na<br />

redução da GPJ.<br />

NE-<br />

SORT<br />

Legenda: GPJ – glicose plasmática <strong>em</strong> jejum; IC – intervalo de confiança; n – número de participantes; NE – nível de evidência; DMP – diferença média<br />

ponderada<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

2<br />

69<br />

Artigos<br />

excluídos<br />

Autor<br />

(Ano)<br />

Motivos de exclusão:<br />

8 artigos repetidos<br />

22 após leitura do título<br />

14 após leitura do resumo<br />

25 após leitura integral<br />

Quadro II. Resumo da avaliação das guidelines<br />

Canadian<br />

Diabetes<br />

Association<br />

(2013)<br />

Tipo de<br />

Estudo<br />

Guideline<br />

canadiana<br />

População<br />

Adultos com<br />

DM tipo 2<br />

Conclusão<br />

A canela não<br />

d<strong>em</strong>onstrou redução<br />

da HbA1c superior a<br />

0.5% <strong>em</strong> estudos com<br />

duração mínima de 3<br />

meses<br />

Quadro III. Resumo do ECAC<br />

Autor (Ano) Lu et al. (2012)<br />

População<br />

Outcome<br />

Conclusão<br />

JADAD 3<br />

NE - SORT 2<br />

FR-<br />

SORT<br />

Doentes com DM tipo 2 com HbA1c >7 g/dL e<br />

GPJ >144mg/dL<br />

n = 66<br />

Intervenção: supl<strong>em</strong>entação com 120 mg/360mg de canela<br />

Duração: 3 meses<br />

GPJ, HbA1c<br />

△ HbA1c com 120mg de canela: -0,67 [IC = (-1.09)-0,25)]<br />

△ HbA1c com 360mg de canela: -0.93 [[-1,38)-(-0,47)]<br />

△ GPJ com 120mg de canela: -18,36 [(-28,98)-(-7,56)]<br />

△ GPJ com 360mg de canela: -29,16 [(-41,76)-(-16,74)]<br />

Legenda: GPJ – glicose plasmática <strong>em</strong> jejum; IC – intervalo de confiança; △ - redução média;<br />

NE – nível de evidência<br />

Bibliografia<br />

1. Sociedade Portuguesa de Diabetologia. Diabetes: Factos e Números– O Ano de 2014 − Relatório Anual do ObservatórioNacional da Diabetes 11/2015. ISBN: 978-989-96663-2-0. 2. Medagama AB, Bandara R. The use of Compl<strong>em</strong>entary and Alternative Medicines (CAMs) in the<br />

treatment of diabetes mellitus: is continued use safe and effective?. Nutrition Journal 2014, 13:102. 3. Dugoua et al. From type 2 diabetes to antioxidant activity: a syst<strong>em</strong>atic review of the safetyand efficacy of commom and cassia cinnamon bark. Can J. Physiol.<br />

Pharmacol. 2007, 85: 837-847. 4. Pham et al. Cinnamon suppl<strong>em</strong>entation in patients with type 2 diabetes mellitus. Pharmacotherapy 2007;27(4):595-599. 5. Kirkham et al. The potential of cinnamon to reduce blood glucose levels in patients with type 2 diabetes and<br />

insulin resistance. Diabetes, Obesity and Metabolism. 2009, 11: 1100-1113. 6. Leach MJ, Kumar S. Cinnamon for diabetes mellitus (review). The Cochrane Collaboration, 2012, 9. 7. Akilen et al. Cinnamon in glyca<strong>em</strong>ic control: syst<strong>em</strong>atic review and meta analysis.<br />

Clinical Nutrition, 2012, 31: 609-615. 8. Allen et al. Cinnamon use in type 2 diabetes: an updated syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis. Annals of Family Medicine, 2013, 11: 452-459. 9. Canadian Diabetes Association. Clinical Practice Guidelines - Natural Health<br />

Products. Canadian journal of diabetes, 2013, 37: 97-99. 10. Lu et al. Cinnamon extract imporves fasting blood glucose and glycosilated h<strong>em</strong>oglobin level in chinese patients with type 2 diabetes. Nutrition research, 2012, 32:408-412.<br />

B


ERISIPELA E CELULITE<br />

– UMA REVISÃO DA ABORDAGEM TERAPÊUTICA<br />

Catarina Pinto 1 , Cristina Xavier 1 , Mário Esteves 1 , Luís Leal 1 , Paulo Gonçalves 1<br />

1<br />

USF Planalto, ACES Lezíria<br />

Introdução e Objetivo<br />

Erisipela e celulite são infeções cutâneas inespecíficas. Constitu<strong>em</strong> um desafio na prática clínica do<br />

Médico de Família (MF), sobretudo pela gestão terapêutica, onde diferentes antibióticos são<br />

recomendados. É objetivo deste trabalho realizar uma revisão da abordag<strong>em</strong> terapêutica no<br />

tratamento destas patologias.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa: guidelines, meta-análises (MA),<br />

ensaios clínicos aleatorizados e controlados<br />

(ECAC) e casos-controlo.<br />

Fontes: bases de indexação Scopus (Life<br />

Sciences e Health Sciences,com inclusão da<br />

base de dados PubMed) e ISI WEB of Science<br />

(Coleção Principal do Web of ScienceTM)<br />

Língua: Inglesa, Portuguesa e Espanhol<br />

Publicação: Janeiro/2000 a Set<strong>em</strong>bro/2016<br />

Termos Mesh: erysipela; cellulitis; treatment.<br />

Escala: Strenght of Recommendation<br />

Taxonomy da American Family Phisician<br />

Critérios de inclusão<br />

P<br />

I<br />

C<br />

O<br />

Pop. com erisipela/celulite<br />

Antibioterapia<br />

Placebo<br />

Melhoria clínica<br />

Resultados<br />

62 artigos 6 artigos selecionados<br />

56 excluídos<br />

Conclusão:<br />

Critérios de exclusão<br />

Estudos cujo objetivo não incidisse<br />

na terapêutica<br />

Artigos repetidos<br />

Artigos indisponíveis<br />

Artigos com baixa qualidade<br />

É consensual que antibioterapia é essencial no<br />

tratamento tanto da erisipela como da celulite.<br />

São recomendados diferentes antibióticos no<br />

seu tratamento, <strong>em</strong> função de fatores como o<br />

tipo e a severidade dos sintomas: penicilina,<br />

amoxicilina, amoxicilina-ác.clavulânico,<br />

dicloxacilina, cefalexina ou clindamicina para a<br />

maioria das celulites típicas (s<strong>em</strong><br />

manifestações sistémicas) (FR A); antibióticos<br />

sistémicos para celulites com manifestações<br />

sistémicas de infeção (febre, taquicardia,<br />

confusão, hipotensão e leucocitose) (FR A).<br />

Mais estudos são necessários para fortalecer<br />

os graus de recomendação e para encontrar o<br />

t<strong>em</strong>po de duração da terapêutica.<br />

Referência Tipologia Recomendações N<br />

E<br />

Infectious<br />

Diseases<br />

Society of<br />

America<br />

2014 1<br />

Ferreira A.<br />

et. al,<br />

2016 2<br />

Mark G. T.<br />

2014 3<br />

Raya-Cruz<br />

M.<br />

et. al,<br />

2014 4<br />

Amal S.<br />

et. al,<br />

2004 5<br />

Okajima<br />

R.M.O.<br />

et. al,<br />

2004 6<br />

Figura 1 – Erisipela do m<strong>em</strong>bro inferior<br />

Guideline - Penicilina, amoxicilina, amoxicilina-ác.clavulânico, dicloxacilina, cefalexina ou<br />

clindamicina são antibióticos adequados para a maioria das celulites típicas<br />

(s<strong>em</strong> manifestações sistémicas); (FR A)<br />

MA<br />

ECAC<br />

(N=40)<br />

Casocontrolo<br />

(N=996)<br />

Casocontrolo<br />

(N=100)<br />

Casocontrolo<br />

(N=35)<br />

- Para celulites com manifestações sistémicas de infeção (febre, taquicardia,<br />

confusão, hipotensão e leucocitose) estão indicados antibióticos sistémicos;<br />

(FR A)<br />

- Típicos casos de celulite (s<strong>em</strong> sinais sistémicos de infeção) dev<strong>em</strong> receber<br />

agente antimicrobiano contra streptococcus; (FR B)<br />

- É recomendada terapêutica no domicílio para pacientes s<strong>em</strong> infeção<br />

sistémica, alteração do status mental ou instabilidade h<strong>em</strong>odinâmica; (FR B)<br />

Intervenção<br />

- Incluídos 15 ECAC;<br />

- Betalactâmicos<br />

vs<br />

macrólidos ou lincosamidas<br />

na celulite e erisipela.<br />

- Comparação entre<br />

clidamicina 300mg 4x/dia via<br />

oral entre flucloxacilina 2g<br />

6/6h via ev, seguido de<br />

flucloxacilina 500mg 4x/dia<br />

via oral no tratamento da<br />

celulite.<br />

- Diagnósticos de infeções da<br />

pele e parte moles extraídos<br />

da base de dados do Hospital<br />

Son Llàtzer;<br />

- Follow-up: 9 anos e 10<br />

meses<br />

- Diagnósticos de erisipela<br />

admitidos no Hospital<br />

Marrakech Moahmed VI;<br />

- Follow up: 12 anos.<br />

- Diagnósticos de erisipela<br />

admitidos no Centro<br />

Hospitalar da Irmandade da<br />

Sta. Casa de Misericórdia de<br />

São Paulo;<br />

- Follow-up: 4 meses.<br />

Figura 2 – Celulite do m<strong>em</strong>bro inferior<br />

Resultados(R)/Conclusões(C)<br />

C – Tratamentos com macrólidos ou<br />

lincosamidas e tratamentos com betalactâmicos<br />

têm s<strong>em</strong>elhante eficácia e incidência de efeitos<br />

adversos.<br />

R – Não houve diferenças nos dois grupos<br />

quanto à duração do tratamento, duração do<br />

internamento, taxa de recidiva ou efeitos<br />

adversos;<br />

C – Clindamicina via oral foi pelo menos tão<br />

eficaz quanto a flucloxacilina via ev e via oral.<br />

R – A entidade mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

diagnosticada foi a celulite/erisipela (66,7%);<br />

R – O agente mais frequent<strong>em</strong>ente isolado foi o<br />

S. aureus (35.1%), e a maioria dos casos MRSA<br />

(84,2%);<br />

R- O tratamento mais frequent<strong>em</strong>ente utilizado<br />

foi aminopenicilinas com betalactâmicos;<br />

R – Fármacos para Gram-positivos utilizaram-se<br />

mais frequent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> pacientes com<br />

complicações;<br />

C – A eficácia do uso dos antibióticos para<br />

Gram-positivos foi bastante limitado.<br />

R - Em 76% dos casos a Penicilia G ev foi o<br />

tratamento de primeira linha;<br />

R - Resultados satisfatórios <strong>em</strong> 78% dos casos.<br />

C – Tratamento com penicilina esteve associado<br />

a uma diminuição das complicações;<br />

C – Tratamento com penicilina esteve associado<br />

a um menor custo quando comparado com<br />

outras terapêuticas que inclu<strong>em</strong> antibióticos.<br />

Bibliografia: 1- Stevens D. et al. Practice guidelines for the diagnosis and manag<strong>em</strong>ent of skin and soft tissue infections: 2014<br />

<strong>Update</strong> by the Infectious Diseases Society of America. June 18, 2014; 2- Ferreira A. et al. Meta-analysis of randomised trials<br />

comparing a penicillin or cephalosporin with a macrolide or lincosamide in the treatment of cellulitis or erysipelas. Volume 44,<br />

Issue 5, 1 October 2016, Pages 607-615; 3- Mark G.T. Oral clindamycin compared with sequential intravenous and oral<br />

flucloxacillin in the treatment of cellulitis in adults a randomized, double-blind trial. Infectious Diseases in Clinical Practice,<br />

Volume 22, Issue 6, 2014, Pages 330-334; 4- Raya-Cruz M. et al. Skin and soft-tissue infections in hospitalized patients:<br />

Epid<strong>em</strong>iology, microbiological, clinical and prognostic factors. Mars 2014, Volume: 32, Edição:3, Pg: 152-159; 5- Amal S. et al.<br />

Epid<strong>em</strong>iology, clinical features, and evolution of Erysipelas in the Marrakech region. Medecine et Maladies<br />

Infectieuses.Volume 34, Issue 4, April 2004, Pages 171-176; 6- Okajima O. et al. Erysipelas: A clinical study of 35 pacients<br />

hospitalized at the São Paulo Central Hospital of Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. Volume 79, Issue 3, May 2004,<br />

Pages 295-303.<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

2


ABORDAGEM DAS ARRITMIAS EM CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Filipa Bagulho 1 , Constança Ruiz 2 , Ana Luisa Marcelino 3<br />

USF CelaSaude 1 , USF Costa do Estoril 2 , USF Ouriceira 3<br />

INTRODUÇÃO<br />

As arritmias cardiacas são uma patologia prevalente <strong>em</strong> cuidados de saúde primários (CSP).<br />

A sua avaliação inicial pelo médico de família e intervenção precoce, são fundamentais para<br />

reduzir factores de risco, eliminar sintomas e prevenir a morte <strong>em</strong>inente e o colapso<br />

h<strong>em</strong>odinâmico resultante de uma arritmia potencialmente fatal.<br />

Por este motivo os médicos de família dev<strong>em</strong> estar informados sobre as arritmias mais<br />

comuns, das suas possíveis etiologias, sintomas a valorizar, exames compl<strong>em</strong>entares de<br />

diagnóstico a requisitar, critérios de referenciação e das suas indicações terapêuticas.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa <strong>em</strong> bases de dados de<br />

<strong>medicina</strong> baseada na evidência e <strong>em</strong><br />

livros da especialidade, nas línguas<br />

portuguesa e inglesa, publicados nos<br />

últimos 5 anos.<br />

RESULTADOS<br />

Arritmias mais comuns nos<br />

CSP<br />

• Batimentos ectópicos auriculares e<br />

ventriculares<br />

• Bradicardias<br />

• Taquicardia supraventricular e ventricular<br />

• Fibrilhação e flutter auricular<br />

• Bloqueio AV<br />

Questões que dev<strong>em</strong> orientar o MGF numa abordag<strong>em</strong> inicial<br />

1. A arritmia é sintomática ou assintomática?<br />

2. Que tipo de arritmia é?<br />

3. Representa um risco de vida para o doente ou é b<strong>em</strong> tolerada?<br />

4. Requer cardioversão urgente ou implantação de pac<strong>em</strong>aker?<br />

5. Necessita de hospitalização urgente?<br />

6. Necessita de referenciação a consulta de especialidade. Se sim, quão urgente?<br />

7. Deve ser iniciada terapêutica e/ou anticoagulação?<br />

Sintomas a valorizar:<br />

• Cansaço para pequenos esforços<br />

• Diaforese<br />

• Dispneia<br />

• Palpitacões e sensação de batimento<br />

cardiaco irregular<br />

• Precordialgia<br />

• Síncope/lipotímia<br />

• Vertigens<br />

Diagnóstico<br />

• Eletrocardiograma<br />

• Holter (quando suspeita de arritmias paroxísticas)<br />

• Prova de esforço (se sintomas associados ao exercício, stress mental/físico ou<br />

suspeita de arritmias taquidependentes)<br />

• Ecocardiograma (para exclusão de doença estrutural)<br />

• Avaliação analítica<br />

Critérios de envio para o Serviço de Urgência<br />

(apenas <strong>em</strong> doentes sintomáticos)<br />

Critérios de referenciação para consulta de<br />

cardiologia<br />

• Síncope/Lipotimia <strong>em</strong> doentes com BAV de 2º e 3º grau,<br />

• Taquicardia Ventricular mantida,<br />

• Diagnóstico suspeito de arritmia maligna,<br />

• História de doença coronária, cardiomiopatia, insuficiência<br />

cardíaca e sincope (lipotimia e/ou arritmia ventricular<br />

documentadas),<br />

• Taquicardia supraventricular mantida,<br />

• Qualquer arritmia <strong>em</strong> que o médico de família esteja<br />

desconfortável com o diagnóstico ou a sua abordag<strong>em</strong>,<br />

• Candidatos a Pacing definitivo,<br />

• Candidatos a implantação de CDI,<br />

• Candidatos a ablação por cateter,<br />

• Candidatos a terapêutica antiarrítmica <strong>em</strong> particular com<br />

alterações cardíacas estruturais.<br />

• Fibrilhação auricular ou Flutter de resposta ventricular rápida<br />

ou lenta,<br />

• Síndromes de pré-excitação (Wolff-Parkinson-White, Burgada,<br />

Lown-Ganong-Levine).<br />

Prevenção das arritmias<br />

Controlo dos fatores de risco cardiovasculares, adoção de um estilo de vida saudável e dieta equilibrada, controlo da diabetes e da<br />

dislipidémia, cessação tabágica e alcoólica.<br />

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO<br />

A maioria das arritmias são inofensivas, não necessitando de terapêutica ou referenciação.<br />

As arritmias assintomáticas raramente necessitam de tratamento urgente, tendo o médico de família oportunidade para referenciar a<br />

consulta de cardiologia.<br />

A intensidade dos sintomas e/ou a presença de doença cardíaca estrutural ditam a urgência da intervenção, avaliação, instituição<br />

terapêutica e importância prognóstica da arritmia.<br />

Deste modo, o papel do médico de família no seguimento destes doentes, depende do tipo de arritmia e do seu tratamento. Em todas as<br />

consultas o doente deve ser questionado acerca de eventuais alterações sintomáticas, eficácia e cumprimento da terapêutica instituída.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

•Crawford MH, Bernstein SJ, Deedwania PC, et al. ACC/AHA guidelines for ambulatory electrocardiography: executive summary and<br />

recommendations. A report of the American College of Cardiology/American Heart Association task force on practice guidelines (committee<br />

to revise the guidelines for ambulatory electrocardiography). Circulation 1999; 100:886.<br />

•Zimetbaum PJ, Josephson ME. The evolving role of ambulatory arrhythmia monitoring in general clinical practice. Ann Intern Med 1999;<br />

130:848.


Autores: Madalena H. Monteiro 1 , Ivone Fernandes Costa 1<br />

Colaborador: Inês Fonseca 2<br />

1‐ Interna da formação específica de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, ACES Loures‐Odivelas<br />

2‐ Consultora da especialidade de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, ACES Loures‐Odivelas<br />

A dor crónica é um probl<strong>em</strong>a diário nos cuidados de saúde primários, gerador de sofrimento <strong>em</strong> qualquer idade e que exige uma atenção<br />

conTnua e de elevada qualidade. A sua natureza refratária e os t<strong>em</strong>idos efeitos secundários da medicação analgésica opióide, têm levado a<br />

um interesse crescente nas terapias adjuvantes ou alternaWvas, entre elas a meditação mindfulness. O objeWvo deste trabalho é assim avaliar<br />

se as intervenções baseadas <strong>em</strong> mindfulness são eficazes no tratamento da dor crónica.<br />

Pesquisa: Revisões sist<strong>em</strong>áWcas (RS), meta‐análises (MA) e ensaios<br />

controlados e aleatorizados (ECA)<br />

Fontes: Medline/Pubmed, Cochrane Library, UptoDate<br />

Termos MeSH: Mindfulness e Chronic Pain<br />

Critérios de inclusão: estudos publicados <strong>em</strong> inglês e português, de<br />

2010 a 2016, de acordo com a estratégia de pesquisa PICO<br />

Critérios de exclusão: idade inferior a 18 anos, dor oncológica, estudos<br />

não aleatorizados, comparação com outras terapias mente‐corpo<br />

Nível de evidência e força de recomendação: escala SORT da American<br />

Family Physician<br />

R<br />

P<br />

I<br />

C<br />

O<br />

• Doentes adultos com dor crónica (superior a 3 meses) não<br />

oncológica<br />

• Intervenções baseadas <strong>em</strong> Mindfulness<br />

• Tratamento habitual ou grupos de suporte/educação<br />

• Redução da intensidade da dor, depressão, melhoria da<br />

qualidade de vida<br />

Dos 23 arWgos encontrados foram selecionados 5 de acordo com o objeWvo: 4 revisões sist<strong>em</strong>áWcas e meta‐análises e 1 ensaio controlado e aleatorizado<br />

Referência Tipo de estudo Metodologia Resultados NE<br />

Chiesa A et al<br />

2011<br />

RS, MA<br />

Mindfulness vs tratamento habitual<br />

Mindfulness vs grupos de suporte/educação<br />

Duração: 8 a 10 s<strong>em</strong>anas (90 a 120 min/sessão)<br />

Outcomes: dor, depressão<br />

Evidência insuficiente para determinar a<br />

sua eficácia<br />

2<br />

Courtney L et al<br />

2014<br />

RS, MA<br />

Mindfulness vs tratamento habitual<br />

Mindfulness vs grupos de suporte/educação<br />

Duração: 8 s<strong>em</strong>anas (12 h)<br />

Outcome: dor<br />

Evidência insuficiente para determinar a<br />

sua eficácia<br />

2<br />

Bawa F et al<br />

2015<br />

RS, MA<br />

Mindfulness vs tratamento habitual<br />

Mindfulness vs grupos de suporte/educação<br />

Duração: 8 s<strong>em</strong>anas<br />

Outcomes: dor, depressão e ansiedade, qualidade de<br />

vida, aceitação da dor e percepção de controlo da<br />

mesma<br />

Resultados estaWsWcamente<br />

significaWvos apenas para a percepção<br />

de controlo da dor<br />

2<br />

Hilton L et al<br />

2016 RS, MA<br />

Mindfulness vs tratamento habitual<br />

Mindfulness vs grupos de suporte/educação<br />

Duração: 8 s<strong>em</strong>anas<br />

Outcomes: dor, depressão, qualidade de vida<br />

S<strong>em</strong> impacto na intensidade da dor<br />

Melhoria estaWsWcamente significaWva<br />

da depressão e qualidade de vida<br />

2<br />

Cour P, Petersen M<br />

2015<br />

ECA<br />

109 doentes com dor crónica<br />

Mindfulness vs tratamento habitual<br />

Duração: 8 s<strong>em</strong>anas (45 min/dia)<br />

Outcomes: dor, depressão, ansiedade, qualidade de<br />

vida, aceitação da dor<br />

Melhoria estaWsWcamente significaWva<br />

na depressão, ansiedade, qualidade de<br />

vida e aceitação da dor<br />

S<strong>em</strong> repercussão na intensidade da dor<br />

2<br />

Existe ainda evidência limitada para determinar a eficácia das intervenções baseadas <strong>em</strong> mindfulness no tratamento da dor crónica (Força de<br />

recomendação – B). As terapias alternaWvas que permit<strong>em</strong> ao indivíduo parWcipar no seu próprio processo de cura têm a capacidade de<br />

potenciar um controlo mais eficiente da dor, no entanto são necessários estudos com um maior rigor cienTfico e um maior número de<br />

parWcipantes, com avaliação dos efeitos adversos e custos associados e seguimento a longo prazo.<br />

Bibliografia: Chiesa A, Serrek A. Mindfulness‐based intervenWons for chronic pain: a syst<strong>em</strong>aWc review of the evidence. J Altern Compl<strong>em</strong>ent Med 2011; Veehof MM, et al. Acceptance‐based intervenWons for the treatment of chronic pain: a<br />

syst<strong>em</strong>aWc review and meta‐analysis. Pain 2011; 152 (3): 533‐42; Reiner K et al. Do mindfulness‐based intervenWons reduce pain intensity? A criWcial review of the literature. Pain Medicine 2013, 14: 230‐242; Lee C et al. Mind‐body therapies for the<br />

self‐manag<strong>em</strong>ent of chronic pain symptoms. Pain Medicine 2014; Bawa F et al. Does mindfulness improve outcomes in paWents with chronic pain? Syst<strong>em</strong>aWc review and meta‐analysis. Br J Gen Pract 2015; 65: e387‐e400; Hilton L et al. Mindfulness<br />

meditaWon for chronic pain: syst<strong>em</strong>aWc review and meta‐analysis. Ann Behav Med 2016; Cour P, Petersen M. Effects of Mindfulness MeditaWon on Chronic Pain: A Randomized Controlled Trial. Pain Med 2015; 16(4): 641‐652.


Bibliografia: KENISHA, Campbell, & PEEBLES, Rebecka (2014), Eating Disorders in Children and Adolescents: State of the Art Review, Pediatrics, Volume 134, Number 3. http://portugal.bestpractice.bmj.com/bestpractice/monograph/440.html<br />

. 06 fev. 2015.. FONSECA, Helena (2011), Perturbações do Comportamento Alimentar na adolescência, Revista Portuguesa de Clinica Geral, nº 27, pp. 203-207. American Psychiatric Association. Guideline<br />

watch: practice guideline for the treatment of patients with eating disorders, 3rd ed. August 2012. http://www.psychiatryonline.org/ http://bestpractice.bmj.com/best-practice/monograph/441.html . 03 aug. 2015. Morgan JF, Reid F, Lacey JH.<br />

The SCOFF questionnaire: assessment of a new screening tool for eating disorders. BMJ. 1999;319:1467-1468. MOINHO, Rita, DIAS, Inês, LUZ, Alexandra, MOLEIRO, Pascoal (2016), Perturbações do Comportamento Alimentar num<br />

Ambulatório Pediátrico: O Impacto da DSM-5; Acta Pediátrica Portuguesa, 47:3-10. American Psychiatric Association. Treatment of patients with eating disorders, Third Edition. American Psychiatric Association. Am J Psychiatry 2006; 163:4.<br />

Acad<strong>em</strong>y of Eating Disorders Report 2012, Second Edition. Eating disorders: Critical Points for Early Recognition and Medical Risc Manag<strong>em</strong>ent in the Care of Individuals with Eating Disorders. COTTON, M.-A., BALL, C. and ROBINSON, P.<br />

(2003), Four Simple Questions Can Help Screen for Eating Disorders. Journal of General Internal Medicine, 18: 53–56. doi: 10.1046/j.1525-1497.2003.20374.x CASANOVA, Tânia, SANTOS, Paulo, FIGUEIREDO, Carlos, SILVEIRA, Alzira<br />

(2009), Anorexia Nervosa: proposta de linhas orientadoras, Acta Pediátrica Portuguesa, 133-135.<br />

Copyright © 2016 Rosário Rodrigues, Ivone Costa, João Ferreira<br />

Anorexia Nervosa na Adolescência<br />

Abordag<strong>em</strong> nos Cuidados de Saúde Primários<br />

Rosário Rodrigues 1 , Ivone Costa 1 , João Ferreira 1<br />

USF São João da Talha – ACES Loures-Odivelas<br />

Introdução e Objetivos<br />

A adolescência é um período crítico do desenvolvimento no<br />

qual se pode manifestar a anorexia. Segundo os novos critérios<br />

de diagnóstico do DSM-V, esta está subdiagnosticada.<br />

É objectivo deste trabalho rever a abordag<strong>em</strong> diagnóstica <strong>em</strong><br />

Cuidados de Saúde Primários<br />

Metodologia<br />

Revisão clássica, através de pesquisa bibliográfica na<br />

Medline/Pubmed, UpToDate e motores de busca genéricos, de<br />

artigos publicados nos últimos 10 anos, <strong>em</strong> Inglês e Português,<br />

com os termos “anorexia”, “perturbações do comportamento<br />

alimentar”, “pediatria”, “adolescentes” e respetiva tradução para<br />

inglês.<br />

Resultados<br />

Incidência<br />

Prevalência<br />

Etiologia<br />

• Sexo f<strong>em</strong>inino<br />

Pico de incidência entre os 14 e 18 anos ♀10:1♂<br />

Prevalência estimada ♀1.5% ♂1.0%<br />

mais de 33% <strong>em</strong><br />

estudos com<br />

gémeos<br />

homozigóticos<br />

Principais fatores de risco<br />

• Personalidade com t<strong>em</strong>peramento perfeccionista e/ou<br />

obsessivo<br />

• Pressões sociais relacionadas com aparência e magreza<br />

• Antecedentes familiares de perturbações do comportamento<br />

alimentar<br />

• Cultura ocidental<br />

• Depressão major<br />

• Fobia social<br />

Comorbilidade psiquiátrica<br />

ao longo da vida<br />

• Perturbação obsessivo<br />

compulsiva<br />

• Perturbação dismórfica<br />

corporal<br />

• PHDA<br />

• Perturbação da<br />

personalidade<br />

55.2%<br />

• Abusos de substâncias<br />

• Suicídio (8-27% pelo menos<br />

uma tentativa)<br />

• Maior taxa de mortalidade de<br />

qualquer doença psiquiátrica<br />

nesta faixa etária (5-6%)<br />

SCOFF Curto (5 questões)<br />

Específico para perturbações do comportamento<br />

alimentar<br />

Validados<br />

para crianças<br />

e<br />

adolescentes<br />

Instrumentos de Rastreio<br />

Validado apenas <strong>em</strong> adultos (possível abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

idade pediátrica)<br />

The Eating Disorder Examination-Questionnaire EDE-Q<br />

Eating Disorder Inventory EDI<br />

Eating Attitudes Test EAT<br />

A. Restrição do aporte energético relativamente às<br />

necessidades, levando a um baixo peso corporal significativo<br />

quanto à idade, sexo, trajetória de desenvolvimento e saúde<br />

física. “Baixo peso significativo” é definido para crianças e<br />

adolescentes, menor do que minimamente esperado.<br />

B. Medo intenso <strong>em</strong> ganhar peso ou <strong>em</strong> se tornar gordo, ou<br />

comportamento persistente que interfere no ganho ponderal<br />

mesmo com baixo peso.<br />

C. Perturbação no modo de vivenciar o peso, tamanho ou<br />

forma corporais, excessiva influência do peso ou forma<br />

corporais na autoavaliação ou persistente falta de<br />

reconhecimento da seriedade do atual baixo peso.<br />

Episódios<br />

recorrentes de<br />

comportamentos<br />

compulsivos ou<br />

purgativos nos<br />

últimos 3 meses<br />

Leve<br />

IMC ≥ 17<br />

kg/m2<br />

Critérios de diagnóstico<br />

Subtipos<br />

Restritivo<br />

✗<br />

Perda de peso através<br />

de<br />

Dietas, jejuns, atividade<br />

física<br />

Gravidade<br />

Critérios de Internamento<br />

• FC


Objetivos<br />

METFORMINA NO TRATAMENTO DA DIABETES GESTACIONAL – QUE<br />

EVIDÊNCIA?<br />

Ana Rita Correia (anacorreia.r.v@gmail.com), Annamária Mohácsi ; Melinda Séra ; Ana Sardo ; Vanessa Z. Guerreiro<br />

1- USF Ria Formosa, ACES Central; 2- USF Farol, ACES Central; 3 – USF Lauroé, ACES Central, 4- USF Mirante, ACES Central; 5- Assistente <strong>em</strong> MGF, USF Ria<br />

Formosa, ACES Central<br />

Introdução<br />

1 2 3<br />

A Diabetes Gestacional (DG) está associada a um maior risco de complicações materno-fetais, que se<br />

correlacionam diretamente com o nível de hiperglic<strong>em</strong>ia. Habitualmente recomendam-se medidas não<br />

farmacológicas como tentativa inicial para atingir um bom controlo metabólico, contudo estima-se que até 50% das<br />

gestantes irão eventualmente necessitar de farmacoterapia. Até à data, a insulina era o medicamento goldstandard,<br />

mas exist<strong>em</strong> já vários estudos e guidelines que indicam a metformina como alternativa terapêutica.<br />

Determinar a segurança e eficácia da metformina no tratamento da diabetes gestacional.<br />

Metodologia<br />

4 5<br />

Pesquisa: meta-análises (MA) e revisões sist<strong>em</strong>áticas (RS)<br />

Fonte: Pubmed, Cochrane e Lillacs<br />

Termos MeSh: “gestational diabetes”, “metfomin” e”outcomes”<br />

Publicação: últimos 5 anos<br />

Língua: Português e Inglês<br />

Escala : Strength of Recommendation Taxonomy (SORT)<br />

Critérios de Inclusão:<br />

P: diabetes gestacional;<br />

I: metformina;<br />

C: insulina;<br />

O: controlo metabólico, complicações<br />

maternas e/ou fetais.<br />

43 artigos<br />

14 artigos<br />

5 artigos<br />

Resultados<br />

Autor/ Ano<br />

Kitwitee P.,<br />

et al 2015<br />

Tipo<br />

estudo<br />

MA<br />

8 ECR<br />

N= 1712<br />

Conclusões<br />

Eficácia equiparável a nível do controlo glicémico (glic<strong>em</strong>ia jejum, pós-prandial e HbA1c).<br />

Menor incidência de hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal e de admissões nos Cuidados Intensivos Neonatais.<br />

Restantes outcomes sobreponíveis.<br />

NE<br />

1<br />

Li G., et al<br />

2014<br />

Poolsup N.<br />

et al, 2014<br />

MA<br />

11 ECR<br />

N=1763<br />

MA<br />

13 ECR<br />

N= 2151<br />

Eficácia equiparável a nível do controlo glicémico.<br />

Menor taxa de incidência de hipertensão gestacional e menor ganho ponderal materno.<br />

Menor idade gestacional à data de parto, peso fetal à nascença, incidência de hipoglic<strong>em</strong>ia neonatal<br />

e taxa de utilização dos cuidados intensivos neonatais.<br />

Aumento significativo no risco de parto pré-termo.<br />

Diminuição do risco de hipertensão gestacional;<br />

Melhor controlo da glicémia pós-prandial.<br />

1<br />

1<br />

Singh KP,<br />

et al<br />

2015<br />

RS<br />

7 ECR<br />

N=1514<br />

Controlo glicémico equiparável.<br />

Menor ganho ponderal na gestante e menor taxa de hipoglicémia neonatal.<br />

Maior taxa de parto pré-termo, <strong>em</strong> apenas um estudo.<br />

1<br />

Montserrat<br />

Balsells, et<br />

al. 2015<br />

RS<br />

15 ECR<br />

N= 2509<br />

Menor: ganho ponderal materno, incidência de hipertensão gestacional, taxa de hipoglicémia<br />

neonatal e com menor severidade. Melhor controlo da glicémia pós-prandial.<br />

Maior taxa de partos pré-termo e uma maior tendência para partos com menor idade gestacional.<br />

Relatados efeitos secundários da metformina <strong>em</strong> 5 estudos (gastrointestinais), mas mesmo assim,<br />

de acordo com o estudo de satisfação realizado nestes ensaios, as doentes preferiram a<br />

metformina à insulina. Restantes variáveis equiparáveis.<br />

1<br />

Discussão<br />

A metformina apresenta-se com uma alternativa terapêutica à Insulina, sendo b<strong>em</strong> tolerada, com<br />

resultados a nível de controlo metabólico equiparáveis (SORT A). Quanto à segurança, aparenta ser segura para a gestante<br />

e feto, contudo considera-se pertinente aguardar por estudos de maior escala e com avaliação de outcomes a longoprazo<br />

no recém-nascido/criança, para validação da segurança e eficácia do fármaco.<br />

Bibliografia: Kitwitee P., Limwattananon “.,Metfori for the treatment of gestational diabetes: An updated meta-analysis, Diaetes Res Cli Prat. 5 Sep; Li G., Zhao S ., et al, Effet opariso of etfori<br />

with insulin treatment for gestational diabetes: a meta-analysis ased o RCTs, Arh Gyeol Ostet. 5 Jul; Nalinee Poolsup, et al.,Efficacy and Safety of Oral Antidiabetic Drugs in Comparison to Insulin in Treating<br />

Gestational Diabetes Mellitus: A Meta-Analysis, PLoS One. 2014 Oct 10; Singh KP, Rahimpanah F, et al..,Metfori for the manag<strong>em</strong>ent of gestational diabetes mellitus, Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2015 Aug;<br />

Montserrat Balsells, et al., Glibenclamide, metformin, and insulin for the treatment of gestational diabetes: a syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis, BMJ 2015;350:h102.


Marinho, Joana Rita; Cardoso Coelho, Cecília; Andrade Rosa, Inês<br />

Internas 2º ano MGF, USF Cova da Piedade<br />

Introdução<br />

• A dislipid<strong>em</strong>ia é um fator importante no desenvolvimento de doença<br />

CV, sendo o seu controlo essencial na redução deste risco.<br />

• Doentes sob tratamento prolongado com estatinas pod<strong>em</strong> ter um risco<br />

aumentado de desenvolver diabetes mellitus tipo 2 [1] .<br />

• A probabilidade dos doentes beneficiar<strong>em</strong> com o uso de estatinas<br />

associa-se ao seu risco basal absoluto de vir<strong>em</strong> a ter um evento CV [2] .<br />

Em adultos com dislipid<strong>em</strong>ia e risco CV moderado, este benefício é<br />

discutível [3] .<br />

• A dislipid<strong>em</strong>ia é uma doença prevalente na consulta de Medicina<br />

Geral e Familiar (MGF) e cabe muitas vezes ao Médico de Família a<br />

decisão de iniciar o tratamento com este grupo de fármacos.<br />

Objetivo: avaliar a evidência disponível quanto ao benefício do uso de<br />

estatinas <strong>em</strong> adultos com dislipid<strong>em</strong>ia e risco CV moderado, face ao risco<br />

de desenvolver DM2<br />

Metodologia<br />

Pesquisa: artigos de revisão, meta-analises, ensaios clínicos aleatorizados<br />

e controlados e guidelines<br />

Fonte: PubMed Língua: português, inglês<br />

Publicações: artigos publicados entre 2004/01/01 e 2016/12/20<br />

Termos MeSH: “diabetes mellitus type 2”, “LDL-c” e “statins”<br />

Escala: SORT da American Family Physician<br />

Critérios de exclusão: relatos de caso; estudos <strong>em</strong> animais; estudos que não incidiram<br />

sobre o risco de DM2<br />

Outros artigos incluídos:<br />

• norma da DGS sobre abordag<strong>em</strong> terapêutica da dislipid<strong>em</strong>ia no<br />

adulto<br />

• guidelines internacionais (ACC/AHA e ESC/EAS)<br />

• estudo da base PubMed com recurso às palavras-chave não-MeSH<br />

“diabetes”, “diabetogenesis” e “statin therapy”<br />

Resultados<br />

Pesquisa inicial: 208 artigos<br />

Selecionados 10 artigos<br />

6 meta-análises<br />

1 análise<br />

post-hoc<br />

2 guidelines<br />

internacionais*<br />

1 norma de orientação<br />

clínica DGS*<br />

Autor(es) Tipo de estudo/artigo Observações<br />

Ganda [4]<br />

Artigo de revisão com<br />

base <strong>em</strong> 3 metaanálises<br />

e 7 estudos<br />

longitudinais<br />

populacionais<br />

Everett et al [5] Análise post-hoc do<br />

estudo JUPITER<br />

Tziomalos, K. [6]<br />

Artigo de revisão<br />

• ↑ 25% no risco relativo de desenvolver DM2 sob tratamento com rosuvastatina, 20mg/dia [JUPITER];<br />

• Relação forte entre risco DM2 com estatinas e com perfil base dos doentes (SM);<br />

• ↑ da incidência de DM2 com o tratamento prolongado com estatinas [WHI];<br />

• ↑ da incidência de DM2 com tratamento intensivo com estatinas vs. tratamento moderado [Preiss et al];<br />

• Pravastatina parece ser a menos diabetogénica e a rosuvastatina (20mg) a mais diabetogénica [Navarese<br />

et al];<br />

• Tratamento com dose moderada de estatina <strong>em</strong> doentes com risco CV moderado diminui o risco de<br />

eventos CV [HOPE-3];<br />

• Foram evitados 134 eventos CV vs. 54 novos casos de DM2 [JUPITER];<br />

• Razão risco-benefício é a favor do uso de estatinas na população de alto e muito alto risco.<br />

• ↑ da incidência de DM2 <strong>em</strong> doentes com LDL-c


O uso da Serenoa repens na redução dos Sintomas Urinários Baixos na<br />

Hiperplasia benigna da Próstata – Revisão baseada na Evidência<br />

Soares, C. 1 Azevedo, C. 2 Pontes, J. 3<br />

1<br />

USF Torrão, 2 USF Pirâmides, 3 USF Lidador<br />

INTRODUÇÃO<br />

•A hiperplasia benigna da próstata (HBP) apresenta uma prevalência crescente com o envelhecimento atingindo mais de 80% dos homens na<br />

8ªdécada de vida e t<strong>em</strong> um conceito anatomopatológico e clínico (representado pelos LUTS (sintomas urinários baixos)).<br />

•Antes de iniciar qualquer prescrição farmacológica o médico deve fazer uma avaliação baseada na aplicação de questionários validados como o<br />

IPSS e o AUASS. A utilização da fitoterapia no tratamento dos LUTS e da HBP é controversa.<br />

OBJETIVO<br />

Determinar o papel da Serenoa repens na redução dos sintomas urinários baixos <strong>em</strong> homens com hiperplasia benigna da próstata<br />

METODOLOGIA<br />

Termos MeSH: prostatic hyperplasia AND serenoa<br />

Motores de busca:<br />

•National Guideline Clearinghouse; Guidelines do NHS<br />

Britânico; Canadian Medical Association Practice Guidelines<br />

Línguas: Inglesa, Portuguesa, Espanhola<br />

Datas de publicação: 2000 a 2016<br />

Classificação dos Níveis de Evidência e da Força de<br />

Recomendação: Strength of Recommendation Taxonomy<br />

Infobase; The Cochrane Library; DARE; Bandolier; PubMed<br />

Pesquisa:<br />

•revisões baseadas na evidência (RBE); normas de orientação<br />

clínica (NOC); meta-análises (MA); revisões sist<strong>em</strong>áticas<br />

(RS); ensaios clínicos aleatorizados e controlados (ECAC)<br />

RESULTADOS<br />

(SORT), da American Acad<strong>em</strong>y of Familiy Physicians<br />

Critérios de exclusão:<br />

•artigos de opinião<br />

•Intervenção: fitoterapia<br />

• 71 artigos 7 selecionados após leitura dos abstracts 6 após critérios de exclusão 4 RS; 1 MA; 1 guideline<br />

Autor/Ano Tipo de Estudo Amostra Intervenção Resultados/conclusões NE<br />

P<br />

I<br />

C<br />

O<br />

• Homens com HBP<br />

• Uso de Serenoa repens<br />

• Placebo/ausência de tratamento<br />

• Sintomas urinários baixos<br />

Tacklind J, et al. (2012)<br />

Revisão sist<strong>em</strong>ática<br />

Cochrane<br />

5 ECAC<br />

n 880<br />

(1m—18m)<br />

Placebo<br />

AUA<br />

IPSS<br />

(10): Clinically meaningful improv<strong>em</strong>ents did not differ between Serenoa treatment and Placebo – 43% vs 44%<br />

(11): statiscally signficant improv<strong>em</strong>ent: 37% Vs 14%, although the mean baseline score indicated mild symptoms<br />

2<br />

(12): There was no significant difference between groups in the mean change in AUASI scores over time −0.93 Vs<br />

1.01<br />

(19): Men randomized to receive saw palmetto had a mean decrease in symptom score of 4.4 points compared with<br />

2.2 points in the placebo group. This difference was statistically significant (P0.038).<br />

(26):treatment groups of - 3.62 (- 5.23 to - 2.01; P< 0.001) but there was no significant difference in the decrease<br />

in IPSS over time between the groups, with a treatment effect of 1.74 and the mean IPSS at baseline were<br />

significantly difeferent between the two groups<br />

“Based on high quality, long-term trials, treatment with Serenoa Repens, even at escalating doses, did not improve<br />

LUTS…”<br />

Dedhia RC. et al. (2008)<br />

Revisão sist<strong>em</strong>ática<br />

3 ECAC<br />

n 403<br />

Placebo<br />

AUA<br />

IPSS<br />

“ Saw palmetto was clearly shown to be comparable to placebo in a trial with sound methodology.”<br />

“At this point none of the agents investigated can be recommended as effective therapy for LUTS or other<br />

el<strong>em</strong>ents related to BPH.”<br />

2<br />

Kim T-H. et al. (2012) Revisão sist<strong>em</strong>ática 2 RS<br />

n ?<br />

Placebo<br />

AUA<br />

IPSS<br />

“ ... evidence of their specific effects on symptoms and urodynamic measures were not provided due to a lack of<br />

sufficiently large clinical trials.”<br />

“... Several phytotherapeutic compounds...showed specific effects on the symptoms and urinary flow measures<br />

related to BPH, but Serenoa repens did not.”<br />

2<br />

H. Azimi et al (2012) Revisão Sist<strong>em</strong>ática 4 ECA<br />

n 5172<br />

(2m, 12m, 6m,<br />

3m)<br />

Placebo e ausência<br />

de tratamento<br />

“ Show a reduction of intra and post-operative complications..” “Reduction of IPSS…” “Slightly better than<br />

placebo..”<br />

2<br />

P. Boyle, C. Robertson,<br />

F. Lowe and C.<br />

Roehborn ( 2003)<br />

Meta - análise<br />

4 ECA<br />

n 1852<br />

Placebo e ausência<br />

de tratamento<br />

IPSS<br />

The placebo effect was associated with a reduction in the mean IPSS of 4.54<br />

Permixon was associated with 4.78 point reduction in IPSS<br />

It is difficult to draw any conclusion about this, as the direct comparison is based on only one study<br />

2<br />

Norma de orientação clínica DGS – “ no tratamento farmacológico da HBP não há indicação para a utilização de produtos de fitoterapia “– NE 3<br />

Os autores consideram que o uso de Serenoa Repens no alívio dos sintomas na HBP t<strong>em</strong>:<br />

B<br />

Recomendação baseada <strong>em</strong> evidência inconsistente ou de<br />

qualidade limitada orientada para o doente<br />

Bibliografia:<br />

•MacDonald R, Tackind JW, Rutks I, Wilt TJ. Serenoa repens monotherapy for benign prostatic hyperplasia (BPH): an updated Cochrane syst<strong>em</strong>atic review. BJU International 2012; 109: 1756-1761<br />

•Kim T-H, Lim H-J, Kim M-S, Lee MS. Dietary suppl<strong>em</strong>ents for benign prostatic hyperplasia: An overview of syst<strong>em</strong>atic reviews. Maturitas 2012; 73: 180-185<br />

•Dedhia RC, McVary KT. Phytotherapy for Lower Urinary Tract Symptoms Secondary to Benign Prostatic Hyperplasia. The Journal of Urology 2008; 179: 2119-2125<br />

•Andreas S, Reinhard S, Eugen R, and Michael H. Improving BPH symptoms and sexual dysfunctions with a saw palmetto preparation? Results from a pilot trial. PHYTOTHERAPY RESEARCH Phytother. Res. (2012)<br />

•Hanieh A. Et al. Review of Animal and Human Studies for Manag<strong>em</strong>ent of Benign Prostatic Hyperplasia with Natural Products: Perspective of New Pharmacological Agents. Inflammation & Allergy - Drug Targets, 2012, 11, 207-221<br />

•Olta A, Annabella V. What do we know about phytotherapy of benign prostatic hyperplasia. Life Sciences 2015.<br />

•Bent S, Kane C, Shinohara K, Neuhaus J, Hudes ES, Saw Palmetto for Benign Prostatic Hyperplasia N Engl J Med 2006;354:557–66.<br />

•Tae-Hun Kima, Hyun-Ja Limb, Myung-Sunny Kimc, Myeong Soo Leea, Dietary suppl<strong>em</strong>ents for benign prostatic hyperplasia: An overview of syst<strong>em</strong>atic reviews a Medical Research Division, Korea Institute of Oriental Medicine, Daejeon 305-811, South Korea b Department of Nursing, Chodang University, Muan,<br />

South Korea c Korea Food Research Institute, Kyeongki-do, South Korea<br />

•E. Morán∗, A. Budía, E. Broseta, F. Boronat<br />

•Phytotherapy in urology. Current scientific evidence of its application in benign prostatic hyperplasia and prostate adenocarcinoma Servicio de Urología, Hospital Universitario y Politécnico La Fe, Valencia, Spain 2012<br />

• Norma DGS nº 048/2011 . Abordag<strong>em</strong> Terapêutica Farmacológica da Hipertrofia Benigna da Próstata . Departamento da Qualidade na Saúde (dqs@dgs.pt)<br />

•Fonseca J, Palmas A., HBP Sintomas e impacto na qualidade de vida, Urologia <strong>em</strong> Medicina Familiar, Associação Portuguesa de Urologia


História clínica<br />

Bibliografia<br />

Estruturais (PALM)<br />

H<strong>em</strong>orragia Uterina Anómala<br />

Introdução<br />

A h<strong>em</strong>orragia uterina anómala (HUA) define-se como<br />

h<strong>em</strong>orragia de orig<strong>em</strong> uterina <strong>em</strong> quantidade, duração ou<br />

calendário anormal. Afecta até 14% das mulheres <strong>em</strong> idade<br />

fértil e t<strong>em</strong> um impacto significativo na qualidade de vida.<br />

Objetivos<br />

Revisão da abordag<strong>em</strong> diagnóstica e terapêutica da HUA.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa bibliográfica no Pubmed, Uptodate e Dynamed de<br />

artigos publicados, utilizando os termos de pesquisa<br />

aboral uterine bleeding, diagnosis, etiology,<br />

aageet e treatment.<br />

Prevalência<br />

Resultados<br />

Etiologia<br />

<strong>em</strong> Idade Reprodutiva<br />

João Ferreira 1 , Rosário Rodrigues 1 , Ivone Costa 1<br />

USF São João da Talha – ACES Loures-Odivelas<br />

9-14% <strong>em</strong> idade fértil<br />

12.1-37% de adolescentes<br />

A International Federation of Ginaecholoy and Obstetrics propôs <strong>em</strong><br />

2011 uma nova classificação, subdividida <strong>em</strong> causas estruturais e<br />

não estruturais.<br />

Não Estruturais (COEIN)<br />

Padrão h<strong>em</strong>orrágico/etiologias frequentes<br />

Fluxo menstrual<br />

abundante<br />

H<strong>em</strong>orragia<br />

intermenstrual<br />

H<strong>em</strong>orragia<br />

irregular<br />

Amenorreia<br />

Leiomiomas uterinos<br />

Adenomiose<br />

Coagulopatia<br />

Pólipo endometrial<br />

Contraceptivo<br />

Hiperplasia, neoplasia<br />

Disfunção ovulatória<br />

Primária ou secundária<br />

Defeito da cicatriz de<br />

cesariana<br />

Outras etiologias<br />

Endometrite, DIP<br />

↓ do volume Contracepção hormonal Outras causas<br />

Inicial<br />

Anomalias endometriais<br />

decorrentes de trauma<br />

Avaliação laboratorial e imagiológica<br />

• hCG<br />

• H<strong>em</strong>ograma<br />

• TP, APTT<br />

Testes adicionais<br />

• TSH<br />

• Prolactina<br />

• Androgénios<br />

• LH+FSH<br />

• Estrogénios<br />

• Função ovulatória<br />

• Testes para perturbações da<br />

coagulação<br />

Rastreio do c. colo do útero<br />

Biópsia do Endométrio, se<br />

• > 45 anos ou H<strong>em</strong>orragia<br />

intermenstrual refractária a<br />

terapêutica ou F.R. para<br />

neoplasia do endométrio<br />

Exames imagiológicos<br />

• Critérios:<br />

• Alterações no Exame objectivo<br />

abdominal<br />

• Persistência de sintomas<br />

• Ecografia transvaginal<br />

• Exame imagiológico de 1ª linha<br />

• Histerossonografia<br />

Histeroscopia<br />

Pólipo<br />

Adenomiose<br />

Leiomioma<br />

Malignidade e hiperplasia<br />

Localização<br />

da<br />

h<strong>em</strong>orragia<br />

História de<br />

cirurgia ou<br />

trauma<br />

Sinais Vitais<br />

Equimoses<br />

Tiróide aumentada<br />

Hiperandrogenismo<br />

Acantose nigricans<br />

Galactorreia<br />

Gravidez<br />

Medicação /<br />

Produtos de<br />

ervanária<br />

Coagulopatia<br />

Disfunção Ovulatória<br />

Endometrial<br />

Iatrogénica<br />

Avaliação Inicial<br />

Exame Objetivo<br />

Geral<br />

Exame Objetivo<br />

Ginecológico<br />

Ainda Não classificada<br />

Frequência /<br />

Volume<br />

Factores de<br />

risco para<br />

coagulopatia<br />

Gravidade<br />

Outras<br />

queixas<br />

sistémicas<br />

Locais de<br />

potencial h<strong>em</strong>orragia<br />

Alterações do tracto genital<br />

Tamanho/contorno do útero<br />

H<strong>em</strong>orragia uterina actual<br />

Dor ou massas anexiais<br />

Abnormal uterine bleeding. In DynaMed Plus [database online]. EBSCO Information Services.<br />

http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=dme&AN=361089&lang=pt-br&site=dynamed-live&scope=site. <strong>Update</strong>d<br />

May 06, 2016.<br />

Kaunitz, AM. Approach to abnormal uterine bleeding in nonpregnant reproductive-age women. In: UpToDate, Post TW (Ed),<br />

UpToDate, Waltham, MA.<br />

Bradley LD, Gueye NA. The medical manag<strong>em</strong>ent of abnormal uterine bleeding in reproductive-aged women. Am J Obstet Gynecol.<br />

2016;214(1):31-44.<br />

Matthews ML. Abnormal uterine bleeding in reproductive-aged women. Obstet Gynecol Clin North Am. 2015;42(1):103-15.<br />

H. anovulatória H. ovulatória H. alterações estruturais<br />

Objectivos<br />

Restauração de ciclos<br />

regulares<br />

Cessação e prevenção<br />

de novos episódios e<br />

complicações<br />

• DIU-LNG<br />

• Medroxiprogesterona<br />

• Se


(Vessel®)<br />

A eficácia de um fármaco na doença arterial periférica<br />

Ana Sardo 1 (anasardo88@gmail.com); Joana Guerra 1 ; Melinda Sera 2 ; Ana Rita Correia 3 e Susana Pereira Costa 4<br />

1<br />

interna <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar- USF Mirante,<br />

2<br />

interna <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar- USF Lauroé,<br />

3<br />

interna <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar- USF Ria Formosa;<br />

4<br />

assistente de Medicina Geral e Familiar- USF Mirante;<br />

(ARS Algarve - ACES Algarve I Central)<br />

Doença Arterial<br />

Periférica (DAP)<br />

• Processo aterotrombótico<br />

• Classificação Leriche- Fontaine:<br />

I Assintomático<br />

II Claudicação intermitente<br />

III Dor <strong>em</strong> repouso<br />

IV Lesões tróficas<br />

Sulodexida<br />

Fração “heparina-like” com afinidade para a<br />

antitrombina III<br />

Sulfato de dermatano com afinidade para o<br />

co-fator da heparina II.<br />

Determinar a eficácia da sulodexida na melhoria da sintomatologia da DAP,<br />

nomeadamente na claudicação intermitente.<br />

Pubmed<br />

Inglês e Português<br />

“sulodexide AND<br />

(peripheral arterial<br />

diseases)”<br />

Revisão bibliográfica baseada na evidência<br />

05/11/2016<br />

S<strong>em</strong> intervalo<br />

t<strong>em</strong>poral<br />

P<br />

I<br />

C<br />

O<br />

• Doentes com DAP<br />

• Tratamento com sulodexida<br />

• Placebo /Pentoxifilina<br />

• Melhoria da claudicação intermitente<br />

14 artigos<br />

Seleção por:<br />

• Título<br />

• Abstrat<br />

• PICO<br />

4 Ensaios Clínicos<br />

1 Meta-análise<br />

3 Revisões<br />

Estudo Tipo de estudo/população Intervenção Outcome NE<br />

Coccheri<br />

2002<br />

Shustov<br />

1997<br />

Piva,<br />

1985<br />

Catania,<br />

1992<br />

Gaddi,<br />

1996<br />

Coccheri<br />

, 2014<br />

Lasierra,<br />

2010<br />

Coccheri<br />

, 2013<br />

Ensaio Clínico (EC)<br />

Randomizado<br />

Dupla ocultação (DO)<br />

Multicêntrico<br />

N=286<br />

• DAP: distância máxima<br />

s<strong>em</strong> dor 100-300m<br />

EC, N= 107<br />

• DAP no estadio II :<br />

distância máxima s<strong>em</strong><br />

dor 50-100m<br />

EC, DO, N= 30<br />

• Diabetes<br />

• DAP no estadio II-III<br />

EC, DO, N= 60<br />

• DAP estadio II<br />

• Meta-análise<br />

• 19 estudos (EC<br />

randomizados simples)<br />

• Efeito da sulodexida na<br />

claudicação<br />

• N=1159<br />

• 1981-1994<br />

• Revisão<br />

Sulodexida Vs Placebo<br />

(60 mg im/dia, 20d 100<br />

mg po/dia, 6m)<br />

6 meses<br />

Sulodexida vs<br />

Pentoxifilina<br />

Sulodexida Vs Placebo<br />

(600 SLU im/dia, 20d<br />

600 SLU po/dia, 70dias)<br />

Sulodexida Vs Placebo<br />

• 100mg/dia (6 meses)<br />

• Caminhar 30 min bid<br />

• Dieta<br />

Sulodexida Vs Placebo<br />

Dose: 1000/dia<br />

im: 20d po 3m<br />

• Duplicação da distância s<strong>em</strong><br />

claudicação intermitente (23,8%<br />

Sulodexida vs 9,1% placebo;<br />

p=0,001)<br />

• Aumento da distância máxima<br />

s<strong>em</strong> dor com sulodexida<br />

(p=0,001)<br />

• Melhoria progressiva com ambos<br />

• S<strong>em</strong> ≠ estatisticamente<br />

significativas 2<br />

• Grupo sulodexida apresentou<br />

uma melhoria constante e<br />

progressiva: diminuição da<br />

sintomatologia (p< 0,001)<br />

• Grupo placebo: estacionário<br />

• Tratamento a médio prazo com<br />

Sulodexida diminui a<br />

claudicação (↑36%/ 143,6m de<br />

distância s<strong>em</strong> dor) nos estadios<br />

iniciais de DAP (p=0,0066)<br />

• Grupo placebo: s<strong>em</strong> diferenças<br />

Tratamento com sulodexida:<br />

• Melhora significativamente os<br />

sintomas clínicos na DAP<br />

• Aumenta a distância a<br />

caminhar s<strong>em</strong> dor<br />

1<br />

1<br />

1<br />

1<br />

A<br />

B<br />

B<br />

Sulodexida<br />

• Melhora os sintomas da<br />

DAP (ńvel de evidência A)<br />

• Aumentando o t<strong>em</strong>po de<br />

caminhada s<strong>em</strong> dor<br />

Excelente escolha<br />

no tratamento da<br />

DAP nos estadios<br />

precoces<br />

MAS...<br />

S̃o necesśrios mais<br />

estudos para determinar<br />

o efeito da sulodexida <strong>em</strong><br />

estadios mais avaņados<br />

da doeņa.<br />

1-Coccheri S, et al., Arterial Arm of the Suavis (Sulodexide Arterial Venous Italian Study) group, Sulodexide in the treatment of intermittent claudication, Eur Heart J. 2002; 2- Shustov SB, Controlled clinical trial<br />

on the efficacy and safety of oral sulodexide in patients with peripheral occlusive arterial disease, 1997; 3- Piva I, et al., A controlled study on the effect of sulodexide in the treatment of peripheral diabetic<br />

macroangiopathy, 1985; 4- Catania et al. Pharmacological treatment of intermittent claudication: double blind controlled study of dulodexide vs placebo, 1992; 5- Gaddi A, et al., Meta-analysis of some results<br />

of clinical trials on sulodexide therapy in peripheral occlusive arterial disease; 1996; 6- Coccheri S, Biological and clinical effects of sulodexide in arterial disorders and diseases, 2014 Jun; 7- Lasierra, et al.<br />

Use of sulodexide in patients with peripheral vascular disease;2010; 8- Coccheri S, et al. Development and use of sulodexide in vascular diseases: implications for treatment; 2013 Dec


CEFALEIAS EM IDADE PEDIÁTRICA<br />

Sofia Marçalo 1 , Mafalda Gonçalves 2<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar 1 USF S. Félix/Perosinho, 2 USF Anta, ACeS Espinho/Gaia<br />

INTRODUÇÃO<br />

As cefaleias são uma queixa muito frequente <strong>em</strong> idade pediátrica. Aos 18 anos de idade mais de 90% das crianças já reportaram pelo menos um episódio de cefaleia. 1 A sua prevalência<br />

aumenta com a idade, passando de 4,5% entre 4 e os 6 anos para 27,4% entre 16 e os 18 anos de idade. 2 A prevalência entre sexos é s<strong>em</strong>elhante até aos 12 anos de idade, altura a<br />

partir da qual assume uma maior proporção no sexo f<strong>em</strong>inino. 2 As cefaleias representam cerca de 2% dos motivos de ida ao serviço de urgência e 1,5% a 16% das consultas urgentes. 3<br />

No entanto, apesar de esta ser uma queixa comum, a verdade é que a avaliação sist<strong>em</strong>ática dos critérios da International Classification of Headache Disorders 3 (ICHD-3) ainda não está<br />

ainda disponível para a população pediátrica. 4,5,6<br />

OBJETIVO<br />

Rever as tipologias de cefaleias mais frequentes <strong>em</strong><br />

idade pediátrica, b<strong>em</strong> como a sua abordag<strong>em</strong> e<br />

tratamento, orientados para os cuidados de saúde<br />

primários (CSP).<br />

MÉTODOS<br />

Revisão clássica através da pesquisa bibliográfica de guidelines, meta-análises, revisões sist<strong>em</strong>áticas e estudos<br />

originais, nas bases de dados National Guidelines Clearinghouse, Guidelines Finder, CMA Infobase, Cochrane, DARE<br />

database (NHS) e PUBMED, utilizando os termos MeSH: “headache”, “children”, “classification” e “treatment”. Foram<br />

incluídos estudos <strong>em</strong> português e inglês, publicados entre janeiro de 2006 e set<strong>em</strong>bro de 2016.<br />

RESULTADOS<br />

De uma maneira generalista, para população pediátrica, os estudos assum<strong>em</strong> a divisão adulta <strong>em</strong> cefaleias primárias – não são decorrentes de doenças orgânicas específicas ou de<br />

orig<strong>em</strong> sistémica - e secundárias. Nesta revisão descrev<strong>em</strong>os apenas as primeiras.<br />

ENXAQUECA<br />

Cefaleia aguda mais frequente <strong>em</strong> idade pediátrica: prevalência de 3-10%<br />

SEM AURA<br />

Cefaleia com pelo menos 2 destas:<br />

•Pulsátil ou não pulsátil, que agrava com as<br />

atividades físicas rotineiras<br />

•Bilateral<br />

•Intensidade moderada a grave<br />

•Localização na região fronto-t<strong>em</strong>poral<br />

•Alívio com o sono<br />

Durante a crise pelo menos 1 dos seguintes:<br />

•Náuseas, vómitos (ou ambos), dor abdominal<br />

•Fotofobia ou sonofobia<br />

COM AURA<br />

Cefaleia com pelo menos 1 dos seguintes<br />

sintomas de aura – completamente<br />

reversíveis: visual, sensitiva, linguag<strong>em</strong> ou<br />

discurso, motora, tronco cerebral, retiniana.<br />

Durante a crise pelo menos 2 das seguintes:<br />

•1 dos sintomas de aura estende-se durante ≥ 5<br />

min<br />

•Sintoma de aura dura entre 5 – 60 min<br />

•1 dos sintomas de aura é unilateral<br />

•A aura é acompanhada ou sucedida <strong>em</strong> 60<br />

min pela enxaqueca<br />

CEFALEIA DE<br />

TENSÃO<br />

Pelo menos 10 episódios de cefaleia com:<br />

•Duração de 30 min a 7 dias<br />

•Durante a crise pelo menos 2 destas:<br />

•Localização bilateral<br />

•Caráter de pressão ou aperto (não pulsátil)<br />

•Intensidade leve ou moderada<br />

•Não agravada por atividades físicas<br />

rotineiras<br />

•Ambas as seguintes:<br />

•Ausência de náuseas ou vómitos<br />

•Presença isolada de fotofobia ou de<br />

fonofobia (se presentes)<br />

CEFALEIA EM<br />

CLUSTER<br />

Pelo menos 5 episódios de cefaleia com:<br />

•Intensidade grave ou muito grave<br />

•Localização orbitária, supraorbitária e/ou<br />

t<strong>em</strong>poral, UNILATERAL<br />

•Duração de 15 a 180 min<br />

•1 ou ambos os seguintes:<br />

•Pelo menos 1 dos seguintes sintomas ou<br />

sinais, IPSILATERAL à cefaleia:<br />

•lacrimejo-conjuntival; rinorreia; ed<strong>em</strong>a<br />

palpebral; sudorese; rubor facial;<br />

plenitude auricular; miose e/ou ptose -<br />

Síndrome de Horner<br />

•Sensação de inquietude ou agitação<br />

Anamnese detalhada<br />

Ouvir a criança! Confirmar com os pais.<br />

Questionar todos os episódios passados.<br />

Registar um diário de episódios/caraterísticas<br />

• Reduz o viés de m<strong>em</strong>ória<br />

• Facilita a identificação de um padrão<br />

• Permite obter detalhes, fatores desencadeantes e<br />

• de alívio (hábitos de sono, hábitos<br />

farmacológicos, hábitos sociofamiliares)<br />

Exame objetivo<br />

• Excluir doença aguda e do aparelho mastigatório.<br />

• Avaliar desenvolvimento e acuidade visual.<br />

Exame neurológico<br />

É o indicador mais sensível da necessidade de<br />

investigação adicional e de neuroimag<strong>em</strong> (TAC).<br />

TAC<br />

Sinais ou sintomas<br />

neurológicos ou<br />

sugestivos de:<br />

‣ pressão intracraniana<br />

‣ Infecção intracraniana<br />

‣ Doença neurológica progressiva<br />

‣ Alterações de desenvolvimento/cognição<br />

‣ Idade < 5-6 anos<br />

‣ Cefaleia: intensa e súbita, crónica modificada, progressiva, matinal,<br />

refratária, muito localizada (occipital), que desperta à noite, que alivia com o<br />

vómito ou desencadeada por variações da pressão´intracaniana<br />

Em qualquer cefaleia primária<br />

Enxaqueca<br />

Profilaxia apenas<br />

6 a 9 meses<br />

Cefaleia de tensão<br />

Educação e Mudança de Estilos de Vida<br />

• Adequar expectativas<br />

• Manter o calendário de cefaleias<br />

• Evitar fatores desencadeantes<br />

• Manter a frequência escolar<br />

• Realizar atividade física 20 mins/dia<br />

• Abordar distúrbios do sono, humor e ansiedade<br />

Terapêutica de fase aguda<br />

• Paracetamol<br />

• Ibuprofeno<br />

• AAS <strong>em</strong> adolescentes com boa experiência<br />

anterior<br />

Uso excessivo de analgésicos<br />

• Definido por um uso:<br />

> 15 dias/mês se não sujeitos<br />

a prescrição<br />

< 10 dias/mês se sujeitos a<br />

prescrição<br />

• TODOS têm efeito rebound<br />

• Das principais causas de<br />

cefaleia crónica secundária<br />

Suspender toda a analgesia<br />

Tratamento profilático se:<br />

• Frequentes (> 2x/mês) ou prolongadas<br />

• Impacto na funcionalidade ou qualidade de vida<br />

• Relacionadas com o ciclo menstrual<br />

• Probl<strong>em</strong>as com a terapêutica de fase aguda<br />

Propanolol 1ª linha mas contra-indicado se asma,<br />

diabetes insulinodependente, doença renal ou cardíaca.<br />

Flunarizina<br />

Provoca de peso<br />

Topiramato<br />

Provoca de peso<br />

Antiepilépticos (valproato) ou antidepressivos<br />

(amitriptilina), se ansiedade ou depressão.<br />

Amitriptilina 5 - 10 mg/dia,<br />

para tratamento profilático<br />

• Técnicas de relaxamento e<br />

comportamentais<br />

• Terapia cognitivocomportamental<br />

• Relaxamento assistido<br />

Em todas as situações<br />

abordar o contexto<br />

biopsicossocial<br />

CONCLUSÃO<br />

As cefaleias são uma queixa frequente <strong>em</strong> crianças e adolescentes. A variabilidade de apresentação consoante a idade torna difícil a aplicação de critérios de diagnóstico padronizados. 5<br />

Além disso, as cefaleias <strong>em</strong> idade pediátrica tend<strong>em</strong> a sofrer alterações das suas caraterísticas ao longo do t<strong>em</strong>po, podendo melhorar ou mesmo entrar <strong>em</strong> r<strong>em</strong>issão. 6 Assim, a<br />

utilização de meios compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico deve ser minorada, devendo privilegiar-se o enfoque na história clínica e exame objetivo cuidados. Relativamente ao tratamento, a<br />

maior parte dos estudos recomenda os anti-inflamatórios não esteróides (AINE´s) e o paracetamol para alívio agudo dos sintomas, e os beta-bloqueadores, a flunarizina, e o topiramato<br />

para profilaxia das crises. 6,7 Em suma, é importante ter <strong>em</strong> conta que o fator primordial para o sucesso no tratamento das cefaleias na infância e adolescência é o próprio “médico”.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Martins JR et al. Cefaleias num Serviço de Urgência Pediátrico – etiologia e orientação clínica. Acta Pediátrica Portuguesa. 2013:44(1):20-4.<br />

2. Lateef TM et al. Headache in a national sample of American children: prevalence and comorbidity. J Child Neurol. 2009;24(5):536.<br />

3. Alves C et al. Cefaleias numa urgência pediátrica. Acta Pediátrica Portuguesa. 2011:42(4):137-43.<br />

4. Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS). The International Classification of Headache Disorders,3rd edition (beta version). Cephalalgia. 2013: 33(9) 629–808.<br />

5. Richer L et al. Drugs for the acute treatment of migraine in children and adolescents (Review). Cochrane Database of Syst<strong>em</strong>atic Reviews 2016, Issue 4. Art. No.: CD005220.<br />

6. Classification of migraine in children. www.uptodate.com, acedido a 29/09/2016.<br />

7. Siqueira LEM et al. Cefaleias na infância e adolescência. Pediatria Moderna. 2011: 67 (1) 5-12.


Terapêutica da acne<br />

Autores: Ivone Fernandes Costa 1 , João Rodrigo Ferreira 1 , Maria do Rosário Rodrigues 1<br />

1- Interno da formação específica de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha<br />

Introdução<br />

A acne é uma doença inflamatória crónica do folículo pilossebáceo, de etiologia multifatorial chegando a atingir 85-100% da<br />

população <strong>em</strong> qualquer momento da sua vida. De acordo com o tipo de lesões predominantes a acne classifica-se <strong>em</strong>: leve ou<br />

comedónica, moderada ou pápulo-pustulosa e grave ou nódulo-quística.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa bibliográfica nas línguas portuguesa e inglesa <strong>em</strong> livros de texto, artigos publicados e revistas da especialidade. Foram<br />

utilizados os termos acne, etiology, menag<strong>em</strong>ent e treatment.<br />

Resultados<br />

Controlar<br />

hiperqueratose<br />

Diminuir a produção<br />

de sebo<br />

Redução da população<br />

bacteriana<br />

Eliminar inflamação<br />

Comedónica Pápulo-pustulosa Nódulo-quística<br />

Tratamento tópico<br />

Isolado:<br />

PB ou RT<br />

Combinação:<br />

PB + RT ou<br />

PB + AB ou<br />

RT+ AB<br />

Tratamento tópico:<br />

Combinação:<br />

PB + RT ou<br />

PB + AB ou<br />

RT+ AB<br />

Tratamento oral:<br />

Antibiótico oral +<br />

PB ou<br />

PB + RT<br />

Tratamento oral:<br />

Antibiótico oral +<br />

PB ou<br />

PB + RT<br />

Considerar IT oral<br />

(0,5 – 0,7mg/kg/dia)<br />

Conclusões<br />

RT: Adapaleno 0.1%, Isotretinoína<br />

0.05%, Tretínoina (0,025% e 0,05%)<br />

AB: Clindamicina e Eritromicina<br />

Considerar IT oral<br />

(0,5 – 0,7mg/kg/dia)<br />

AB oral: Doxiclina 100mg, minociclina<br />

100mg ou sulfametoxazol-trimetoprim<br />

480mg<br />

PB – Peróxido Benzoílo; RT – Retinoide Tópico; AB – Antibiótico, IT - Isotretinoína<br />

+/- Terapêutica hormonal: Etinilestradiol + Progestativo 2ª ou 3ª<br />

geração<br />

O médico de família t<strong>em</strong> um papel crucial no tratamento da acne que surge numa idade chave de estabelecimento de relações, <strong>em</strong><br />

que a existência de lesões inflamatórias na face pode deixar cicatrizes permanentes e influenciar negativamente a vida futura do<br />

doente.<br />

A escolha do tratamento deve ser discutida com o doente, uma vez que a sua má adesão leva ao não atingimento dos resultados<br />

esperados, e consequente abandono da terapêutica.<br />

Bibliografia<br />

Johnson, R. A.; SAAVEDRA, A. P.; WOLFF,K., Fitzpatrick’s color Atlas and Synpsis of Clinical Dermtology, 7 edition, Mcgram Hill, 2013<br />

RODRIGO, F.G.et al., Dermatologia Ficheiro Clinico e Teraputico, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010;<br />

Figueiredo, A. Et al., Avaliação e tratamento do doente com acne. Ver Port Clin Geral, 2011<br />

Massa A, Alves R, Amado J, Matos E, Sanches M, Selores M, et al. Prevalência das lesões cutâneas <strong>em</strong> Freixo de Espada à Cinta. Acta Med Port 2000 Set- Dez; 13<br />

(5-6): 247-54.<br />

Amado J, Matos ME, Abreu AM, Loureiro L. Oliveira J, Verde A, et al. The prevalence of acne in the north of Portugal. J Eur Acad Dermatol Venereol 2006 Nov; 20<br />

(10): 1287-95.<br />

Adebamowo CA, Spiegelman D, Danby W, Frazier AL, Willett WC, Holmes MD. High school dietary dairy intake and teenage acne. J Am Acad Dermatol 2005 Feb;<br />

52 (2): 207-14.<br />

Cl<strong>em</strong>ent A. Adebamowo, MD, ScD,a,f Donna Spiegelman, ScD,b,c Catherine S. Berkey, ScD,d F. William Danby, MD,e Helaine H. Rockett, MS, RD,d Graham A.<br />

Colditz, MD, DrPH,a,c,d Walter C. Willett, MD, DrPH,a,c,d and Michelle D. Holmes, MD, DrPHd. Milk consumption and acne in teenaged boys. J Am Acad<br />

Dermatol 2008 May; 58 (5): 787–793.<br />

Williams M, Cunliffe WJ. Explanation of pre-menstrual acne. Lancet 1973 Nov 10; 2 (7837): 1055-7.<br />

Gutiérrez E, Collantes D; Dermatologia Básica <strong>em</strong> Medicina Familiar, LIDEL


INCIDENTALOMAS DA TIRÓIDE<br />

Abordag<strong>em</strong> <strong>em</strong> Cuidados de Saúde Primários<br />

Catarina de Matos Morais 1 , Luísa Raquel Soares de Freitas 1<br />

[1] Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Marco<br />

INTRODUÇÃO<br />

Define‐se incidentaloma da Jróide (IT) com sendo um achado<br />

fortuito de um nódulo Jroideu assintomáJco durante a invesJgação<br />

de outra patologia. A prevalência dos IT varia com o exame<br />

imagiológico uJlizado: ecografia realizada para avaliar outras<br />

estruturas do pescoço (20 – 67%) e TC/RM do tórax ou do pescoço<br />

por outros moJvos que não patologia Jroideia (16 – 18%). Sabe‐se<br />

que o risco de desenvolver cancro a parJr de um IT detectado por<br />

ecografia/TC/RM na ausência de factores de risco é baixo (5 – 13%).<br />

Obje>vo: rever a literatura atual de forma a poder construir um<br />

algoritmo de atuação perante o achado de IT.<br />

• Revisão Clássica<br />

METODOLOGIA<br />

Bases de dados de Medicina Baseada na Evidência<br />

(nomeadamente, Pubmed e UpToDate)<br />

“thyroid”, “incidentalomas”, “nodules”, “diagnosis”<br />

“approach”, “manag<strong>em</strong>ent”<br />

ArJgos <strong>em</strong> Inglês e Português<br />

junho de 2006 a junho de 2016<br />

RESULTADOS<br />

Incidentaloma da Jróide detectado<br />

por ecografia, TC ou RM<br />

Ecografia Tiróide<br />

Patologia nodular<br />

TSH<br />

TSH N/<br />

TSH <br />

CinJgrafia<br />

Nódulo < 10 mm<br />

Ausência de risco clínico ou<br />

critérios ecográficos<br />

suspeitos:<br />

‐ Sólidos ≥ 10 – 15 mm<br />

‐ Mistos ≥ 15 – 20 mm<br />

Risco clínico<br />

e/ou<br />

Critérios ecográficos<br />

suspeitos<br />

e<br />

Nódulo ≥ 10mm<br />

Hipofixante<br />

ou isofixante<br />

Hiperfixante<br />

Repe>r ecografia >roideia<br />

<strong>em</strong>:<br />

‐ 6 a 18 M: se caracterísJcas<br />

suspeitas<br />

‐ 12 a 24M: se suspeição<br />

intermédia<br />

‐ >24M: se baixo risco<br />

Benigno<br />

(Bethesda II)<br />

CAAF<br />

‐ CAAF não diagnósJca (Bethesda I)<br />

‐ FLUS ou ACUS (Bethesda III)<br />

‐ Lesão folicular (Bethesda IV)<br />

‐ Suspeita ou diagnósJco de malignidade (Bethesda V/VI)<br />

HiperJroidismo<br />

clínico ou<br />

subclínico<br />

REFERENCIAR<br />

Após 6 a 18M:<br />

reavaliação clínica + ecográfica + TSH<br />

(seguimento posterior de acordo com<br />

evolução da doença)<br />

REFERENCIAR<br />

(30 dias)<br />

CONCLUSÕES<br />

Os nódulos da Jróide são muito frequentes (~5% da população), a sua prevalência é superior no sexo f<strong>em</strong>inino e <strong>em</strong> idades avançadas, sendo a<br />

maioria benignos. Exist<strong>em</strong> critérios clínicos que confer<strong>em</strong> um risco aumentado de malignidade: idade < 14 anos; RT cabeça/pescoço na infância/<br />

adolescência; história familiar de MEN2 ou carcinoma medular da Jróide; PAF, complexo Carney, S. Cowden, S. McCune‐Albright; IT idenJficado<br />

<strong>em</strong> PET; AP de carcinoma da Jróide; crescimento nodular rápido e progressivo; sintomatologia compressiva; adenopaJas cervicais; calcitonina<br />

elevada. Exist<strong>em</strong> ainda critérios ecográficos suspeitos: nódulo sólido hipoecogénico; microcalcificações; hipervascularização intra‐nodular;<br />

margens lobuladas ou irregulares; “taller‐than‐wide”; invasão de tecidos extra‐Jroideus; adenopaJas cervicais. O algoritmo desenvolvido permite<br />

uma abordag<strong>em</strong> baseada na melhor evidência ciensfica disponível, evitando exames e intervenções desnecessários s<strong>em</strong>pre que tal não se<br />

jusJfique (prevenção quaternária), permiJndo ainda facilitar a idenJficação dos nódulos da Jróide que dev<strong>em</strong> ser referenciados.<br />

BIBLIOGRAFIA: [1] Russ et al. Thyroid Incidentalomas: Epid<strong>em</strong>iology, Risk StraJficaJon with Ultrasound and Workup. Eur Thyroid J. 2014; 3 :154 – 163. [2]Ross DS. Overview of thyroid nodule formaJon. UpToDate. Junho 2016. [3] Norma da DGS nº 019/2013, atualizada a 16/06/2015 –<br />

Abordag<strong>em</strong> diagnósJca do nódulo da Jróide <strong>em</strong> idade pediátrica e no adulto. [4] Haugen et al. American Thyroid AssociaJon Manag<strong>em</strong>ent Guidelines for Adult PaJents with Thyroid Nodules and DifferenJated Thyroid Cancer. Thyroid 2016; 26:1. [5] Brito JP, Ito Y, Miyauchi A, Tu|le RM. A<br />

Clinical Framework to Facilitate Risk StraJficaJon When Considering an AcJve Surveillance AlternaJve to Immediate Biopsy and Surgery in Papillary Microcarcinoma. Thyroid 2016; 26:144. [6] Ross DS. DiagnosJc approach to and treatment of thyroid nodules. UpToDate. Junho 2016.


Incontinência Urinária F<strong>em</strong>inina<br />

Abordag<strong>em</strong> nos Cuidados de Saúde Primários<br />

Ventura, S., Fernandes, V., Gomes, S., Guedes, V., Corral, M., Moura, D<br />

Introdução: A Incontinência Urinária (IU) é caracterizada pela perda involuntária de urina. T<strong>em</strong> uma prevalência maior no sexo f<strong>em</strong>inino (2:1), afetando até 25% após a<br />

menopausa e 50% das institucionalizadas. Apenas 25% das ♀ pede ajuda médica. O médico de Família t<strong>em</strong> um papel privilegiado no seu diagnóstico e no tratamento.<br />

Objetivos: Sist<strong>em</strong>atizar a orientação diagnóstica e terapêutica mais adequada da IU F<strong>em</strong>inina nos Cuidados de Saúde Primários.<br />

Metodologia:<br />

• Revisão clássica da literatura médica, usando as palavras-hae urinary incontinence e "women;<br />

• Consultadas diversas bases de dados e as referências bibliográficas dos artigos selecionados, nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa;<br />

• Período entre janeiro de 2010 e abril de 2015.<br />

Classificação<br />

Fisiopatologia<br />

• IU de esforço (IUE) - Perda involuntária de urina com o aumento da pressão intra-abdominal. Prevalência global entre 29-75%.É o tipo de IU mais<br />

comum nas mulheres jovens, coexistindo frequent<strong>em</strong>ente com a IU de urgência <strong>em</strong> mulheres idosas.<br />

• IU de urgência (IUU) - Perda involuntária de urina acompanhada ou imediatamente precedida de urgência miccional. Prevalência global entre 7-<br />

Duração<br />

• Transitória<br />

• Crónica<br />

33%. A hiperatividade do detrusor é a causa principal.<br />

• IU mista (IUM) - Perda involuntária de urina associada a sintomas de IU de urgência e de esforço. A prevalência estimada varia entre 14-61%).<br />

• Outras: IU por extravasamento; funcional; postural; total; coital<br />

• História Clínica<br />

Avaliação e Diagnóstico<br />

- Avaliar fatores de risco (ITU, DM, DPOC, ediaetos, taao, álool, afeía,↓<br />

estrogénios, doenças neurológicas, incontinência fecal, enurese <strong>em</strong> criança, Hx familiar)<br />

- Avaliar o impacto na qualidade de vida – Questionário CONTILIFE©;<br />

• Exame objetivo (com exame da região anal, ginecológico e Cough stress test<br />

• Exames Compl<strong>em</strong>entares de Diagnóstico (análise de urina a todas as ♀)<br />

• Diário miccional<br />

‣ Identificação de causas reversíveis e/ou de comorbilidades associadas -<br />

Incontinência urinária transitória (surge de forma súbita, com evolução <<br />

6 s<strong>em</strong>anas até à avaliação, e reverte após resolução da causa subjacente)<br />

‣ Identificação dos casos de IU tratáveis pelo médico de família e dos a<br />

referenciar aos CSS<br />

Tratamento<br />

Tratamento não farmacológico<br />

• Recomendado <strong>em</strong> todas as mulheres com IU, durante 3 meses, antes do tratamento farmacológico ou cirúrgico<br />

• Correção dos fatores de risco; Evicção da ingestão de líquidos no final do dia e de alimentos associados a IU; Exercícios dos músculos pélvicos (exercícios de Kegel) ou<br />

Técnicas de Biofeedback - úteis na IUE e IUM (pod<strong>em</strong> ser tão eficazes como a farmacoterapia na IUU)<br />

Tratamento Farmacológico<br />

IU de Esforço<br />

• Estrogénios tópicos<br />

• Duloxetina: quando os objetivos não foram atingidos<br />

o o trataeto oserador ≥ eses, o<br />

depressão e não candidatas a cirurgia.<br />

IU de Urgência<br />

• 1ª linha: Anticolinérgicos anti-muscarínicos<br />

(Oxibutinina, Darifenacina, Tolterrodina, Propiverina,<br />

Solifenacina e Cloreto de Tróspio)<br />

• 2ª linha: Agonista β3-adrenérgico (Mirabegron)<br />

IU Mista<br />

• Tratar <strong>em</strong> primeiro lugar o componente mais<br />

sintomático<br />

• H<strong>em</strong>atúria persistente, na ausência de ITU<br />

• Infeções do trato urinário recorrentes<br />

• Sintomas urinários obstrutivos<br />

• Resíduo pós-miccional > 200mL<br />

• Dúvidas <strong>em</strong> relação ao diagnóstico<br />

• Dor abdominal e/ou pélvica<br />

Referenciação aos Cuidados de Saúde Secundários<br />

• IUU ou IUM se objetivos não atingidos após alterações do estilo • Antecedentes de radioterapia e/ou cirurgia pélvica<br />

de ida e terapia oportaetal ≥ eses, e terapêutia o (incluindo tratamento cirúrgico da IU)<br />

2º anti-muscarínico a dose áia tolerada ou iraegro ≥ - • Prolapso dos órgãos pélvicos visível ou sintomático<br />

6 s<strong>em</strong>anas<br />

• Sintomas neurológicos de novo ou doenças<br />

• Suspeita de fístula urogenital ou intestinal<br />

neurológicas (Doença de Parkinson, Esclerose<br />

• Intolerância à terapêutica farmacológica<br />

últipla, Lesão edular…<br />

• Falta de adesão ao tratamento conservador<br />

• Incontinência fecal<br />

Conclusão<br />

A IU é um probl<strong>em</strong>a muito frequente. Os tipos mais comuns são a IUE, IUU e IUM. Não existe consenso <strong>em</strong> relação a como e quando realizar o seu rastreio oportunístico.<br />

Contudo, quando exist<strong>em</strong> fatores de risco, pode ser útil realizá-lo anualmente nas mulheres com idade superior a 40-65 anos.<br />

Referências bibliográficas<br />

DuBeau CE. Epid<strong>em</strong>iology, risk factors, and pathogenesis of urinary incontinence in women. UpToDate. Accessed Mar 2015; Wood ; ith Uriar Iotiee ad Peli Prolapse I Wei A, Kavoussi L, Novick A. Partin A, Peters C. Campbell-Walsh Urology 10th Edition. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2012. 978-1-1460-6911-9. Páginas 1896-1908;<br />

http://www.nice.org.uk/guidance/cg171/resources/guidance-urinaryincontinence-pdf; Vasavada SP, Carmel ME, Rackley RR. Urinary Incontinence Treatment & Manag<strong>em</strong>ent. Medscape. <strong>Update</strong>d: Jul 21, 2014; Qase<strong>em</strong> A, Dallas P, Forciea MA, Starkey M, Denberg TD, Shekelle P. Nonsurgical Manag<strong>em</strong>ent of Urinary Incontinence in Women: A Clinical Practice<br />

Guideline From the American College of Physicians. Ann Intern Med. 2014;161:429-440


Rastreio do Cancro Colo-retal<br />

<strong>em</strong> indivíduos de risco médio<br />

Palácio de Congressos do Algarve<br />

Albufeira<br />

4 a 7 de maio <strong>2017</strong><br />

Ana Teresa Fernandes 1 , Alexandra Azevedo 1 ; Filipe Neves 1 ; Inês Madureira 2<br />

1<br />

Unidade de Saúde Familiar de Ronfe<br />

2<br />

Unidade de Saúde Familiar Duovida (Pólo Briteiros)<br />

alexandracazevedo@gmail.com<br />

INTRODUÇÃO<br />

O cancro colo-retal representa a primeira causa de morte por neoplasia <strong>em</strong> Portugal. A maioria destes<br />

tumores desenvolve-se a partir de lesões precursoras não malignas <strong>em</strong> que o t<strong>em</strong>po médio para o<br />

desenvolvimento de carcinoma é de 10 anos. Este longo período permite a sua deteção <strong>em</strong> fase precoce e<br />

curável, já que dispomos de tratamento curativo eficaz. Todas estas razões tornam este tipo de cancro<br />

particularmente viável para rastreio.<br />

OBJECTIVOS<br />

Rever as recomendações atuais sobre o rastreio do cancro colo-retal e<br />

definir qual o método de rastreio mais adequado <strong>em</strong> indivíduos com<br />

risco médio.<br />

MÉTODOS<br />

Revisão clássica, com pesquisa bibliográfica <strong>em</strong> agosto de 2016 <strong>em</strong><br />

bases de dados de <strong>medicina</strong> baseada na evidência com os termos<br />

MesH Colorectal neoplasms,screening. Foram selecionados artigos<br />

de revisão e recomendações de orientação clínica escritos <strong>em</strong><br />

português e <strong>em</strong> inglês, publicados nos últimos 10 anos.<br />

RESULTADOS<br />

NOC DGS 2014<br />

WGO / IDCA<br />

2007<br />

NCCN<br />

2015<br />

European<br />

Comission<br />

2010<br />

ACS<br />

2008<br />

MÉTODO PSOF Colonoscopia Colonoscopia PSOF PSOF<br />

PERIODICIDADE Anual 10 anos 10 anos 2- 3 anos < 3 anos<br />

IDADE DE INÍCIO<br />

(anos)<br />

♀ e ♂<br />

50<br />

♀ e ♂<br />

50<br />

♀ e ♂<br />

50<br />

♀ e ♂<br />

50<br />

♀ e ♂<br />

50<br />

IDADE DE FIM<br />

(anos)<br />

74 - - 74 74<br />

Legenda: NOC DGS Normas de orientação clínica da direção geral de saúde (Portugal); WGO / IDCA World gastroenterology organization/International digestive<br />

cancer alliance; NCCN National comprehensive cancer network (Estados Unidos América); ACS American Cancer Societ; PSOF Pesquisa de sangue oculto nas fezes<br />

pelo método imunoquímico.<br />

CONCLUSÕES<br />

A PSOF é o único método de rastreio para o qual exist<strong>em</strong> estudos randomizados e controlados para<br />

redução da mortalidade por cancro colo-retal. No entanto, várias sociedades científicas recomendam a<br />

colonoscopia total ou a sigmoidoscopia flexível considerando que diminu<strong>em</strong> não só a mortalidade mas<br />

também a incidência.<br />

Concluindo, não exist<strong>em</strong> testes perfeitos, cada um t<strong>em</strong> as suas limitações, vantagens e desvantagens. A<br />

preferência do doente e a disponibilidade do método deve também ser considerada nesta escolha.<br />

Bibliografia<br />

1 Norma da DGS – Nº 003/2014 (Data: 31/03/2014; Atualização: 06/11/2014) Rastreio Oportunístico do Cancro do Cólon e Reto<br />

2 World Gastroenterology Organisation/International Digestive Cancer Alliance Practice Guidelines: Colorectal cancer screening, 2007<br />

3 National Comprehensive Cancer Network. Colorectal cancer screening clinical practice guidelines in oncology. J natl compr canc netw. 2015 aug;13(8):959-68<br />

4 European Commssion. European guidelines for quality assurance in Colorectal cancer screening and diagnosis. Lux<strong>em</strong>bourg: publication office of the European Union, 2010<br />

5 American Cancer Society Colorectal Cancer Advisory Group, The US Multi-society Task Force, and The American College Of Radiology Colon Cancer Committee. Screening and surveillance for the early detection of colorectal cancer and adenomatous polyps. CA Cancer J Clin.


ABORDAGEM A PALPITAÇÕES INESPECÍFICAS EM<br />

CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS<br />

Lara Tomás, Inês Figueiredo, Fátima Cordeiro<br />

USF Lusitana – ACES Dão Lafões<br />

Introdução e Objetivos<br />

Palpitações são definidas como a percepção dos batimentos<br />

cardíacos. É um sintoma frequente na prática clínica. Na maioria dos<br />

casos, têm etiologia cardíaca, porém a abordag<strong>em</strong> diagnóstica e<br />

terapêutica é pouco eficaz.<br />

O diagnóstico diferencial constitui uma dificuldade, pois as<br />

palpitações pod<strong>em</strong> também ter orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> distúrbios metabólicos ou<br />

psiquiátricos. Habitualmente a causa é benigna, no entanto esta<br />

sintomatologia pode traduzir a presença de arritmias graves e<br />

potencialmente fatais.<br />

Em muitos casos não se obtém um diagnóstico definitivo e a<br />

terapêutica instituída é inespecífica. É comum os doentes<br />

apresentar<strong>em</strong> recorrência dos sintomas com impacto significativo na<br />

sua qualidade de vida e saúde mental, levando muitas vezes a recurso<br />

desnecessário aos cuidados de saúde.<br />

Com este trabalho pretende-se rever a abordag<strong>em</strong> deste sintoma e<br />

os sinais de alarme associados que dev<strong>em</strong> guiar o médico de família na<br />

orientação clínica e terapêutica de acordo com a evidência científica<br />

atual.<br />

Metodologia<br />

Foi realizada uma revisão sist<strong>em</strong>ática da literatura através de pesquisa na base de dados Pubmed, compl<strong>em</strong>entada com pesquisa na base de<br />

dados da Cochrane e UpToDate, b<strong>em</strong> como pesquisa específica nas revistas científicas da European Society of Cardiology, Journal of the<br />

American College of Cardiology, American Family Physician, Circulation, British Medical Journal e Revista Portuguesa De Cardiologia. Foram<br />

usadas como palavras chave: palpitações, arritmia, risco cardiovascular e morte súbita cardíaca. Foram seleccionados artigos escritos <strong>em</strong> inglês<br />

e português, publicados entre os anos 2006 e 2016.<br />

Resultados<br />

A pesquisa resultou <strong>em</strong> 43 artigos e guidelines dos quais foram seleccionados 12 com base na relevância e acessibilidade. 1 artigo <strong>em</strong> português<br />

e os restantes <strong>em</strong> inglês.<br />

Tabela 1 - Principais causas de palpitações<br />

Arritmias cardíacas<br />

• Extrassístoles<br />

• Taqui/bradiarritmias<br />

Doença estrutural cardíaca<br />

• Patologia valvular<br />

• Miocardiopatia hipertrófica<br />

• Cardiopatias congénitas<br />

Distúrbios psicosomáticos<br />

• Ansiedade e depressão<br />

Alterações endocrino-metabólicas sistémicas<br />

• Febre, an<strong>em</strong>ia, hipertiroidismo, hipotensão, pósmenopausa,<br />

gravidez, feocromocitoma<br />

Fármacos e outras substâncias<br />

História clínica<br />

- Frequência<br />

- Duração<br />

- Ritmo<br />

- Fatores desencadeantes<br />

História familiar<br />

Antecedentes pessoais<br />

Hábitos alcoolicos<br />

Consumo de substâncias estimulantes<br />

Exame físico: TA, auscultação cardiopulmonar, exame cardíaco, siniais de ICC<br />

Estudo analítico:<br />

H<strong>em</strong>ograma<br />

Função tiroideia<br />

Função renal<br />

Ionograma<br />

Toxicologia<br />

Tratar a causa<br />

ECG normal<br />

s<strong>em</strong> doença cardíaca<br />

Pouco<br />

sintomático<br />

Pára a<br />

investigação<br />

ECG<br />

Muito<br />

frequente ou<br />

sintomático<br />

ECG anormal<br />

com doença cardíaca<br />

Ecocardiograma<br />

Holter 24h<br />

Prova de esforço<br />

Referenciar a<br />

Cardiologia<br />

• Simpaticomiméticos<br />

• Beta-agonistas inalados<br />

• Cafeína, álcool, cocaína, nicotina, anfetaminas<br />

Palpitações com sinais de<br />

instabilidade h<strong>em</strong>odinamica<br />

Aplicar suporte<br />

avançado de vida<br />

Encaminhar para serviço de<br />

urgência imediatamente<br />

Conclusão<br />

Esqu<strong>em</strong>a 1 – Algoritmo proposto de abordag<strong>em</strong> a palpitações nos Cuidados de Saúde Primários.<br />

A história clínica e exame físico, juntamente com os exames<br />

compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico são imprescindíveis para a definição<br />

da etiologia das palpitações. O electrocardiograma de 12 derivações é<br />

um exame inicial essencial. Outros exames compl<strong>em</strong>entares dev<strong>em</strong> ser<br />

realizados com base nos achados clínicos. Exames de imag<strong>em</strong> dev<strong>em</strong><br />

ser pedidos na suspeita de lesão estrutural cardíaca. O registador de<br />

eventos é preferível ao holter de 24h quando os sintomas são pouco<br />

frequentes. A prova de esforço deve ser pedida nos casos <strong>em</strong> que as<br />

palpitações ocorram com o exercício físico.<br />

Extrassístoles supraventriculares e ventriculares são as causas<br />

cardíacas mais frequentes de palpitações. Fibrilhação auricular é a<br />

arritmia mais comum com necessidade de tratamento devido ao risco<br />

de acidente vascular cerebral. Todos os doentes com taquicardia<br />

supraventricular, síndrome de QT longo, taquicardia ventricular e<br />

síncope associada às palpitações dev<strong>em</strong> ser referenciados para uma<br />

consulta de cardiologia.<br />

1 - Wexler R, Pleister A, Raman S, Outpatient Approach to Palpitations 2011 American Acad<strong>em</strong>y of Family Physicians ; 2 - Recomendações de 2015 da ESC para a Abordag<strong>em</strong> de Doentes com Arritmias Ventriculares e Prevenção de Morte Súbita<br />

Cardíaca; 3 - Thavendiranathan P et al. Does this patient with palpitations have a cardiac arrhythmia? JAMA. 2009; 4 - Zimetbaum PJ - Overview of palpitations in adults, Uptodate, última atualização – Outubro 2016; 5 – Raviele A, Giada F,<br />

Bergfeldt L - Manag<strong>em</strong>ent of patients with palpitations: a position paper from the European Heart Rhythm Association (2011) Europace; 6 – Avaliação de Palpitações – BMJ Best practice, ultima atualização – Set<strong>em</strong>bro 2016; 7 - ACC/AHA/ESC<br />

2006 Practice Guidelines for Manag<strong>em</strong>ent of Patients with Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death; 8 - Barkoudah E, Collins JP, Manag<strong>em</strong>ent of Palpitations in Urgent Care 2012, The Journal of Urgent Care<br />

Medicine;9-Wolff A, Cowan C, 10 steps before your refer for palpitations, Br J Cardio 2009;


Doença de Peyronie – uma revisão<br />

Susana Prego de Faria 1 , Ana Rita C. Simões 2<br />

( 1 IFE UCSP Amarante 1; 2 IFE USF Amadeo de Souza Cardoso)<br />

<strong>Update</strong> <strong>em</strong> Medicina <strong>2017</strong> I Albufeira, 4 a 7 Maio <strong>2017</strong><br />

INTRODUÇÃO:<br />

A doença de Peyronie (DP) é uma patologia<br />

peniana benigna que afeta essencialmente<br />

homens entre os 55 e os 60 anos 1 . A sua<br />

prevalência varia de 0.4 a 9% 1 , aumentando<br />

com a idade. A prevalência pode estar,<br />

contudo, subestimada devido a múltiplos fatores<br />

- vergonha <strong>em</strong> mencionar os sintomas ao<br />

médico, homens de idade mais avançada<br />

pod<strong>em</strong> considerar sintomatologia como<br />

“evolução natural” do envelhecimento 2 .<br />

Fig.1 – Curvatura peniana anormal<br />

OBJETIVO:<br />

Realização de uma revisão acerca da DP e sua etiologia,<br />

s<strong>em</strong>iologia, diagnóstico e tratamento.<br />

METEDOLOGIA:<br />

Foi realizada uma revisão clássica, através da pesquisa<br />

bibliográfica na Medline/Pubmed, UpToOate e motores<br />

de busca genéricos, de artigos publicados nos últimos 10<br />

anos, <strong>em</strong> Inglês, Português e Espanhol, com os termos<br />

Mesh “Peyronie disease“, “Penile patology” e "Penile<br />

Curvature".<br />

RESULTADOS:<br />

Etilologia<br />

A etiologia da DP é provavelmente multifatorial,<br />

resultante de uma interação entre disposição<br />

genética, trauma e isqu<strong>em</strong>ia tecidual 2 . O trauma<br />

vascular de repetição da túnica albugínea causa<br />

transformação do tecido conjuntivo numa placa<br />

fibrótica que pode levar a curvatura peniana que,<br />

se acentuada, pode impedir a penetração<br />

vaginal 1 . A maioria dos autores defende que a DP<br />

resulta de pequenos traumas repetidos no pénis<br />

durante o ato sexual 2 .<br />

DP manifesta-se<br />

<strong>em</strong> duas fases<br />

Fase inflamatória<br />

aguda (6-18 meses)<br />

Isquémia tecidual<br />

com dor, curvatura ou nódulos penianos<br />

pouca ou nenhuma dor mas mantendo<br />

a curvatura peniana e disfunção eréctil 3<br />

Fig.2 – Formação de placa fibrosa na túnica<br />

albugínea do pénis<br />

Diagnóstico<br />

História clínica<br />

Exame físico<br />

MCDTS<br />

A história clínica deve ser minuciosa, questionando sobre a curvatura peniana, interferência com ato sexual e<br />

dor durante o mesmo, assim como a presença de co-morbilidades e eventos causadores 1 . É importante<br />

averiguar o impacto psicológico no doente e parceira/o, assim como o grau de disfunção erétil 2 .<br />

No exame físico do pénis, uma placa ou nódulo b<strong>em</strong> definidos pod<strong>em</strong> ser palpáveis 1 . É geralmente útil pedir<br />

ao doente que tire fotografias do pénis ereto no domicílio, para melhor caracterizar a deformidade 2 .<br />

A ecografia é o mais sensível, permitindo a avaliação da fibrose intrapeninana e placas fibróticas. A ecografia<br />

Doppler <strong>em</strong> modo Duplex após medicação vasoativa pode ser um método objetivo para avaliar o grau de<br />

deformidade e disfunção sexual 4 .<br />

O tratamento da DP pode ser médico ou cirúrgico, dependendo da extensão da doença 2 . Não há terapia oral<br />

recomendada atualmente para o tratamento de rotina da DP 5 . As injeções medicamentosas na lesão peniana são<br />

geralmente seguras e b<strong>em</strong> toleradas 2 . Apesar de uma variedade de opções, os resultados do tratamento médico têm<br />

Tratamento<br />

estado aquém das espectativas 5 . A abordag<strong>em</strong> cirúrgica é indicada a doentes com sintomatologia há mais de 12<br />

meses e cuja deformidade peniana compromete a função sexual, sendo o seu principal objetivo a restauração das<br />

funcionalidades do pénis. Com a técnica cirúrgica adequada para cada caso, este tipo de tratamento apresenta<br />

resultados satisfatórios na maioria dos doentes 4 .<br />

CONCLUSÃO:<br />

A DP é uma patologia com prevalência crescente e com um grande impacto na vida do doente. A atuação do médico de família é essencial na<br />

abordag<strong>em</strong> deste probl<strong>em</strong>a e no apoio ao doente. O médico deve ter presente a sua etiologia multifactorial, os factores de risco a que pode estar<br />

associada e as duas fases de apresentação (aguda/crónica). O seu diagnóstico é essencialmente clínico deixando os exames compl<strong>em</strong>entares<br />

para os casos <strong>em</strong> que haja dúvida. Aproximadamente 10% dos doentes têm melhoria espontânea na fase aguda 4 no entanto a maioria evolui<br />

dentro de 12 meses o que pode constituir um probl<strong>em</strong>a psicológico grave, com repercussões na vida diária do doente. O médico deve estar atento<br />

à evolução da doença adequando o melhor tratamento, sendo este conservador, ou referenciando para a Especialidade de Urologia que pode<br />

fornecer a possibilidade das injecções locais ou até do tratamento cirúrgico, sendo este último o que t<strong>em</strong> resultados mais promissores.<br />

BIBLIOGRAFIA: 1)”Guidelines on Penile Curvature”; K. Hatzimouratidis (Chair), I. Eardley, F. Giuliano, I. Moncada, A. Salonia, © European Association of Urology 2015. 2) 2. DIAGNOSIS AND TREATMENT OF<br />

PEYRONIE’S DISEASE: AUA GUIDELINE (2015)Copyright © 2015 American Urological Association Education and Research, Inc.® 3) “Doença de Peyronie”; Livro Urologia Brasil, Chapter · January 2013,<br />

ResearchGate, Cap.25; Dr. Fernando Nestor Facio Junior, Dr. Eduardo B. Bertero; Dr. Luis Cesar F. Spessoto. 4) “Avanços Cirúrgicos Recentes na Doença de Peyronie”; Department of Urology. Hospital<br />

Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisbon. Portugal; Sandro Gaspar. sandrosilvagaspar@gmail.com Recebido: 19 de fevereiro de 2015 - Aceite: 24 de nov<strong>em</strong>bro de 2015 | Copyright ©<br />

Ord<strong>em</strong> dos Médicos 2016 Sandro GASPAR, José Santos DIAS, Francisco MARTINS, Tomé LOPES; Acta Med Port 2016 Feb;29(2):131-138; http://dx.doi.org/10.20344/amp.6317<br />

5) Nonsurgical treatment options in Peyronie’s Disease: 2016 update; Raidh A. Talib, Mohammed Abdulkare<strong>em</strong> Ibrahim, Önder Cangüven; Turk J Urol 2016; 42(4): 217-23 • DOI: 10.5152/tud.2016.40799.


ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO COMO FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR<br />

Revisão Baseada na Evidência<br />

Catarina Rego 1 , Elisabete Borges 2<br />

1 - Médica assistente de MGF na UCSP Fundão 2 - Médica assistente de MGF na UCSP Seia<br />

Cálculo:<br />

Pressão arterial sistólica do tornozelo<br />

Índice Tornozelo-Braço (ITB) = (Artéria tibial posterior ou dorsal do pé) .<br />

Pressão arterial sistólica do braço<br />

(Artéria braquial)<br />

‣ Marcador de risco cardiovascular<br />

‣ Fácil execução, não invasivo, com vantag<strong>em</strong> económica no rastreio de Doença Cardiovascular (DCV)<br />

‣ O valor de ITB < 0,9 está associado ao aumento do risco de eventos cardiovasculares<br />

Importante:<br />

Detectar precoc<strong>em</strong>ente a formação da placa aterosclerótica <strong>em</strong> doentes assintomáticos<br />

Médicos dos Cuidados de Saúde Primários (CSP)<br />

Limitações para o seu uso:<br />

‣ Excessivo t<strong>em</strong>po gasto na sua determinação<br />

‣ Variabilidade t<strong>em</strong>poral da pressão arterial<br />

‣ Método dependente do operador<br />

Objetivo<br />

Investigar a melhor evidência clínica existente para o uso adequado do ITB como preditor do risco<br />

cardiovascular nos CSP, <strong>em</strong> doentes assintomáticos.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa bibliográfica: Artigos publicados entre<br />

Janeiro de 2006 e Dez<strong>em</strong>bro de 2016, <strong>em</strong> Português e Inglês<br />

Termos MeSH: “Ankle Brachial Ide”<br />

Bases de dados: Pubmed, Chocrane Database, DARE, UpToDate<br />

Nível de evidência e a força de recomendação: Escala SORT<br />

(Strength of Recommendation Taxonomy).<br />

Resultados<br />

Critérios de Inclusão<br />

Estudos que investigaram o uso do ITB como preditor/marcador de eventos<br />

cardiovasculares <strong>em</strong> indivíduos assintomáticos.<br />

Critérios de Exclusão<br />

Estudos <strong>em</strong> doentes com DCV estabelecida, nomead<strong>em</strong>ente com antecedentes de<br />

enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral.<br />

Dos 756 resumos identificados, 9 artigos foram elegíveis pelos critérios de inclusão/exclusão.<br />

Normas<br />

de<br />

Orientações<br />

Clínicas<br />

Meta<br />

Análises<br />

Estudos<br />

de Coorte<br />

Autores (Ano)<br />

Piepoli, MF. (2016)<br />

Moyer, VA. (2013)<br />

Goff, DC. (2013)<br />

Greenland, P. (2010)<br />

Autores (Ano)<br />

Hajibandeh, S. (2016)<br />

Fan, H. (2013)<br />

Fowkes, GR. (2009)<br />

Autores (Ano)<br />

Clark, CE. (2016)<br />

Dhangana, R. (2011)<br />

Conclusão<br />

Não parece ser benéfica a triag<strong>em</strong> do ITB <strong>em</strong> utentes com um risco CV relativamente baixo, mas sim <strong>em</strong> populações com maior<br />

risco CV, ex: história familiar de DCV pr<strong>em</strong>atura.<br />

A evidência atual é insuficiente para concluir que adultos assintomáticos s<strong>em</strong> diagnóstico estabelecido de doença arterial<br />

periférica (DAP) , DCV, doença renal crónica grave ou diabetes beneficiam de avaliação de risco CV com ITB.<br />

O uso do ITB pode ser benéfico para a avaliação do risco cardiovascular <strong>em</strong> adultos assintomáticos com risco CV moderado ou<br />

inconclusivo.<br />

O uso do ITB pode ser benéfico para a avaliação do risco cardiovascular <strong>em</strong> adultos assintomáticos com risco CV moderado ou<br />

inconclusivo.<br />

Conclusão<br />

Um baixo índice de ITB está associado a um maior risco de morbidade e mortalidade cardiovasculares e cerebrovasculares.<br />

Ensaios clínicos controlados aleatórios são necessários para investigar a eficácia do rastreio <strong>em</strong> indivíduos assintomáticos.<br />

Um ITB baixo parece ser um preditor independente para eventos de acidente vascular cerebral isquêmico, b<strong>em</strong> como de<br />

recorrência de acidente vascular cerebral.<br />

A detecção do ITB pode ajudar a identificar indivíduos com risco aumentado de eventos CV.<br />

A medição do ITB pode melhorar a precisão da predição do risco cardiovascular além do Índice de Risco de Framingham.<br />

Conclusão<br />

O ITB anormal parece estar associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, incluindo mortalidade, numa população<br />

assintomática.<br />

A prevalência de ITB anormal é alta entre os indivíduos não identificados como de alto risco pela avaliação de risco convencional<br />

baseada <strong>em</strong> Framingham.<br />

Discussão/Conclusão<br />

Parece existir evidência no uso do ITB como marcador de risco cardiovascular <strong>em</strong> doentes assintomáticos com risco moderado ou<br />

grave de DCV e <strong>em</strong> doentes <strong>em</strong> que o tratamento baseado no risco é inconclusivo. (SORT B).<br />

Não está recomendado o rastreio universal <strong>em</strong> doentes assintomáticos s<strong>em</strong> fatores de risco cardiovasculares. (SORT B).<br />

Referências bibliográficas<br />

1. Clark CE, Taylor RS, Butcher I, Stewart MCW, Price J, Fowkes FGR, et al. Inter-arm blood pressure difference and mortality : 2016;(October 2015).<br />

2.Dhangana R, Murphy TP, Coll JR, Ahn SH, Zafar AM, Qadeer FF, et al. Prevalence of Abnormal Ankle-Brachial Index Among Individuals With Low or Intermediate Framingham<br />

Risk Scores. JVIR, 2011;22(8):1077–82.<br />

3. Fan H, Hu X, Yu W, Cao H, Wang J, Li J, et al. Low ankle-brachial index and risk of stroke. Atherosclerosis [Internet]. 2013;229(2):317–23.<br />

4. Fowkes FGR, Murray GD, Butcher I, Heald CL, Lee RJ, Chambless LE, et al. Ankle brachial index combined with Framingham Risk Score to predict cardiovascular events and<br />

mortality: a meta-analysis. JAMA. 2008;300(2):197–208.<br />

5. Goff DC, Lloyd-Joes DM, Beett G, Coad S, D’Agostio RB, Gios R, et al. ACC/AHA guidelie o the assesset of ardiovascular risk: A report of the American<br />

college of cardiology/American heart association task force on practice guidelines. Circulation. 2014;129(25 SUPPL. 1).<br />

6. Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad ZA, et al. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in asymptomatic adults: A report of<br />

the american college of cardiology foundation/american heart association task force on practice guidelines. Circulation. 2010;122(25):584–637.<br />

7. Hajibandeh S, Hajibandeh S, Shah S, Child E, Antoniou GA, Torella F. Prognostic significance of ankle brachial pressure index: A syst<strong>em</strong>atic review and meta-analysis. Vascular.<br />

2016;1–17.<br />

8. Moyer VA, Services USP, Force T. Clinical Guideline Annals of Internal Medicine Screening for Peripheral Artery Disease and Cardiovascular Disease Risk Assessment With the<br />

Ankle – Brachial Index in Adults : U . S . Preventive Services Task Force Recommendation Stat<strong>em</strong>ent OF AND. 2013;159(5).<br />

9. Piepoli MF, Hoes AW, Agewall S, Albus C, Brotons C, Catapano AL, et al. 2016 European Guidelines on cardiovascular disease prevention in clinical practice. Eur Heart J.<br />

2016;37(29):2315–81.<br />

Legenda:<br />

CSP - Cuidados de Saúde Primários<br />

DAP - Doença Arterial Periférica<br />

DCV - Doença Cardiovascular<br />

ITB - Índice Tornozelo-Braço


SEZONISMO EM PORTUGAL: passado<br />

ou futuro?<br />

A N D R É P I R E S , I N Ê S C A R V A L H O P I N T O<br />

U C S P N O R T E – M O N T E R E D O N D O<br />

INTRODUÇÃO<br />

A malária, paludismo ou sezonismo, doença infeciosa causada por um parasita unicelular<br />

protozoário, continua a ser um probl<strong>em</strong>a de saúde à escala mundial 1 . A sua incidência é de<br />

mais de 200 milhões de casos anuais, sendo responsável por 438 000 óbitos no ano de 2015 5 .<br />

Identificado <strong>em</strong> 1880 por Charles A. Laveran, o Plasmodium, agente etiológico responsável<br />

pela doença é transmitido pela fêmea de vários tipos de mosquito, sendo o mais conhecido o<br />

Anopheles, e t<strong>em</strong> um ciclo de vida com dois hospedeiros (mosquito-hom<strong>em</strong>/animal) 3 .<br />

Na Europa os últimos países que tiveram malária endémica resum<strong>em</strong>-se a algumas Republicas<br />

da ex. URSS e a algumas zonas da Turquia. Em Portugal, apesar dos casos endémicos ter<strong>em</strong><br />

desaparecido <strong>em</strong> 1958, todos os anos exist<strong>em</strong> casos iportados de malária de utentes<br />

vindos de países endémicos 2 . Em 2016 a WHO considerou a Europa como livre de malária 8 . O<br />

aquecimento global que o planeta t<strong>em</strong> sofrido levanta, no entanto, novas preocupações<br />

acerca da possibilidade de reaparecimento desta doença na Europa e pela sua localização<br />

geográfica e historial, <strong>em</strong> Portugal <strong>em</strong> particular.<br />

TRATAMENTO<br />

A OMS recomenda 2<br />

MALÁRIA NÃO<br />

COMPLICADA<br />

utilizar s<strong>em</strong>pre terapêutica <strong>em</strong><br />

associação<br />

MALÁRIA<br />

COMPLICADA<br />

•Art<strong>em</strong>éter + lumefantrina, artesunato +<br />

amodiaquina, artesunato + mefloquina, ou<br />

artesunato + sulfadoxina-pirimetamina;<br />

Outras alternativas:<br />

•Artesunato + tetraciclina, ou doxiciclina ou<br />

clindamicina;<br />

•Quinino + tetraciclina ou doxiciclina ou<br />

clindamicina.<br />

Dose de artesunato IV ou IM de imediato.(Se não estiver<br />

disponível artesunato, art<strong>em</strong>eter ou quinino são as<br />

alternativas). Manter terapêutica IV se disponível por 24 horas.<br />

Associar logo que possível:<br />

Terapêutica combinada de art<strong>em</strong>isina<br />

Artesunato + clindamicina ou doxiciclina,<br />

Quinino + clindamicina ou doxiciclina<br />

ETIOLOGIA 3<br />

156 espécies do Género<br />

Plasmodium que transmit<strong>em</strong> a<br />

doença a vertebrados;<br />

Apenas 5 são causadoras de<br />

malária no Hom<strong>em</strong>:<br />

•P. Vivax;<br />

•P. Falciparum;<br />

•P. Malariae;<br />

•P. Ovale;<br />

•P. Knowlesi<br />

EPIDEMIOLOGIA 5<br />

Ano 2015:<br />

3,2 biliões de<br />

pessoas <strong>em</strong> risco<br />

214 milhões<br />

infetados<br />

438.000 mortes.<br />

106 países<br />

endémicos<br />

T<strong>em</strong> existido um forte incentivo para o desenvolvimento de vacinas até agora s<strong>em</strong> eficácia,<br />

<strong>em</strong>bora existam esperanças no seu desenvolvimento.<br />

MALÁRIA EM PORTUGAL – PASSADO OU FUTURO?<br />

FATORES CONTRA<br />

•Último caso autóctone reportado <strong>em</strong> 1958 1<br />

•Melhores condições fitossanitárias <strong>em</strong> Portugal 2<br />

•Poucos casos auais iportados de alária 2<br />

•Medidas preventivas de eliminação de vetores utilizadas<br />

pela aviação civil 8<br />

•Ausência dos vetores Aedes albopictus e Ae. Aegypti 8<br />

•WHO considerou a Europa livre de Malária a 20/04/2016 7<br />

CICLO DE VIDA<br />

O parasita têm duas fases de desenvolvimento, que<br />

envolv<strong>em</strong> dois hospedeiros, o mosquito fêmea da espécie<br />

anopheles e o hom<strong>em</strong>, com várias etapas no seu<br />

desenvolvimento, como é explicado no esqu<strong>em</strong>a à<br />

direita.<br />

FATORES<br />

FAVORÁVEIS<br />

•Alterações climáticas;<br />

•Zonas com ambientes propícios à instalação do vetor 2<br />

•Existência atual do vetor <strong>em</strong> Portugal 8<br />

•Caso relatado de malária autóctone <strong>em</strong> Espanha <strong>em</strong> 2010 4<br />

•20 casos endémicos de malária vivax na Grécia 2011 6<br />

•Pouco controlo de vetores na navegação comercial 8<br />

•Recente experiência com aparecimento de Dengue na Madeira 8<br />

•Existência de muitas pessoas com história de malária/relações<br />

comerciais com África 1<br />

•Resistência aos inseticidas dos mosquitos existentes na<br />

península Ibérica 4<br />

SINTOMAS 3<br />

CASOS DE MALÁRIA<br />

ENDÉMICA/ÓBITOS POR ANO EM<br />

PORTUGAL<br />

ZONAS COLONIZADAS PELO VETOR<br />

ANOPHELES MACULIPENNIS<br />

(ESPECIE AN. ATROPARVUS)<br />

Paroxismos repet<strong>em</strong>-se de dois <strong>em</strong> dois dias no caso de malária causada por Plasmodium vivax<br />

e P. ovale, e de três <strong>em</strong> três, no caso do P. malariae. A malária causada pelo plasmodium<br />

falciparum t<strong>em</strong> apresentação variável, sendo a que apresenta sintomatologia mais grave, e<br />

causa mais óbitos.<br />

Os óbitos por malária ocorr<strong>em</strong> por:<br />

Insuficiência renal; Ed<strong>em</strong>a pulmonar; Enfarte cerebral; Coma; Hipóxia aguda; An<strong>em</strong>ia crónica.<br />

DIAGNÓSTICO 3,5<br />

1. História epid<strong>em</strong>iológica:<br />

•Área de proveniência;<br />

•Episódios anteriores;<br />

•Tratamentos/profilaxia.<br />

2. Quadro clínico (Na criança pode ser atípico!)<br />

3. Laboratorial:<br />

a) Microscopia, com a comparação da morfologia das diferentes espécies de Plasmodium;<br />

Gota espessa;<br />

b) Técnicas de Biologia Molecular (PCR);<br />

c) Deteção imunológica (enzimática) (esta já existe <strong>em</strong> Kit – Caro, sensibilidade não é a<br />

ideal).<br />

CONCLUSÃO<br />

Apesar de não existir<strong>em</strong> ainda razões para alarmismos, o recente aquecimento global do<br />

planeta levanta novamente o risco do aparecimento na Europa desta doença, <strong>em</strong> especial dos<br />

países com clima mais quente, como são os casos de Portugal e Espanha, tendo como alerta a<br />

recente colonização da Madeira pelo Ae. Aegypti . A DGS, através da criação do Programa Rede<br />

de Vigilância de Vetores (REVIVE), t<strong>em</strong> um instrumento de monitorização e vigilância do<br />

aparecimento desta e de outras doenças que poderão assolar o nosso país.<br />

Dev<strong>em</strong>os estar atentos a esta nova ameaça, ponderar tomar medidas fitossanitárias adicionais<br />

e estar preparado para diagnosticar, antes que a ameaça se torne realidade…<br />

BIBLIOGRAFIA: 1-Capinha, C; Gomes, E; Reis, E. et al. Present habitat suitability for Anopheles atroparvus (Diptera, Culicidae) and its coincidence with former malaria areas in mainland Portugal. Geospatial Health 3 (2), 2009, pp. 177-187.; 2-DGS. Direção-Geral da Saúde. Orientações para a execução do REVIVE - Rede de vigilância de vectores –ANO 2011 Available from: http://portal.arsnorte.minsaude.pt/portal/page/portal/ARSNorte/Conte%C3%BAdos/Sa%C3%BAde%20P%C3%BAblica%20Conteudos/PV_REVIVE_2011.pdf;<br />

3-Fauci, AS; Kasper, DL; Longo, DL; Braunwald, E; Hauser, SL; Jameson, JL; et al, editors. Harrison Medicina Interna. 17 th ed. Lisboa: Macgraw Hill; 2009.; 4-Santa-Olalla, P; Torres, MV; Fandós, EL; et al. First autochthonous malaria case due to Plasmodium vivax since eradication, Spain, October 2010. Eurosurveillance, Vol. 15, (41), Oct. 2010.; 5-<br />

WHO – world Health Organization. World malaria report 2012. Available from: http://www.who.int/malaria/publications/world_malaria_report_2012/wmr2012_no_profiles.pdf; 6 - K Danis; A Baka, A Lenglet , et all: Autochthonous Plasmodium vivax malaria in Greece, 2011. Eurosurveillance, Volume 16, Issue 42, 20 October 2011: Available from: http://www.eurosurveillance.org/ViewArticle.aspx?ArticleId=19993 ; 7 - Eurosurveillance editorial team: World Health Organization announces<br />

European Region malaria freeWorld Health Organization announces European Region malaria free. Eurosurveillance, Volume 21, Issue 17, 28 April 2016; 8 - DGS. REVIVE -<br />

Culicídeos e Ixodídeos. Rede de Vigilância de Vetores - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. (INSA, IP). ISBN (e<strong>book</strong>): 978-989-8794-21-5, Lisboa, Abril de 2016


“Rastreio de citomegalovírus na pré-conceção e gravidez,<br />

qual a evidência?”<br />

Júlio Santos; Ana Luís Pereira; Andreia Correia<br />

USF Salvador Machado – ACeS Entre Douro e Vouga II<br />

BIBLIOGRAFIA: (1)Yoav Yinon et al. Screening, Diagnosis and Manag<strong>em</strong>ent of Cytomegalovirus Infection in Pregnancy. Obstretrical and Gynecological Survey. 2011. Volume 65, Number 11. (2) Julie Johnson et al. Prevention of Maternal and Congenital<br />

Cytomegalovirus Infection. Clin Obstet Gynecol. 2012 June; 55(2):521-530. (3) Susan P Walker et al. Cytomegalovirus in pregnancy: to screen or not to screen. BMC Prgnancy & Childbirth. 2013; 13:96. (4) Julie Johnson, Brenna Anderson. Screening,<br />

Prevention, and Treatment of Congenital Cytomegalovirus. Obstet Gynecol Clin N Am 41 2014; 593-599. (5) Julie Johnson, Brenna Anderson. Cytomegalovirus: Should we screen Pregantn Women for Primary Infection? Am J Perinatol 2013;30:121-124. (6)<br />

Oriol Coll et al. Guidelines on CMV congenital infection. J. Perinat. Med 37 (2009) 433-445. (7) Yoav Peled et al. Suggested algorithm for cytomegalovirus surveillance in low risk pregnancies. The journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine, Nov<strong>em</strong>ber<br />

2011; 24(11): 1353-1356. (8) Lazzarotto T et al. <strong>Update</strong> on the prevention, diagnosis and manag<strong>em</strong>ent of cytomegalovirus infection during pregnancy. Clinical Microbiology and Infection. 2011; 17:1285-1293. (9) Orna Reichman et al. Preconception Screening<br />

for Cytomegalovirus: An Effective Preventive Approcach. BioMed Research International Volume 2014. Article 135416.(10) Mariana Vide Tavares et al. Citomegalovírus. Acta Med Port. 2011; 24 (S4):1003-1009.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A infeção congénita por citomegalovírus (CMV) é a principal causa infeciosa de surdez neurossensorial e de atraso do desenvolvimento psicomotor. A transmissão viral ocorre com maior<br />

frequência na primo-infeção materna. O rastreio serológico do CMV na pré-conceção ou durante a gravidez é discutido há vários anos s<strong>em</strong> consenso estabelecido.<br />

O objetivo deste trabalho foi rever a evidência existente sobre o rastreio serológico do CMV na pré-conceção e vigilância da gravidez de baixo risco.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa bibliográfica na Pubmed/Medline, sites de Medicina Baseada na Evidência e índex de Revistas Médicas Portuguesas, nos últimos 10 anos, nas línguas inglês, português, espanhol e<br />

francês, utilizando os termos Mesh “Prenatal diagnosis” e “Cytomegalovirus”. Aplicada a escala Strenght of Recommendation Taxomony (SORT) da American Family Physician para atribuição<br />

dos níveis de evidência (NE) e forças de recomendação.<br />

RESULTADOS<br />

+ 3 Artigos das<br />

referências bibiográficas<br />

População<br />

Intervenção<br />

Mulheres na pré-conceção e<br />

grávidas de baixo risco<br />

Rastreio serológico do CMV<br />

Comparação<br />

Não rastrear<br />

Pesquisa inicial:<br />

39 artigos<br />

6 Artigos<br />

selecionados<br />

9 Artigos analisados<br />

Outcome<br />

Prevenção / tratamento precoce<br />

Critério de exclusão: Gravidez não baixo risco<br />

REVISÃO<br />

SISTEMÁTICA<br />

Referência Metodologia Resultados/ Conclusões<br />

Yoav Yinon et<br />

al. (2011)<br />

Julie Johnson<br />

et al. (2012)<br />

Julie Johnson<br />

et al. (2013)<br />

Julie Johnson<br />

and Brenna<br />

Anderson.<br />

(2014)<br />

Revisão do diagnóstico, prognóstico, tratamento e<br />

prevenção do CMV na gravidez.<br />

Pesquisa na MEDLINE e Cochrane de artigos <strong>em</strong><br />

inglês publicados entre 1980 e 2010, com os termos<br />

“congenital CMV infection”, “pregnancy” e “prenatal<br />

diagnosis”. Selecionados 195 artigos, incluídos na<br />

revisão 59.<br />

Prevenção da infeção materna e congénita de CMV.<br />

Rever a literatura disponível sobre testes de rastreio da<br />

infeção 1ª do CMV, potenciais intervenções e se os<br />

critérios para um programa de rastreio estão de acordo<br />

com o conhecimento atual.<br />

Rastreio, prevenção e tratamento da infeção congénita<br />

por CMV.<br />

O rastreio t<strong>em</strong> interesse se realizado antes ou no início da gravidez. Se negativo, repete<br />

serologia durante a gravidez para excluir seroconversão.<br />

Argumentos contra : não é custo-eficaz, pois não há vacina n<strong>em</strong> tratamento disponível.<br />

Argumentos a favor: se realizado na pré-conceção, diferencia infeção 1ª ou 2ª <strong>em</strong> caso de<br />

suspeita de infeção durante gravidez e permite recomendar medidas preventivas às<br />

seronegativas.<br />

•Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia não recomenda o rastreio sist<strong>em</strong>ático às<br />

grávidas. Recomenda medidas de prevenção para mulheres com contato direto com<br />

crianças.<br />

•Sociedade Canadiana Ginecologia e Obstetrícia não recomenda o rastreio por rotina.<br />

Rastrear apenas grávidas com doença s<strong>em</strong>elhante à gripe ou achados ecográficos<br />

sugestivos de infeção fetal por CMV. Recomenda serologias durante a gravidez <strong>em</strong><br />

seronegativas que trabalham <strong>em</strong> Cuidados de Saúde ou creches ou que têm uma criança<br />

menor <strong>em</strong> casa.<br />

•Métodos de rastreio: vários kits disponíveis no mercado para Ig M com diferentes<br />

sensibilidades.<br />

N<br />

E<br />

1<br />

3<br />

REVISÃO CLÁSSICA<br />

Susan P<br />

Walker et al.<br />

(2013)<br />

Revisão de novos conhecimentos e estudos na<br />

prevenção, diagnóstico e seguimento da infeção por<br />

CMV na gravidez.<br />

•Teste de avidez Ig G entre as 18-20 s<strong>em</strong>anas pode identificar grávidas com risco<br />

aumentado de infeção congénita severa.<br />

•Conclusão: Não há evidência para recomendar o rastreio sist<strong>em</strong>ático do CMV na gravidez.<br />

Ensaios clínicos <strong>em</strong> curso sobre eficácia da Imunoglobulina pod<strong>em</strong> alterar recomendação.<br />

Lazzarotto T<br />

et al. (2011)<br />

Revisão da prevenção, diagnóstico e tratamento da<br />

infeção do CMV durante a gravidez com proposta de<br />

algoritmo de rastreio.<br />

• Se conhecido estado serológico pré-conceção:<br />

• Seropositiva: não repete rastreio<br />

• Seronegativa: repete às 15-16 s<strong>em</strong>anas:<br />

• Se (+), repete às 20-21 s<strong>em</strong>anas;<br />

• Se (-), pode ou não repetir as 35-37 s<strong>em</strong>anas (apesar de não haver diretrizes<br />

internacionais).<br />

•Se desconhecido estado serológico pré-conceção, as serologias dev<strong>em</strong> ser realizadas o<br />

mais precoc<strong>em</strong>ente possível (idealmente até 12-16 s<strong>em</strong>anas de gestação).<br />

3<br />

Apesar de não haver vacina n<strong>em</strong> tratamento eficaz, a criação de um algoritmo diagnóstico,<br />

associado a testes serológicos mais sensíveis e intervenções de higiene apropriadas,<br />

d<strong>em</strong>onstrou ser eficaz no seguimento e aconselhamento, diminuindo o número de<br />

interrupções desnecessárias da gravidez <strong>em</strong> 70%.<br />

GUIDELINE<br />

Oriol Coll et<br />

al.<br />

(2009)<br />

Análise de aspetos relacionados com a infeção por<br />

CMV na grávida e no recém nascido.<br />

Não há estudos sobre a relação custo/eficácia do rastreio sist<strong>em</strong>ático na gravidez, sendo<br />

recomendado apenas quando suspeita de infeção 1ª ou grávida de alto risco.<br />

3<br />

Estudo coorte teórico envolvendo 100.000 grávidas<br />

com serologias do CMV pré-conceção desconhecidas.<br />

Resultados às 7 s<strong>em</strong>anas de gestação: 80.000 seropositivas<br />

20.000 seronegativas<br />

ESTUDO<br />

OBSERVACIONAL<br />

Yoav Peled<br />

et al. (2011)<br />

Proposto algoritmo para vigilância e deteção da<br />

infeção 1ª por CMV na gravidez baixo risco:<br />

•6-8 S gestação: serologia CMV (IgM, IgG e avidez<br />

IgG).<br />

•16-18 S: se seronegativa repete serologias.<br />

•Repete <strong>em</strong> caso de doença, ecografia fetal anormal<br />

ou contato com infetado.<br />

Com o protocolo proposto apenas 4 recém nascidos potencialmente infetados não foram<br />

detetados na altura do parto.<br />

Um protocolo pré-conceção pode reduzir confusões diagnósticas, auxiliar na escolha de<br />

procedimentos e poupar interrupções de gravidez desnecessárias.<br />

3<br />

Orna<br />

Reichman et<br />

al. (2014)<br />

Estudo coorte retrospetivo <strong>em</strong> Clínica de Fertilidade<br />

envolvendo 500 mulheres que planeavam engravidar.<br />

Descrever os resultados do rastreio pré-concecional<br />

do CMV, do efeito do aconselhamento e do<br />

seguimento das grávidas seronegativas.<br />

Rastreio do CMV na pré-conceção foi eficaz na redução da exposição ao CMV durante a<br />

gravidez.<br />

Conclusão: Rastreio do CMV na pré-conceção t<strong>em</strong> potencial para adiar a gravidez e propor<br />

medidas preventivas nas não imunes.<br />

2<br />

DISCUSSÃO<br />

• O rastreio pré-concecional do CMV t<strong>em</strong> potencial para aconselhar o adiamento da gravidez <strong>em</strong> mulheres com infeção recente e para propor medidas preventivas para as mulheres que são<br />

seronegativas. O aconselhamento pré-concecional permite minimizar o efeito de doença, tendo-se atribuído uma força de recomendação A ao rastreio pré-concecional.<br />

• Pelo facto de não haver vacina n<strong>em</strong> tratamento eficaz, atribuiu-se uma força de recomendação C ao rastreio do CMV durante a gravidez <strong>em</strong> mulheres previamente seronegativas, com estado<br />

serológico pré-concecional desconhecido, com sinais ou sintomas de infeção por CMV ou com alterações ecográficas fetais sugestivas de infeção por CMV.


Ginecomastia à vista: à abordag<strong>em</strong><br />

Eliseo Martínez 1 , Dolores Vázquez 2 , Ana Patrícia Rosa 3<br />

1<br />

Assistente MGF USF Alcaides de Faria, 2 IFE Medicina Interna Centro Hospitalar<br />

Póvoa de Varzim/Vila do Conde, 3 IFE MGF USF Alcaides de Faria<br />

Introdução e objectivos<br />

A ginecomastia é definida como o aumento do tamanho da mama no hom<strong>em</strong>,<br />

caracterizada pela proliferação do tecido glandular mamário e condicionada por um<br />

aumento do ratio entre a atividade estrogénica e a atividade androgénica. É uma<br />

entidade muito prevalente e benigna, mas é crucial uma correta abordag<strong>em</strong> para o<br />

diagnóstico diferencial com outros transtornos como a pseudoginecomastia (acumulação<br />

de tecido gordo) ou o carcinoma mamário.<br />

Metodologia<br />

Foi realizada uma revisão clássica através de pesquisa bibliográfica na MedLine/pubMed, UptoDate e motores de busca<br />

genéricos de artigos publicados nos últimos 10 anos com o termo “gynecomastia”<br />

3 picos de incidência:<br />

*recém nascidos (60-90%)<br />

*puberdade (65% entre os 13 e 14 anos)<br />

*idosos (60% entre os 50-70 anos)<br />

Abordag<strong>em</strong> diagnóstica:<br />

História clínica<br />

(antecedentes pessoais e familiares, toma de fármacos)<br />

+<br />

Exploração física<br />

(palpação mamária, estigmas de doenças<br />

desencadeadoras de ginecomastia secundária),<br />

Se necessário, solicitar-se-á estudo analítico hormonal<br />

(hCG, LH, prolactina, testosterona e estradiol) com<br />

função hepática, renal e tiroideia, para descartar<br />

ginecomastia secundária.<br />

Quando a anamnese e a exploração física suger<strong>em</strong><br />

neoplasia mamária, está indicada a realização de<br />

provas de imag<strong>em</strong> (mamografia, ecografia) e,<br />

eventualmente, exames cito-histológicos (PAAF,<br />

biópsia ou mastectomia).<br />

Mecanismo fisiopatológico: desequilibrio entre a ação<br />

estimulante estrogénica e a ação inibidora androgénica na<br />

mama masculina.<br />

Causas:<br />

*IDIOPÁTICA OU FISIOLÓGICA (causa mais frequente)<br />

*SECUNDÁRIA:<br />

-Fármacos (múltiplos: finasterida, dutasterida,<br />

espironolactona, cimetidina, omeprazol, haloperidol,<br />

metoclopramida, tricíclicos,...),<br />

-Neoplasias secretoras de estrogénios (tumores<br />

de células de Leydig ou Sertoli, tumores adrenais,<br />

tumores testiculares secretores de hCG),<br />

-Aumento da aromatização periférica de<br />

androgénios a estrogénios (obesidade,<br />

cirrose, hipertiroidismo, malnutrição, DRC)<br />

-Insuficiência gonadal (Klinefelter, orquite,<br />

castração),<br />

-Síndromes de resistência androgénica<br />

(síndrome de Reifenstein)<br />

-Alterações nos receptores androgénicos ou<br />

estrogénicos (bicalutamida).<br />

Tratamento:<br />

*Atitude expectante e vigilância. Evitar ou suprimir (se possível) os fármacos causadores.<br />

*Tratamento médico <strong>em</strong> casos muito sintomáticos (tamoxifeno, danazol, raloxifeno, anastrozol).<br />

*Cirurgia <strong>em</strong> casos refractários a tratamento médico.<br />

*Radioterapia (nomeadamente <strong>em</strong> doentes submetidos a hormonoterapia adjuvante por neoplasias prostáticas).<br />

Conclusões<br />

A ginecomastia constitui um motivo de consulta e de preocupação frequente. Uma abordag<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>atizada, na que t<strong>em</strong><br />

uma importância fulcral a anamnese e a exploração física cuidadosas, facilita o diagnóstico etiológico e a orientação<br />

terapêutica do caso, evitando, <strong>em</strong> muitas situações a requisição de exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico<br />

desnecessários.<br />

Bibliografia: Braunstein GD, Anawalt BD. Clinical features, diagnosis and evaluation of gynecomastia. Www.uptodate .com (Feb <strong>2017</strong>). Braunstein GD. Clinical practice.<br />

Gynecomastia. N Engl J Med 2007; 357:1229. Juan José Chillarón, David Benaiges, Juana Antonia Flores-Le Roux. Ginecomastia. FMC 2013;20:85-8. Johnson RE, Murad MH.<br />

Gynecomastia: pathophysiology, evaluation and manag<strong>em</strong>ent. Mayo Clin Proc 2009; 84:1010. Gikas P, Mokbel K. Manag<strong>em</strong>ent of gynwecomastia: an update. Int J Clin Pract 2007;<br />

61:1209


Arterite t<strong>em</strong>poral nos idosos: uma realidade que não pode ser esquecida<br />

Mariana Gayo 1<br />

Álvaro Teixeira 2<br />

1<br />

Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Conchas, ACES Lisboa Norte, ARSLVT<br />

2<br />

Interno de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Rodrigues Miguéis, ACES Lisboa Norte, ARS LVT<br />

Introdução<br />

Um dos probl<strong>em</strong>as mais frequent<strong>em</strong>ente encontrados na população idosa é a cefaleia, que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é valorizável por esta população, mas é causa de<br />

elevada morbilidade. A etiologia das cefaleias pode ser muito diversa e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre identificável. A arterite t<strong>em</strong>poral (AT) é uma causa de cefaleia<br />

importante nos idosos e se corretamente identificada é potencialmente tratável.<br />

Métodos<br />

Pesquisa na PubMed:<br />

Mesh Terms "elderly" e<br />

"arteritis, giant cell"<br />

3360 artigos<br />

encontrados<br />

Critérios de inclusão:<br />

Revisões, artigos escritos<br />

<strong>em</strong> Inglês, data de<br />

publicação não inferior a<br />

5 anos<br />

33 artigos encontrados 13 artigos disponíveis<br />

Discussão<br />

A Arterite T<strong>em</strong>poral<br />

A AT, ou de células gigantes é uma vasculite crónica de grandes e médios vasos, sendo a vasculite sistémica mais comum. A inflamação envolve<br />

principalmente os ramos cranianos das artérias provenientes do arco aórtico, mas pode ser mais generalizada. A sua etiopatogenia permanece desconhecida.<br />

É mais comum na Europa e afeta indivíduos com mais de 50 anos, sendo que a sua incidência aumenta com a idade.<br />

A sintomatologia é variável uma vez que as artérias afetadas pod<strong>em</strong> ser diferentes.<br />

Diagnóstico<br />

A ecografia com estudo doppler a cores das artérias t<strong>em</strong>porais quando revela um halo<br />

hipoecoico peri-luminal, sugestivo de ed<strong>em</strong>a da parede do vaso, é altamente sensível e<br />

específico para AT.<br />

Serologias não têm utilidade para o diagnóstico de AT por<br />

não ser<strong>em</strong> específicas.<br />

Testes laboratoriais como reagentes de fase aguda,<br />

nomeadamente a VS >100mm/h pod<strong>em</strong> ser úteis, quando<br />

conjugados com os métodos de imag<strong>em</strong>.<br />

Terapêutica<br />

O único teste que confirma o diagnóstico de GCA é uma<br />

biópsia da artéria t<strong>em</strong>poral. Os doentes com suspeita de<br />

AT dev<strong>em</strong> ser referenciados a um serviço de Neurologia<br />

para confirmação diagnóstica.<br />

Sintomas<br />

Cefaleia – ocorre <strong>em</strong> cerca de 2/3 dos doentes. Pode ser a<br />

primeira cefaleia. Associada a sensibilidade do couro<br />

cabeludo. Pode ser localizada na região t<strong>em</strong>poral (clássica),<br />

ou outras. Variável de intensidade e progressivamente pior;<br />

Sintomas constitucionais – Frequentes: febre baixa<br />

(presente <strong>em</strong> cerca de ½ do doentes), fadiga, perda de peso<br />

(pouco significativas);<br />

Claudicação da mandíbula – cerca de ½ dos doentes<br />

refer<strong>em</strong> esta queixa. Este é o sintoma mais frequent<strong>em</strong>ente<br />

associado a uma biopsia t<strong>em</strong>poral positiva;<br />

Amaurose fugaz – transitória e afetando apenas um olho<br />

pode ser uma manifestação precoce;<br />

Perda de visão permanente – complicação mais grave da AT.<br />

Pode ser prevenida com tratamento adequado.<br />

Glucocorticoides<br />

40/60 mg/dia<br />

2 a 3 anos<br />

Melhoria clínica rápida da sintomatologia,<br />

com diminuição das complicações vasculares<br />

Pode haver recorrências <strong>em</strong> 25-65% dos casos.<br />

Estudos defend<strong>em</strong> a introdução de AAS 100mg/dia para prevenir<br />

a perda de visão e o risco de enfarte durante a doença.<br />

Pontos-chave<br />

AT ocorre predominant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> indivíduos idosos de raça caucasiana<br />

Deve ser suspeitada esta patologia num episódio inaugural de cefaleia num idoso, com VS elevada<br />

Doppler arterial é um bom método de auxilio de diagnóstico<br />

Biopsia da artéria – GOLD STANDARD<br />

Diagnóstico precoce é necessário para prevenir evento isquémicos e complicações<br />

Glucocorticoides permanec<strong>em</strong> o principal tratamento<br />

Conclusão<br />

Esta doença deve ser considerada na população idosa com cefaleia de novo, nomeadamente <strong>em</strong> idades superiores a 50 anos, podendo o Médico de Família<br />

rapidamente chegar a uma conclusão diagnóstica através de um exame relativamente simples e contribuir para melhorar a qualidade de vida do utente<br />

Bibliografia<br />

1-Bravo TP, Headaches of the elderly. Curr Neurol Neurosci Rep. 2015 Jun;15(6):30; 2- Berti A, Campochiaro C, Cavalli G, Pepe G, Praderio L, Sabbadini MG, Dagna L. Giant cell arteritis restricted to the limb arteries: An overlooked clinical entity.<br />

Autoimmun Rev. 2015 Apr;14(4):352-7; 3- Steel L, Khan A, Dasgupta B. Giant Cell Arteritis: Beyond Corticosteroids. Drugs Aging. 2015 Aug;32(8):591-9; 4- Espitia O, et al. Comparison of idiopathic (isolated) aortitis and giant cell arteritis-related aortitis. A<br />

French retrospective multicenter study of 117 patients. Autoimmun Rev. 2016 Jun;15(6):571-6; 5- Wyatt K1. Three common ophthalmic <strong>em</strong>ergencies. JAAPA. 2014 Jun;27(6):32-7; 6- Alsolaimani RS, et al. Severe Intracranial Involv<strong>em</strong>ent in Giant Cell<br />

Arteritis: 5 Cases and Literature Review. J Rheumatol. 2016 Mar;43(3):648-56; 7- Daumas A, et al. Fluorine-18 Fluorodeoxyglucose Positron Emission Tomography Hypermetabolism of Vertebral Arteries Revealing Giant Cell Arteritis. Am J Med. 2015<br />

Jul;128(7):e1-2.; 8- Weyand CM, Goronzy JJ. Clinical practice. Giant-cell arteritis and polymyalgia rheumatica. N Engl J Med. 2014 Jul 3;371(1):50-7; 9- Alvarez-Rodriguez L, et al. Cytokine gene considerations in giant cell arteritis: IL10 promoter<br />

polymorphisms and a review of the literature. Clin Rev Allergy Immunol. 2014 Aug;47(1):56-64; 10- Langford CA. Perspectives on the treatment of giant cell arteritis. Presse Med. 2013 Apr;42(4 Pt 2):609-12; 11- Kermani TA1, Warrington KJ. Recent<br />

advances in diagnostic strategies for giant cell arteritis. Curr Neurol Neurosci Rep. 2012 Apr;12(2):138-44; 12- Salvarani C, et al. Clinical features of polymyalgia rheumatica and giant cell arteritis. Nat Rev Rheumatol. 2012 Sep;8(9):509-21; 13- Nesher G.<br />

The diagnosis and classification of giant cell arteritis. J Autoimmun. 2014 Feb-Mar;48-49:73-5.


Vaginoses bacterianas <strong>em</strong> mulheres grávidas assintomáticas – deve ser<br />

feito o seu rastreio?<br />

Mariana Gayo 1 , Maria Manuela Bernardo 1<br />

1<br />

Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Conchas, ACES Lisboa Norte, ARSLVT<br />

Introdução: No âmbito dos cuidados de saúde primários é feito o seguimento de mulheres gravidas de baixo risco. Foi<br />

elaborada uma revisão de vários estudos existente de vaginose bacteriana (VB) <strong>em</strong> mulheres grávidas de forma a<br />

compreender se houve mudanças no paradigma do rastreio destas infeções nesta população.<br />

Métodos: Pesquisa de artigos na Pubmed através dos termos MeSH Vaginal discharge, pregnant women Diagnosis<br />

of bacterial vaginosis, com os seguintes critérios de inclusão: escrita <strong>em</strong> inglês e artigos publicados nos últimos vinte<br />

anos. Foram ainda consultadas as guidelines da Cochrane, ACOG e CDC.<br />

Discussão:<br />

VB<br />

Alteração complexa na flora<br />

vaginal caracterizada por uma<br />

redução da concentração de<br />

lactobacilos e<br />

aumento da concentração de<br />

outros microrganismos,<br />

principalmente anaeróbios<br />

Gardnerella<br />

vaginalis.<br />

Neisseria<br />

gonorrhoeae<br />

Chlamydia<br />

trachomatis<br />

Outras: Infecções<br />

candidíase e<br />

tricomoníase<br />

A existência de VB <strong>em</strong> mulheres grávidas segundo alguns estudos aumenta:<br />

risco de parto pré-termo<br />

O diagnóstico pode ser confirmado pela presença de 3 dos 4 critérios:<br />

• corrimento vaginal branco - acinzentado, homogéneo e não inflamatório;<br />

• presença de clue-cells no exame microscópico;<br />

• pH do exsudado vaginal > 4,5;<br />

• teste da amina + (cheiro a peixe após adição de soluto de potassa cáustica – KOH 10%).<br />

rotura pr<strong>em</strong>a tura de<br />

m<strong>em</strong>branas<br />

endometrite pós-parto<br />

Estão disponíveis ao nível dos cuidados de saúde primários métodos de rastreio para detetar VB, candidíase etricomoníase que não<br />

exig<strong>em</strong> técnicas de colheita complexas e não são dispendiosos.<br />

No entanto, até à data não existe consenso no rastreio de VB durante a gravidez, uma vez que a maior parte dos estudos não aponta<br />

para uma diminuição estatisticamente significativa do parto pré-termo quando é feita a deteção e tratamento adequado de VB <strong>em</strong><br />

grávidas assintomáticas.<br />

As grávidas de alto risco, isto é, com história prévia de parto pré-termo, dev<strong>em</strong> ser rastreadas e tratadas, no início do 2.º trimestre da<br />

gravidez.<br />

O regime recomendado é Metronidazol, 250mg 3 x / dia, durante 7 dias.<br />

Os regimes alternativos são: Metronidazol, 2 gramas <strong>em</strong> dose única, ou Clindamicina, 300 mg 2 x / dia, durante 7 dias.<br />

O uso de cr<strong>em</strong>e vaginal de clindamicina não é recomendado - > aumento do númerode partos pré-termo.<br />

Conclusão: Após analises dos vários estudos, verifica-se uma elevada heterogeneidade na população englobada e<br />

vários viés que impossibilitam resultados plausíveis, pelo que não é aferível se deve ser feito o rastreio de VB na mulher<br />

grávida ou por num subgrupo de risco como as mulheres com antecedentes de parto pré-termo.


DIABETES NO RAMADÃO<br />

Eliézer Cerdas 1 , Sara Fernandez 1, , Nivalda Pereira 2<br />

1<br />

Internos de MGF, UCSP Quarteira, ACeS Central, ARS Algarve; 2 Interna de MGF, Centro de Saúde do Porto da Cruz, SERARAM, EPE<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Medicina está <strong>em</strong> constante evolução e não fica aquém do fenómeno de globalização que se t<strong>em</strong> vindo a verificar, com grandes fluxos<br />

migratórios associados. A presença de doentes muçulmanos diabéticos <strong>em</strong> Portugal é uma realidade atual e a gestão destes casos durante o<br />

Ramadão torna-se um verdadeiro desafio não só pelas diferenças culturais mas também pelo difícil controlo glicémico durante esse mês.<br />

Ramadão<br />

9º mês do calendário<br />

Islâmico<br />

Duração de 1<br />

mês<br />

Restrição alimentar,<br />

hídrica e<br />

medicamentosa<br />

Oportunidade para elevar a<br />

espiritualidade e para<br />

purificar a mente e o corpo<br />

15 minutos antes do<br />

amanhecer até 75 minutos<br />

antes do pôr do sol<br />

Complicações:<br />

hipoglicémia,<br />

desidratação,<br />

hiperglicémia<br />

OBJECTIVO<br />

Estruturar a abordag<strong>em</strong> terapêutica do doente diabético a fazer o Ramadão.<br />

.<br />

METODOLOGIA<br />

Pesquisa bibliográfica restrita a artigos publicados no ano de 2016 na base de dados da PubMed no dia 8 de nov<strong>em</strong>bro de 2016 com os termos<br />

Diabetes e Ramadan (n=44). Foram selecionados apenas artigos de revisões sist<strong>em</strong>áticas sobre a abordag<strong>em</strong> terapêutica do doente diabético<br />

que cumpre o Ramadão.<br />

.<br />

RESULTADOS<br />

Tratamento<br />

Dieta + exercício apenas<br />

Biguanidas (metformina)<br />

Modificações durante o Ramadão<br />

Distribuir cada refeição <strong>em</strong> 2-3 frações, assegurar um adequado aporte hídrico e modificar a intensidade e o momento do<br />

exercício.<br />

Libertação imediata: 2/3 da dose diária com a refeição após pôr do sol + 1/3 da dose antes da refeição antes do amanhecer.<br />

Libertação prolongada: dose total diária com a primeira refeição após o pôr do sol.<br />

Tiazolidinediones<br />

Sulfunilureias<br />

Secretagogos insulina,<br />

inibidores da glucosidase,<br />

i-DPP4 e análogos GLP 1<br />

Inibidores SGLT2<br />

Insulina<br />

S<strong>em</strong> alteração necessária.<br />

OD: dose total diária com a primeira refeição após o pôr do sol.<br />

Ação curta: dose total diária s<strong>em</strong> alteração. 1 dose antes do nascer do sol e 1 dose depois do pôr do sol.<br />

Ação longa: deverão ser evitadas.<br />

S<strong>em</strong> alteração necessária.<br />

S<strong>em</strong> estudos <strong>em</strong> períodos de jejum. Não recomendado.<br />

Basal: diminuir 20% dose e administrar depois do pôr do sol.<br />

Rápida: omitir a dose habitual do almoço, a dose do pequeno almoço administrar com a primeira refeição após o pôr do sol e<br />

administrar ½ da dose do jantar com a refeição antes do nascer do sol.<br />

Mista: dose da manhã administrada ao pôr do sol e ½ da dose da noite ao nascer do sol.<br />

Nestes doentes, os princípios básicos no controlo da diabetes tais como as refeições fracionadas e nutricionalmente adequadas ao longo do dia,<br />

a prática de exercício físico e o uso de medicação, com atenção às hipo/hiperglic<strong>em</strong>ias, têm de ser revistos e ajustados e, eventualmente, poderá<br />

ser necessário a introdução de outras estratégias adaptativas.<br />

A nível farmacológico, as drogas de eleição pertenc<strong>em</strong> à classe das incretinas (análogos da GLP1 e inibidores da DPP4) uma vez que apresentam<br />

bom controlo glicémico, bom controlo ponderal e segurança ao nível de efeitos adversos.<br />

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO<br />

A ciência e a religião, dois pilares importantes na sociedade atual, por vezes estão <strong>em</strong> conflito. O Médico de Família deve incluir uma avaliação<br />

holística de cada utente e, <strong>em</strong> particular nos muçulmanos diabéticos, preparar o Ramadão com uma abordag<strong>em</strong> multifatorial preventiva,<br />

terapêutica e de seguimento. Só assim será possível manter o b<strong>em</strong>-estar físico, mental e espiritual destes doentes<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1 – Almalki MH and Alshahrani F (2016) Options for Controlling Type 2 Diabetes during Ramadan. Front. Endocrinol. 7:32. doi: 10.3389/fendo.2016.00032; 2 – Sifri SA, Rizvi K, Filling the<br />

Knowledge Gap in Diabetes Manag<strong>em</strong>ent During Ramadan: The evolving of Trial Evidence Diabetes Ther (2016) 7:221–240 DOI 10.1007/s13300-016-0168-9; 3- Jawad F, Kalra S, Ramadan<br />

and Diabetes: Holistic trail Design, J Pak Med Assoc, Vol.66, No.7, July2016; 4 – Alsairafi ZK, Taylor KMG, Smith FJ, Alattar AT, Patients’ manag<strong>em</strong>ent of type 2 Diabetes in Middle Easter<br />

countries: review of studies, Dove press Journal, 10 june 2016.<br />

maio de <strong>2017</strong>


Ciclo<br />

card.<br />

Local<br />

Irrad<br />

Orig<strong>em</strong><br />

Idade<br />

Abordag<strong>em</strong> do<br />

Sopro Cardíaco<br />

<strong>em</strong> Idade Pediátrica<br />

pelo Médico de Família<br />

Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio<br />

USF Santa Joana<br />

Filipe Pereira<br />

USF Costa de Prata<br />

ACeS Baixo Vouga<br />

Introdução<br />

O Sopro cardíaco constitui um diagnóstico muito frequente na infância, estimando-se que cerca de 90% das crianças<br />

apresentarão esta alteração auscultatória <strong>em</strong> alguma altura. Destes, menos de 1% corresponderão a uma cardiopatia<br />

congénita (tabela 1) – tipo mais comum de alteração congénita, com uma incidência de 4-50/1000 nados-vivos.<br />

O médico de família (MF) é frequent<strong>em</strong>ente o primeiro profissional a identificar um sopro cardíaco <strong>em</strong> idade pediátrica. De<br />

facto, 50-70% das crianças irão ter um sopro cardíaco identificado numa consulta de vigilância. Assim, s<strong>em</strong>pre que um sopro é<br />

detetado, a capacidade do clínico <strong>em</strong> discernir corretamente entre a sua etiologia benigna ou patológica é crucial, tanto para<br />

os cuidados a prestar ao doente como à informação a veicular à família.<br />

Foi objetivo deste trabalho proceder a uma revisão clássica da abordag<strong>em</strong> de um sopro cardíaco <strong>em</strong> idade pediátrica.<br />

Sopro<br />

Criança<br />

Prevalência 0,6–4,2% ~90%<br />

Etiologia<br />

patológica<br />

84% 0,1–0,2%<br />

Tabela 1: Prevalência do sopro cardíaco<br />

e respetiva etiologia patológica no<br />

recém-nascido e na criança.<br />

Metodologia<br />

Foi realizada uma pesquisa na Pubmed, <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro de 2016, utilizando os termos MeSH “heart murmurs” AND “child”. Selecionaram-se artigos publicados<br />

nos últimos 10 anos, que consistiss<strong>em</strong> <strong>em</strong> revisões (clássicas ou sist<strong>em</strong>áticas) ou guidelines. Foram igualmente consultados livros de texto base.<br />

Resultados<br />

O sopro cardíaco inocente t<strong>em</strong> um pico máximo de incidência entre os 3-7 anos, sendo sete os mais comuns: sopro de Still, sopro expulsivo pulmonar, sopro<br />

carotídeo/supraclavicular, sopro sistólico aórtico, sopro da estenose pulmonar periférica fisiológica transitória, zumbido venoso e sopro mamário (tabela 2).<br />

Na abordag<strong>em</strong> clínica de um sopro cardíaco, é fundamental uma anamnese cuidada: presença de sintomatologia de patologia cardíaca, história obstétrica e<br />

perinatal (mais relevante nos lactentes), antecedentes patológicos, crescimento e desenvolvimento, hábitos (nomeadamente desportivos) e antecedentes<br />

familiares relevantes. Deverá ser realizado um exame físico global, com caracterização detalhada do sopro, referindo a sua localização, posição relativa no<br />

ciclo cardíaco, duração, intensidade (escala de Levine), frequência/tom, qualidade e radiação.<br />

Sopro<br />

inocente<br />

<br />

<br />

Still<br />

VE Ao<br />

Cordas<br />

Idade<br />

escolar<br />

ProtoS.<br />

(musical)<br />

Ápice e<br />

4º EIC<br />

BE esq<br />

---<br />

déb. card.<br />

E. Físico<br />

Dec. dorsal<br />

Valsalva<br />

Ortost.<br />

Sentado<br />

Características: Protossistólico, curta duração, baixa intensidade,<br />

qualidade musical / vibratória, altera com mudanças posturais/manobras<br />

Ejeção<br />

pulmonar<br />

Trato de<br />

saída do<br />

VD<br />

8-14 anos<br />

Escoliose<br />

ProtomesoS.<br />

(rude)<br />

2-3º EIC<br />

BE esq<br />

Axilar e<br />

dorsal<br />

déb. card.<br />

E. Físico<br />

Dec. dorsal<br />

Valsalva<br />

Ortost.<br />

Sistólico<br />

aórtico<br />

Trato de<br />

saída do<br />

VE; Aorta<br />

Crianças +<br />

velhas,<br />

Adultos<br />

MesoS.<br />

(rude)<br />

2º EIC<br />

BE dto<br />

Cervical<br />

déb. card.<br />

---<br />

Carotídeo/<br />

supraclav.<br />

Arco<br />

aórtico com<br />

braquicef.<br />

Adolesc.<br />

Adulto<br />

jov<strong>em</strong><br />

ProtomesoS.<br />

(rude)<br />

Fossa<br />

supraclav.<br />

Tórax sup.<br />

Cervical<br />

frémito<br />

Sentado<br />

E. físico<br />

Hiperextensão<br />

ombros<br />

Est. pulm.<br />

periférica<br />

Artéria<br />

pulmonar<br />

Pr<strong>em</strong>at.<br />

Lactentes<br />

até 6m<br />

MesoS.<br />

2-3º EIC<br />

esq e dto<br />

Axilar e<br />

dorsal<br />

---<br />

---<br />

Zumbido<br />

venoso<br />

Conexão v.<br />

jug. com<br />

veia cava<br />

3-8 anos<br />

Contínuo<br />

(musical)<br />

Base do<br />

pescoço<br />

Infraclav. e<br />

2ºEIC dto<br />

Inspiração<br />

Ortost.<br />

Comp. v.<br />

jug., flexão<br />

ipsil. pesc.<br />

Mamário<br />

Recémnascido<br />

Vascularização<br />

mama<br />

Grávidas<br />

Lactação<br />

Sistólico<br />

ou<br />

contínuo<br />

Sobre a<br />

mama<br />

---<br />

---<br />

Pressão<br />

sobre o<br />

local<br />

Tabela 2: Principais sopros cardíacos inocentes <strong>em</strong> idade pediátrica. Legenda: est. pulm.- estenose pulmonar, VE<br />

e VD- ventrículo esquerdo e direito, braquicef.- braquicefálicas, v. jug.- veias jugulares, adolesc.- adolescente,<br />

pr<strong>em</strong>at.- pr<strong>em</strong>aturo, card.- cardíaco, protoS.- protossistólico, mesoS.- mesossistólico, EIC- espaço intercostal, BEbordo<br />

esternal, esq- esquerdo, dto- direito, supraclavic.- supraclavicular, sup.- superior, irrad.- irradiação, infraclav.-<br />

infraclavicular, déb.- débito e. físico- exercício físico, dec.- decúbito, ortost.- ortostatismo, comp.- compressão, ipsil.-<br />

ipsilateral, pesc.- pescoço.<br />

Características do sopro<br />

1. Contínuo (se excluído zumbido venoso e sopro<br />

mamário), diastólico, holossistólico ou sistólico tardio<br />

2. Intensidade ≥ grau 3<br />

3. Intensidade máx. no bordo superior esquerdo esternal<br />

4. Qualidade rude<br />

5. Alterações de S2 (hipo ou hiperfonese, desdobramento<br />

fixo ou paradoxal, ou ausência de desdobramento)<br />

6. Clique sistólico, S3 e S4, rodado diastólico<br />

7. Audível <strong>em</strong> todo o precórdio, com irradiação<br />

8. Aumento da intensidade com o ortostatismo<br />

História clínica<br />

9. Má progressão ponderal<br />

10. Antecedentes pessoais ou familiares relevantes<br />

11. Sintomatologia associada sugestiva de cardiopatia<br />

12. Alterações ao exame objetivo sugestivos de cardiopatia<br />

Dúvida diagnóstica de um sopro inocente<br />

Estudo compl<strong>em</strong>entar<br />

Sinais de Alarme<br />

A radiografia torácica e a eletrocardiografia apresentam<br />

limitações no diagnóstico etiológico. O ecocardiograma é o<br />

gold-standard no diagnóstico definitivo, estando recomendado<br />

na avaliação de um sopro potencialmente patológico e de<br />

sopro <strong>em</strong> idade neonatal.<br />

Discussão<br />

Sopro cardíaco<br />

O MF é frequent<strong>em</strong>ente o primeiro profissional a<br />

identificar um idensopro cardíaco <strong>em</strong> idade pediátrica, sendo<br />

essencial que desenvolva a competência de distinguir um<br />

sopro sopro inocente de um patológico. Este diagnóstico pode ser feito se<br />

4 critérios estiver<strong>em</strong> presentes: criança assintomática, s<strong>em</strong><br />

antecedentes pessoais ou familiares relacionados com risco<br />

aumentado de cardiopatia, sopro de características inocentes e<br />

ausência de outras alterações ao exame objetivo. O sopro cardíaco<br />

inocente t<strong>em</strong> um excelente prognóstico, ocupando o MF uma<br />

posição privilegiada no esclarecimento da sua benignidade à família.<br />

2A<br />

Desaparece ortostatismo<br />

Não<br />

Não<br />

Sim<br />

Tranquilizar | Vigiar<br />

Sim<br />

Referências<br />

(1) Chantepie. Souffle cardiaque chez l’enfant asymptomatic: quand d<strong>em</strong>ander un avis cardiologique?. Archives de Pédiatrie. 2015. (2) Frank. Evaluation and Manag<strong>em</strong>ent of<br />

Heart Murmurs in Children. American Family Physician. 2011. (3) Marcdante. Nelson Essentials of Pediatrics. Elsevier. 7ª ed. 2015. (4) Martins. O Sopro num Coração Normal. Revista Portuguesa<br />

de Cardiologia. 2008. (5) Menashe. Heart Murmurs. Pediatrics in Review. 2007. (6) Oliveira. Sopro Cardíaco Pediátrico: estudo de série de casos. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.<br />

2013. (7) Oliveira. Black<strong>book</strong> Pediatria. Editora Black Book. 3ª ed. 2005. (8) Wierwill<strong>em</strong>. Pediatric Heart Murmus – evaluation and manag<strong>em</strong>ent in primary care. The Nurse Practitioner. 2011.


AUTO-MONITORI)AÇÃO DA GLICÉMIA NA DIABETES MELLITUS TIPO <br />

QUAL A EVIDÊNCIA?<br />

Gisela Costa Neves , Rosa Leoado Costa , Aa Filipa Peeia .<br />

Iteas de MGF das USF Castelo e USF São Filipe - ACES Aáida – ARS Lisoa e Vale do Tejo<br />

INTRODUÇÃO<br />

A auto-oitoização da gliia AG saguíea te u ipotate papel a gestão do tataeto da Diaetes Mellitus tipo DM, e doetes tatados o isulia. Cotudo, te estado e deate se<br />

esta teá eefíios e paietes ão-tatados o isulia. É ojetivo deste taalho eve a evidia dispoível aea desta uestão.<br />

Fotes de Dados:<br />

-Natioal Guidelie Clearighouse,<br />

-Guidelies Fider,<br />

-Caadia Medial Assoiatio Pratie Guidelies Ifoase,<br />

-Sottish Iterolegiate Guidelies,<br />

-The Cohrae Lirar,<br />

-DARE,<br />

-Badolier,<br />

-PuMed<br />

-Dieção-Geal de Saúde<br />

METODOLOGIA<br />

Pouaa-se guidelies, oas de oietação líia, evisões sisteátias RS, eta-aálises MA e estudos oigiais EO, puliados ete e , e potugus e igls. Paa<br />

avaliação dos íveis de evidia e atiuição das foças de eoedação, utilizou-se a esala Stregth of ReoedatioTaoo SORT da Aeria Aade of Fail Phsiias.<br />

Foa eluídos atigos ão etodologiaete adeuados ou uja população tivesse outas patologias ue ão DM, assi oo ulhees gávidas.<br />

Teros MeSH:<br />

-"tpe-2 diaetes ellitus", "o-isuli-treated", "self-oitorig", "lood gluose"<br />

P opulação<br />

I teveção<br />

C otolo<br />

O utoe<br />

Doetes o DM ão isulio-tatados<br />

Auto-oitoização da glíia<br />

Pátia usual se AG<br />

Beefíios da AG<br />

RESULTADOS<br />

Atigos Idetifiados<br />

Artigos Seleioados: guidelies, 5 RS, MA, EO<br />

Referêia Metodologia Reoedações/Resultados NE<br />

SIGN Guideline - Não eoedada a AG po otia e doetes o DM ue faze apeas teaputia oal eepto sulfuiloeias <br />

Caadia Diaetes<br />

Assoiatio <br />

Iteatioal Diaetes<br />

Fedeatio <br />

Steisekk A et al<br />

<br />

Fae JA et al<br />

<br />

Poolsup N et al<br />

<br />

Belad JW et al<br />

<br />

Behalia K et al<br />

<br />

Cla C et al<br />

<br />

St Joh A et al<br />

<br />

Lovea E et al<br />

<br />

Malada UL et al<br />

<br />

Guideline - AG eoedada; Doetes deve se ietivados e esiados <br />

Guideline<br />

MA estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

MA estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

MA estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

RS estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

RS<br />

Cotolo vs. AG<br />

RS > estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

RS estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

RS estudos<br />

Cotolo vs. AG<br />

ECAC N=<br />

Cotolo vs. AG saguíea vs. AG uia<br />

- AG ão eoedada oo otia<br />

- AG deve se osideada paa ajuda a pevei hipogliias, oitoiza o efeito de deteiado alieto soe a<br />

gliia pós-padial, ou oitoiza a gliia duate u peíodo de doeça, ova ediação ou udaça de estilo de<br />

vida<br />

- AG deosta eefíios a ível psiológio, líio e oo efoço paa udaça de estilos de vida <br />

- Se evidia líia ou estatístia de eefíios da AG a logo teo<br />

- Doetes o AG otivea valoes eoes de HA<br />

- AG deostou elho otolo gliio, e elhoes valoes de HA e doetes o HA iiial >% <br />

- Doetes ue faze AG atige eoes valoes de HA<br />

- AG pode ão se útil e todos os doetes<br />

- Gahos liitados a uto-pazo da AG otolo gliio<br />

- AG e doetes otolados ão deosta eefíios<br />

- AG ão útil e todos os doetes<br />

- Se evidia líia ou estatístia de eefíios da AG a logo teo<br />

- AG pode se útil paa oitoiza a gliia duate u peíodo de ova ediação ou udaça de estilo de vida<br />

- AG assoiada a eoes valoes de HA <br />

- Poua evidia dispoível <br />

- Se evidia líia ou estatístia de eefíios da AG a logo teo <br />

Kepf K et al<br />

ECAC N=<br />

- AG pode se utilizada oo feaeta adiioal e otivaioal paa adopta udaças de estilo de vida<br />

Cotolo vs. AG saguíea - Beefíios a uto pazo: epoeret do doete paa elhoa otolo gliio e adopta estilos de vida saudáveis<br />

Haashia S et al<br />

<br />

O’Kae MJ et al<br />

<br />

Fae A et al<br />

<br />

Polosk WH et al<br />

<br />

Gat RW et al <br />

Vidi NS et al <br />

Evas JMM et al<br />

<br />

ECAC N=<br />

Cotolo vs. AG – efeitos a HA<br />

ECAC N=<br />

Cotolo vs. AG<br />

ECAC N=<br />

Cotolo vs. AG o aviso do dio vs. AG e<br />

auto-gestão do doete<br />

Cluster-ultiêtrio aleatorizado N= <br />

Cotolo vs. AG<br />

Coorte Retrospetivo N=<br />

Alteações a teaputia ou estilos de vida<br />

osoate valoes de AG<br />

Coorte Retrospetivo N=<br />

Cotolo vs. AG – efeitos a HA<br />

Coorte Retrospetivo N=<br />

Cotolo vs. AG<br />

- AG vez diáia assoiada a eoes valoes de HA uto pazo <br />

- AG se efeito o otolo gliio<br />

- AG assoiada a aioes taas de depessão<br />

-Se evidia líia ou estatístia de eefíios da AG e doetes otolados<br />

- AG ajuda a deteta peoeete doetes ão otolados<br />

- Efeito efio da AG depede da utilização adeuada do doete e da eação atepada do dio<br />

- Valoes de AG ão utilizados pelo dio ou pelo doete – e ada asos estudados<br />

- AG oo pátia iefiaz e despedíio de eusos<br />

- Doetes e-diagostiados ue faze AG atige elhoes taas de otolo gliio e peda de peso <br />

- AG ão deostou eefíios a uto-pazo <br />

CONCLUSÕES<br />

A utilidade da auto-oitoização da gliia e paietes o DM ão-tatados o isulia peaee otovesa. São eessáios ais estudos etodologiaete adeuados, de odo a ofia<br />

ou elui os eefíios da auto-oitoização da gliia a população e uestão, sepe o o ojetivo fial de eduzi a sua utilização iadeuada eduzido assi os ustos assoiados e elhoado<br />

a ualidade de vida dos doetes.<br />

Biliografia: Malada UL et al, Effets of self-oitorig of gluose o distress ad self-effia i people ith o-isuli-treated Tpe 2 diaetes: a radoized otrolled trial. Diaet. Med. , – . SIGN :Maageet of<br />

Diaetes. Kepf K et al. ROSSO-i-prai-iteratioal: Log-Ter Effets of Self-Moitorig of Blood Gluose o Gluoetaoli Cotrol i Patiets ith Tpe 2 Diaetes Mellitus Not Treated ith Isuli. DTT vol . Gat RW,<br />

Patiets Who Self-Moitor Blood Gluose ad Their Uused Testig Result, A J Maag Cae. ; : e–e. Vidi NS, Assoiatio of Self-Moitorig of Blood Gluose Use o Glated Heogloi ad Weight i Nel Diagosed,<br />

Isuli-Naïe Adult Patiets ith Tpe 2 Diaetes, J Dia S Teh vol issue Sept . Caadia Diaetes Assoiatio, Caadia J of Dia vol suppl . Steisekk A et al, Group ased diaetes self-aageet eduatio opared to<br />

routie treatet for people ith tpe 2 diaetes ellitus. A ssteati reie ith eta-aalsis. BMC HSR :. Belad JY et al, Usig the Coo Sese Model of Self-Regulatio to Reie the Effets of Self-Moitorig of<br />

Blood Gluose o Glei Cotrol for No–Isuli-Treated Adults With Tpe 2 Diaetes, Dia Edu vol Jul/Aug . Evas JMM et al. Self-oitorig aog o-isuli treated patiets ith tpe 2 diaetes ellitus: Patiets’<br />

ehaioural resposes to readigs ad assoiatios ith glaei otrol. Dia Res Cli Pat -. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, Cliial Guidelies Task Foe , Gloal Guidelie fo Tpe Diaetes.<br />

Haashia S, Self-oitorig of lood gluose SMBG iproes glaei otrol i oral hpoglaei aget OHA-treated tpe 2 diaetes SMBG-OHA stud, Dia Meta Res Rev : : -. Behalia K, The role of lood gluose<br />

oitorig i o-isuli treated tpe 2 diaetes: What is the eidee? Pi Cae Dia -. Cla C, Self-oitorig of lood gluose i tpe-2 diaetes: ssteati reie. HTA vol , o . Fae AJ, Meta-aalsis of<br />

idiidual patiet data i radoised trials of self oitorig of lood gluose i people ith o-isuli treated tpe 2 diaetes. BMJ;:e. O’Kae JM, Effia of self oitorig of lood gluose i patiets ith el diagosed<br />

tpe 2 diaetes ESMON stud: radoised otrolled trial. doi:./j...BE. Polosk, WH. A Stutued Self-Moitoig of Blood Gluose Appoah i Tpe Diaetes Eouages Moe Feuet, Itesive, ad


Gestão da Dor Crónica nos Cuidados de Saúde<br />

Primários <strong>em</strong> Portugal:<br />

por onde começar?<br />

Sara Araújo Machado 1 , João Vasco Barreira 5 , Raquel Sanches 2 , Pedro Barreira 4 , Sofia R<strong>em</strong>tula 3 , Tiago de Castelar Gonçalves 3<br />

USF Samora Correia, ACES Estuário do Tejo 1 . USF São Julião, ACES Lisboa Ocidental e Oeiras 2 . USF Conde de Oeiras, ACES Lisboa Ocidental e Oeiras 3 . USF Alcais, ACES Cascais 4 . ARS Lisboa e Vale do Tejo.<br />

Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Lisboa Central 5 .<br />

Introdução e Objectivos<br />

Métodos<br />

A dor crónica (DC) afecta cerca de 35% da população portuguesa, condicionando uma carga<br />

pessoal e social substancial. A sua abordag<strong>em</strong> ocorre <strong>em</strong> cerca de 4/5 dos doentes ao nível<br />

dos Cuidados de Saúde Primários (CSP). 1-5<br />

A dificuldade na gestão destes doentes passa pelo seu elevado número, complexidade das<br />

suas necessidades, escassez de recursos, falta de formação dos profissionais, e ausência de<br />

uma rede/ orientações de gestão e seguimento que oriente os profissionais e doentes. 2,5-7<br />

Neste projecto apresentamos uma proposta de um modelo para a avaliação e gestão do<br />

doente com DC ao nível dos CSP adaptada à realidade portuguesa.<br />

Foi realizada uma pesquisa na base de dados MEDLINE-pubmed usando as<br />

palavras-chave primary care, pain manag<strong>em</strong>ent model. Seleção dos artigos <strong>em</strong><br />

Português ou Inglês, com publicação após 2014 e texto completo disponível, de<br />

acordo com a sua relevância. Foram selecionadas um total de 7 publicações e<br />

adicionados dois artigos através de pesquisas paralelas. Foram realizadas śntese<br />

dos dados e ańlise narrativa dos resultados.<br />

Modelo de Gestão da Dor Crónica nos Cuidados de Saúde Primários<br />

Comorbilidades<br />

O controlo das<br />

Capacidade e<br />

Contexto<br />

comorbilidades pode<br />

limitação funcional<br />

psicossocial<br />

traduzir-se numa melhoria<br />

- Contextualização clinica e<br />

da qualidade de vida (QdV )e - Limitação causada no<br />

social 2-4,7<br />

contribuir para o controlo da quotidiano<br />

- Despiste de comorbilidades<br />

dor. 2-7 - Comparação com as suas<br />

psicológicas 2,3 capacidades físicas e<br />

psíquicas basais. 2-4,5,7<br />

Caracterização da<br />

Dor<br />

- Avaliação da dor<br />

- Despiste de causas<br />

tratáveis e factores<br />

modificáveis 2-4,6, 7<br />

1ª Etapa<br />

Avaliação<br />

4C<br />

Terapêuticas<br />

Farmacológicas<br />

- Selecção da abordag<strong>em</strong><br />

farmacológica correcta<br />

- Reavaliação/ ajuste<br />

periódico 2-4,6, 7<br />

Rede de Apoio<br />

Permanente<br />

- Acompanhamento<br />

periódico, com contacto<br />

próxima com os CSP.<br />

- Definição de um plano de<br />

<strong>em</strong>ergência 4,7-9 - Sugestão de terapias<br />

Auto-gestão<br />

Educacional<br />

Fornecer ao doente a<br />

capacidade de auto-gestão<br />

tornando-o independente e<br />

condicionando melhoria<br />

significativa na sua QdV.<br />

3ª Etapa<br />

Estabelecer<br />

um plano<br />

3A<br />

Modelo de<br />

Gestão da Dor<br />

crónica nos<br />

Cuidados de<br />

Saúde Primários<br />

2ª Etapa<br />

Tratamento<br />

e Gestão<br />

3F2C<br />

Terapêuticas Físicas<br />

- Priorizar a independência e<br />

des<strong>em</strong>penho do doente<br />

- Programa de (re)activação<br />

no domicilio ou com<br />

supervisão.<br />

2-4, 6-9<br />

Factores Psicossociais<br />

- Maximizar as capacidades<br />

sociais do doente e a sua<br />

QdV.<br />

- Recursos comunitários. 2-8<br />

Aliança e Acordo<br />

- Negociação de plano<br />

terapêutico, mutável,<br />

responsabilidade partilhada,<br />

tendo <strong>em</strong> vista prioridades,<br />

expectativas e limitações.<br />

Terapêuticas<br />

Compl<strong>em</strong>entares<br />

alternativas adjuvantes 2-4<br />

Patologias<br />

Concomitantes<br />

- Controlo de outros factores<br />

e patologias (psicológicas e<br />

físicas) como factores<br />

independentes na gestão<br />

destes doentes 2-5, 7<br />

Discussão e Conclusão<br />

A complexidade do t<strong>em</strong>a e a necessidade de uma abordag<strong>em</strong> holística e <strong>em</strong> perfeita articulação torna difícil delinear uma abordag<strong>em</strong>.<br />

2, 3, 4<br />

O modelo proposto dá enfase a um programa de auto-gestão e manutenção domiciliar, aliada a um sist<strong>em</strong>a de cuidados permanentes sediado nos CSP, favorecendo os factores<br />

psicossociais como componentes importante no sucesso terapêutico.<br />

Num país <strong>em</strong> que a rede de Cuidados Paliativos está ainda <strong>em</strong> desenvolvimento, e <strong>em</strong> que muitas regiões condicionam, pela sua localização, isolamento <strong>em</strong> relação a muitos cuidados<br />

de saúde hospitalares, consideramos que este documento pode ser uma contribuição valiosa para assegurar a igualdade de direitos entre cidadãos de diferentes regiões.<br />

1, 2,4,5<br />

Bibliografia<br />

1<br />

Improving the current and future manag<strong>em</strong>ent of chronic pain, Pain Proposal, European Consensus Report 2010; 2 Sarah Mills, Nicola Torrance, Blair H. Smith1, Identification and Manag<strong>em</strong>ent of Chronic Pain in Primary Care: a Review, Curr Psychiatry Rep, 2016 18: 22; 3 Penny Bee, John McBeth, Gary J. MacFarlane, Karina Lovell, Managing chronic widespread pain in primary care: a qualitative study of patient perspectives and<br />

implications for treatment delivery , BMC Musculoskeletal Disorders, 2016 17:354; 4 Kathryn Fiandt, The Chronic Care Model: Description and Application for Practice, retirado de Medscape.com; 5 lyne Lalonde, Manon choinière, Élisabeth Martin, Djamal Berbiche, Sylvie Perreault, David lussier, Costs of moderate to severe chronic pain in primary care patients – a study of the ACCORD, Program Journal of Pain Research 2014:7 389–<br />

403; 6 Gaetamo Piccionicchi, Roberto Piccionicchi, Further effort is needed to improve manag<strong>em</strong>ent of chronic pain in primary care. Clinics and Practice 2016; 6:855; 7 Aston Won, GP pain manag<strong>em</strong>ent: what are the Ps and As of pain manag<strong>em</strong>ent?, Australian Family Physician, vol. 43, no. 8, August 2014; 8 Nancy Elder, MD, MSPH, Michelle Penm, Harini Pallerla, Mary Beth Vonder Meulen,, Amy Diane Short, Tiffiny Diers, Ryan<br />

Joseph Imhoff, Brendan Wilson and Jill Martin Boone, Provision of Recommended Chronic Pain Assessment and Manag<strong>em</strong>ent in Primary Care: Does Patient-Centered Medical Home (PCMH) Recognition Make a Difference?, JABFM, July–August 2016 Vol. 29 No.4; 9 Stephanie JC Taylor, Dawn Carnes, Kate Homer, Tamar Pincus, Brennan C Kahan, Natalia Hounsome, Sandra Eldridge, Anne Spencer, Karla Diaz-Ordaz, Anisur Rahman,<br />

Tom S Mars, Jens Foell, Chris J Griffiths and Martin R Underwood, Improving the self-manag<strong>em</strong>ent of chronic pain: COping with persistent Pain, Effectiveness Research in Self-manag<strong>em</strong>ent (COPERS), Programme Grants for apllied research, , vol. 4, issue 14, Sept<strong>em</strong>ber 2016


A relação entre a pressão<br />

arterial, função cognitiva e<br />

d<strong>em</strong>ência<br />

Marisa Gonçalves (USF Rafael Bordalo Pinheiro) e Liliana Andrade (UCSP Caldas da Rainha) – Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

ACES Oeste Norte - ARSLVT<br />

INTRODUÇÃO<br />

A hipertensão arterial (HTA) e a d<strong>em</strong>ência - principalmente a Doença de Alzheimer e d<strong>em</strong>ência vascular, são patologias muito frequentes e prevalentes na população idosa. Os factores de risco<br />

cardiovascular, nomeadamente a hipertensão arterial, assum<strong>em</strong> um papel preponderante na patogénese da d<strong>em</strong>ência. No entanto, a idade <strong>em</strong> que surge a hipertensão e os efeitos da hipotensão, muitas<br />

vezes associada ao sobretratamento, contribu<strong>em</strong> para a progressão da doença cerebrovascular e consequent<strong>em</strong>ente para o défice cognitivo progressivo. Apesar de conhecida a eficácia da terapêutica antihipertensora<br />

no controlo do risco cardiovascular e na progressão da d<strong>em</strong>ência, não exist<strong>em</strong> recomendações específicas para o tratamento da HTA <strong>em</strong> idosos com disfunção cognitiva ou d<strong>em</strong>ência.<br />

OBJETIVOS<br />

• Avaliar se existe relação entre a pressão arterial (PA), a deteorização da função<br />

cognitiva e desenvolvimento de d<strong>em</strong>ência;<br />

• Definir estratégias de abordag<strong>em</strong> diagnóstica e terapêutica para otimizar o<br />

acompanhamento dos nossos utentes.<br />

MÉTODOS<br />

Pesquisa bibliográfica de artigos científicos na base de dados PubMed e UpToDate<br />

com os termos hypertension, blood pressure, d<strong>em</strong>entia e cognitive<br />

function escritos <strong>em</strong> inglês, português ou espanhol, nos últimos 11 anos.<br />

RESULTADOS<br />

Nos estudos selecionados, o défice cognitivo e d<strong>em</strong>ência foram avaliados usando testes que examinam os domínios cognitivos, como por ex<strong>em</strong>plo: Mini Mental State Examination, testes de símbolos e<br />

avaliação da fluência no discurso, Cambridge Examination for Mental Disorders e outros questionários desenhados para cada estudo <strong>em</strong> particular;<br />

Cada estudo definiu um valor cut-off para o que considerariam pressão arterial elevada, que variou entre >140-160 mmHg de PA sistólica e >90mmHg de PA diastólica e pressão arterial baixa, que variou<br />

entre PA sistólica


DOR DA CINTURA PÉLVICA<br />

RELACIONADA COM A GRAVIDEZ<br />

Ana Luisa Marcelino - USF Ouriceira<br />

ENQUADRAMENTO: A dor da cintura pélvica relacionada com a gravidez<br />

(DCPG) é uma forma especifica de dor lombar com uma etiologia multifatorial<br />

(fatores biomecânicos, traumáticos, genéticos, hormonais e degenerativos). É<br />

definida como uma dor relacionada com a gravidez que se localiza entre a<br />

crista ilíaca posterior, a prega glútea e as articulações sacroilíacas, que pode<br />

irradiar para a parte posterior da coxa e que pode aparecer <strong>em</strong> conjunto ou<br />

separadamente na sínfise púbica. É reprodutível por testes físicos e t<strong>em</strong> como<br />

fatores de risco: história prévia de dor lombar, DCPG ou traumas da pélvis.<br />

Desvalorizada pelos médicos é uma entidade que pode ter implicações físicas<br />

e psicológicas importantes nas grávidas e no pós-parto nos cuidados ao<br />

recém-nascido.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO: mulher, 35 anos, IO:0000, <strong>em</strong>pregada de balcão, s<strong>em</strong> antecedentes pessoais<br />

relevantes.<br />

26 s<strong>em</strong>anas gestação 34 s<strong>em</strong>anas gestação<br />

Consulta de puerpério<br />

S - Dor na região lombar e púbica de<br />

agravamento progressivo no último mês<br />

(7 EVA) a fazer paracetamol 1000 mg<br />

<strong>em</strong> SOS.<br />

O – Dor á palpação dos ligamentos<br />

sacro-ilíacos posteriores e sínfise púbica,<br />

- Teste Trendelenburg com alterações<br />

- Straigth Leg Rainsing test negativo.<br />

A – W99 Probl<strong>em</strong>a da gravidez/parto,<br />

outro<br />

P - Explicada anatomia pélvica, fatores<br />

de risco, mecanismos etiológicos<br />

conhecidos, fatores de agravamento/<br />

alivio. Cinta pélvica por curtos períodos<br />

Melhoria significativa das queixas<br />

álgicas (4 EVA)<br />

S – Há cerca de 4 s<strong>em</strong>anas com<br />

agravamento da dor durante<br />

atividade laboral (transportava<br />

caixas; períodos prolongados <strong>em</strong> pé)<br />

O – Sobreponível ao anterior<br />

A – W99 Probl<strong>em</strong>a da gravidez/<br />

parto, outro<br />

P – Certificado de incapacidade<br />

t<strong>em</strong>porária. Reforço do ensino de<br />

mecanismos etiológicos, evicção de<br />

fatores de agravamento e uso de<br />

cinta pélvica.<br />

Consulta 3 meses pós parto<br />

S – S<strong>em</strong> queixas pélvicas. Marcha<br />

autónoma e s<strong>em</strong> dor após 10 sessões<br />

de fisioterapia (exercícios pélvicos e<br />

abdominais para estabilização da<br />

pélvis).<br />

O - Palpação dos ligamentos sacro<br />

ilíacos posteriores e sínfise púbica<br />

s<strong>em</strong> dor.<br />

Teste Trendelenburg s<strong>em</strong> alterações<br />

A – W28 Limitação funcional/<br />

incapacidade<br />

P – Retorno às suas AVD´s.<br />

S - Parto distócico com fórceps,<br />

terminando <strong>em</strong> cesariana por<br />

incompatibilidade pélvica às 40 s,<br />

feto com 3980 kg. Dor na região<br />

púbica e sacro ilíaca (9 EVA).<br />

Marcha com canadianas.<br />

O – Radiografia da bacia - sínfise<br />

púbica s<strong>em</strong> diastese.<br />

Incapacidade de apoio unipodal.<br />

Dor à palpação da sínfise púbica.<br />

A – W92 Parto com complicações<br />

de nado vivo; W28 Limitação<br />

funcional/incapacidade<br />

P – Referenciação para MFR<br />

DISCUSSÃO: A DCPG é uma dor que geralmente desaparece depois ou durante os 3 meses após o parto,<br />

mas que pode prolongar-se até aos 2 anos. O presente caso pretende realçar a importância de uma<br />

abordag<strong>em</strong> at<strong>em</strong>pada para evitar o agravamento e a cronicidade da situação. Apesar de não existir<br />

nenhum fluxograma de intervenção devidamente estabelecido, são vários os estudos que suger<strong>em</strong> a<br />

importância de um diagnóstico precoce e de uma intervenção no sentido de informar as utentes sobre os<br />

mecanismos lesionais, de alivio e agravamento da dor e que lhes sejam fornecidas estratégias de<br />

intervenção. Quando estas medidas não são suficientes é necessário que sejam referenciadas para a MFR<br />

de forma a se estabelecer um plano de exercícios individualizado. Assim, é importante que os médicos de<br />

família estejam familiarizados com a DCPG, que a valoriz<strong>em</strong> e que a reconheçam como uma entidade que<br />

pode ter um impacto importante na qualidade de vida da mulher na gravidez e no pós-parto.<br />

BIBLIOGRAFIA:<br />

• Vle<strong>em</strong>ing et al. European guidelines for the diagnosis and treatment of pelvic girdle pain; Eur Spine J (2008) 17:794–819<br />

• Verstraete E.H. et al. Pelvic Girdle Pain during or after Pregnancy: a review of recente evidence and a clinical care path proposal; FVV in ObGyn, 2013, 5 (1): 33-43<br />

• Elden H. et al. Predictors and consequences of long-term pregnancy-related pelvic girdle pain: a longitudinal follow-up study. BMC Musculoskeletal Disorders<br />

(2016) 17:276<br />

• Kanakaris et al. Pregnancy-related pelvic girdle pain: an update. BMC Medicine 2011, 9:15


Puberdade precoce no sexo f<strong>em</strong>inino:<br />

como atuar nos Cuidados de Saúde Primários?<br />

A propósito de um caso clínico.<br />

Inês Pereira; Ana Catarina Silva<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar Terras de Souza<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A puberdade é o período de transição biológica entre a infância e a vida adulta. Carateriza-se por alterações endócrinas e psicológicas que resultam <strong>em</strong><br />

maturação sexual e desenvolvimento da capacidade reprodutiva. No sexo f<strong>em</strong>inino, diz-se precoce quando o início do desenvolvimento sexual secundário<br />

ocorre antes dos 8 anos; o avanço da idade óssea é superior ao da velocidade de crescimento, ocorrendo encerramento pr<strong>em</strong>aturo da cartilag<strong>em</strong> de<br />

crescimento e consequente perda da estatura final. A puberdade precoce “verdadeira” ou central é a mais frequente e resulta da ativação pr<strong>em</strong>atura do eixo<br />

hipotálamo-hipófise-gónadas. A “pseudopuberdade” precoce ou periférica resulta da segregação de esteroides sexuais, com progressão desordenada dos<br />

carateres secundários. A etiologia é complexa e multivariada. É fundamental o reconhecimento precoce desta condição, não rara nos Cuidados de Saúde<br />

Primários, para a sua correta abordag<strong>em</strong>, a fim de prevenir o crescimento estatural antecipado e constrangimentos relacionados com o desenvolvimento<br />

precoce.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

CONSULTA DE SAÚDE INFANTIL<br />

ABORDAGEM<br />

• 10 anos; família nuclear; classe III de Graffar; fase IV de Duvall.<br />

• S<strong>em</strong> medicação habitual ou alergias medicamentosas. Programa<br />

Nacional de Vacinação atualizado (s<strong>em</strong> vacinas extra-plano).<br />

• S<strong>em</strong> antecedentes pessoais relevantes; antecedentes familiares de<br />

acidose tubular renal distal congénita (mãe).<br />

SOAP<br />

• V<strong>em</strong> com a mãe (1.ª consulta com a atual médica de família).<br />

• Referidos episódios mensais de “corrimento vaginal acastanhado tipo borra de<br />

café” (X08), com cerca de 3 dias de duração, associados a dismenorreia (X02)<br />

desde os 7 anos. Negadas outras queixas, história de infeção, traumatismo<br />

cranioencefálico ou convulsões. Mãe refere casos s<strong>em</strong>elhantes na família.<br />

SOAP<br />

• Peso – 25 Kg (P3-15); altura – 136 cm (P 3-15); índice de massa corporal –<br />

13,52 kg/m 2 (P


Uma causa menos provável de<br />

icterícia<br />

Sara Vale; Stefanie Morais– UCSP Santa Marta de Penaguião, ACeS Douro I<br />

Enquadramento<br />

A an<strong>em</strong>ia perniciosa é uma an<strong>em</strong>ia megaloblástica que resulta da deficiência de absorção de vitamina B12 devido<br />

ao défice de fator intrínseco. A eritropoiese ineficaz pode levar a um aumento da bilirrubina não conjugada, e<br />

consequent<strong>em</strong>ente, a icterícia. A incidência é de 120 por 100.000 habitantes no Reino Unido sendo mais comum a<br />

partir dos 60 anos. Esta doença abrange um grande espectro de manifestações clínicas, podendo causar an<strong>em</strong>ia e<br />

alterações gastrointestinais, manifestações neuropsiquiátricas, ginecológicas e h<strong>em</strong>atológicas.<br />

Identificação: JMP, sexo masculino, 50 anos; Antecedentes Pessoais: Excesso de Peso, HTA; Abuso Crónico do Álcool<br />

Antecedentes Familiares: Pai com CCR aos 40 anos; Medicação Habitual: Nevibolol 5mg id; Hábitos tabágicos e<br />

alcoólicos: Ex fumador de 31,5 UMA, 100g álcool por s<strong>em</strong>ana<br />

05/08/2016 05/09/2016 27/09/2016<br />

S: Astenia e epigastralgias<br />

frequentes<br />

O: Exame físico s<strong>em</strong> alterações<br />

de relevo<br />

A: HIPERTENSÃO SEM<br />

COMPLICAÇÕES + DOR<br />

ABDOMINAL EPIGÁSTRICA<br />

P: Estudo analítico, Ecografia<br />

Abdominal, EDA e colonoscopia<br />

SU<br />

27/09/2016<br />

Ø Novo estudo analítico com<br />

pancitopenia, aumento das<br />

transaminases e bilirrubina total<br />

aumentada; GGT normal<br />

Ø TC abdominal s<strong>em</strong> alterações.<br />

Ø Solicitadas vitamina B12,<br />

serologias virícas e anticorpos<br />

para células parietais<br />

Ø Alta, orientado para consulta<br />

externa<br />

S: Melhoria ligeira dos sintomas<br />

gástricos<br />

O: An<strong>em</strong>ia (12,2 g/dL) macrocítica<br />

(105,9 fL)/hipercrómica (32,3 g/dL);<br />

EDA– gastrite atrófica; Restantes<br />

exames s<strong>em</strong> alterações<br />

A: OUTRAS ANEMIAS/NÃO<br />

ESPECIFICADAS + ALTERAÇÃO<br />

FUNCIONAL DO ESTÔMAGO +<br />

ABUSO CRÓNICO DO ALCÓOL<br />

P: Esomeprazol 20 id<br />

Recomendada redução do consumo<br />

de álcool<br />

Consulta Medicina Interna<br />

Ø Vitamina B12 diminuída<br />

Ø Esfregaço sanguíneo: an<strong>em</strong>ia<br />

megaloblástica<br />

Ø Anticorpos para células parietais<br />

positivo<br />

Ø Diagnóstico: an<strong>em</strong>ia<br />

megaloblástica por défice de<br />

vitamina B12<br />

Ø Orientado para tratamento com<br />

vitamina B12 durante 5 dias e<br />

s<strong>em</strong>analmente durante o 1º mês<br />

S: Coloração amarelada, segundo a<br />

mulher, desde há duas s<strong>em</strong>anas. Sensação<br />

de mal estar agravada, com cansaço para<br />

pequenos esforços e colúria e acolia;<br />

Emagrecimento de 5kg no último mês.<br />

O: Ictérico – mucosas e escleróticas<br />

amareladas; Apirético. Abdomén mole e<br />

depressível, indolor à palpação.<br />

Timpânico, s<strong>em</strong> ascite ou organomegalias<br />

A: ICTERÍCIA<br />

P: Enviado o doente ao SU do CHTMAD<br />

Centro Saúde<br />

14/10/2016<br />

S: Melhoria significativa do estado<br />

geral<br />

O: Anictérico; H<strong>em</strong>ograma com<br />

melhoria dos valores<br />

A: OUTRAS ANEMIAS/NÃO<br />

ESPECIFICADAS<br />

P: Faz supl<strong>em</strong>entação com vitamina<br />

B12 injetável mensalmente e<br />

controlo de h<strong>em</strong>ograma<br />

s<strong>em</strong>estralmente<br />

Discussão<br />

Num doente ictérico dev<strong>em</strong>-se despistar as causas mais comuns de icterícia, não esquecendo as causas<br />

menos comuns, tal como a an<strong>em</strong>ia megaloblástica por défices nutricionais. Neste doente descurou-se a<br />

avaliação da an<strong>em</strong>ia devido aos hábitos etílicos do doente, que são muito comuns no concelho de Santa<br />

Marta de Penaguião, e levam muitas vezes ao aparecimento de macrocitose no estudo analítico. Um estudo<br />

da causa da an<strong>em</strong>ia seguido da supl<strong>em</strong>entação at<strong>em</strong>pada com vitamina B12, poderia ter evitado o quadro de<br />

icterícia e alterações hepáticas observadas. Assim, o médico de família n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre deve confiar nos<br />

diagnósticos mais óbvios, mas sim encará-los como diagnósticos de exclusão.<br />

Bibliografia:<br />

Florence Aslinia, MD et al, Megaloblastic An<strong>em</strong>ia and Other Causes of Macrocytosis, Clin Med Res. 2006 Sep; 4(3): 236–241;<br />

Paul Schick, MD, Pernicious An<strong>em</strong>ia Clinical Presentation, <strong>Update</strong>d: Sep 25, 2016, Medscape (Acedido a 25 de Outubro, 2016)<br />

Paul Schick, MD et al Pernicious An<strong>em</strong>ia Treatment & Manag<strong>em</strong>ent, <strong>Update</strong>d: Sep 25, 2016 Medscape (Acedido a 25 de Outubro, 2016)<br />

Robert C. Langan, MD et al, <strong>Update</strong> on Vitamin B 12 Deficiency, Am Fam Physician. 2011 Jun 15;83(12):1425-1430.<br />

Stanley L Schrier, MD, Diagnosis and treatment of vitamin B12 and folate deficiency. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDa<br />

Waltham, MA. (Acedido a 1 de Outubro, 2016.)


UMA “SÍNDROME DO OMBRO<br />

DOLOROSO” QUE NÃO ERA BEM ASSIM...<br />

Stefanie Morais*; Sara Vale*; Maria do Carmo Pinto**<br />

*Interno de Medicina Geral e Familiar - UCSP Santa Marta de Penaguião; **Assistente Graduado – UCSP Santa Marta de Penaguião<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A Síndrome de SAPHO (sinovite, acne, pustulose, hiperostose e osteíte) é<br />

caracterizada por manifestações osteoarticulares e cutâneas. É mais<br />

comum no sexo f<strong>em</strong>inino, surge normalmente entre a infância e a meia<br />

idade e segue um curso com períodos de recidiva/r<strong>em</strong>issão 1 . A hiperostose<br />

e osteíte são os achados mais comuns que se manifestam frequent<strong>em</strong>ente<br />

com dor óssea severa, por vezes incapacitante, sendo que a região mais<br />

acometida é a parede torácica ântero-superior 2 . As manifestações cutâneas<br />

mais comuns inclu<strong>em</strong> pustulose palmoplantar, acne e várias formas de<br />

psoríase 2 . No entanto, a ausência de manifestações cutâneas não exclui o<br />

diagnóstico pois estas lesões pod<strong>em</strong> ocorrer antes, simultaneamente ou<br />

depois do início das manifestações osteoarticulares. Segundo Benhamou 3<br />

qualquer um dos critérios de inclusão presente na Tabela 1 é suficiente para<br />

fazer o diagnóstico da síndrome, desde que na ausência de critérios de<br />

exclusão.<br />

Tabela 1: Critérios de diagnostico proposto por Benhamou 3<br />

Critérios de Inclusão<br />

Hiperostose com ou s<strong>em</strong> dermatose<br />

Acne severo<br />

Pustulose palmoplantar<br />

Osteomielite crónica recorrente envolvendo o<br />

esqueleto axial ou periférico<br />

Critérios de Exclusão<br />

Osteomielite Sética<br />

Artrite infeciosa da parede torácica<br />

Pustulose infeciosa<br />

Queratodermia palmoplantar<br />

Hiperostose idiopática difusa<br />

Manifestações osteoarticulares após terapia<br />

com retinóides<br />

• IDENTIFICAÇÃO: Sexo f<strong>em</strong>inino, 54 anos, caucasiana, doméstica, a residir <strong>em</strong> Santa Marta de Penaguião<br />

• ANTECEDENTES PESSOAIS: HTA; DM tipo 2<br />

• ANTECEDENTES FAMILIARES: Irrelevantes<br />

• MEDICAÇÃO HABITUAL: Perindopril/Indapamida; Metformina<br />

• HÁBITOS TABÁGICOS E ALCOÓLICOS: Ø<br />

• AVALIAÇÃO FAMILIAR: Família Nuclear, Ciclo de Vida de Duvall estadio 7, Apgar Familiar de Smilkstein – altamente<br />

funcional<br />

• AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA: Classe social média de Graffar<br />

Agosto 2016 Set<strong>em</strong>bro 2016<br />

S: SINAL/SINTOMA DO<br />

OMBRO<br />

O: Limitação importante do<br />

movimento de abdução do<br />

ombro direito<br />

A: SÍNDROME DO<br />

OMBRO DOLOROSO<br />

P: AINE + Fisioterapia<br />

Figura.1 Articulação esternoclavicular da utente<br />

S: SINAL/SINTOMA DO<br />

OMBRO<br />

Mantém omalgia à direita com<br />

irradiação para a articulação<br />

esternoclavicular direita<br />

O: Limitação do movimento de<br />

abdução do ombro com dor<br />

referida ao nível da articulação<br />

esternoclavicular (EC)<br />

Ligeira tumefação ao nível da<br />

articulação EC direita (Fig.1)<br />

A: SÍNDROME DO OMBRO<br />

DOLOROSO<br />

P: Rx Ombro + Rx Articulação<br />

EC<br />

CASO CLÍNICO<br />

Outubro 2016 Dez<strong>em</strong>bro 2016<br />

S: RESULTADOS DE<br />

ANÁLISES/PROCEDIMENT<br />

OS<br />

O: Rx Ombro: S<strong>em</strong><br />

alterações de relevo;<br />

Rx articulação EC direita:<br />

alterações na região medial<br />

da clavícula a necessitar de<br />

esclarecimento por TC.<br />

A: SÍNDROME DO OMBRO<br />

DOLOROSO<br />

P: TC da articulação<br />

esternoclavicular<br />

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO<br />

S: RESULTADOS DE<br />

ANÁLISES/PROCEDIMENTOS<br />

Quando questionada revela que há cerca de 6<br />

meses teve lesões cutâneas ao nível das<br />

palmas que não valorizou<br />

O: TC da articulação esternoclavicular:<br />

“Hiperostose da extr<strong>em</strong>idade medial da<br />

clavícula direita e artrose esternoclavicular<br />

bilateral. As alterações descritas pod<strong>em</strong><br />

corresponder à Síndrome SAPHO”<br />

A: OUTRAS DOENÇAS DO APARELHO<br />

MUSCULO-ESQUELÉTICO<br />

P: CREDENCIAIS PARA<br />

MÉDICO/ESPECIALISTA/CLÍNICA/HOSPITAL<br />

– Referenciação para Ortopedia; VS, PCR,<br />

HLA B27<br />

Cintigrafia óssea<br />

Este caso mostra a importância de uma história clinica detalhada com destaque para os antecedentes pessoais, a<br />

necessidade de atualização constante por parte do MF e a importância da colaboração com os outros profissionais<br />

de saúde. Quando tudo apontava para uma simples “síndrome do ombro doloroso”, a dor incapacitante mais<br />

localizada ao nível da articulação EC associada as alterações cutâneas poderia ter-nos levado a um diagnostico<br />

mais precoce. Apesar de ser considerada uma patologia rara, a Síndrome de Sapho pode estar a ser sub<br />

diagnosticada por clínicos e radiologistas, provavelmente <strong>em</strong> função do desconhecimento das suas características.<br />

1 - Ch. Matzaroglou, et al. SAPHO Syndrome Diagnosis and Treatment: Report of Five Cases and Review of the Literature. The Open Orthopaedics Journal, 2009. 3, 100-106<br />

2 -Gonçalves Guerra J, et all. Síndrome Sapho: Entidade rara ou subdiagnosticada?. Radiologia Bras. 2005; 38 (4): 265 -271<br />

3- Benhamou CL, Enjolras O, Delrieu F, Prier A, Camus JP, Amor B. Pseudoseptic arthritis and bacterid of Andrews. Rev Rhum Mal Osteoartic 1984; 51: 229-31.


Bibliografia: 1. Johnson T., Abbasi A., et al. IPSS quality of life question: a possible indicator of depression among patients with lower urinary tract symptoms. The Canadian Journal of Urology: 2012; 19 (1). 2. Martin S., Vincent A., et al. Lower<br />

Urinary Tract Symptoms, Depression, Anxiety and Syst<strong>em</strong>ic Inflammatory Factors in Men: A Population-Based Cohort Study. PLoS ONE: 2015; 10(10). 3. Braga, R. Complexidade <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar. Rev Port Med Geral Fam: 2013;<br />

29: 82-4<br />

Para além da soma das partes…<br />

O verdadeiro desafio da gestão dos LUTS <strong>em</strong> CSP<br />

Sílvia Martins 1 , Ângela Neves 1<br />

1<br />

Internas de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar | USF Lagoa – ULS Matosinhos<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) afeta cerca de 75% dos homens aos 60 anos e 83% aos 70 anos¹. Pode desencadear sintomas do trato urinário<br />

inferior (LUTS) com impacto na qualidade de vida. Os LUTS (de armazenamento ou esvaziamento), pod<strong>em</strong> resultar de disfunção prostática, vesical,<br />

orgânica e/ou psicológica².<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Hom<strong>em</strong>, 68 anos, natural e residente <strong>em</strong> Matosinhos. Reformado da Indústria Metalúrgica, pertencente a uma classe média de Graffar e na fase VIII<br />

do Ciclo de Duvall. Como antecedentes pessoais apresentava excesso de peso, hipertensão arterial, dislipid<strong>em</strong>ia e HBP. Medicado com Atorvastatina,<br />

Esomeprazol, Amlodipina, Cloridrato de Tansulosina 0,4 mg, Mirabegrom 50 mg.<br />

História da Doença Atual<br />

MGF<br />

Fevereiro 2011<br />

S: Polaquiúria e noctúria há alguns meses<br />

A: LUTS?<br />

P: Ecografias vesico-prostática e iniciou Serenoa Repens.<br />

S: Melhoria parcial. De novo, diminuição da força do jato urinário e esforço miccional.<br />

MGF<br />

Abril 2012<br />

O: Ecografia vesico-prostática: peso prosttio de g; exiga de esforço<br />

A: LUTS por HBP?<br />

P: Suspendeu Serenoa Repens e iniciou Tansolusina.<br />

S: H algus eses asaço, falta de apetite, teso, difiuldade e dorir e preoupações exessivas. “e resposta a Tasolusina.<br />

MGF<br />

Dez<strong>em</strong>bro 2012<br />

MGF<br />

Janeiro 2013-2014<br />

O: humor deprimido, desânimo<br />

A: Síndrome ansioso/depressivo<br />

P: Suspendeu Tansolusina. Iniciou Silodosina e Sertralina.<br />

Hiperfrequentador da consulta do Médico de Família (MF) por queixas somatoformes inespecíficas e preocupação excessiva com a sua saúde.<br />

Dificuldade de adesão às terapêuticas instituídas.<br />

S: S<strong>em</strong> melhoria significativa da polaquiúria e noctúria desde Abril de 2012 com resposta fruste à Tansolusina, Silodosina e associação Dutasterida<br />

MGF<br />

Janeiro 2015<br />

+ Tansulosina, também tentada.<br />

A: LUTS de difícil controlo?<br />

P: Reiniciou Tansolusina e foi referenciado à Urologia.<br />

Urologia<br />

Junho/2015<br />

Urologia<br />

Agosto 2015<br />

Urologia<br />

Janeiro 2016<br />

MGF<br />

Junho 2016<br />

Consulta de Urologia privada - medicado com Cloreto de Tróspio, novamente s<strong>em</strong> resposta.<br />

Realizada ecografia prostática sobreponível às anteriores.<br />

Foi a Urologia no hospital público – referiu, de novo, imperiosidade e gotejamento. Pedida ecografia reno-prostática e estudo uro-dinâmico. Iniciou<br />

associação Solifenacina + Tansolusina.<br />

Mantinha LUTS. Ecografia reno-prostática: resíduo pós-iioal exuerate e próstata o 3g.<br />

Estudo Urodiio: Hiperatividade do detrusor Suspendeu a associação. Iniciou Tansolusina e Mirabegrom.<br />

S: Diminuição da polaquiúria; atiha otúria ≥ 3ições/oite…<br />

A: LUTS multifatorial - HBP + perfil psicológico<br />

P: Mant<strong>em</strong> tratamento conservador e vigilância <strong>em</strong> Urologia.<br />

DISCUSSÃO<br />

Este caso d<strong>em</strong>onstra a dificuldade do MF na gestão de múltiplos probl<strong>em</strong>as e expectativas do utente, cujo b<strong>em</strong>-estar está para além da soma das<br />

partes. A confrontação com doenças <strong>em</strong> fase muito precoce dificulta o diagnóstico e a orientação at<strong>em</strong>pada dos verdadeiros probl<strong>em</strong>as de saúde, e a<br />

sua distinção dos Medically Unexplained Physical Symptoms³. A gestão dos LUTS não é exceção. O raciocínio clínico está pré-formatado para pensar<br />

primariamente na patologia prostática como etiologia de LUTS. Parece essencial perceber o ponto de partida das queixas.<br />

Subentende-se um perfil ansioso que poderá explicar a hiperatividade vesical associada a LUTS. Este utente apresenta HBP que explica também os<br />

LUTS, exacerbados na presença do perfil ansioso. O eventual apoio de psicoterapia e de outras terapêuticas não farmacológicas, poderão equacionarse<br />

no controlo dos sintomas e na melhoria a qualidade de vida .


Nevralgia do Glossofaríngeo<br />

Uma síndrome com muitas máscaras!<br />

Enquadramento<br />

Joana Rodrigues Maia 1 (joana.rvmaia@gmail.com); Joana Simões Silva 2 ; Ana Rita Coutinho 1 ;<br />

1<br />

UCSP Cantanhede – ACeS Baixo Mondego<br />

2<br />

USF Águeda + Saúde - ACeS Baixo Vouga<br />

A nevralgia do glossofaríngeo (NGF) é uma patologia rara que se caracteriza por uma dor excruciante localizada lateralmente na<br />

parte posterior da língua, palato mole, ouvido e ângulo da mandíbula. Atividades como deglutir, tossir ou mastigar pod<strong>em</strong> ser<br />

pontos gatilho desencadeando um episódio doloroso que pode durar segundo a minutos. A causa mais comum desta patologia<br />

é a compressão do nervo glossofaríngeo normalmente provocada pela artéria cerebelar posterior inferior, <strong>em</strong>bora também<br />

possa ter orig<strong>em</strong> tumoral ou doença degenerativa. A terapêutica de primeira linha é a carbamazepina e caso este tratamento<br />

não seja b<strong>em</strong> sucedido os tratamentos cirúrgicos pod<strong>em</strong> ser considerados. Por se tratar duma patologia rara, estas patologias<br />

pod<strong>em</strong> ser sub-diagnosticadas pelo Médico de Família (MF), condicionando um impacto negativo na qualidade de vida dos<br />

doentes.<br />

Descrição<br />

Doente do sexo masculino, 81 anos.<br />

AP:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Enfarte agudo do miocárdio,<br />

Insuficiência cardíaca,<br />

Infeções urinarias de repetição,<br />

Osteoartose.<br />

• Reformado pertencente a uma família nuclear na<br />

fase VIII do ciclo de Duvall e com uma escala de<br />

Graffar Média- Baixa.<br />

• Genograma irrelevante.<br />

Tronco<br />

cerebral<br />

Tímpano<br />

Tonsila<br />

Março 2016<br />

S: Otalgia a direita, com alguns meses de evolução<br />

O: Otoscopia com presença de cerúmen; abaulamento do<br />

tímpano?<br />

A: OMA?<br />

P: Amoxicilina 875 mg + Ácido clavulânico 125 mg - 8/8h<br />

Julho 2016<br />

S: Odinofagia e otalgia a direita com agudizações recorrentes,<br />

condicionando uma dor excruciante. A dor intensifica com a<br />

deglutição e iadiava paa a adíbula só ueo ue e<br />

aaue os detes todos do lado dieito (sic).<br />

O: Cerúmen bilateralmente e uma ligeira hiper<strong>em</strong>ia da<br />

orofaringe. Apirético.<br />

A: Amigdalite aguda?<br />

P: Referenciado para consulta de otorrinolaringologia.<br />

AINES<br />

•<br />

Aconselhado a ir a uma consulta de Medicina Dentária apesar<br />

•<br />

de não se visualizar nenhuma cárie dentária.<br />

Língua<br />

Nervo glossofaríngeo<br />

Artéria carótida<br />

Outubro 2016<br />

S: Manutenção do quadro clínico<br />

O: Sensibilidade na h<strong>em</strong>iface direita – s<strong>em</strong> alterações<br />

A: Nevrite/Neuropatia Periférica - Nevralgia do glossofaríngeo?<br />

P: Carbamazepina 400 mg.<br />

Legenda: Nervo glossofaríngeo - inervação<br />

Dez<strong>em</strong>bro 2016 - Refere melhoria clínica. Pede-se TAC para<br />

procurar lesões /compressões neurovasculares.<br />

Discussão<br />

Tratando-se de uma patologia rara, a NGF não deve ser esquecida pelo MF. É importante fazer um diagnóstico<br />

preciso, de forma a evitar que o doente viva com um diagnóstico incerto, recorrendo a várias especialidades,<br />

arrastando uma dor com um impacto muito negativo na qualidade de vida do doente.<br />

Bibliografia: Teixeira MJ, Bor-Seng-Shu E. Glossopharyngeal neuralgia: neurosurgical treatment and differential diagnosis. Acta Neurochir (Wien).<br />

2008;150(5):471–5. doi; Moretti R, Torre P, Antonello RM, Bava A, Gabapentin treatment of glossopharyngeal neuralgia: a follow-up of four years of a single case.<br />

Eur J Pain. 2002;6(5):403–7; Gilron I, Watson CP, Cahill CM, Moulin DE. Neuropathic pain: A practical guide for the clinician. CMAJ. 2006;175:265–75.


A epigastralgia do Carcinoma<br />

Gástrico...<br />

Rita Oliveira 1, Ana Lima 2 , Sara Rocha 3 , Diana Ferreira 4 , Ana Cunha 5<br />

Interna da UCSP Chaves IB 1,3,4 Internas UCSP S. Neutel 2,5<br />

INTRODUÇÃO<br />

O cancro gástrico é o 4º cancro mais frequente a nível mundial e continua a representar uma das piores<br />

sobrevivências aos 5 anos para doença oncológica. Em alguns países, caso de Portugal, exist<strong>em</strong><br />

variações regionais que enfatizam as diferenças nos fatores físicos, biológicos, sociais e ambientais<br />

envolvidos na patogénese do cancro gástrico, como o que se verifica no interior do país.<br />

CASO CLÍNICO<br />

SC, 67 anos, masculino, raça caucasiana, agricultor,<br />

residente <strong>em</strong> Chaves. Antecedentes de alimentação<br />

predominant<strong>em</strong>ente à base de enchidos,<br />

dislipid<strong>em</strong>ia, hipertensão arterial, doença pulmonar<br />

crónica, obesidade, fumador ( 20 UMA), abuso de<br />

álcool ( 392 gr/s<strong>em</strong>ana). História de epigastralgia,<br />

azia, vômitos há um mês.<br />

Foi submetido a endoscopia digestiva alta (EDA)<br />

que evidenciou lesão ulcerada gástrica, que foi<br />

biopsiada e teve como resultado carcinoma mal<br />

diferenciado, pouco coeso, intramucoso. Na<br />

ocasião do diagnóstico, foi orientado para<br />

cirurgia para estadiamento e tratamento.<br />

DISCUSSÃO<br />

O<br />

desenvolvimento<br />

de cancro<br />

gástrico é um<br />

processo<br />

complexo.<br />

Após o<br />

diagnóstico é<br />

necessário o TAC<br />

para<br />

estadiamento da<br />

doença e planear<br />

a estratégia<br />

terapêutica.<br />

O tipo mais<br />

comum é o<br />

intestinal, b<strong>em</strong><br />

diferenciado. A<br />

progressão clássica<br />

é despertada pela<br />

exposição<br />

ambiental.<br />

Envolve fatores<br />

ambientais, a<br />

suscetibilidade do<br />

hospedeiro e<br />

infeção bacteriana<br />

ou vírica<br />

O tipo difuso<br />

(70%) acomete<br />

igualmente<br />

ambos os sexos,<br />

com idade média<br />

nos 50 anos.<br />

Tende a ter<br />

diss<strong>em</strong>inação<br />

linfática e por<br />

contiguidade.<br />

O cancro gástrico<br />

t<strong>em</strong> como<br />

sintomas mais<br />

comuns a perda<br />

de peso e a dor<br />

abdominal.<br />

Não apresenta<br />

relação nítida<br />

com gastrite<br />

crónica e<br />

metaplasia<br />

intestinal.<br />

É formado por<br />

células isoladas,<br />

com tendência a<br />

produzir e<br />

acumular muco<br />

intracelular.<br />

Os fatores de<br />

risco inclu<strong>em</strong>:<br />

sexo masculino,<br />

história familiar,<br />

alimentos<br />

fumados, dietas<br />

ricas <strong>em</strong> sal e<br />

nitratos…<br />

As metástases<br />

são mais comuns<br />

no fígado,<br />

pâncreas,<br />

esôfago e para<br />

linfonodos.<br />

Atingimento<br />

ósseo e<br />

pulmonar<br />

ocorr<strong>em</strong><br />

tardiamente.<br />

CONCLUSÃO<br />

O diagnóstico at<strong>em</strong>pado, face à agressividade e à rápida diss<strong>em</strong>inação da neoplasia, tornam este caso de<br />

cancro gástrico bastante interessante dada a atipia e chamada de atenção para situações s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Bibliografia: Gastric Adenocarcinoma, Review and Considerations for Future Direction, Ann Surg. 2005 Jan; 241(1): 27–39// Elwyn C Cabebe, Gastric Cancer, <strong>Update</strong>d: Jan 04,<br />

<strong>2017</strong>//https://www.cancer.org/cancer/stomach-cancer.html


Um sintoma comum e uma patologia rara…<br />

Enquadramento<br />

Ribeiro Carla 1 . Pinto Virgílio 2 .<br />

1<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar. USF La SaleBe. ACES Entre Douro e Vouga II<br />

2<br />

Assistente Graduado de Medicina Geral e Familiar. USF La SaleBe. ACES Entre Douro e Vouga II<br />

A Síndrome do Roubo da Subclávia (SRS) ocorre devido a inversão do fluxo sanguíneo da artéria vertebral ipsilateral, decorrente de<br />

uma estenose proximal à sua orig<strong>em</strong>, geralmente uma oclusão da artéria subclávia. É uma doença rara, presente <strong>em</strong><br />

aproximadamente 6% dos doentes assintomáEcos com sopros cervicais. Os sintomas comuns são tonturas, síncopes e distúrbios<br />

visuais, sendo precipitada por exercícios que envolv<strong>em</strong> os m<strong>em</strong>bros superiores. O Ecodoppler dos vasos do pescoço é úEl na análise da<br />

artéria vertebral. A combinação da angioplasEa transluminal percutânea (PTA) com Stents, t<strong>em</strong> sido, atualmente, o tratamento de<br />

escolha dos casos sintomáEcos. Caso esta não seja possível, existe o tratamento cirúrgico.<br />

Caso Clínico<br />

IdenJficação: A.L.R., sexo masculino, 62 anos, casado, bancário.<br />

Antecedentes pessoais: Ex-fumador (25 UMA); DAPhá 12 anos; DRGE. Antecedentes familiares: Pai – EAM aos 74 anos; Mãe – AVC<br />

aos 74 anos; Irmã – faleceu aos 42 anos po neoplasia gástrica. Medicação: Ácido aceElsalicílico 100mg (1 id); Pentoxifilina 400mg (1<br />

id); AtorvastaEna 10mg (1 id); Candesartan + HidrocloroEazida 8mg + 12,5mg (1 id); Esomeprazol 20mg (1 id).<br />

Avaliação familiar: Família nuclear, Fase VI do ciclo familiar de Duvall, Classe média de Graffar.<br />

Maio 2013<br />

Soap:<br />

o VERTIGENS/TONTURAS (N17) – Desequilííbrio com 6<br />

meses de evolução + DESMAIO/SÍNCOPE (A06) –<br />

Síncope (1 episódio)<br />

sOap:<br />

o Diferença tensional braço direito-esquerdo superior a<br />

20mmHg. TA braço direito: 159/101mmHG; TA braço<br />

esquerdo: 127/81mmHg<br />

o AC: s1 e s2 + e rítmicos, s<strong>em</strong> sopros audíveis<br />

o AP: MV + e rítmico, s<strong>em</strong> ruídos advenvcios audíveis<br />

o Ligeiro sopro cervical à esquerda<br />

soAp:<br />

o VERTIGENS/TONTURAS (N17)<br />

o DESMAIO/SÍNCOPE (A06)<br />

soaP:<br />

o ANÁLISES DE SANGUE (A34) + TRAÇADOS<br />

ELÉCTRICOS (K42) + RADIOLOGIA/IMAGIOLOGIA<br />

DIAGNÓSTICA (Rx Tórax) (K41) + OUTROS<br />

PROCEDIMENTOSDE DIAGNÓSTICO (Holter +<br />

Ecocardiograma + Ecodoppler carovdeo) (K43)<br />

Maio 2014<br />

Consulta Externa<br />

Cardiologia<br />

Discussão<br />

Julho 2013<br />

AngioTAC:<br />

ü Oclusão completa da artéria subclávia<br />

esquerda com lúmen distal patente<br />

ü Placa ulcerada na caróEda comum<br />

esquerda, s<strong>em</strong> condicionar obstrução<br />

significaEva<br />

Cirurgia Vascular<br />

ü AngioplasJa transluminal percutânea com tentaEva de ultrapassar a<br />

oclusão da artéria subclávia esquerda, s<strong>em</strong> sucesso<br />

ü Tratamento cirúrgico com bypass caroRdeo-subclávio esquerdo com<br />

prótese de PTFE<br />

Soap:<br />

o RESULTADO DAS ANÁLISES/PROCEDIMENTOS (A60)<br />

sOap:<br />

o Mantém diferença tensional entre o braço direito e<br />

esquerdo.<br />

o Ecodoppler caroRdeo (08-7-3013): presença de<br />

espessamento do complexo ínEma-média associado a<br />

placas ateramatosas <strong>em</strong> ambas as bifurcações<br />

carovdeas e aspetos imagiológicos compavveis com<br />

inversão do fluxo na artéria vertebral esquerda –<br />

Síndrome do Roubo da Subclávia (?).<br />

o Restantes exames s<strong>em</strong> alterações.<br />

soAp:<br />

o OUTRAS DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO<br />

(K99) – Síndrome do Roubo da Subclávia (?)<br />

soaP:<br />

ACREDENCIAIS PARA MÉDICO/ESPECIALISTA/CLÍNICA/<br />

HOSPITAL – Cardiologia<br />

Neste caso, como fatores predisponentes para a patologia, encontrava-se o tabagismo e a aterosclerose. Deve-se suspeitar de uma SRS<br />

<strong>em</strong> pacientes que manifest<strong>em</strong> sintomas de insuficiência arterial vértebro-basilar e que apresent<strong>em</strong> diferença da pressão arterial<br />

sistólica de, pelo menos, 20mmHg entre os dois braços, associado a um sopro na área supraclavicular do lado afetado. Assim, este caso<br />

d<strong>em</strong>onstrou a necessidade de excluir todos os diagnósEcos diferenciais de síncope e a importância <strong>em</strong> medir a tensão arterial <strong>em</strong><br />

ambos os braços, assim como, um diagnósEco precoce, uma vez que o tratamento cirúrgico at<strong>em</strong>pado reduz o risco de<br />

morbimortalidade.<br />

Bibliografia: 1 – Peter C SpiRell, John F Eidt, Joseph L Mills, Kathryn A Collins. Subclavian steal syndrome. Employee of UpToDate, Inc. Jul 15, 2014. 2 – Passos MD, Alves LM. Síndrome do Roubo da Subclávia. Rev Bras Ecocardiogr Imag<strong>em</strong> Cardiovasc.<br />

2012;25(4):298-301. 3- Granito S, Azevedo I, Jardim M, Andrade JL, Lélis M, Chaves A, Brazão ML.Aterosclerose – a propósito do fenómeno de roubo da subclávia. Revista do Serviço de Medicina Interna do Hospital Central do Funchal. 2011;18(1). 4 – Pedro<br />

LM. Prevenção secundária com estaEnas na patologia arterial periférica ateroscleróEca. Rev Port Cardiol. 2011;30(7-8):665-673. 5 – Gaziano TA, Gaziano JM. Epid<strong>em</strong>iology of cardiovascular disease. In Kasper Braunwald, Fauci, Hauser, Longo, Jameson:<br />

Harrison’s Principles of Internal Medicine, 17th ediEon. Mc Graw Hill 2008:1375-1379.


Enquadramento<br />

Um corpo estranho incomum…<br />

Ribeiro Carla 1 . Pinto Virgílio 2 .<br />

1<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar. USF La SaleCe. ACES Entre Douro e Vouga II<br />

2<br />

Assistente Graduado de Medicina Geral e Familiar. USF La SaleCe. ACES Entre Douro e Vouga II<br />

A inserção do disposi-vo intrauterino (DIU) cons-tui uma forma segura e efe-va entre os métodos de contraceção. A<br />

perfuração uterina é uma complicação rara e grave, podendo ocorrer <strong>em</strong> cerca de 0,06 a 0,16% das inserções. Cerca de 15%<br />

destas perfurações pode levar a complicações de órgãos adjacentes, principalmente intes-nais. Os disposi-vos pod<strong>em</strong> ser<br />

inseridos com segurança durante o período de lactação, 8 a 12 s<strong>em</strong>anas após o parto. Os sintomas da existência de um corpo<br />

estranho pod<strong>em</strong> iniciar-se logo após a inserção do DIU ou até meses depois. O tratamento consiste na realização de cirurgia por<br />

via laparoscópica para r<strong>em</strong>oção do DIU.<br />

Caso Clínico<br />

IdenKficação: M.M.S.T.S., sexo f<strong>em</strong>inino, 42 anos, divorciada, administra-va.<br />

Antecedentes: S<strong>em</strong> antecedentes pessoais e familiares relevantes. S<strong>em</strong> medicação habitual.<br />

Avaliação familiar: Família monoparental, Classe média de Graffar.<br />

2008<br />

o Colocação de DIU, 3 meses após o parto por cesariana<br />

o Dor e desconforto hipogástrico após colocação de DIU<br />

o Ecografia ginecológica: não se visualizou localização de DIU<br />

Agosto 2016<br />

Soap:<br />

o Dor abdominal da região periumbilical esquerda com 1 s<strong>em</strong>ana de<br />

evolução<br />

o Distensão abdominal + náuseas + obs-pação<br />

o S<strong>em</strong> febre<br />

sOap:<br />

o Distensão abdominal<br />

o Dor à palpação profunda na região periumbilical esquerda +<br />

Timpanismo no flanco esquerdo<br />

o Exame citológico cervicovaginal e ecografia ginecológica<br />

endovaginal: normal<br />

o TAC abdominopélvico: “…DIU fora do útero <strong>em</strong> situação<br />

periumbilical esquerda, designadamente nos planos peritoneais mais<br />

anteriores.”<br />

soAp:<br />

Doença Inflamatória Pélvica (X74) (?) – DIU na cavidade abdominal<br />

soaP:<br />

o Referenciada a consulta de Cirurgia<br />

o Cirurgia por via laparoscópica para<br />

r<strong>em</strong>oção do DIU, s<strong>em</strong> intercorrências<br />

Discussão<br />

O DIU pode permanecer na cavidade abdominal por um longo período s<strong>em</strong> sintomatologia. A incidência pode ser influenciada<br />

pelo -po de DIU, o período de inserção após o término da gestação, a posição do útero, a técnica de inserção e a experiência<br />

do profissional. A perfuração uterina ocorre <strong>em</strong> geral no momento da inserção. A dor abdominal e h<strong>em</strong>orragia são indícios de<br />

uma possível perfuração. Outras complicações de migração e perfuração são a formação de fibrose, perfuração de víscera oca,<br />

infer-lidade, obstrução intes-nal e apendicite. Em utentes sintomá-cas, a indicação é cirurgia por via laparoscópica, que<br />

permite realizar a extração do DIU.<br />

Bibliografia: 1 – Coelho JCU, Goncalves CG, Graf CM. Tratamento laparoscópico de periapendicite causada por disposi-vo intra-uterino. Arq Gastroenterol. 2003;40(1):45-6. 2 – Andersson K, Ryde-Blomqvist E,<br />

Lindel K. Perfora-ons with intrauterine devices. Report from a Swedish sur- vey. Contracep-on 1998; 57: 251–255. 3 – Chang HM, Chen TW, Hsieh CB, Chen CJ, Yu JC, Liu YC, Shen KL, Chan DC. Intrauterine<br />

contracep-ve device appendici-s: A case report.World J Gastroenterol 2005; 11(34): 5414-5415. 4 – Consenso sobre contracepção 2011. Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Sociedade Portuguesa de<br />

Contracepção, Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução.


Quando o tratamento se torna um<br />

Tendão de Aquiles<br />

<strong>2017</strong><br />

Maria João Gonçalves, Ana Rita Luz<br />

Internas de formação específica de MGF - USF St. André de Canidelo<br />

ENQUADRAMENTO<br />

As fluoroquinolonas (FQ) são antibióticos frequent<strong>em</strong>ente prescritos no tratamento <strong>em</strong> ambulatório de infeções<br />

adquiridas na comunidade, nomeadamente infeções respiratórias. A rotura espontânea do tendão de Aquiles é<br />

um dos efeitos secundários mais graves das FQ, estando a Levofloxacina muitas vezes implicada.<br />

A tendinite de Aquiles geralmente precede a rotura causada por FQ. Outros fatores de risco que aumentam a<br />

probabilidade de rotura do tendão de Aquiles são: idade ≥ 60 anos, uso de corticosteroides sistémicos ou<br />

tópicos, insuficiência renal, diabetes mellitus e antecedentes de rotura tendinosa. Pensa-se que o risco elevado<br />

de rotura possa estar presente até um ano após a exposição às FQ.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Identificação<br />

I.M.V.L , sexo f<strong>em</strong>inino, 75 anos,<br />

casada, autónoma; Natural e<br />

residente <strong>em</strong> Vila Nova de Gaia<br />

4º ano de escolaridade,<br />

doméstica<br />

Tipo de família: nuclear<br />

Graffar: classe média<br />

Antecedentes Pessoais<br />

•Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

•Hipertensão Arterial<br />

•Osteoporose<br />

•Perturbação depressiva/ansiedade<br />

•Perturbação do sono<br />

•Ø hábitos tabágicos, alcoólicos e<br />

consumo de drogas ilícitas<br />

Medicação Habitual<br />

•Sinvastatina 40 mg id<br />

•Ramipril 10 mg id<br />

•Ácido Ibandrónico<br />

•Sertralina 100 mg id<br />

•Mirtazapina 15 mg id<br />

•Flurazepam 15 mg id<br />

12/11/2016<br />

18/11/2016<br />

20/11/2016<br />

Consulta domiciliária<br />

Motivo de consulta: Tosse + astenia + dificuldade respiratória com evolução de duas s<strong>em</strong>anas.<br />

A/ Infeção das vias aéreas inferiores.<br />

P/ Levofloxacina 500 mg id, Desloratadina 5 mg id e Deflazacorte 40mg id durante 3 dias com desmame progressivo<br />

Serviço de Urgência (SU) do Centro Hospitalar do Porto<br />

Motivo de ida: Dor e rigidez muscular ao nível de ambos os tendões de Aquiles, com agravamento na marcha.<br />

O/ MI - Dor à palpação de ambos os tendões, s<strong>em</strong> rash, ed<strong>em</strong>a ou sinais de TVP. Restante exame objetivo s<strong>em</strong><br />

alterações.<br />

P/ Alta, medicada com Voltaren rapid 50 mg 12/12 horas. Recomendado repouso.<br />

SU do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho<br />

Motivo de ida: Ausência de melhoria e agravamento dos mesmos sintomas.<br />

O/ MI - Dor a nível do tendão aquiles bilateralmente , s<strong>em</strong> tumefações palpáveis e mobilidade tibiotársica<br />

conservada. Restante exame objetivo s<strong>em</strong> alterações. Controlo analítico: s<strong>em</strong> alterações de relevo.<br />

A/ Alta, recomendada manutenção da analgesia e repouso.<br />

23/11/2016<br />

DISCUSSÃO<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Consulta Aberta da Unidade de Saúde Familiar<br />

S Utente recorre à USF por manter a sintomatologia, preocupada com a<br />

limitação motora consequente<br />

O MI - Dor a nível do tendão aquiles bilateralmente + dificuldade na marcha<br />

A SINTOMA/ QUEIXA DO TORNOZELO + DISTÚRBIO ANSIOSO/ESTADO DE<br />

ANSIEDADE<br />

P Referenciação ao Serviço de Urgência de Ortopedia<br />

SU do Centro<br />

Hospitalar de<br />

Vila Nova de<br />

Gaia/Espinho Ecografia: Rotura do<br />

tendão de Aquiles<br />

bilateral - Instituído<br />

tratamento<br />

conservador.<br />

A rotura do tendão de Aquiles está associada a um grau considerável de morbilidade e perda de função. Deste<br />

modo, é importante avaliar os fatores de risco para rotura antes de medicar com FQ, assim como alertar para a<br />

necessidade de vigiar os pacientes a qu<strong>em</strong> estes antibióticos foram prescritos. Torna-se fundamental que os<br />

médicos de família reconheçam os primeiros sintomas de tendinite o mais cedo possível, de forma a evitar a<br />

rotura.<br />

Stephenson, Anne L., et al. "Tendon injury and fluoroquinolone use: a syst<strong>em</strong>atic review." Drug safety 36.9 (2013): 709-721.<br />

Kim, G. K., & Del Rosso, J. Q. (2010). The risk of fluoroquinolone-induced tendinopathy and tendon rupture: what does the clinician need to know. J Clin Aesthet Dermatol, 3(4), 49-54.<br />

Morandé, S. Cruz, et al. "Bilateral achilles tendon rupture secondary to levofloxacin." Revista española de cirugía ortopédica y traumatología (English edition) 54.4 (2010): 238-240.<br />

Tsai, W. C., & Yang, Y. M. (2011). Fluoroquinolone-associated tendinopathy. Chang Gung Med J, 34(5), 461-467.


REFERÊNCIAS:<br />

1. Obesity and overweight, World Health Organization, <strong>Update</strong>d June 2016 (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/)<br />

ENQUADRAMENTO<br />

DIFICULDADES POR TRÁS DA OBESIDADE<br />

MÓRBIDA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Sofia Oliveira Vale, Adriana Meneses, Ana Catarina Machado I USF Nova Salus<br />

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a prevalência mundial da obesidade, entre 1980 e 2014, mais que duplicou. 1 A principal causa desta<br />

patologia é um desequilíbrio energético entre calorias consumidas e gastas. Está associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares,<br />

osteoarticulares, de determinadas neoplasias e consequent<strong>em</strong>ente da mortalidade. Além disto, há probl<strong>em</strong>as psicológicos e psicossociais que<br />

exig<strong>em</strong> atenção. É ainda importante estar alerta para o facto de a obesidade poder dificultar a valorização das queixas dos utentes e a realização<br />

do exame físico.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

IDENTIFICAÇÃO<br />

Mulher, 55 anos, caucasiana, casada, 2 filhos,<br />

4º ano escolaridade, natural e residente <strong>em</strong><br />

Vila Nova de Gaia, reformada de costureira<br />

por incapacidade<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS<br />

• IIIGIIIP<br />

• Obesidade mórbida (65 kg/m 2 ) (1986)<br />

(T82)<br />

• Laqueação tubar (1992) (W13)<br />

• Síndrome da apneia obstrutiva do sono<br />

(1995) (R04)<br />

• Balão intragástrico (2001)<br />

• Hipertensão arterial não medicada (2007)<br />

(T93)<br />

• Insuficiência respiratória (2010) (R04)<br />

• Doença osteoarticular degenerativa (L29)<br />

• Bócio multinodular tóxico e massa<br />

mediastínica compatível com tecido<br />

tiroideu, submetida a tratamento com Iodo<br />

131 (2015) (T81)<br />

• Hipotiroidismo subclínico sequelar (2015)<br />

(T86)<br />

• Insuficiência cardíaca (2015) (K77)<br />

• Índice de Barthel 40<br />

Aumento progressivo de peso após as gravidezes (1991) devido a uma<br />

alimentação hipercalórica, tendo atingido um índice de massa corporal de 80<br />

kg/m 2 .<br />

Maio 2016<br />

Início de<br />

Junho 2016<br />

Final de<br />

Set<strong>em</strong>bro<br />

2016<br />

Nunca mostrou motivação para perder peso, tendo recusado cirurgia<br />

bariátrica. Realizaram-se várias visitas domiciliárias por incapacidade de<br />

deslocação e por queixas inespecíficas múltiplas.<br />

• Queixas de dor abdominal associada a anorexia com perda de peso não<br />

quantificada<br />

• Ecografia abdominal (23/05): Exame de difícil realização devido ao<br />

biótipo da paciente e meteorismo intestinal. Fígado com múltiplas<br />

estruturas nodulares. Adenopatia de 3,7 cm peri-pancreática.<br />

• Requisitada TC abdominal a 01 de junho<br />

• Apresenta s<strong>em</strong>pre justificações para o adiamento da realização do<br />

exame<br />

• Agravamento do quadro de anorexia<br />

• Estudo analítico (19/09): an<strong>em</strong>ia normocítica/normocrómica<br />

(h<strong>em</strong>oglobina 9,5 g/dL), ferritina elevada (2000 ng/mL) e elevação de<br />

enzimas hepáticas<br />

• Acrescenta-se o pedido de TC torácica e pélvica (22/09): metastização<br />

hepática e pulmonar difusa<br />

• Referenciação para consulta de Oncologia Médica<br />

Legenda - TC: Tomografia Computorizada<br />

MEDICAÇÃO HABITUAL<br />

• Ácido fólico 5mg id<br />

• Levotiroxina 75mg id<br />

• Oxigenoterapia 1-2L/min 24h<br />

ANTECEDENTES FAMILIARES<br />

• Doente desconhece doenças de<br />

antecessores<br />

• 1º Filho: faleceu com < 1 ano de idade por<br />

meningite (1979)<br />

• 2º Filho e Filha: excesso de peso (T83)<br />

AVALIAÇÃO FAMILIAR<br />

• Família nuclear​<br />

• Fase VII do ciclo de Duvall<br />

• Classe social baixa de Graffar<br />

• Cuidador principal: nora<br />

07 outubro de 2016<br />

Consulta de Oncologia<br />

• Queixas de dor lombar e<br />

agravamentos de dispneia<br />

<strong>em</strong> repouso. Escala ECOG<br />

4.<br />

• Decidido não existir<strong>em</strong><br />

condições para<br />

tratamento antineoplásico,<br />

n<strong>em</strong><br />

benefício <strong>em</strong> estudo<br />

compl<strong>em</strong>entar.<br />

• Explicado à doente e<br />

marido que<br />

compreend<strong>em</strong> e aceitam.<br />

• Inicia esomeprazol 20mg<br />

id, lepicortinolo 5mg id,<br />

paracetamol 1g 8/8h.<br />

• Pedido de consulta de<br />

Cuidados Paliativos (CP).<br />

12 e 14 de outubro de 2016<br />

Domicílio MGF<br />

• Rápido agravamento do estado clínico<br />

entre as visitas domiciliárias, com<br />

dispneia (O 2 a 2L) e dor (s<strong>em</strong> analgesia:<br />

EVA 6; com paracetamol 1g: EVA 0).<br />

•Exame objetivo: SatO 2 89%; FC: 134bpm.<br />

Múltiplas pregas com maceração, com<br />

solução de continuidade ténue; úlcera de<br />

pressão trocantérica direita.<br />

• Médico de Família contacta Equipa<br />

Intra-Hospitalar de Suporte de Cuidados<br />

Paliativos (EIHSCP).<br />

•Decisão conjunta de internamento para<br />

controlo sintomático, tendo <strong>em</strong> conta o<br />

contexto biopsicossocial, e eventual<br />

referenciação para Unidade de CP.<br />

• Aumenta O 2 para 3L (SatO 2 98%) e inicia<br />

morfina 20 mg/ml 2 gotas a cada 4h.<br />

• Aguarda vaga de internamento.<br />

19 outubro de 2016<br />

Consulta de Cuidados<br />

Paliativos/ Internamento<br />

• Realizado<br />

internamento.<br />

• Decidido reavaliar<br />

necessidade de<br />

referenciação para<br />

Unidade de CP conforme<br />

evolução nos dias<br />

seguintes.<br />

• Falecimento no próprio<br />

dia do internamento.<br />

DISCUSSÃO<br />

Legenda - ECOG: Eastern Cooperative Oncology Group; EVA: Escala Visual Analógica da Dor; FC: Frequência Cardíaca; SatO 2: Saturação de Oxigénio<br />

A obesidade, nomeadamente a obesidade mórbida, pode trazer probl<strong>em</strong>as de saúde importantes. Neste caso, apesar de uma intervenção<br />

at<strong>em</strong>pada e da rápida evolução do quadro clínico da doente, fica a dúvida se, na ausência de obesidade mórbida, teria sido possível realizar um<br />

diagnóstico mais precoce e obter um desfecho diferente. Pretende-se alertar para esta patologia, uma vez que a prevenção é muito importante,<br />

mas quando instalada é também necessário ter <strong>em</strong> atenção os possíveis probl<strong>em</strong>as associados. Cabe à equipa de saúde o seu seguimento,<br />

identificar as dificuldades inerentes à mudança comportamental, ter <strong>em</strong> atenção o desenvolvimento de patologias secundárias e fornecer o<br />

suporte necessário.


Consulta Programada<br />

Consulta de Neurologia<br />

06.04.2015<br />

21.07.2015<br />

Consulta Programada<br />

Consulta de Pneumologia<br />

19.05.2015<br />

11.2015<br />

Consulta de Neurocirurgia<br />

Internamento Pneumologia<br />

11.2016<br />

08.06.2015<br />

ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA:<br />

UM DIAGNÓSTICO INTRIGANTE<br />

Sofia Rosas de Araújo 1 , José Carvalho 1 , Rita Santos 2<br />

1. USF Infante D. Henrique, Viseu | 2. USF Mont<strong>em</strong>uro, Viseu<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma patologia neurodegenerativa progressiva de etiologia<br />

desconhecida, atualmente incurável. Parece não haver predisposição étnica ou racial nesta patologia, que é mais<br />

frequent<strong>em</strong>ente esporádica. O pico de incidência situa-se entre os 50-75 anos, com sobrevida média após diagnóstico de 3<br />

anos, sendo as complicações pulmonares a causa mais comum de morte. 1,2,3,4<br />

A apresentação clínica depende do envolvimento dos neurónios motores superiores (espasticidade, parésia e hiperreflexia) e<br />

dos neurónios motores inferiores (parésia, atrofia e fasciculações). Os sintomas iniciais da ELA pod<strong>em</strong> confundir-se com outras<br />

doenças da espinal medula, mononeuropatias e diversas síndromes neurológicas que pod<strong>em</strong> adiar o diagnóstico correto. 1,2,3,4<br />

DESCRIÇÃO DE CASO<br />

72 anos de idade | Casado | Reformado há 7 anos |Antecedentes de HTA, medicada e controlada com lisinopril +<br />

hidroclorotiazida | Família nuclear | Classe VIII do ciclo de vida de Duvall | Classe média de Graffar<br />

S: Noção de alteração na marcha, de<br />

predomínio direito, que descreve como<br />

"pernas presas, com falta de força dos<br />

joelhos para baixo". Negava sintomas<br />

álgicos ou sensitivos, s<strong>em</strong> queixas a nível<br />

dos m<strong>em</strong>bros superiores, disfagia ou<br />

disfonia.<br />

O: Rarefação pilosa bilateral na perna,<br />

limitação na rotação interna da anca<br />

bilateralmente e aparente diminuição da<br />

força à direita. Laségue negativo, s<strong>em</strong><br />

alterações da t<strong>em</strong>peratura da pele ou das<br />

sensibilidades.<br />

A: Miopatia?<br />

P: Eletromiografia + TC coluna lombar<br />

S: V<strong>em</strong> mostrar resultado de<br />

eletromiografia.<br />

O: Electromiografia com padrão<br />

compatível com lesão radicular<br />

lombo-sagrada bilateral, recente, de<br />

gravidade moderada, com indicação<br />

para considerar doença<br />

degenerativa motora na ausência de<br />

lesão estrutural.<br />

A: Miopatia?<br />

P: Referenciação a Neurocirurgia.<br />

Apresentava marcha <strong>em</strong> steppage.<br />

Nova eletromiografia d<strong>em</strong>onstrou<br />

achados de desnervação crónica e<br />

re-inervação ativa <strong>em</strong> miótomos<br />

cervicais e lombares e fasciculação<br />

<strong>em</strong> miótomos cervicais, dorsais e<br />

lombares, sugestivos de doença<br />

neuromuscular/ELA. TC coluna<br />

lombar s<strong>em</strong> lesão estrutural.<br />

Plano: referenciação para consulta<br />

de neurologia<br />

Deambulava com auxílio de<br />

canadianas, fasciculações <strong>em</strong> ambos<br />

os quadricípetes, peitorais, deltóides<br />

e tricipitais, com atrofia das cinturas,<br />

défice na flexão e extensão dos<br />

antebraços e paraparésia flácida de<br />

predomínio direito.<br />

Plano: inicia toma de riluzol +<br />

referenciação para consultas de<br />

MFR, pneumologia e<br />

gastrenterologia.<br />

Estudo polissonográfico síndrome<br />

de apneia-hipopneia do sono <br />

ventilação não invasiva noturna<br />

Progressão do quadro (plegia dos<br />

m<strong>em</strong>bros superiores, dificuldade na<br />

deambulação - já <strong>em</strong> cadeira de<br />

rodas e necessidade de ventilação<br />

diurna para repouso dos músculos<br />

respiratórios) abandono<br />

fisioterapia<br />

Disartria e disfagia para sólidos e<br />

líquidos colocação de PEG.<br />

Atualmente apresenta dependência total nas atividades de vida diárias (20 pontos), segundo a Escala Modificada de Barthel.<br />

DISCUSSÃO<br />

intrigante, s<strong>em</strong> tratamento eficaz. 1<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Descrita pela primeira vez nos meados do século XIX, a ELA continua a ser uma doença neurodegenerativa<br />

O atraso no diagnóstico continua a ser um probl<strong>em</strong>a frequente nos estágios iniciais da doença. Um elevado nível de<br />

suspeição e rápida referenciação a especialidades hospitalares, tornam-se essenciais por parte do MF nesta patologia, porque<br />

uma abordag<strong>em</strong> paliativa multidisciplinar pode prolongar a sobrevivência e atenuar o impacto sobre qualidade de vida. O<br />

tratamento com riluzol e a ventilação não-invasiva melhoram a taxa de sobrevida.<br />

O MF t<strong>em</strong> também um papel crucial no desenvolvimento de estratégias de coping nesta patologia. 5<br />

1. Lauren BE, Leo M. Clinical features of amyotrophic lateral sclerosis and other forms of motor neuron disease. [acesso <strong>em</strong> 19 dez <strong>2017</strong>]. Disponível <strong>em</strong> https://www.uptodate.com 2. Madureira CD. Diagnóstico Diferencial de<br />

Esclerose Lateral Amiotrófica: A propósito de um caso clínico. Covilhã. Tese [Mestrado <strong>em</strong> Medicina] – Universidade da Beira Interior; 2012 3. Amyotrophic lateral sclerosis and other motor neuron diseases. Adv Neurol 1991; 56:1 4.<br />

Rowland LP. Diagnosis of amyotrophic lateral sclerosis. J Neurol Sci 1998; 160 Suppl 1:S6. 5. Coping strategies among patients with newly diagnosed amyotrophic lateral sclerosis. J Clin Nurs, 23: 3148–3155. doi:10.1111/jocn.12557


ENQUADRAMENTO<br />

Na osulta pogaada de<br />

Diaetes, A. efee ue<br />

eoeu à Cosulta de<br />

Cadiologia po do tóia,<br />

ealizou itigafia ad́aa<br />

ue evelou alteã̧es<br />

opáveis o Bloueio<br />

Copleto do Rao Esuedo<br />

BCRE e foi ediada o<br />

ãido Aetilsalílio g.<br />

Dor psiossoátia ou dor toráia?<br />

A propósito de u aso líio<br />

Maria Inês Oliveira (IFE MGF - USF Lagoa)<br />

Maria Antónia Araújo (Assistente MGF – USF Lagoa)<br />

A dor torácica é um sintoma muito comum, sendo um motivo frequente de consulta médica. No entanto, aproximadamente<br />

10-15% dos doentes com dor torácica, clinicamente s<strong>em</strong>elhante à dor anginosa e suficient<strong>em</strong>ente grave para ser investigada,<br />

não apresentam etiologia cardíaca 1 . As causas mais frequentes de dor torácica não cardíaca englobam as patologias do foro<br />

gastrointestinal, pulmonar, músculo-esquelético, infecioso e psicológico 2 . De facto, a ansiedade constitui um diagnóstico<br />

diferencial importante, estimando-se que uma <strong>em</strong> cada 4 pessoas durante um ataque de pânico apresente dor torácica 3 .<br />

O objetivo inicial do Médico de Família é determinar se o paciente necessita de ser encaminhado para realizar exames<br />

compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico. Contudo, diferenciar causas isquémicas de não isquémicas por vezes é um desafio, visto a<br />

dor torácica com etiologia isquémica muitas vezes corresponder a um exame objetivo aparent<strong>em</strong>ente normal. Assim, é<br />

fundamental que na abordag<strong>em</strong> diagnóstica inicial de uma dor torácica a etiologia cardíaca seja s<strong>em</strong>pre considerada 4 .<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

DISCUSSÃO<br />

• A., géeo feiio, aos, ogitivaete ́tega, efoada, viúva e filho faleido po aidete.<br />

• Iseida ua fália uit́ia.<br />

• Ateedetes Pessoais: DM o isuliotatada, HTA, Dislipideia, Hipotioidiso, Depesso luto<br />

patológio; seguida apeas a Cosulta Extea de Cadiologia.<br />

• Ateedetes iúgios e failiaes ielevates.<br />

• Media̧o Haitual: Atovastatia g, Lisiopil g, Esitalopa g, Levotioxia .g,<br />

)olpide g, Lasopazol g.<br />

Julho Agosto 2016 “eteo Nov<strong>em</strong>bro 2016<br />

Na consulta aberta da<br />

USF, A. refere ter<br />

estado com a TA<br />

elevada, tendo sido<br />

observada pelo seu<br />

Cardiologista, mas não<br />

fez nenhum exame<br />

compl<strong>em</strong>entar.<br />

Na Consulta de Cardiologia, A.<br />

mantinha as queixas de dor<br />

torácica. Fez ECG, cintigrafia<br />

com prova farmacológica e<br />

cateterismo cardíaco que<br />

concluíram que todas as<br />

alterações poderiam estar<br />

relacionadas com o BCRE, s<strong>em</strong><br />

evidência de isqu<strong>em</strong>ia<br />

significativa.<br />

Na osulta aeta da U“F,<br />

A. apesetava do<br />

etoesteal e asteia.<br />

“e fee, dispeia ou<br />

siilia. Refeiu te tido<br />

osulta pivada o<br />

doílio po estas ueixas<br />

e foa osideadas<br />

psiossótias.<br />

Embora o exame objectivo estivesse normal, a Médica de Família enviou a utente ao Serviço de Urgência para<br />

fazer uma Radiografia ao Tórax e averiguar a situação clínica<br />

Fig. : RX tóax<br />

SERVIÇO DE URGÊNCIA – 14.11.2016<br />

Fig. 2: AngioTC Tórax<br />

- Radiografia tórax: aueto do ́die adiotóio,<br />

lia de derrae ilateral?<br />

- AgioTC Tórax: Pesȩa de derrae pleural ilateral.<br />

Visualiza-se ateletasia e aos os loos ifeioes,<br />

po pov́vel efeito opessivo do deae pleual.<br />

Pesȩa de disetas desifiã̧es supleuais o loo<br />

édio, povavelete taé atelet́sias.<br />

Após ivestiga̧o, foi assuido uado de Isufiiêia<br />

Cardíaa ão ediada, de etiologia o eslaeida,<br />

o derrae pleural ilateral.<br />

DM2 – diabetes mellitus tipo 2; HTA – hipertensão arterial; USF – unidade de saúde familiar; TA – tensão arterial; ECG – eletrocardiograma; RX – radiografia; TC – tomografia computorizada; MF – médico de família<br />

A psicossomatização pode ser responsável pela etiologia de uma dor torácica. Embora o MF estabeleça um<br />

acompanhamento longitudinal e biopsicossocial com os seus utentes, por vezes pode ser difícil determinar se uma dor<br />

torácica corresponde a um quadro de ansiedade ou se deriva de patologia orgânica. Assim, este caso clínico pretende realçar<br />

que a Medicina não é linear, sendo fundamental que o clínico valorize s<strong>em</strong>pre todas as queixas dos seus pacientes.<br />

1.McConaghy JR, Outpatient Diagnosis of Acute Chest Pain in Adults. Am Fam Physician. 2013 Feb 1;87(3):177-182; 2. Bösner S, Becker A, Hani MA, et al. Chest wall syndrome in primary care patients with chest pain: presentation, associated<br />

features and diagno- sis. Fam Pract. 2010;27(4):363-369; 3. Huffman JC, Pollack MH, Stern TA. Panic disorder and chest pain: mechanisms, morbidity, and manag<strong>em</strong>ent. Prim Care Companion J Clin Psychiatry. 2002;4(2):54-62; 4. Kontos MC,<br />

Diercks DB, Kirk JD. Emergency department and office- based evaluation of patients with chest pain. Mayo Clin Proc. 2010; 85(3):284-299.


Priscila Araújo; Raquel Parreira; Paula Atalaia | USF do Parque, ACES Lisboa Norte | apasa2@gmail.com<br />

E n q u a d r a m e n t o<br />

As adenopatias são achados frequentes do exame objetivo. A etiologia pode ser devida a situações benignas, b<strong>em</strong> como a<br />

doenças linfoproliferativas, infeções sistémicas ou metástases. Apenas 1% das adenopatias nos cuidados de saúde primários são<br />

de etiologia neoplásica maligna.<br />

Com este caso pretende-se mostrar a imprevisível manifestação intermitente de adenopatias ao longo de anos, e a necessidade<br />

de as valorizar perante a suspeita.<br />

Identificação:<br />

- ♀, 69 anos, Caucasiana;<br />

- Reformada, ex-contabilista;<br />

- Hobby: toca cavaquinho;<br />

- Casada, 2 filhos, Fase VIII Ciclo de Duvall.<br />

D e s c r i ç ã o d o c a s o<br />

Antecedentes Pessoais:<br />

- Perturbação Depressiva. Medicação habitual: Sertralina 100mg/dia.<br />

- Tuberculose ganglionar cervical direita <strong>em</strong> 2008 9 meses de<br />

tuberculostáticos.<br />

Antecedentes Familiares:<br />

Irmão gémeo falecido aos 46 anos por “cancro na medula óssea” (sic).<br />

Nódulos na base do pescoço à direita, s<strong>em</strong> outra sintomatologia.<br />

2<br />

0<br />

1<br />

4<br />

Adenomegálias cervicais e supra-claviculares direitas, duras, 1x1cm, imóveis, não dolorosas.<br />

S<strong>em</strong> outras adenomegálias. S<strong>em</strong> alterações da cabeça e pescoço, tórax ou abdómen.<br />

Mamografia recente s<strong>em</strong> alterações.<br />

Tuberculose ganglionar? / Doença linfoproliferativa? / Metástases?<br />

Análises (h<strong>em</strong>ograma, PCR, VS, provas hepáticas, renais, proteinograma, LDH): normais.<br />

Ecografia abdominal: normal. Rx Tórax: normal.<br />

Citologia aspirativa do gânglio: Linfócitos <strong>em</strong> vários estadios de maturação com grande sobreposição de células<br />

dificultando a interpretação, sugerindo-se a excisão do gânglio para exame histológico.<br />

Regressão Espontânea das Adenomegálias<br />

Adenomegálias não palpáveis TAC: “gânglios s<strong>em</strong> critérios de suspeição”<br />

2<br />

0<br />

1<br />

6<br />

Ed<strong>em</strong>a do m<strong>em</strong>bro superior esquerdo.<br />

Adenomegálias supraclaviculares esquerdas, 2cmx3cm, duras, imóveis, não dolorosas. S<strong>em</strong> outras adenomegálias.<br />

Palpação mamária e abdominal s<strong>em</strong> alterações. Mamografia recente normal.<br />

Tuberculose ganglionar? / Doença linfoproliferativa? / Metástases mama, pulmão ou abdómen?<br />

Análises (h<strong>em</strong>ograma, PCR, VS, provas hepáticas, renais, proteinograma, LDH) : normais.<br />

TAC toraco-abdomino-pélvica: Adenomegália supra-clavicular esquerda 35x23mm e axilar esquerda de 37x26mm<br />

com compressão da veia subclávia esquerda.<br />

Citologia aspirativa do gânglio: positiva para células neoplásicas.<br />

Biópsia excisional do gânglio:<br />

LINFOMA NÃO-HODGKIN FOLICULAR Consulta h<strong>em</strong>atologia<br />

C o n c l u s ã o<br />

O linfoma folicular é indolente, podendo apresentar-se com adenopatias que aparec<strong>em</strong> e regrid<strong>em</strong> espontaneamente durante<br />

anos, o que se verificou neste caso. Portanto, perante a suspeita dev<strong>em</strong>os investigar, sendo a biópsia excisional do gânglio o<br />

exame de eleição.<br />

B i b l i o g r a f i a<br />

UpToDate: “Clinical manifestations, pathologic features, diagnosis, and prognosis of folicular lymphoma”; Dennis L. Kasper, Eugene Braunwald, Anthony S.<br />

Fauci, Stephen L. Hauser, et al. Harrison's Principles of Internal Medicine. Ed. Mcgraw-hill. 17th Edition, 2008


ABORDAGEM DA DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA EM CUIDADOS<br />

DE SAÚDE PRIMÁRIOS – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Ana Filipa Vicente 1 ; Ângela Lee Chin 1<br />

1<br />

Interna de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

USF Arruda (ACES Estuário do Tejo)<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A Disfunção Sexual F<strong>em</strong>inina (DSF) é um probl<strong>em</strong>a de saúde frequente, com um impacto negativo na qualidade de vida. Inclui a disfunção no<br />

desejo/excitação sexual, a disfunção do orgasmo e a dispareunia. 1 A DSF é um probl<strong>em</strong>a multifatorial que envolve determinantes biológicos,<br />

psicológicos, relacionais e socioculturais. 1,2 O próprio envelhecimento está também associado a uma diminuição da resposta sexual, da atividade<br />

sexual e da líbido. 1 Apenas 11% a 30% das mulheres procuram ajuda profissional. 3<br />

Os critérios de diagnóstico são clínicos e inclu<strong>em</strong> a duração (mais de 6 meses, persistente ou recorrente), a presença de sofrimento ou<br />

desconforto e as dificuldades interpessoais. É importante também saber se a disfunção é psicogénica, orgânica ou mista. Para um diagnóstico mais<br />

seguro, torna-se fundamental ter uma abordag<strong>em</strong> holística com envolvimento multidisciplinar. 2<br />

Este caso clínico pretende mostrar a importância do médico de família na abordag<strong>em</strong> biopsicossocial da DSF, analisando os antecedentes<br />

pessoais, nomeadamente ginecológicos e obstétricos, a história sexual, a relação com o parceiro, a história psicossocial e o exame objetivo.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Identificação: Antecedentes Pessoais: Medicação habitual:<br />

I.S.<br />

♀<br />

58 A<br />

Casada<br />

2 Filhos<br />

S<br />

Hipertensão Arterial<br />

O<br />

Perindopril 4mg + Indapamida 2,5mg<br />

A<br />

P<br />

Consultas de MGF:<br />

Queixas de diminuição do desejo<br />

sexual e dispareunia desde há<br />

cerca de 3 A.<br />

Marido 61 A, parcialmente<br />

dependente desde 2013, (status<br />

pós AVC isquémico, com<br />

h<strong>em</strong>iparésia do m<strong>em</strong>bro superior<br />

esquerdo e afasia).<br />

Bom estado geral.<br />

Exame objetivo<br />

s<strong>em</strong> alterações.<br />

Diminuição do<br />

desejo sexual<br />

– P07<br />

Diminuição da<br />

satisfação<br />

sexual – P08<br />

Escuta ativa<br />

Hidratante vaginal e<br />

supl<strong>em</strong>ento alimentar<br />

promotor da lubrificação<br />

vaginal e do desejo sexual<br />

Várias<br />

consultas<br />

Menciona que sente obrigação de<br />

satisfazer o marido. T<strong>em</strong> receio<br />

que ele se aperceba e não quer<br />

magoá-lo n<strong>em</strong> fazê-lo sentir-se<br />

culpado.<br />

Referenciação para<br />

psicoterapia individual<br />

Diminuição do sofrimento e melhoria da vida deste casal<br />

DISCUSSÃO<br />

Considerando o caráter multifatorial da resposta sexual f<strong>em</strong>inina, não pod<strong>em</strong>os apenas identificar o sintoma e fazer uma intervenção isolada e<br />

alheada da pessoa e dos seus contextos (psicológico, social, cultural, relacional). Por vezes, o ajustamento sexual entre duas pessoas é dificultado por<br />

fatores circunstanciais ou individuais. O probl<strong>em</strong>a do desejo ou a falta de entusiasmo para o sexo, deve ser analisada no contexto da relação com o<br />

parceiro. Dificuldades com a intimidade <strong>em</strong>ocional, conflitos relacionais, contextos de hostilidade ou a falta de atração pelo parceiro, poderão ser<br />

responsáveis pela diminuição do interesse sexual. Alguns estudos mostram que o desejo sexual f<strong>em</strong>inino diminui com o aumento da duração das<br />

relações. 2<br />

A DSF é muito complexa, uma vez que ultrapassa a esfera do biológico, tornando o seu tratamento um verdadeiro desafio para o clínico. 4 Nesta<br />

patologia, as opções farmacológicas são limitadas, dada a sua baixa eficácia e potenciais riscos, devendo ser dada primazia à abordag<strong>em</strong> não<br />

farmacológica, como a psicoterapia, terapia cognitiva, terapia sexual e terapia de casal. 1,4<br />

Este caso clínico mostra o papel fulcral do médico de família na abordag<strong>em</strong> holística da DSF, pois este encontra-se numa posição privilegiada para,<br />

numa continuidade de cuidados, estabelecer uma relação de confiança facilitadora da comunicação médico-doente e da comunicação entre o casal.<br />

BIBLIOGRAFIA:<br />

(1) Santos SR, Oliveira CM. DISFUNÇÃO SEXUAL NA MULHER: UMA ABORDAGEM PRÁTICA. Clube de Leitura. Rev Port Med Geral Fam 2015;31:351-3.<br />

(2) Barros F, Figueiredo R. Manual de Medicina Sexual – Visão Multidisciplinar. Junho 2014.<br />

(3) Cerejo AC. Disfunção Sexual F<strong>em</strong>inina: prevalência e factores relacionados. Rev Port Clin Geral 2006;22:701-20.<br />

(4) Pauleta J, Mendes-da-Graça L. Tratamento farmacológico das disfunções sexuais f<strong>em</strong>ininas: uma revisão sumária. Acta Obstet Ginecol Port 2011;5(4):170-179.


Patrícia Marques, Joana Leal, Ana Patrícia Cabaça, Ana Isabel Alexandre<br />

(msm.patricia@gmail.com) - USF Cartaxo Terra Viva<br />

ENQUADRAMENTO TEÓRICO<br />

A hipertensão arterial (HTA) é uma condição clínica muito comum na população <strong>em</strong> geral. A HTA secundária, por sua vez, é um tipo de<br />

hipertensão com uma causa identificável, e potencialmente reversível. Deve ser s<strong>em</strong>pre considerada <strong>em</strong> utentes com hipertensão<br />

refratária, ou com início precoce ou tardio.<br />

A sua prevalência e as etiologias mais comuns variam por grupo etário. Sab<strong>em</strong>os que abrange aproximadamente 5 a 10% dos hipertensos<br />

adultos, mas <strong>em</strong> crianças, a HTA de causa secundária tende a ser muito mais comum.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• R.M.V., sexo masculino, 16 anos, caucasiano;<br />

• Família nuclear no estádio V do Ciclo de Duvall e classe II da escala de Graffar;<br />

• Antecedentes pessoais e familiares irrelevantes.<br />

Consulta no MF<br />

• S<strong>em</strong> queixas<br />

• Valores tensionais<br />

persistent<strong>em</strong>ente elevados<br />

• PA a rondar os 150/70 mmHg<br />

• Ped<strong>em</strong>-se exames<br />

compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico<br />

2-3 s<strong>em</strong>anas depois no MF<br />

• S<strong>em</strong> queixas de novo<br />

• Valores de PA <strong>em</strong> ambulatório elevados<br />

• Mantém valores de PA elevados na consulta<br />

Exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico<br />

• Análises com catecolaminas aumentadas<br />

• ECG com critérios borderline de HVE<br />

• Prova de esforço com resposta hipertensiva<br />

• MAPA com perfil hipertensivo sistólico<br />

Referenciação para Endocrinologia<br />

• Suspeita de feocromocitoma<br />

• Aguarda resultado arteriografia renal e tomografia das<br />

suprarrenais<br />

Legenda: MF – médico de família; PA – pressão arterial; ECG – electrocardiograma; HVE –<br />

hipertrofia ventricular esquerda; MAPA – monitorização ambulatorial da pressão<br />

DISCUSSÃO / CONCLUSÃO<br />

Em crianças, o diagnóstico de HTA secundária torna-se mais complicado do que <strong>em</strong> adultos. Implica a avaliação de mais variáveis, como a<br />

idade, peso e altura, sendo por isso muitas vezes subdiagnosticada.<br />

Segundo vários estudos, a prevalência de HTA secundária <strong>em</strong> adolescentes ronda os 10 a 15%, e nesta faixa etária, as principais causas<br />

consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> doença renal parenquimatosa e coarctação da aorta. Contudo, outras causas como aldosteronismo, feocromocitoma,<br />

disfunção tiroideia, doença renovascular, síndroma de apneia obstrutiva do sono ou síndroma de Cushing dev<strong>em</strong> também ser<br />

consideradas. Desta forma, é fundamental uma avaliação cuidada e seriada da história clínica e exame físico.<br />

É essencial perceber se não estar<strong>em</strong>os perante uma medida inadequada da pressão arterial, hipertensão da ata rana, má adesão ao<br />

tratamento, ou efeitos adversos da dieta ou de medicamentos.<br />

Infelizmente, o não reconhecimento da HTA secundária ou subdiagnóstico pode levar a uma HTA resistente, e complicações da doença<br />

subjacente, nomeadamente cardiovasculares e renais, pelo que o médico de família t<strong>em</strong> um papel de primeira linha para a prevenção,<br />

deteção precoce e encaminhamento adequado da situação, com vista a um melhor prognóstico.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Gupta-Malhotra M et al. Essential Hypertension vs. Secondary Hypertension Among Children. American Journal of Hypertension. 2015;28(1):73-80. | 2. Anyaegbu E, Dharnidharka V. Hypertension in the Teenager. Pediatr Clin North Am. 2014 February;61(1):131-151. | 3.<br />

Riley M, Bluhm B. High Blood Pressure in Children and Adolescents. Am Fam Physician. 2012;85(7):693-700. | 4. Rimoldi SF et al. Secondary arterial hypertension: when, who, and how to screen?. European Heart Journal. 2014;35:1245-125. | 5. Vieira AJ e Neutze DM.<br />

Diagnosis of Secondary Hypertension: An Age-Based Approach. Am Fam Physician. 2010;82(12):1471-1478. | 6. Spagnolo A et al. Focus on prevention, diagnosis and treatment of hypertension in children and adolescentes. Italian Journal of Pediatrics. 2013;39:20. | 7. Puar T<br />

et al. Secondary hypertension in adults. Singapore Med J. 2016;57(5):228-232. | 8. Beilan JA et al. Pheochromocytoma of the urinary bladder: a syst<strong>em</strong>atic review of the cont<strong>em</strong>porary literature. BMC Urology. 2013;13:22. | 9. Pourian et al. Does this patient have<br />

pheochromocytoma? A syst<strong>em</strong>atic review of clinical signs and symptoms. Journal of Diabetes & Metabolic Disorders. 2016;15(11):1-12.


Otalgia e lombalgia.. Qual a relação?<br />

Lorina Pestana*, Catarina Matos Silva**<br />

*USF LoureSaudável, **USF Cruzeiro<br />

INTRODUÇÃO<br />

• A Nefrite Intersticial Aguda é uma causa comum de perda de função renal, secundária a inflamação e ed<strong>em</strong>a do interstício renal cuja apresentação<br />

clínica não é específica.<br />

C<br />

• Apresenta várias causas, sendo as mais comuns: iatrogenia, causas infecciosas e doenças auto-imunes, correspondendo a


QUE LUGAR TEM A SULODEXIDA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA VENOSA CRÓNICA<br />

CASO CLÍNICO<br />

Ana Lopes da Silva 1 ; Beatriz Meneses 1 ; Ana Sofia Matos 2<br />

1<br />

USF Cidade do Lis; 2 USF D. Diniz. Contacto: anaisab.ls@gmail.com<br />

Enquadramento<br />

A insuficiência venosa crónica (IVC) corresponde a uma anomalia do<br />

funcionamento do sist<strong>em</strong>a venoso por incompetência das válvulas que<br />

exist<strong>em</strong> nas veias e/ou obstrução venosa. Representa o tipo mais comum de<br />

ulceração dos m<strong>em</strong>bros inferiores (MI) na população adulta, atingindo cerca<br />

de 1% da população, com um prognóstico de não cicatrização de 20% aos 2<br />

anos, 8% aos 5 anos e uma recorrência anual de 6-15%. Exist<strong>em</strong> várias<br />

estratégias terapêuticas para tratar e orientar úlceras venosas, sendo que cada<br />

uma deverá ser ajustada às particularidades do doente, de forma a garantir<br />

uma abordag<strong>em</strong> holística e personalizada. Já a prevenção de recorrências é<br />

transversal a qualquer doente e inclui avaliações clínicas regulares, educação<br />

do doente, exercício e terapia de compressão ad eternum. Tratando-se de um<br />

probl<strong>em</strong>a de saúde pública capaz de afetar a qualidade de vida e com<br />

repercussões importantes a nível socioeconómico, tendo <strong>em</strong> conta que a<br />

doença e suas complicações pod<strong>em</strong> perpetuar a dor e a incapacidade, o caso<br />

apresentado assume particular interesse, uma vez que d<strong>em</strong>onstra a evidência<br />

da eficácia das propriedades antitrombóticas e fibrinolíticas da sulodexida no<br />

processo de cicatrização da úlcera, encurtando o t<strong>em</strong>po entre o seu<br />

aparecimento e cicatrização, b<strong>em</strong> como na redução do ed<strong>em</strong>a e da dor dos<br />

m<strong>em</strong>bros inferiores.<br />

Identificação<br />

Antecedentes Pessoais<br />

• HTA<br />

• Gonartrose<br />

• IVC (desde 2008)<br />

Descrição do caso<br />

•AG, ♀, 85 anos<br />

• Casada<br />

• Reformada<br />

• Independente nas AVDs<br />

Medicação habitual<br />

•Losartan<br />

• Alprazolam<br />

• Glucosamina<br />

Julho/2016 - feridas ulceradas <strong>em</strong> ambos os MI, acompanhadas de dor, cansaço e ed<strong>em</strong>a vespertino, que dificultavam a<br />

marcha. Presença de larvas nas lesões.<br />

EO: 2 úlceras extensas, com sinais inflamatórios francos, s<strong>em</strong> noção do t<strong>em</strong>po de evolução<br />

Inicia Antibioterapia + Cuidados de penso (apósitos adaptados às feridas) + Terapêutica compressiva<br />

Agosto/2016 – Mantém cuidados de<br />

penso + Terapêutica compressiva<br />

Set<strong>em</strong>bro/2016 – Inicia Sulodexida IM 3x/s<strong>em</strong>ana durante 15d Sulodexida oral 2id<br />

Mantém cuidados de penso + Terapêutica compressiva<br />

Após<br />

15 d<br />

EO: cicatrização das feridas, com aproximação<br />

dos bordos ulcerados e formação de tecido de<br />

granulação<br />

Discussão<br />

↓ DOR E EDEMA & ↑ QoL<br />

Este caso denuncia a prevalência de uma patologia com forte impacto na autonomia do doente e consequentes prejuízos da sua qualidade de<br />

vida. O tratamento das úlceras venosas deve ser s<strong>em</strong>pre personalizado, de forma a oferecer ao doente a terapêutica que mais se adequa ao seu<br />

caso, sendo frequent<strong>em</strong>ente complexo e moroso. O Médico de Família revela-se crucial na sua prevenção, promovendo a educação do doente ou<br />

do seu cuidador acerca dos cuidados a ter com a pele e a adoção de estratégias que minimiz<strong>em</strong> os danos causados pela IVC. A Sulodexida surge<br />

assim como um forte aliado no tratamento não apenas da IVC, mas também quando esta se encontra numa fase mais avançada já com<br />

fenómenos ulcerativos <strong>em</strong> curso.<br />

Referências bibliográficas: 1. Andreozzi GM. Sulodexide in the treatment of chronic venous disease. Am J Cardiovasc Drugs. 2012 April 1; 12(3): 73-81. 2. BMJ Best Practice: Insuficiência venosa crónica. 3. Capitão LM, Menezes JD, Gouveia-Oliveira A. Epid<strong>em</strong>iologia da<br />

Insuficiência venosa crónica <strong>em</strong> Portugal. Acta Med Port 1995; 8: 485-491. 4. Coccheri S, Mannello F. Development and use of sulodexide in vascular diseases: implications for treatment. Dove press jornal. 2013. 5. Elleuch N, et al. Sulodexide in patients with chronic venous<br />

disease of the lower limbs: Clinical efficacy and impacto n quality of life. Adv Ther. 2016. 6. Mestre T, Rodrigues A, Cardoso J. Cicatrização de feridas crónicas - algumas opções terapêuticas. Revista da Socied Port de Dermatologia e Venereologia 2012. 70(4).


Clínica<br />

Laboratório<br />

Diagnóstico<br />

SINDROME DE HIPER IgD – a propósito de um Caso Clínico<br />

Isa Garcia 1 , Sara Custódio Alves 2 , Catarina V. Oliveira 2 , Fernando Lacerda Nobre 2<br />

1<br />

IFE MGF4 - UCSP Figueira da Foz Urbana, 2 Serviço de Medicina II, HPP Cascais<br />

Enquadramento<br />

A síndrome de Hiper IgD (SHID) é uma doença rara caracterizada por episódios recorrentes de febre acompanhada de sintomas inflamatórios<br />

como adenomegalias, fadiga, cefaleias, mialgias e dor abdominal. Estes surtos duram alguns dias e os doentes recuperam espontaneamente. É<br />

uma febre periódica hereditária causada pela mutação do gene da mevalonato-quinase. Nestes doentes a IgD sérica está aumentada e o<br />

diagnóstico é feito através de testes genéticos.<br />

Descrição do Caso<br />

♀, 12.06.1965, caucasiana, divorciada, des<strong>em</strong>pregada<br />

Antecedentes Fisiológicos: Fumadora (24 UMA), s/outros hábitos toxicológicos, s/medicação<br />

habitual, desconhece alergias, G1P1 (eutócico)<br />

Antecedentes Patológicos:<br />

• Febre<br />

• Dor abdominal<br />

• Artralgias<br />

• internamentos<br />

Infância<br />

Adolescência<br />

• Quadro<br />

recorrente<br />

• DIP (18 anos)<br />

• Internamento<br />

• Febre<br />

• Linfadenopatias<br />

• Infeções de repetição<br />

(1/mês):<br />

• ap. respiratório<br />

• ap. genito-urinário<br />

Motivo da<br />

Consulta<br />

Abril 2012<br />

• Biópsias<br />

linfadenopatias:<br />

Infiltrado inflamatório<br />

inespecífico<br />

•HIV negativo<br />

•BK secreções -<br />

Julho-Set<strong>em</strong>bro<br />

• TC tórax:<br />

adenomegálias<br />

mediastínicas<br />

• BF e LBA: infiltrado<br />

PMN inespecífico. S<strong>em</strong><br />

agente isolado<br />

• ECA normal<br />

Nov<strong>em</strong>bro<br />

• Febre (~38.5ºC)<br />

• Dor abdominal<br />

• Esplenomegália<br />

• Artralgia tíbio-társica<br />

esqda<br />

• anorexia<br />

• IMC 21 18<br />

H<strong>em</strong>ograma; F. hepática, renal, tireoideia<br />

Patologia neoplásica, dça celíaca, outra patologia<br />

auto-imune, dça infecciosa<br />

PCR 5.19; VS 30; Ferritina ligeira/↑<br />

Ig G<br />

Ig A<br />

IgM<br />

IgD<br />

TAC abdominal<br />

Normais<br />

Excluídos<br />

↑<br />

1300 (750-1560 mg/dL)<br />

↑ (-453 mg/dL)<br />

162 (46-304 mg/dL)<br />

↑ UI/mL (N100UI/mL)<br />

seriado<br />

(↑ IgA)<br />

+<br />

Clínica<br />

Padrão periódico<br />

Idade de início<br />

- Dor abdominal: sintoma de<br />

surto.<br />

- Manifestações muco-cutâneas<br />

(80%)<br />

•erit<strong>em</strong>a maculopapular, petequial<br />

S<strong>em</strong> agente infeccioso isolado<br />

Infiltrados inflamatórios<br />

inespecíficos<br />

(↑ Amiloide sérico A)<br />

Teste Genético: mutação<br />

MVK (63)<br />

Taxa Mevalonato/<br />

Creat U ~controverso<br />

Bibliografia: Dan L. Longo, Anthony S. Fauci, Dennis L. Kasper et al: Harrison's Principles of Internal Medicine: 18th Edition, 2011 |Drenth JPH, Van der Meer JW: Hereditary Periodic Fever. N Eng J Med<br />

2001; 345 (24): 1748-1757 | Meer JW, Vossen JM, Radl J et al: Hyperimmunoglobulina<strong>em</strong>ia D and periodic fever: a new syndrome. Lancet 1984 | http://www.autoinflammatie.nl/ENG/


EDEMA UNILATERAL DO MEMBRO INFERIOR:<br />

UM DESAFIO DIAGNÓSTICO<br />

Sophie Sousa 1 ,Telma Lopes 1 ,Susana Paiva 2<br />

1. Internas de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar - USF Oceanos, ULS Matosinhos<br />

2. Assistente de Medicina Geral e Familiar – USF Oceanos, ULS Matosinhos<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O ed<strong>em</strong>a do m<strong>em</strong>bro inferior (MI) é frequente nos cuidados de saúde primários (CSP), traduzindo, na maioria dos casos, uma insuficiência<br />

venosa. Pode ocorrer também no contexto de trombose venosa profunda ou de linfed<strong>em</strong>a. Nos países desenvolvidos, a principal causa de<br />

linfed<strong>em</strong>a é de natureza maligna, nomeadamente o carcinoma da próstata no hom<strong>em</strong>, e o linfoma e as neoplasias pélvicas na mulher.<br />

O linfed<strong>em</strong>a unilateral crónico do MI como manifestação do linfoma não-Hodgkin é raro. Ocorre principalmente no género f<strong>em</strong>inino, associado<br />

a linfoadenopatia inguinal ou massa abdominal e na ausência de sintomas B. 1,2<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

IDENTIFICAÇÃO<br />

• Género f<strong>em</strong>inino, 66 anos<br />

• Raça caucasiana<br />

• Casada<br />

• Reformada<br />

• Família nuclear, fase VIII do Ciclo de Duvall<br />

• Classe III da Classificação Socioeconómica de Graffar<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS<br />

• Sarcoma do útero de baixo grau de malignidade<br />

<strong>em</strong> 1998, com recidiva <strong>em</strong> 2004<br />

• Bócio multinodular<br />

• Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

• Insuficiência venosa dos m<strong>em</strong>bros inferiores<br />

• Excesso de peso (IMC: 28.3 Kg/m 2 )<br />

MEDICAÇÃO HABITUAL<br />

• Sinvastatina 20 mg/dia<br />

• Diosmina 450 mg/dia<br />

CONSULTA ABERTA – 26/07/2016<br />

CONSULTA ABERTA – 12/09/2016<br />

S<br />

Agravamento de padrão habitual de ed<strong>em</strong>a do MIE, com cerca de 2<br />

meses de evolução.<br />

S<br />

Manutenção de ed<strong>em</strong>a do MIE, s<strong>em</strong> melhoria com a terapêutica<br />

instituída.<br />

Nega história de trauma, sinais inflamatórios locais, sinais<br />

neurológicos focais ou sintomatologia sistémica.<br />

Tumefação não dolorosa na coxa esquerda, com 3 s<strong>em</strong>anas de<br />

evolução, e de crescimento progressivo.<br />

O<br />

Bom estado geral.<br />

Sinais de insuficiência venosa na perna esquerda.<br />

Ed<strong>em</strong>a unilateral do MIE até à raíz da coxa, s<strong>em</strong> godet e s<strong>em</strong> sinais<br />

inflamatórios.<br />

O<br />

Nega sintomatologia sistémica.<br />

Bom estado geral.<br />

Ed<strong>em</strong>a unilateral do MIE até à raíz da coxa, com zona de rubor,<br />

calor e ed<strong>em</strong>a na face ântero-medial do terço superior da coxa<br />

esquerda.<br />

A<br />

VEIAS VARICOSAS DA PERNA + TORNOZELOS INCHADOS/EDEMA<br />

Abdómen: massa com cerca de 2 cm de maior diâmetro, dura, não<br />

móvel e não dolorosa à palpação, na fossa ilíaca esquerda.<br />

P<br />

Manutenção de medidas de drenag<strong>em</strong> postural, meias de<br />

compressão elástica e terapêutica com venotrópico.<br />

A<br />

FLEBITE/TROMBOFLEBITE + MASSA ABDOMINAL NE<br />

Inicia furos<strong>em</strong>ida 40 mg/dia.<br />

Explicados sinais que dev<strong>em</strong> motivar nova observação.<br />

P<br />

Referenciação da utente ao serviço de urgência para observação.<br />

Legenda. MIE – M<strong>em</strong>bro Inferior Esquerdo<br />

Ecodoppler venoso do MIE (12/09/16)<br />

CUIDADOS DE SAÚDE SECUNDÁRIOS<br />

Trombose venosa profunda na região inguinal esquerda, a nível da veia f<strong>em</strong>oral comum,(…) formação ovóide na região anexial<br />

esquerda, medindo 53 mm x 28 mm, com algumas calcificações, que poderá corresponder a uma adenomegalia, <strong>em</strong>bora outros<br />

diagnósticos não possam ser excluídos.<br />

TAC toraco-abdomino-pélvica (31/10/16)<br />

…Conglomerado adenopático lateroaórtico à esquerda, que se prolonga ao longo da cadeia ilíaca primitiva esquerda, hipogástrica e ilíaca<br />

externa homolateral, inclusivé região inguinal esquerda, medindo na região inguinal, 76 x 42mm (…). sendo este conglomerado, todo um<br />

contínuo de tecido linfóide, desde o plano inferior dos hilos renais até à região inguinal.<br />

Relatório Anátomo-Patológico (30/11/16)<br />

Achados histológicos e imunohistoquímicos de linfoma não Hodgkin de células B de tipo células de manto<br />

Discussão<br />

O ed<strong>em</strong>a unilateral do MI pode constituir um desafio diagnóstico nos CSP, sendo escassos os relatos de caso e as guidelines diagnósticas acerca desta<br />

t<strong>em</strong>ática. A insuficiência venosa constitui uma causa comum de um quadro crónico de ed<strong>em</strong>a do MI, sendo o linfed<strong>em</strong>a responsável apenas por uma<br />

minoria dos casos. De facto, o ed<strong>em</strong>a crónico do MI pode constituir uma manifestação atípica de uma neoplasia, nomeadamente de um linfoma não-<br />

Hodgkin. Assim sendo, esta patologia deverá ser considerada no diagnóstico diferencial do ed<strong>em</strong>a unilateral crónico do MI, mesmo na ausência de sinais<br />

e sintomas sistémicos. Um exame objetivo minucioso, com a deteção de linfoadenopatias inguinais ou massas abdominais, a ausência de sintomas B, e a<br />

ausência de resposta à terapêutica, pod<strong>em</strong> constituir a chave para o diagnóstico precoce desta entidade. 2<br />

Referências Bibliográficas<br />

1. Bolognesi M, Bolognesi D, Unusual Presentation Of Non-Hodgkin’s B-Cell Lymphoma with Unilateral Right Limb Lymphed<strong>em</strong>a, Case Reports in Clinical Medicine, 2014, 3, 577-582<br />

2. Elgendy IY, C Lo M, Unilateral lower extr<strong>em</strong>ety swelling as a rare presentation of non-Hodgkin’s lymphoma, BMJ Case Rep 2014


Nunes B., interno de formação especifica de <strong>medicina</strong> geral e familiar<br />

, 70 A, antecedentes de febre reumática submetida a<br />

valvuloplastia mitral <strong>em</strong> 1977 por insuficiência mitral severa.<br />

Dados Pessoais<br />

♀, 70 A<br />

Naturalidade: Quiaios;<br />

Residente: Tavarede;<br />

Ex- <strong>em</strong>igrante Lux<strong>em</strong>burgo<br />

(1970-1983);<br />

Escolaridade: 1º Ciclo;<br />

Estado Civil: Casada;<br />

Act. Profissional:<br />

Reformada;<br />

Hist. Profissional:<br />

Costureira;<br />

S<strong>em</strong> hábitos de consumo;<br />

S<strong>em</strong> alergias;<br />

Sedentária;<br />

Lista Probl<strong>em</strong>as Activos<br />

K77 - Insuficiência cardíaca<br />

K80 - Arritmia cardíaca<br />

(Pac<strong>em</strong>aker VVIR)<br />

K83 - Doença valvular cardíaca<br />

(Prótese mecânica mitral)<br />

K96 - H<strong>em</strong>orróidas<br />

L92 - Síndrome ombro doloroso<br />

R95 - Doença pulmonar<br />

obstrutiva crónica<br />

T81 - Bócio<br />

T86 - Hipotiroidismo/mixed<strong>em</strong>a<br />

Antecedentes Patológicos<br />

Ano<br />

Febre reumática 1961<br />

Laqueação de trompas 1976<br />

Valvuloplastia mitral 1977<br />

Colecistectomia 2006<br />

História Familiar<br />

Tipo de família: Nuclear<br />

Fase do ciclo: VIII<br />

Família altamente funcional<br />

Relação excelente com filhos<br />

e marido<br />

Genograma<br />

Circulo de Thrower<br />

A utente d<strong>em</strong>onstrou-se satisfeita com a<br />

representação feita, afirmando que quando precisa<br />

de ajuda sente-se à vontade para falar com o<br />

marido, filha ou melhor amiga.<br />

Os círculos mais próximo representam o marido,<br />

a filha, os netos, o genro e a melhor amiga.<br />

Entrevista clínica efectuada e autorizada pela utente a 19 Dez<strong>em</strong>bro de 2016.<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

Medicação habitual: Aminofilina 225mg id; Bisoprolol 2,5mg id; Budesonida/Formoterol 160µg + 4,5µg; Candersartan 8mg id; Digoxina 0,25mg id; Espironolactona 25mg<br />

½/dia; Furos<strong>em</strong>ida 40mg id; Furos<strong>em</strong>ida 20mg id; Varfarina 5mg id;<br />

12 de Maio de 2016 23 de Maio de 2016 9 de Junho de 2016 21 de Junho de 2016<br />

Carta de Dermatologista solicitando<br />

exames auxiliares de diagnóstico por<br />

alopécia areata.<br />

Utente sintomática desde 1986,<br />

referindo agravamento desde o inicio de<br />

2016. S<strong>em</strong> outras queixas.<br />

Cabelo quebradiço com várias zonas de<br />

pelada dispersas no couro cabeludo s<strong>em</strong><br />

cotos visíveis.<br />

S23 - Queda de cabelo / calvície<br />

(Alopécia areata)<br />

Mantém terapêutica prescrita por<br />

dermatologista (finasterida 5mg id e<br />

minoxidil solução cutânea).<br />

Solicitado EADs.<br />

V<strong>em</strong> mostrar resultados EAD’s<br />

referindo artralgias bilaterais, de<br />

características inflamatórias <strong>em</strong> ambos os<br />

cotovelos e ombros.<br />

EAD revelaram velocidade de<br />

sedimentação elevada (66).<br />

S<strong>em</strong> alterações nos exame<br />

osteoarticular dos ombros e cotovelos.<br />

S23 - Queda de cabelo / calvície<br />

(Alopécia areata)<br />

L92 - Síndrome do ombro doloroso<br />

Solicitado perfil reumatológico.<br />

Consulta não presencial<br />

Resultado de perfil reumatológico.<br />

ANA + 1/160<br />

FR Normal<br />

ANCA +<br />

A91 - Investigação com resultados<br />

anormais<br />

Utente vai agendar consulta com<br />

reumatologista no privado.<br />

Consulta não presencial<br />

Carta de reumatologista que exclui doença<br />

reumatológica e faz diagnóstico de alopécia por<br />

efeito adverso de anticoagulação oral.<br />

A85 - Efeitos secundários de um fármaco<br />

S23 - Queda de cabelo / calvície<br />

Suspende medicação prescrita por<br />

dermatologista.<br />

Discutido telefonicamente, sobre<br />

importância de manter ACO (após contacto<br />

telefonicamente com cardiologista) e sugerido<br />

cabeleira postiça, que utente adere.<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

A alopécia pode estar associada a fármacos, nomeadamente a anticoagulantes como a varfarina e a<br />

heparina. À luz da ciência actual ainda não está explicito quais os mecanismos que promov<strong>em</strong> a alopecia com o<br />

uso de anticoagulantes. Relativamente aos novos anticoagulantes ainda será necessário maior experiência<br />

clínica para perceber uma potencial relação com a queda de cabelo, contudo já se encontram descritos casos<br />

que relacionam o uso de novos anticoagulantes orais com a alopécia, levantando a hipótese que estes não<br />

serão alternativa a este efeito adverso. No âmbito dos cuidados de saúde primário é importante estar atento a<br />

este potencial efeito adverso gerador de sofrimento e quebra de auto estima dos utentes.<br />

Bibliografia: Watras MM, Patel JP, Arya R. Traditional Anticoagulants and Hair Loss: A Role for Direct Oral Anticoagulants? A Review of the Literature. Drugs Real World Outcomes. 2016 Mar;3(1):1-6. PubMed<br />

PMID: 27747798; Chrétien B, Besnard A, Sassier M, Le Hello C, Coquerel A, Alexandre J, Fedrizzi S. Rivaroxaban-induced hair loss. Eur J Clin Pharmacol. 2015 Nov;71(11):1413-4. doi: 10.1007/s00228-015-1927-7.<br />

Epub 2015 Aug 25. PubMed PMID: 26300206; Ahanogbe I, Gavino AC. Evaluation and Manag<strong>em</strong>ent of the Hair Loss Patient in the Primary Care Setting. Prim Care. 2015 Dec;42(4):569-89. doi:<br />

10.1016/j.pop.2015.07.005. Epub 2015 Oct 14. Review. PubMed PMID: 26612373.


Enquadramento<br />

Descrição do caso<br />

AMENORREIA: “SERÁ STRESS DOUTORA?”- A<br />

PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Negrões S. 1 ; Soares C. 2 ;<br />

1<br />

USF Sobreda – ACES Almada/Seixal; 2 USF Torrão – ACES Tâmega III;<br />

saranegroes@gmail.com<br />

A síndrome de Cushing (SC) é uma entidade endócrina pouco frequente, caracterizada por um aumento prolongado e inapropriado dos<br />

níveis de cortisol sérico associado a uma falha do mecanismo de feedback do eixo hipotálamo-hipófise e do ritmo circadiano da secreção<br />

do cortisol. Pode ocorrer <strong>em</strong> qualquer idade e é mais prevalente no sexo f<strong>em</strong>inino. Apesar da corticoterapia ser uma causa frequente de<br />

SC, a causa endógena é ACTH-dependente <strong>em</strong> 80% dos casos e ACTH-independente <strong>em</strong> 20%. Neste último, há uma produção autónoma<br />

de cortisol pela glândula suprarenal, podendo ser devida a presença de adenoma, carcinoma ou a distúrbios genéticos da própria glândula.<br />

♀ 39 anos;<br />

AP: Fumadora, Pré-eclâmpsia, AVC isquémico de etiologia não esclarecida, HTA, Dislipid<strong>em</strong>ia, Insuficiência venosa periférica.<br />

Medicação Habitual: Lisinopril 20 id; Atorvastatina 20 id.<br />

USF<br />

Agosto 2014<br />

Oligomenorreia, com ciclos irregulares<br />

desde há 2 meses.<br />

DUM:21/06/2014<br />

DIU cobre (2008)<br />

P: Ponderar retirar DIU; Doseamento<br />

de FSH, LH, Estradiol; Ecografia<br />

ginecológica.<br />

USF<br />

Janeiro 2015<br />

Amenorreia<br />

Análises: Estradiol 34.8 , FSH 3.8 e LH<br />

2.6<br />

Eco Ginecológica: “…identifica-se<br />

pequenas formações quísticas no<br />

endocolo <strong>em</strong> relação provável com<br />

quistos retenção . DIU b<strong>em</strong><br />

posicionado…”<br />

P: Retirar DIU.<br />

USF<br />

Abril 2015<br />

Dor e ed<strong>em</strong>as MI’s<br />

Noção de aumento do perimetro<br />

abdominal e ed<strong>em</strong>a da face.<br />

EO: Pletora facial, equimoses e<br />

miopatia proximal, obesidade<br />

centrípeta, ed<strong>em</strong>a facial e dos MI’s.<br />

P: Analises hormonais + doppler venoso<br />

+ eco abdominal<br />

USF<br />

Maio 2015<br />

C. Endocrinologia<br />

Julho 2015<br />

Estudo analítico:<br />

CORTISOL, S : 25.2(>)<br />

ACTH, S :


USF Terra Viva, Joana Medeiros Leal joanaimleal@hotmail.com, Patrícia Marques, Ana Patrícia Cabaça<br />

Introdução<br />

As perturbações alimentares são distúrbios da saúde mental que prejudicam a saúde física, desenvolvimento,<br />

cognição e funções psicossociais, podendo passar despercebidas durante meses ou anos. A anorexia nervosa, fatal <strong>em</strong> 10 a<br />

20% dos casos, é uma condição <strong>em</strong> que o peso corporal anormalmente baixo está associado a um medo intenso de ganhar<br />

peso e a cognições distorcidas <strong>em</strong> relação ao peso, forma e desejo de <strong>em</strong>agrecer.<br />

Em Portugal, a prevalência varia entre 0,3% a 0,4%, ocorrendo 90% no género f<strong>em</strong>inino e <strong>em</strong> apenas 10% dos casos no<br />

sexo masculino o que retrata a singularidade deste caso.<br />

Caso Clínico<br />

• A.O., ♂, 12 anos.<br />

• Antecedentes pessoais de rinite alérgica e asma<br />

brônquica.<br />

• Antecedentes familiares:<br />

• Irmã seguida <strong>em</strong> consulta de nutrição – excesso<br />

de peso.<br />

• Pai seguido <strong>em</strong> consulta de psicologia –<br />

perturbação ansiosa.<br />

• Família classe I de graffar, estadio V de Duvall, <strong>em</strong> que<br />

a irmã é sobrevalorizada e o pai é visto como um ídolo.<br />

• Genograma:<br />

Após preocupação manifestada pela mãe, é marcada<br />

consulta com a médica de família, onde aparenta aspeto<br />

ainda mais <strong>em</strong>agrecido que o habitual, uma vez que<br />

apresentava s<strong>em</strong>pre um IMC abaixo do percentil 50, e<br />

constata-se então um IMC de 12.39, verificando-se perda<br />

ponderal de 6kg <strong>em</strong> 6 meses.. Há cerca de 2 meses recusa<br />

comer hidratos de carbono e incentiva a realização de<br />

caminhadas familiares. A mãe revela que houve aumento do<br />

rendimento escolar e que no histórico de pesquisas na<br />

internet encontrou sites que discriminam as calorias dos<br />

alimentos. Nega vómito provocado.<br />

Foi referenciado para consulta de pedopsiquiatria do HSM.<br />

É seguido por uma equipa multidisciplinar(pedopsiquiatra,<br />

nutricionista, psicólogo e endocrinologista) e t<strong>em</strong> consultas<br />

regulares com a médica de família.<br />

Discussão/Conclusão<br />

Este caso retrata uma patologia pouco frequente,<br />

que ainda se torna mais rara quando diz respeito ao<br />

sexo masculino. É uma patologia desafiante, pois<br />

facilmente pode passar despercebida quer à família,<br />

quer até mesmo ao médico de família. Nesta doença,<br />

pod<strong>em</strong> ser pequenos pormenores que alertam para o<br />

diagnóstico. O acompanhamento por uma equipa<br />

multidisciplinar não pode ser desvalorizado, pois é<br />

fundamental para a resolução destes casos.<br />

O médico de família t<strong>em</strong> um papel fulcral não só no<br />

acompanhamento do doente, como de toda a família pois é<br />

uma patologia que interfere com toda a dinâmica familiar .<br />

Bibliografia Wittchen HU,.Jacobi F. Size and burden of mental disorders in Europe — a criticalreview and appraisal of 27 studies. Eur Neuropsychopharmacol, 2005;15:357–376; Family<br />

Assessment in the Treatment of Anorexia and Bulimia Nervosa, Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 184-187, 2004. Kathleen Kara Fitzpatrick and James Lock, Clinical evidence, Anorexia 2004. M.<br />

Fernandes, Eating disorders in adolescents: diagnosis and treatment, 2007.


Enquadramento<br />

A hipoglicémia pós prandial é uma entidade, erroneamente, reconhecida como doença que frequent<strong>em</strong>ente afeta os doentes. Doentes que surg<strong>em</strong><br />

nas Consulta de MGF com quadro de tr<strong>em</strong>ores, sudorese, palpitações são, frequent<strong>em</strong>ente, mal interpretados pelo médico de Medicina Geral e<br />

Familiar ( MGF) e integrados <strong>em</strong> distúrbios alimentares, ansiedade, “queda de tensão” ou mesmo síndrome do colon irritável.<br />

Descrição do Caso<br />

Utente 41 anos, sexo f<strong>em</strong>inino, raça caucasiana, casada e cabeleireira<br />

Antecedentes familiares<br />

Avô materno falecido com Neoplasia da Próstata ; Avó materna e Tia<br />

materna falecidas com Neoplasia da Mama; Tia Paterna falecida com<br />

Carcinomatose Peritoneal ; Avô paterno falecido com Diabetes ;Tios<br />

maternos falecidos com Diabetes<br />

Antecedentes Pessoais<br />

Cirurgia ORL<br />

Avaliação Familiar<br />

Família Nuclear<br />

Fase IV do Ciclo de Duvall<br />

Graffar III<br />

Motivo da Consulta de MGF (11/12/15)<br />

Sudorese profusa - Tonturas - Perda de Peso (10kg <strong>em</strong> 3 meses)<br />

Exame Objectivo: Razoável estado geral e de nutrição. Pele e Mucosas coradas e hidratadas. Pele anictérica.<br />

Apirética . TA - 117/ 68 mmHg; Altura- 1,63; Peso – 62 kg IMC – 23,3<br />

ACP - Normal ; Abd - Plano, móvel, depressível , indolor à palpação. S<strong>em</strong> organomegálias ou massas.<br />

M<strong>em</strong>bros superiores - Extr<strong>em</strong>idades frias<br />

Análises (16/12/15) - PTGO 0’—74 g/dl; 2H – 28 g/dl ! ; Função tiroideia –normal<br />

RX Tórax (6/1/16) - normal ; Ecografia abdominal – calcificação com 5 mm no lobo esquerdo hepático<br />

Análises (10/2/16) - Insulina 3,3 ; Péptido C – 0,88 PTGO 0’—76 g/dl; 2H – 55 g/ dl<br />

Consulta Externa de Medicina Interna (Hospital Fernando Fonseca)-15/4/16<br />

Análises (15/4/16) - H<strong>em</strong>ograma-N ; PCR -0,68 Função Hepática-N; APTT-23,5 ;TP-10,5 ; Cálcio Total- 8,5; P -3,8<br />

CK- 118 ; Albumina -N ; PTGO -0’ 85; 2h-78; Ionograma N; Ac Anti Insulina- 1.0 ;Função Tiroideia – N<br />

Internamento no Serviço II A de Medicina Interna (Hospital Fernando Fonseca) -11/7/16 a 13/7/16<br />

Análises (11/7/16 )- Insulina 3,28 : Péptido C -0,32 PTGO -0’ 72; 2h-44 ; Mg-2,1 ; IGF-I - 244,8, curva de cortisol N<br />

ug<br />

150<br />

Prova de Jejum Prolongado 72h)<br />

100<br />

50<br />

0<br />

52<br />

0h 4h 8h 12h 16h 20h 24h<br />

glic<strong>em</strong>ia<br />

insulina<br />

T<strong>em</strong>po (horas)<br />

Ecografia Abdominal<br />

RMN Abdominal-Pâncreas<br />

Consulta de MGF (24/11/16)<br />

Análises (21/12/16) - hidroxibutirato sérico –negativo<br />

Diagnóstico Definitivo: Hipoglicémia Pós Prandial Idiopática !<br />

Discussão<br />

A hipoglic<strong>em</strong>ia pós prandial é de facto de difícil diagnóstico, representado um desafio <strong>em</strong> Cuidados de Saúde Primários (CSP). Os médicos dev<strong>em</strong><br />

estar alerta para os seus sintomas, comuns a várias doenças. Estes são neuroglicopénicos e/ou autonómicos. Os primeiros inclu<strong>em</strong> a fraqueza,<br />

confusão mental, tonturas e astenia; nos últimos, estão a fome, sudorese, palpitações, ansiedade, tr<strong>em</strong>ores e parestesias. Exist<strong>em</strong> várias causas<br />

(congénita, idiopática, autoimune, hormonal, factícia e cirurgia /pós by pass gástrico) Para o diagnóstico e determinação da causa é necessário:<br />

•Tríade de Whipple - sinais e sintomas consistentes com hipoglicémia, concentração de glicose plasmática baixa e resolução da síndrome com o<br />

aumento da glicose plasmática após administração.<br />

•Doseamento sérico de hidroxibutirato, insulina, péptido C, marcadores autoimunes (ac anti insulina, ac anti-ilheus pancreáticos, ac antireceptores<br />

insulina /glucagon) glucagon sérico, cortisol sérico, GH e função tiroideia; Teste de Jejum Prolongado (para exclusão de hipoglicémia de Jejum)<br />

e / ou Teste de Refeição Mista.<br />

Após esta abordag<strong>em</strong>, é habitualmente feito o diagnóstico definitivo com confirmação da causa. No caso relatado, não foi possível determinar a<br />

causa, pelo que se considerou Hipoglicémia Pós- Prandial Idiopática (HPPI). Os médicos de MGF dev<strong>em</strong> estar, pois, sensibilizados para a<br />

necessidade da determinação da causa, para que haja melhoria dos cuidados prestados e adequada articulação com os Cuidados de Saúde<br />

Secundários (CSS) .<br />

Bibliografia<br />

1-Service FJ, Natt N, Thompson GB, et al. Noninsulinoma pacreatogenous hypoglyc<strong>em</strong>ia: a novel syndrome of hyperinsulin<strong>em</strong>ic hypoglic<strong>em</strong>ia in adults independent of mutations in Kir 6.2 and SUR1 genes.<br />

J Clin Endocrinol Metab 1999, 84: 1582. 2-Marinho L, Neves C, Doença de Addison-Caso Clinico. Medicina Interna,2002; 9:25. 3-Laidlaw GF.Nesidroblastoma, the islet tumor of the pancreas.Amj Surg<br />

Pathol, 2005; 29:54 .4 -Lupsa BC. Chong AY, Cochcran EK, et al.. Autoimmune forms of Hyploglic<strong>em</strong>ia. Medicine (Baltimore)2009; 88:141


Bibliografia: Lopes Leonor et al. Sífilis: Prevalência num hospital de Lisboa. Acta Med.Port 2016 Jan;29 (1): 52-55| M. Janier, et al. 2014 European guideline on the manag<strong>em</strong>ent of syphilis. 2014<br />

European Acad<strong>em</strong>y of Dermatology and Venereology.|Cleinman, Isabella. May, Silvia. Directrizes de atendimento de sífilis <strong>em</strong> adulto. Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital<br />

Universitário Cl<strong>em</strong>entino Fraga Filho – Universidade Federal do Rio de Janeiro.<br />

Nídia Cristele Nunes (1) , David Rodrigues (1) , Hugo Salgueiro (1) , Joana Fernandes (1) , Joana Pereira (1) ,<br />

Susana Grilo Lourenço (1) , Nuno Páscoa (1)<br />

(1)<br />

Internos de Medicina Geral e Familiar. USF Planície – CS Évora<br />

E-mail de contacto: nidiacristele@gmail.com<br />

ENQUADRAMENTO<br />

• Doença sexualmente transmitida, causada pela<br />

espiroqueta Trepon<strong>em</strong>a Pallidum.<br />

• Período de incubação de 9 a 90 dias (média de<br />

2-4 s<strong>em</strong>anas).<br />

• Principal forma de transmissão sexual – 50%<br />

probabilidade de transmissão a partir de um<br />

indivíduo <strong>em</strong> fase contagiosa com acidente<br />

sifilítico.<br />

Forma<br />

clínica<br />

Sífilis<br />

primária<br />

Sífilis<br />

secundária<br />

Sífilis<br />

latente<br />

precoce/<br />

latente<br />

tardia<br />

Sífilis<br />

terciária<br />

Características<br />

- Úlcera dura na região ano-genital,<br />

linfadenopatia local<br />

- Teste serológico reactivo<br />

- Lesões mucocutâneas não vesiculares,<br />

sintomas generalizados<br />

- Testes serológicos reactivos<br />

- 1 ano após infecção primária<br />

- Testes serológicos reactivos<br />

- Sífilis cardiovascular<br />

- Goma sifilítica<br />

- Neurosífilis<br />

CASO CLÍNICO<br />

• Sexo masculino, 28 anos<br />

• Etnia cigana<br />

• Família Nuclear, Fase VII do Ciclo de Vida de Duvall<br />

• AP: HPV anal, amigdalites de repetição medicadas mas s<strong>em</strong><br />

resolução, observado <strong>em</strong> ORL s<strong>em</strong> diagnóstico esclarecedor<br />

• Hábitos tabágicos<br />

09 de Nov<strong>em</strong>bro de 2016 – Consulta Aberta<br />

• Sintomatologia compatível com amigdalite aguda e lesões<br />

papulares no pénis;<br />

• Medicado com azitromicina 5 dias, aciclovir 200mg - 5 dias e<br />

terbinafina 250mg – 28 dias.<br />

15 de Nov<strong>em</strong>bro de 2016<br />

• Queixas de cefaleia que impediam o sono, febre e odinofagia<br />

• E.O: exant<strong>em</strong>a maculopapular não pruriginoso, atingindo couro<br />

cabeludo e palmas das mãos, limitação da elevação dos m<strong>em</strong>bros<br />

inferiores <strong>em</strong> decúbito dorsal, dor na nuca com a flexão cervical.<br />

Serviço de Urgência<br />

• MCD: alterações da função hepática; RPR positivo; punção<br />

lombar: liquor ligeiramente turvo, aumento das proteínas e<br />

incontáveis eritrócitos; TCE s<strong>em</strong> alterações.<br />

• Dermatologia admitiu lesões penianas ser<strong>em</strong> cicatriciais de<br />

cancro de sífilis primária.<br />

Testes<br />

Serológicos<br />

Não treponémicos<br />

• VDRL<br />

• RPR<br />

Treponémicos<br />

• TPHA<br />

• FTA- abs<br />

• EIA<br />

• CIA<br />

Hipóteses diagnósticas<br />

• Sífilis Secundária/Lactente<br />

• Iatrogenia a terbinafina<br />

‣ Medicado com Penicilina Benzatinica 2.4MU 1X/s<strong>em</strong>ana - 2<br />

s<strong>em</strong>anas consecutivas.<br />

Feita pela médica de família a notificação obrigatória da doença.<br />

Tratamento 1ª<br />

Linha<br />

Penicilina Benzatínica<br />

CONCLUSÃO<br />

• A Sífilis é um probl<strong>em</strong>a de saúde pública pelo aumento da sua incidência na Europa.<br />

• Apesar do tratamento ser simples, é essencial haver um bom conhecimento da sua evolução e é crucial a relação médicodoente<br />

para que haja confiança suficiente para o próprio utente abordar os seus sintomas e alterações físicas.


- BULLYING -<br />

UM PROBLEMA REAL EM MEDICINA GERAL E FAMILIAR<br />

Lara Tomás, Inês Figueiredo, Fátima Cordeiro<br />

USF Lusitana – ACES Dão Lafões<br />

Enquadramento<br />

O Bullying, enquanto abuso sist<strong>em</strong>ático de poder, caracterizado por agressão psicológica ou física com a intenção de<br />

causar distress noutra pessoa, t<strong>em</strong> sido considerado com um fator de risco major para doença mental e alterações do<br />

desenvolvimento psicossocial. Em Portugal, estudos d<strong>em</strong>onstram que 23.5% dos alunos entre os 10 e os 18 anos já se<br />

envolveram <strong>em</strong> comportamentos de bullying.<br />

Caso clínico<br />

Identificação<br />

• A.C. 15 anos<br />

• Sexo f<strong>em</strong>inino<br />

• Frequenta 10º Ano<br />

Antecedentes<br />

Avaliação familiar<br />

• Familia nuclear<br />

• Duval fase V<br />

• APGAR familiar 8<br />

PT, 38 anos<br />

Hipotiroidismo<br />

65 anos<br />

Hipertensão<br />

Diabetes<br />

Hipotiroidismo<br />

2001<br />

RT, 40 anos<br />

Camionista<br />

TM, 36 anos<br />

ansiedade<br />

Óbito aos 67<br />

anos por<br />

AVC<br />

RG, 33 anos<br />

saudável<br />

Esqu<strong>em</strong>a 1 - Genograma familiar<br />

Legenda:<br />

Mulher<br />

Hom<strong>em</strong><br />

Psicofigura de mitchell:<br />

Agregado Familiar<br />

• Escoliose<br />

• Psoríase<br />

• ansiedade<br />

AC 15 anos<br />

PC 18 meses<br />

saudável<br />

RG, 10 anos<br />

saudável<br />

Boa relação<br />

Consulta aguda no médico de família – v<strong>em</strong> acompanhada pela mãe<br />

S<br />

O<br />

P01 - SENSAÇÃO DE ANSIEDADE / NERVOSISMO / TENSÃO relacionado com a ida à escola<br />

P03 - SENSAÇÃO DE DEPRESSÃO "quero desaparecer deste mundo pq os colegas da<br />

escola faze pouco de i...; " os colegas da turma faz<strong>em</strong>-e topeça e cai .; pensei<br />

<strong>em</strong> matar-e co ua faca; estou sepe soziha, ão teho aigos sic<br />

P06 - PERTURBAÇÃO DO SONO; T08 - PERDA DE PESO, N01 – CEFALEIA,<br />

Refere também<br />

Exame físico: Fácies triste, aspeto pouco cuidado, choro fácil, <strong>em</strong>agrecida.<br />

IMC 18.9, restante exame físico s<strong>em</strong> alterações<br />

Exame mental: humor depressivo, desinteresse, isolamento social, ideação suicida.<br />

H (Casa) – nega probl<strong>em</strong>as<br />

E (escola)- ão teho aigos; goza coigo; isucesso escola…<br />

A (alimentação) – ão teho apetite<br />

A (actividades) – Não e iteesso po ada…<br />

D (drogas e cosumos) – não consome<br />

S (sexualidade) – há u apaz ue gosta de i…ão ueo ada<br />

co ele…ele goza coigo<br />

S (depressão e suicído) – ueo desapaece<br />

A P76 - PERTURBAÇÃO DEPRESSIVA, com ideação suicida<br />

P Referenciação para o serviço de urgência (SU) de pediatria por risco de suicidio<br />

SU de pediatria<br />

Internamento <strong>em</strong> Pedopsiquiatria<br />

No internamento, iniciou Sertralina 50 mg, e risperidona 1mg, com evolução favorável. iniciou<br />

acompanhamento com equipa de pedopsiquiatria e psicologia<br />

Escola<br />

• Prevenir a intimidação<br />

• Evitar retaliações<br />

• Acompanhamento<br />

pedagógico<br />

Acompanhamento médico<br />

Seguimento <strong>em</strong>:<br />

• Pedopsiquiatria<br />

• Psicologia<br />

Medico de Família<br />

• Acompanhamento<br />

• Alerta<br />

• Avaliação familiar<br />

• prevenção<br />

Atualmente, segundo a adolescente, sente-se melhor e o bullying parou.<br />

Discussão<br />

Crianças e adolescentes que sofr<strong>em</strong> de bullying têm o dobro da probabilidade de manifestar sintomas somáticos como<br />

cefaleias, dor abdominal e patologia do sono. Estes jovens apresentam também um elevado risco de doença mental como<br />

depressão, lesões auto infligidas, perturbações de comportamento alimentar e suicídio. Os efeitos negativos persist<strong>em</strong> na<br />

idade adulta com repercussões socioeconómicas e psicológicas. O médico de família t<strong>em</strong> um papel importante de<br />

rastrear e detetar estas situações, aproveitando para promover a saúde mental e prevenir consequências a longo prazo.<br />

1 - Norma DGS 010/2013 - 31/05/2013 - Plano Nacional de Saúde Infantil e Juvenil; 2 - Scott EJ, Dale J - Childhood bullying: implications for general practice Br J Gen Pract. 2016 Oct;66(651):504-5. doi: 10.3399/bjgp16X687145; 3 -<br />

Klomek AB et al - Childhood bullying behaviors as a risk for suicide att<strong>em</strong>pts and completed suicides: a population-based birth cohort study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2009 Mar;48(3):254-61.; 4- J Dale, R Russell, D Wolke -<br />

Intervening in primary care against childhood bullying: an increasingly pressing public health need Journal of the Royal Society of Medicine 2014, vol 107(6);


Endometriose umbilical?<br />

Leonor Lucas, Ana R. Pinto , Ana Isabel Ferreira<br />

Internas de Medicina Geral e Familiar - USF Conde Saúde, ACeS da Arrábida<br />

Interna de Radiologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte<br />

• Dados: C. M. 35 anos, sexo f<strong>em</strong>inino, portuguesa, IMC 23.4, fumadora, IO:0000<br />

• Antecedentes pessoais: segmentectomia hepatica por adenoma hepático e<br />

endometriose.<br />

Árvore genealógica<br />

Set<strong>em</strong>bro<br />

2014<br />

S O A P<br />

Primeira consulta<br />

Queixas de “alergias "cutâneas e transtornos<br />

intestinais coincidentes<br />

S<strong>em</strong> alterações<br />

Adenoma hepático. Endometriose<br />

Síndrome do cólon irritável?<br />

Pede-se análises sumárias e PAP.<br />

USF Conde Saúde<br />

Dez<strong>em</strong>bro<br />

Maio<br />

Outubro<br />

Dez<strong>em</strong>bro<br />

2015<br />

2016<br />

V<strong>em</strong> mostrar análises. Planeia engravidar<br />

no próximo ano.<br />

Consulta aberta<br />

Diarreia com quase um ano de evolução:<br />

episódios matinais, com cólica e dejeções<br />

liquidas, alternados com episódios de dejeções<br />

normais. Coincide com altura <strong>em</strong> que mudou de<br />

<strong>em</strong>prego. Agrava com leite e vinho tinto. Refere<br />

h<strong>em</strong>orroidas.<br />

V<strong>em</strong> mostrar análises às fezes. Mantém episódios<br />

de diarreia recorrente.<br />

Consulta aberta<br />

V<strong>em</strong> por dor e erit<strong>em</strong>a no umbigo, com<br />

exsudado e com mau cheiro.<br />

Consulta aberta<br />

V<strong>em</strong> por h<strong>em</strong>orragia umbilical, desde ont<strong>em</strong>.<br />

Refere a presença de coágulos no umbigo.<br />

Nega traumatismos. Refere andar nervosa por<br />

probl<strong>em</strong>as no trabalho. Já não está a<br />

conseguir lidar com a situação sozinha, pede<br />

ajuda.<br />

Análises ok. PAP normal. Ex.<br />

ginecológico s<strong>em</strong> alterações<br />

Abdómen s<strong>em</strong> alterações<br />

Análises normais<br />

Dor ao toque no umbigo e mau<br />

cheiro, com erit<strong>em</strong>a<br />

Cicatriz umbilical com<br />

tonalidade arroxeada, s<strong>em</strong> dor à<br />

palpação<br />

Ref. 2<br />

Contracepção, outros<br />

Volta quando decidir engravidar<br />

para exames pré-concepcionais<br />

Intolerância à lactose.<br />

Diarreia a esclarecer. Causa funcional?<br />

Despiste infeccioso. Análises às fezes.<br />

Síndrome do cólon irritável<br />

Inicia cloridrato de mebeverina.<br />

Se não melhorar, reavaliar.<br />

Outros sinais/sintomas da pele<br />

Ácido fusídico pomada e ibuprofeno 400mg<br />

Caso não melhore deverá ser reobservada.<br />

Endometriose umbilical? Perturbação<br />

depressiva?<br />

Pedir ecografia.<br />

Iniciar clorazepato dipotássico.<br />

Janeiro<br />

Consulta aberta<br />

Nova h<strong>em</strong>orragia umbilical. Refere que estas<br />

t<strong>em</strong> ocorrido durante o período menstrual.<br />

Ecografia normal<br />

Endometriose umbilical<br />

Referenciar para Ginecologia<br />

Hospital de Santa Maria<br />

Doente recorre ao SU deste hospital<br />

por h<strong>em</strong>orragia umbilical cíclica.<br />

Observação: pequeno nódulo no<br />

umbigo sugestivo de endometriose.<br />

S<strong>em</strong> sinais inflamatórios. Vagina e colo<br />

s<strong>em</strong> alterações. TV: FSP com nódulo<br />

central alto com cerca de \1-2 cm<br />

Plano: anel vaginal contínuo. Marcação<br />

de consulta de ginecologia e realização<br />

de ressonância magnética<br />

(a)<br />

(b)<br />

Ressonância Magnética (Abril de 2016)<br />

(c) (d<br />

)<br />

(e<br />

)<br />

Legenda: RM ponderada <strong>em</strong> T1 SPIR (a, d); T1 (b, e) e T2 (c, f).<br />

Visualiza-se formação nodular umbilical (setas retas) justa<br />

centimétrica, que apresenta hipersinal nas sequências<br />

ponderadas <strong>em</strong> T1, s<strong>em</strong> e com supressão de gordura (SPIR), e<br />

shading <strong>em</strong> T2 compatíveis com conteúdo h<strong>em</strong>ático e que<br />

relacionamos com implante de endometriose, <strong>em</strong> doente com<br />

endometrioma do ovário direito (d, e) e placa de endometriose<br />

uterina anterior (f) - setas curvas.<br />

(f<br />

)<br />

Comentários<br />

• A endometriose cutânea umbilical é rara (1% dos casos) mas constitui a forma de endometriose extra-pélvica mais comum. Tipicamente apresenta-se como<br />

uma lesão nodular acastanhada, erit<strong>em</strong>atosa ou violácea, que aumenta de volume, sangra e é dolorosa durante o período menstrual.<br />

• Esta paciente apresentava uma história pessoal sugestiva de endometriose umbilical. Os primeiros sinais foram interpretados como infecção umbilical<br />

simples, mas o surgimento de h<strong>em</strong>orragia umbilical chamou a atenção para o diagnóstico que se veio a confirmar.<br />

• O médico de família como gestor da situação clínica e do seu impacto na família deve estar alerta para todo o tipo de patologias, mesmo as<br />

menos frequentes, para fazer o encaminhamento de forma precoce e manter vigilância periódica da doença e dos restantes probl<strong>em</strong>as de saúde.<br />

Referências bibliográficas<br />

1. Rehfeldt FVS, Miranda LQ, Azevedo AC, Obadia DL, Souto da Silva R, Alves. MFGS Endometriose Cutânea Umbilical Primária. XV Jarbas Porto e Triangular 2011 - 66 Congresso da Sociedade Brasileira de<br />

Dermatologia; 2011<br />

2. Mei LL, Weng MHF. Primary Umbilical Endometrioma: A Case Report. Obstetrics and Gynaecology Cases – Reviews; 2005. 2:061


ENDOMETRIOSE DO UMBIGO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Nuno Guerra 1 , Cátia Palha 1<br />

1 Internos de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar - USF Camélias, ACeS Grande Porto VII (Gaia)<br />

A endometriose é uma patologia ginecológica benigna de etiologia ainda não esclarecida, que afeta 10-15% das mulheres <strong>em</strong> idade fértil e consiste na presença de<br />

glândulas e estroma endometrial fora da cavidade uterina. 1,2 A localização extrapélvica está presente <strong>em</strong> apenas 15% dos casos 1-3 , tendo sido descrita <strong>em</strong> quase<br />

todos os tecidos e órgãos (ex: órgãos abdominais, pele, pulmão e cérebro). 2,3 A endometriose umbilical (EU), também conhecida como nódulo de Villar, é uma<br />

entidade rara cuja natureza pode ser primária, ou mais frequent<strong>em</strong>ente, secundária a procedimentos cirúrgicos como cesarianas ou laparoscopias, sendo muitas<br />

vezes subdiagnosticada. 3<br />

Identificação<br />

ü Género f<strong>em</strong>inino<br />

ü 25 anos<br />

ü Raça caucasiana<br />

ü VII Ciclo de Duvall<br />

ü Família nuclear<br />

Antecedentes<br />

pessoais<br />

- 0G0P<br />

- Medicação habitual: Etinilestradiol 0,02mg + gestodeno 0,075mg<br />

Consulta Aberta – Julho/2015<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

Dor intensa e h<strong>em</strong>orragia na região umbilical. Refere que a<br />

dor costuma surgir durante o cataménio e depois resolve.<br />

Atualmente menstruada.<br />

Nega traumatismo ou manipulação do umbigo.<br />

Abdómen mole e depressível, doloroso à palpação da<br />

região periumbilical. S<strong>em</strong> sinais inflamatórios ou<br />

h<strong>em</strong>orragia ativa, mas com sangue visível (Fig. 1).<br />

D06 - OUTRAS DORES ABDOMINAIS LOCALIZADAS<br />

A10 - SANGRAMENTO, HEMORRAGIA, NE<br />

A50 - MEDICAÇÃO/PRESCRIÇÃO – Analgesia.<br />

Ecografia ginecológica e umbilical.<br />

Consulta Saúde de Adultos – Agosto/2015<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

V<strong>em</strong> mostrar exames.<br />

Ecografia ginecológica: normal<br />

Ecografia umbilical: nódulo com 16 x 10 mm ao nível da região<br />

umbilical.<br />

X99 - DOENÇA GENITAL FEMININO, OUTRA (ENDOMETRIOSE<br />

UMBILICAL)<br />

X67 – REFERENCIAÇÃO PARA<br />

MÉDICO/ESPECIALISTA/CLÍNICA/HOSPITAL – Consulta Externa de<br />

Ginecologia<br />

Fig. 1. Ed<strong>em</strong>a e h<strong>em</strong>orragia umbilical.<br />

Imag<strong>em</strong> obtida com o consentimento informado da utente<br />

Consulta Externa de Ginecologia:<br />

• Proposta exérese cirúrgica do nódulo umbilical, que a doente aceitou.<br />

• A análise histopatológica do nódulo confirmou o diagnóstico de<br />

endometriose umbilical.<br />

• A doente teve alta da consulta medicada com contracetivo oral<br />

combinado (dienogest 2mg + etinilestradiol 0,03mg) de toma contínua,<br />

mantendo o seguimento no médico de família.<br />

» A EU apresenta uma incidência estimada de 0,4-4% da totalidade de casos de endometriose. 3,4<br />

» O seu diagnóstico é esse ncialmente clínico, apresentando tipicamente sintomas cíclicos de ed<strong>em</strong>a, dor e h<strong>em</strong>orragia umbilical, que se relacionam com o<br />

cataménio. 3 Os diagnósticos diferenciais de lesão umbilical inclu<strong>em</strong> hérnia umbilical, granuloma piogénico, pólipo umbilical, nevo melanocítico, queratose<br />

seborreica, h<strong>em</strong>angioma, desmoide e tumor de células granulares. Dev<strong>em</strong> também ser excluídas lesões malignas como melanoma ou adenocarcinoma. 4,6<br />

» Este caso pretende salientar a importância de incluir a EU no diagnóstico diferencial da mulher <strong>em</strong> idade fértil que apresenta uma lesão umbilical,<br />

independent<strong>em</strong>ente de história prévia de cirurgia.<br />

» Apesar de se tratar de uma patologia rara, o médico de família t<strong>em</strong> um papel fulcral na abordag<strong>em</strong> inicial desta tríade sintomática. Um elevado índice de<br />

suspeição é preponderante para a orientação diagnóstica e consequente referenciação para os Cuidados Hospitalares.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Spaziani E, Picchio M, Di Filippo A, De Cristo fan o C, Ceci F, Stagnitti F. Sponta-neousumbilical endometriosis: a case reportwith one-year follow-up. Clin ExpObstet Gynecol 2009;36:263–4.2.; 2. Rosina P, Pugliarello S, Co lato C,<br />

GirolomoniG. Endometriosis of umbilical-cicatrix: case reportand review of th e literatu re. Acta Dermatovenerol Cro at. 2 0 0 8 ;1 6 :2 1 8–21; 3. Victory R, Diamo n d MP, Johns D. A. Villar’s nodule: A case report and syst<strong>em</strong>atic literatu re review of<br />

endometriosis externa of th e umbilicus. J Min im InvasiveGynecol. 2 0 0 7 ;1 4 (1 ):2 3-32; 4. Kyamidis K, Lora V, Kanitakis J. Spontaneous cutaneous umbilical endometriosis:report of a new case with immun o h isto ch <strong>em</strong>ical study and literature<br />

review. Dermatol Online J 2011;17:5; 5. Bag ad e PV, Giurguis MM. Men stru atin g fro m th e u mbilicu s as a rare case o f p rimary u mbilical en d o metrio sis: A case rep o rt. J Med Case Rep . 2 0 0 9 ;3 :9326.


LEIOMIOMA SUBMUCOSO<br />

DO CÓLON DESCENDENTE<br />

A propósito de um caso clínico<br />

Neto C., Gomes S., Santos T.<br />

USF S. João do Pragal • Março de 7<br />

ctn.neto@gmail.com<br />

ENQUADRAMENTO:<br />

O Leiomioma do cólon é uma doença rara, benigna, do grupo dos tumores intestinais do músculo liso. Geralmente<br />

assintomático, de diagnóstico histológico, surge como achado incidental da colonoscopia.<br />

Pretend<strong>em</strong>os através deste trabalho, relatar este caso dada a sua raridade e rever o t<strong>em</strong>a de leiomiomas<br />

gastrintestinais, na visão dos cuidados de saúde primários.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO:<br />

Mulher de 69 anos, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, dislipidémia, DPOC e obesidade. Medicada com<br />

valsartan+HTZ, atorvastatina e brometo de glicopirrónio +indacaterol.<br />

No contexto do rastreio do cancro colorrectal, foi solicitada a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que se revelou<br />

positiva. Solicitada então colonoscopia total, onde foi r<strong>em</strong>ovido um pólipo séssil, de 4mm, do cólon descendente, cuja<br />

análise histológica classificou como leiomioma submucoso. A utente mantém-se assintomática.<br />

DISCUSSÃO:<br />

O Leiomioma do cólon é uma doença rara e benigna do aparelho digestivo. Não sendo pré-maligna, não coloca o indivíduo<br />

<strong>em</strong> risco aumentado de cancro do cólon.<br />

Epid<strong>em</strong>iologia:<br />

•Ocorre geralmente a partir<br />

da 5ª década (pode aparecer<br />

dos 38 aos 85 anos).<br />

• Igual incidência nos dois<br />

sexos.<br />

S<strong>em</strong>iologia:<br />

•Geralmente assintomáticos,<br />

são achados incidentais <strong>em</strong><br />

colonoscopia.<br />

•Pod<strong>em</strong> ser causa de<br />

h<strong>em</strong>orragia, obstipação,<br />

diarreia ou presença de<br />

muco nas fezes.<br />

Factores de risco:<br />

•lesão epitelial do cólon,<br />

•dieta rica <strong>em</strong> gordura, pobre <strong>em</strong> fibras,<br />

•tabagismo,<br />

•sedentarismo,<br />

•excesso de peso,<br />

•doença inflamatória intestinal.<br />

Factores genéticos: desconhecidos..<br />

Diagnóstico e D. Diferencial:<br />

Diagnóstico é histológico.<br />

D. diferencial:<br />

•perineurinoma,<br />

•tumor das células da granulosa,<br />

•pólipo inflamatório fibróide,<br />

ganglioneuroma,<br />

•schwannoma, entre outros.<br />

Fisiopatologia:<br />

•Tumor que surge do músculo liso, de<br />

tamanho geralmente


ÚLCERA DE PERNA DE ETIOLOGIA VENOSA<br />

– Um caso clínico –<br />

Ana Catarina Silva 1 , Inês Pereira 1 , Paulo Martins 2<br />

1<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar ; 2 Enfermeiro de Família<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A maioria das úlceras do m<strong>em</strong>bro inferior é de causa vascular, sendo 70% a 90% por insuficiência venosa e 10% a 15% por oclusão arterial e diabetes mellitus. A<br />

insuficiência venosa crónica carateriza-se por ed<strong>em</strong>a, erit<strong>em</strong>a, ecz<strong>em</strong>a e/ou lipodermatoesclerose da pele e do tecido subcutâneo. Na maioria das vezes, a<br />

anamnese e o exame físico são suficientes para concluir o diagnóstico e orientar o tratamento.<br />

Objetivo: alertar para a importância do trabalho <strong>em</strong> equipa nos Cuidados de Saúde Primários, a fim de ser<strong>em</strong> prestados os melhores cuidados a doentes com<br />

doença venosa crónica.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• M.C.M.R., sexo f<strong>em</strong>inino, 67 anos, caucasiana, casada, 4º ano de escolaridade, reformada (doméstica), autónoma para as atividades de vida diária. Família<br />

nuclear na fase VIII do ciclo de Duvall; classe média (Graffar classe III).<br />

• Antecedentes Pessoais: Doença venosa crónica (desde 2008) CEAP: Classe 6 (K95); úlcera venosa crónica no m<strong>em</strong>bro inferior esquerdo (S97); obesidade grau<br />

II (IMC 38,6 Kg/m 2 ) (T82); anomalia da glicose <strong>em</strong> jejum (A91); gonartrose esquerda (L90).<br />

• Antecedentes Cirúrgicos: enxerto de pele da face interna do m<strong>em</strong>bro inferior esquerdo por úlcera venosa<br />

• S<strong>em</strong> hábitos tabágicos, alcoólicos e toxicómanos. Alergias medicamentosas: penicilina e iodopovidona.<br />

• S<strong>em</strong> medicação habitual.<br />

Evolução da História da Doença Atual<br />

2008 Diagnóstico de patologia varicosa - aconselhada a fazer venotrópico e usar meias de compressão elástica.<br />

2009 Observada úlcera varicosa com componente infecioso e realizada antibioterapia e tratamento diário da ferida.<br />

Inicia acompanhamento <strong>em</strong> consulta de cirurgia vascular.<br />

2010 - 2013<br />

Faz vários ciclos de antibioterapia devido a infeções da ferida. Posteriormente, por não controlo da recorrência de infeções e devido à ferida<br />

se manter aberta, efetua desbridamento e plastia com enxerto da pele.<br />

2013 - 2016<br />

A ferida mantém-se aberta com recorrências infeciosas, com necessidade de internamento para antibioterapia endovenosa, terapia por<br />

vácuo e 2 novos enxertos. Encaminhada para consulta da dor por algias incontroláveis.<br />

Inicia tratamento duas vezes por s<strong>em</strong>ana com terapia compressiva na Unidade de Saúde Familiar, tendo sido decidida, <strong>em</strong> equipa de família,<br />

2016 - <strong>2017</strong><br />

a administração de sulodexida intramuscular 1 vez por dia durante 20 dias. Após esta terapêutica, verificou-se melhoria significativa dos<br />

sinais inflamatórios e redução do tamanho da ferida. Assim, após 1 mês de tratamento, deixou de fazer analgesia, com necessidade de<br />

tratamento da ferida apenas 1 vez por s<strong>em</strong>ana. Face à evolução clínica favorável, optou-se por continuar sulodexida oral por 40 dias.<br />

Inicia sulodexina<br />

intramuscular e terapia<br />

compressiva<br />

Figura 1: Úlcera exsudativa, ausência de tecido de granulação<br />

Figura 3: Úlcera pouco exsudativa, epitelização <strong>em</strong> todo o leito da ferida<br />

23/11/2016 14/12/2016 31/12/2016 02/03/<strong>2017</strong><br />

Figura 2: Diminuição carga necrótica, presença de tecido de granulação<br />

Figura 4: Expressiva diminuição do leito da ferida<br />

DISCUSSÃO<br />

A úlcera venosa crónica é uma patologia com consequências físicas e psicológicas devastadoras. Neste caso, a terapêutica com sulodexida foi um dos principais<br />

fatores para a melhoria da sintomatologia, pelo que nos casos de difícil resolução poderá ser uma das armas terapêuticas a instituir. Dado os Cuidados de Saúde<br />

Primários ser<strong>em</strong> o primeiro ponto de contacto do utente com os serviços de saúde e a frequência deste diagnóstico ser elevada, este caso mostra a necessidade<br />

de uma adequada abordag<strong>em</strong> e de um permanente acompanhamento destes doentes pela equipa de família, a fim de uma melhoria da sua qualidade de vida.<br />

BIBLIOGRAFIA: Abbade, Luciana Patrícia Fernandes; Lastória, Sidnei. Abordag<strong>em</strong> de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa. An. Bras. Dermatol. 2006 Dec; 81( 6 ): 509-522 | Aldunate, Johnny; Isaac, Cesar; Ladeira, Pedro et al. Úlceras venosas <strong>em</strong> m<strong>em</strong>bros inferiores. Rev. Med São Paulo. 2010 Jul-Dez; 89 (3/4):<br />

158-163. | Furtado, Katia. Úlcera de perna – tratamento baseado na evidência. Rev. Nursing Port. 2003 Jul. | Toniollo, Cleide; Bertolin, Telma. Úlcera venosa crónica: um relato de caso. Rev. Bras. de Ciências do Envelhecimento Humano. 2012; 9 (3): 417-425.


Autores: Nuno Soares 1 , Mafalda Silva 1<br />

1<br />

Internos de Medicina Geral e Familiar na USF Barão Nova Sintra. ACeS Porto Oriental.<br />

Am J H<strong>em</strong>atol. Factor V Leiden. Van CoF EM, Khor B, Zender JD. 2015. II The impact of the factor V Leiden mutaQon on pregnancy. Spina V, Hum Reprod <strong>Update</strong>. 2000 May-Jun;6(3):301-6. II The associaQon of factor V leiden mutaQon with recurrent pregnancy loss. Kashif S. J Pak Med<br />

Assoc. 2015 Nov;65(11):1169-72. II The Impact of Inherited Thrombophilia Types and Low Molecular Weight Heparin Treatment on Pregnancy ComplicaQons in Women with Previous Adverse Outcome. Yonsei Med J. 2016 Sep;57(5):1230-5. doi: 10.3349/ymj.2016.57.5.1230.


De AINe’S A OPIÓIDeS:<br />

Um caso de lombalgia e dor crónica<br />

Carlos Júlio 1 , Inês Costa 2<br />

Internos de 2º ano de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar: 1 USF Lavradio, 2 UCSP Serpa<br />

Enquadramento<br />

Descrição de Caso<br />

Em Portugal, a lombalgia é a doença reumatológica mais prevalente, com cerca de 26 % 3. Quando<br />

não tratada de modo adequado, evolui de forma crónica, afectando grav<strong>em</strong>ente a qualidade de vida dos<br />

utentes e sua capacidade laboral. A lombalgia crónica é por isso, uma das principais fontes de dor<br />

crónica, que afecta mais de 30% dos adultos no nosso país. 4 Os custos directos e indirectos anuais<br />

relacionados com a dor crónica <strong>em</strong> Portugal representam cerca de 2,7% do PIB nacional. 5<br />

Do forma a salientar a importância do controlo da dor, <strong>em</strong> 2003 a DGS instituiu a dor como o 5º<br />

sinal vital 6 .<br />

A terapêutica farmacológica da dor engloba fármacos opióides (p.e. codeína, tramadol, morfina),<br />

não-opióides (p.e. paracetamol, metamizol, AINE’s) e adjuvantes (p.e. corticoides, relaxantes<br />

musculares, antidepressivos).<br />

Identificação<br />

História da Doença Atual<br />

• Sexo f<strong>em</strong>inino, 52 anos<br />

• Auxiliar <strong>em</strong> Lar 3ª idade<br />

• S<strong>em</strong> Antecedentes Pessoais relevantes<br />

• Abril 2016: inicia quadro de lombalgia intensa com irradiação para<br />

ambos os m<strong>em</strong>bros inferiores. Dor constante, com agravamento<br />

mecânico, s<strong>em</strong> fatores de alívio e classificada como 8 segundo a escala<br />

numérica da dor.<br />

S<strong>em</strong><br />

dor<br />

Dor ligeira Dor moderada Dor intensa Dor<br />

Máxima<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Figura 1 – Escala Numérica /Qualitativa da dor 6<br />

• Múltiplas idas ao Serviço de Urgência<br />

• Medicada no local com: AINE’s e relaxantes musculares IM<br />

• No ambulatório com: (Paracetamol 500mg + Tiocolquicosido<br />

2mg) 2 comprimidos 8/8h e Diclofenac gel <strong>em</strong> SOS.<br />

• Alivio sintomático t<strong>em</strong>porário pelo que interrompeu a medicação<br />

• Outubro 2016: Recorre ao médico de família por agravamento da dor<br />

com parestesias de ambos os m<strong>em</strong>bros inferiores.<br />

• Solicitou-se um Rx coluna lombar<br />

• Iniciou opióide (Paracetamol 325mg + tramadol 37,5 mg)<br />

1comprimido 6/6h associado a Domperidona 10 mg.<br />

• Reavaliação após 1 s<strong>em</strong>ana: Alívio sintomático para níveis adequados<br />

à realização das suas AVD’s. Dor 3 na escala numérica da dor.<br />

• Por comodidade, substituiu-se a associação com o opióide por<br />

Tramadol 100 mg 1xdia, e manteve-se o paracetamol 1g <strong>em</strong> SOS.<br />

• Rx revelou provável estenose dos buracos de conjugação ao nível<br />

de L5-S1, com possível compressão radicular. Solicitou-se TAC<br />

Coluna Lombar.<br />

• Nov<strong>em</strong>bro 2016: Grande alívio com o Tramadol, com poucas<br />

recorrências ao SOS. Dor 2 na escala numérica de dor.<br />

• Contudo, suspendeu a terapêutica por "desconforto no<br />

estômago“ sic, negando náuseas e vómitos. Atendendo à<br />

eficácia do Tramadol foi feito o Switch terapêutico para<br />

Tapentadol 50 mg 12/12h.<br />

• Dez<strong>em</strong>bro 2016: O TAC lombar confirmou a estenose com<br />

compressão radicular, tendo a doente sido encaminhada para<br />

consulta de Neurocirurgia.<br />

• Bom controlo sintomático da dor crónica com Tapentadol, que<br />

lhe permite a realização das AVDs e da actividade laboral.<br />

Dor 0 na escala numérica da dor.<br />

Discussão<br />

Para um controlo adequado da dor, é fulcral classificá-la<br />

quanto à sua intensidade, através de escalas, como por ex<strong>em</strong>plo a<br />

escala numérica da dor. A instituição terapêutica deve ser feita com<br />

base na intensidade da mesma, de acordo com o patamar da escada<br />

analgésica da dor da OMS. A utilização por rotina de fármacos do 1º<br />

patamar (ex: AINE’s), independent<strong>em</strong>ente da intensidade da dor não<br />

está recomendada. Além do que, a sua utilização de forma crónica<br />

acarreta riscos cardiovasculares, renais, entre outros.<br />

Os analgésicos dev<strong>em</strong> ser prescritos com intervalos fixos de<br />

t<strong>em</strong>po, evitando períodos infra-terapêuticos antes da próxima dose,<br />

que contribu<strong>em</strong> para o aparecimento de tolerância.<br />

Com base na equianalgesia realiza-se a rotação de opióides,<br />

isto é, substitui-se um determinado opióide, que não é<br />

suficient<strong>em</strong>ente eficaz ou provoca efeitos adversos não tolerados,<br />

por outro <strong>em</strong> dose equipotente.<br />

Dor ligeira<br />

Fármacos<br />

Não Opióides<br />

Dor moderada<br />

Fármacos<br />

Opióides <strong>em</strong><br />

dose fraca<br />

+- Fármacos Adjuvantes<br />

Dor intensa<br />

Fármacos<br />

Opióides <strong>em</strong><br />

dose forte<br />

Figura 2 – Adaptado da Escada analgésica da dor da OMS 10<br />

Referências Bibliográficas<br />

3. Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR). EpiReumaPt Estudo Epid<strong>em</strong>iológico das Doenças Reumáticas <strong>em</strong> Portugal. 22 de Set<strong>em</strong>bro de 2014. 4. Azevedo LF, Costa-Pereira A, Mendonça L, Dias CC, Castro-Lopes JM.<br />

Epid<strong>em</strong>iology of Chronic Pain: A Population-Based Nationwide Study on Its Prevalence, Characteristics and Associated Disability in Portugal. J Pain. 2012 Aug;13(8):773-83. doi: 10.1016/j.jpain.2012.05.012. 5. Azevedo LF, Costa-<br />

Pereira A, Mendonça L, Dias CC, Castro-Lopes JM. The economic impact of chronic pain: a nationwide population-based cost-of-illness study in Portugal. Eur J Health Econ. 2016 Jan;17(1):87-98. doi: 10.1007/s10198-014-0659-4.<br />

Epub 2014 Nov 22. 6. Miguel JP. “A Dor como 5º sinal vital. Registo sist<strong>em</strong>ático da intensidade da Dor”. Circular Normativa Nº 09/DGS. 14/06/2003 Lisboa. 7. Ritto C, Naves F, Rocha FD, Costa I, Diniz L, Raposo MB, Pina PR,<br />

Milhomens R, Faustino SM. Manual de Dor Crónica. Fundação Grunenthal. Lisboa <strong>2017</strong>. 8. George F. “Utilização dos medicamentos opióides fortes na dor crónica não oncológica”. Circular Normativa Nº: 09/DGS. 24/03/08 Lisboa.<br />

9. Lopes JMC, Diniz A. “Programa Nacional de Controlo da Dor”. Circular Normativa Nº: 11/DGS. 18/06/08 Lisboa 10. Escada analgésica da OMS adaptado de: WHO Pain Relief Ladder for cancer pain relief in adults [accessed<br />

October 2015].


Carlos Júlio 1 , Inês Costa 2<br />

Internos de 2º ano de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar: 1 USF Lavradio, 2 UCSP Serpa<br />

A dor neuropática é um tipo de dor crónica cuja terapêutica constitui um desafio, devido à resistência<br />

existente face às terapêuticas analgésicas convencionais.<br />

Esta patologia é subdiagnosticada e subtratada nos cuidados de saúde primários 3 , o que motiva um maior<br />

uso dos serviços de saúde por parte destes doentes 4,5 . A sua prevalência exacta é desconhecida, mas<br />

estima-se que seja superior a 5% na população geral 3,6 .<br />

O tratamento farmacológico de 1º linha inclui antidepressivos, anticonvulsionantes e analgésicos locais.<br />

• 1º linha : Analgésicos locais (Lidocaína tópica 5%)<br />

• Outros : Fisioterapia, Acupunctura, Hipnose, Musicoterapia,<br />

Estimulação Nervosa Eléctrica Transcutânea, Psicoterapia,<br />

Terapia comportamental cognitiva<br />

Descrição de Caso<br />

Identificação<br />

• Sexo masculino, 40 anos<br />

• Oficial de justiça<br />

• Lista de Probl<strong>em</strong>as:<br />

• Hipertensão arterial<br />

• Gastrite crónica<br />

História da Doença Atual<br />

• Dez<strong>em</strong>bro 2015 inicia quadro de lombalgia com irradiação para ambos os m<strong>em</strong>bros<br />

inferiores, seguindo o dermátomo correspondente à raiz de S1.<br />

• Descrição da dor: diáia, tipo ueiadua ou choue, co agravamento mecânico<br />

e alívio ligeiro com o repouso, classificada como 7 segundo a escala numérica da dor.<br />

Recusa terapêutica oral!<br />

• Medicado com: Anti-inflamatórios não esteróides tópicos + Fisioterapia.<br />

• Após 3 meses de Fisioterapia ainda não conseguia realizar correctamente a sua<br />

actividade profissional.<br />

• Pedida RMN Lombar: héia discal <strong>em</strong> L5-S1 que desvia posteriormente a raiz de S1<br />

à esquerda, e uma ligeira hérnia discal ao nível de L4-L5.<br />

• Alta de Fisioterapia após 6 meses de tratamento – Melhorado, mas s<strong>em</strong> conseguir<br />

realizar correctamente todas as actividades de vida diária.<br />

• Iniciou patch de Lidocaína a 5% - aplica 12h e repousa 12h.<br />

Figura 1 – Dermátomos<br />

• Após 1 mês - ausência de dor. Manteve o uso diário do <strong>em</strong>plasto durante mais 2<br />

meses.<br />

• Actualmente s<strong>em</strong> dor, aplicando o <strong>em</strong>plastro 2-4 s<strong>em</strong>anas seguidas, durante<br />

agudizações.<br />

Dentro dos anestésicos locais, a Lidocaína tópica a 5% <strong>em</strong> <strong>em</strong>plastros, d<strong>em</strong>onstrou um alívio significativo de sintomas típicos da dor<br />

neuropática quando usado por um longo período de t<strong>em</strong>po 10 . Não induz tolerância, e t<strong>em</strong> escassos efeitos adversos, tendo uma boa<br />

tolerabilidade por parte dos doentes 10 . Contudo a sua utilização deve ser evitada <strong>em</strong> doentes com disfunção hepática grave, ou que<br />

estejam medicados com anti-arritmicos classe I 11 .<br />

Desta forma, a terapêutica com patch de Lidocaína tópica a 5%, constitui uma alternativa à terapêutica oral <strong>em</strong> doentes com dor<br />

neuropática, sobretudo se esta se limitar a um dermátomo, como ocorre na nevralgia pós-herpética 9 e <strong>em</strong> casos de lombalgia com<br />

lesão de raiz nervosa 7,8 .<br />

Referências Bibliográficas:<br />

3. Torrance N, Smith BH, Watson MC, Bennett MI. Medication and treatment use in primary care patients with chronic pain of predominantly neuropathic origin. Fam Pract. 2007 Oct;24(5):481-5. 4. Gilron, C. Peter N. Watson,<br />

Catherine M. Cahill, and Dwight E. Moulin. Neuropathic pain: a practical guide for the clinician. CMAJ. 2006 Aug 1; 175(3): 265–275. 5. Chong MS, Bajwa ZH. Diagnosis and treatment of neuropathic pain. J Pain Symptom<br />

Manage. 2003 May;25(5 Suppl):S4-S11. 6. Hall GC, Carroll D, McQuay HJ. Primary care incidence and treatment of four neuropathic pain conditions: a descriptive study, 2002-2005. BMC Fam Pract. 2008 May 6;9:26. 7.<br />

Gammaitoni AR, Alvarez NA, Galer BS - Pharmacokinetics and safety of continuously applied lidocaine patches 5%. Am J Health Syst Pharm, 2000;59(22):2215-2220. 8. Flores; Castro; Nascimento. Analgésicos tópicos. Rev.<br />

Bras. Anestesiol. vol.62 no.2 Campinas Mar./Apr. 2012 9. Katz NP, Gammaitoni AR, Davis MW, Dworkin RH; Lidoderm Patch Study Group - Lidocaine patch 5% reduces pain intensity and interference with quality of life in<br />

pacients with postherpetic neuralgia: an effectiveness trial. Pain Med, 2002;3(4):324-332. 10. Durval Campos Kraychete1 Mariana Camargo Palladini2 Anita Perpétua Carvalho Rocha Castro3. Topic drug therapy for neuropathic<br />

pain. Rev. dor vol.17 supl.1 São Paulo 2016 11. Dworkina RH, O’Cooa AB, Backonjab M, Farrarc JT, Finnerupd NB, Jensend TS, Kalsoe E, Loeserf JD, Miaskowskig C, Nurmikkoh T, Portenoyi RK, Ricej A, Staceyk BR, Treedel<br />

RD, Turkf DC, Wallac<strong>em</strong> MS. Pharmacologic manag<strong>em</strong>ent of neuropathic pain: Evidence-based recommendations. PAIN Volume 132, Issue 3, 5 Dec<strong>em</strong>ber 2007, Pages 237–251


Fitofotodermatite – a propósito de um caso clínico<br />

Joana Baptista , Sofia Madanelo, Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio<br />

USF Santa Joana – ACeS Baixo Vouga<br />

joana.f.baptista@gmail.com<br />

Enquadramento<br />

UVA<br />

Fitofotodermatite<br />

Reação entre as radiações ultravioleta de<br />

onda longa (UVA) e compostos botânicos<br />

chamados furocumarínicos<br />

Descrição do caso<br />

presentes <strong>em</strong> plantas<br />

como aipo, arruda,<br />

salsa, limão, etc.<br />

Reação<br />

fototóxica na<br />

pele<br />

Evolução<br />

• Erit<strong>em</strong>a e ardor no local exposto após 24h com pico sintomático às<br />

48-72h;<br />

• Padrões lineares e/ou bizarros;<br />

• Exacerbação das lesões com a transpiração e calor.<br />

Diagnóstico<br />

• Diagnóstico clínico.<br />

Tratamento<br />

• Evicção do furocumarínico desencadeante;<br />

• Compressas frias locais;<br />

• Corticoide tópico, principalmente se lesões cutâneas graves com<br />

ed<strong>em</strong>a associado;<br />

• AINEs poderão estar indicados para alivio da dor.<br />

Identificação<br />

• Sexo f<strong>em</strong>inino<br />

• 48 anos<br />

• Casada<br />

• Caucasiana<br />

• Doméstica<br />

• Saudável<br />

Consulta aguda | Junho 2016<br />

S<br />

O<br />

A<br />

ERUPÇÃO CUTÂNEA LOCALIZADA (S06): Erupção cutânea a nível dos<br />

antebraços com menos de 24 horas de evolução, associado a sensação de<br />

queimadura local. Há dois dias andou a podar arruda ao sol.<br />

Erupção erit<strong>em</strong>ato-macular ao nível de ambos os antebraços. Padrão<br />

linear com lesões b<strong>em</strong> delimitadas . S<strong>em</strong> lesões noutra localização.<br />

QUERATOSE SOLAR/QUEIMADURA SOLAR (S80): Fitofotodermatite<br />

Figura 1 – Lesões lineares erit<strong>em</strong>atosas a nível do antebraço direito<br />

P<br />

OBSERVAÇÃO/EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE / ACONSELHAMENTO<br />

/DIETA (S45)<br />

- Compressas frias locais<br />

- Evicção manuseamento de arruda associado a exposição solar<br />

MEDICAÇÃO/PRESCRIÇÃO/PEDIDO/RENOVAÇÃO/INJECÇÃO (S50)<br />

- Corticóide tópico: 17-butirato de hidrocortisona cr<strong>em</strong>e uma aplicação por dia<br />

Figura 2 – Lesões lineares erit<strong>em</strong>atosas a nível do antebraço esquerdo<br />

Conclusão<br />

A suspeição clínica e o alerta para esta entidade pode evitar erros diagnósticos e exames compl<strong>em</strong>entares desnecessários. A<br />

clarificação da benignidade e do caráter autolimitado do probl<strong>em</strong>a são importantes na orientação destes casos. A evicção da<br />

manipulação do agente causador (furocumarínico) quando associado à exposição a radiação UVA é a base do tratamento e da<br />

prevenção de recorrências<br />

BIBLIOGRAFIA:<br />

1) Raam,R; et all: Phytophotodermatitis: The other “Lime” Disease http://dx.doi.org/10.1016/j.ann<strong>em</strong>ergmed.2016.02.023<br />

2) Marcos, et all: Phytophotodermatitis; Medical Imagery, International jornal of infectious diseases 38 (2015) 7–8<br />

3) http://<strong>em</strong>edicine.medscape.com/article/1119566-overview


1 s<strong>em</strong>ana<br />

QUANDO OS SINTOMAS FAZEM PARTE DO TRATAMENTO<br />

– REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER<br />

Sofia Madanelo , Joana Baptista, Tatiana Cl<strong>em</strong>êncio.<br />

USF Santa Joana | ACeS Baixo Vouga<br />

sofia.madanelo@hotmail.com<br />

ENQUADRAMENTO<br />

SÍFILIS<br />

REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER (RJH)<br />

- É uma doença<br />

de transmissão<br />

sexual e<br />

vertical,<br />

causada pelo<br />

Trepon<strong>em</strong>a<br />

pallidum.<br />

Incidência: Em cerca de 55-95% dos casos de sífilis<br />

primária, após o tratamento com penicilina, pode<br />

ocorrer a RJH.<br />

Fisiopatologia: Pensa-se que ocorra <strong>em</strong> resultado da<br />

reação inflamatória que se desenvolve <strong>em</strong> resposta à<br />

destruição dos trepon<strong>em</strong>as.<br />

Tratamento: sintomático.<br />

Casos ligeiros: anti-inflamatórios.<br />

Casos de maior gravidade: tratamento de<br />

suporte <strong>em</strong> cuidados de urgência.<br />

A sua ocorrência não deve motivar a<br />

interrupção da medicação, quando são<br />

necessárias doses supl<strong>em</strong>entares.<br />

- Apresenta<br />

atualmente<br />

incidência<br />

crescente <strong>em</strong><br />

Portugal. 1<br />

Fig.1: Reação de<br />

Jarisch–Herxheimer 2<br />

Clínica: Caracteriza-se pela presença de febre, malestar<br />

geral, cefaleias, mialgias, taquicardia, taquipneia,<br />

erupção macular generalizada (Fig. 1) e artralgias.<br />

Curso: Ocorre cerca de 2-8h após administração do<br />

fármaco e r<strong>em</strong>ite espontaneamente <strong>em</strong>


Vacinação contra o Papiloma vírus Humano no género<br />

masculino <strong>em</strong> idade pediátrica: Qual a evidência?<br />

Vanessa Silva 1 ; Diana Soares 2 ; Sofia Rodrigues 3 ; Cátia Lírio 4 ; Marisa Barros 4<br />

1 - USF Nova Salus; 2 - USF Abel Salazar; 3 - UCSP Oliveira Douro; 4 – USF Camélias (ACES Grande Porto VII)<br />

Introdução<br />

O Papiloma vírus humano (HPV) é um dos vírus comummente transmitido por via sexual. Embora a maioria das infeções sejam transitórias, algumas infeções são<br />

persistentes, progredindo para lesões pré-cancerosas ou cancerosas. As estirpes de alto risco inclu<strong>em</strong> o HPV-16 e o HPV-18, que são fatores importante para o<br />

cancro cervical, vulvar, vaginal, anal, peniano e orofaríngeo. As estirpes de baixo risco inclu<strong>em</strong> o HPV-6 e o HPV-11, associadas a condilomas genitais e<br />

papilomatose respiratória. Exist<strong>em</strong> três tipos de vacinas para o HPV, bivalente, quadrivalente e nonavalente. Em Portugal, recomenda-se a realização da vacina<br />

HPV vacina nonavalente, 2 doses aos 10 anos.<br />

Objetivo<br />

Avaliar a eficácia da vacinação contra o HPV no género masculino <strong>em</strong> idade pediátrica na prevenção de patologia maligna/pré-maligna associada a infeção por HPV.<br />

Metodologia<br />

Pesquisa de revisões sist<strong>em</strong>áticas, meta-análises, estudos originais e normas de orientação clínica, publicados entre 01/01/2006 a 01/09/2016 nas bases de dados da<br />

MEDLINE. Para realizar a pesquisa foram utilizados os termos MeSH Papillomavirus vaccines, male, children, adolescent. Os critérios de inclusão e exclusão<br />

basearam-se no modelo PICO: População: humana saudável do género masculino <strong>em</strong> idade pediátrica; Intervenção: vacinação contra o HPV; Comparação: não<br />

vacinação; Resultados: prevenção de patologia oncológica ou pré-cancerosa por HPV. Para avaliar o nível de evidência (NE) e a força de recomendação foi<br />

utilizada a escala Strengh-of-Recomendation Taxonomy, da American Acad<strong>em</strong>y of Family Physicians.<br />

Resultados<br />

.<br />

Nas 3 Normas de Orientação Clínica encontradas existe uma Força de Recomendação A para a vacinação contra o HPV no género masculino <strong>em</strong> idade pediátrica<br />

(Quadro 1). Da Pesquisa de artigos na base de dados Pubmed foram obtidos 530 artigos, dos quias apenas 11 cumpriam os critérios de inclusão. Segundo a maioria<br />

dos artigos, a vacinação contra o HPV no género masculino <strong>em</strong> idade pediátrica conduz à redução de incidência de infeção por HPV e lesões malignas ou prémalignas<br />

associadas ao mesmo. A Vacinação mista é mais eficaz do que a vacinação isolada do género f<strong>em</strong>inino. Esta redução é mais preponderante e países com<br />

menor taxa de vacinação no género f<strong>em</strong>inino (Quadro 2).<br />

Referência Recomendações FR<br />

Advisory Committee on Immunization Practices 2014<br />

Vacinação de rotina aos 11 ou 12 anos (pode ser iniciada aos 9 anos); Vacinação entre os 13 e os 21 anos para os que não foram previamente<br />

vacinados ou que não completaram as 3 doses; Entre os 22 e os 26 anos também pod<strong>em</strong> ser vacinados.<br />

National Advisory Committee on Immunization 2012 Vacinação entre os 9 e os 26 anos A<br />

Royal Australian College of General Practitioners 2012 Vacinação de rotina entre os 12 e os 13 anos.<br />

Quadro 1. Normas de Orientação Clínica. Legenda: FR – Força de Recomendação; Nível de evidência A: Informação recolhida a partir de vários ensaios clínicos aleatorizados ou meta-análises.; Nível de evidência B:<br />

Informação recolhida a partir de um único ensaio clínico aleatorizado ou estudos alargados não aleatorizados; Nível de evidência C: Opinião consensual dos especialistas e/ou pequenos estudos, estudos retrospetivos e registos.<br />

A<br />

B<br />

Referência Tipo População/Intervenção Resultados NE<br />

Bogaards, J. et al<br />

(2015)<br />

Elfstrom, M. et al<br />

(2015)<br />

Lehtinen, M. et al<br />

(2015)<br />

Ferris, D. et al<br />

(2014)<br />

Marcelon, L. et al<br />

(2015)<br />

Korostil I.A. et al<br />

(2013)<br />

EOR<br />

EOR<br />

ECR<br />

ECR<br />

EOR<br />

EOR<br />

Avaliação do efeito da vacinação contra o HPV bivalente quanto ao ganho de Anos de vida<br />

ajustados por qualidade e na redução do cancro (orofaringe, peniano, anal) nos homens.<br />

Comparar a prevenção de infeção por HPV com vacinação bivalente no género f<strong>em</strong>inino e<br />

masculino com extensão da vacinação <strong>em</strong> ambos.<br />

Avaliar o efeito da vacinação com HPV bivalente <strong>em</strong> raparigas comparativamente a<br />

rapazes e raparigas nascidos entre 1992-1995 nos anos escolares 2007-2008 e 2008-2009.<br />

Avaliação serológica do nível de anticorpos para verificar a imunogenicidade ao longo do<br />

t<strong>em</strong>po e avaliação da segurança e eficácia da vacina contra a infeção persistente ou doença.<br />

Quantificar o risco-beneficio da vacinação com HPV quadrivalente <strong>em</strong> rapazes para<br />

prevenção do cancro anal, <strong>em</strong> comparação com a não vacinação.<br />

Predição do impacto da vacinação <strong>em</strong> crianças do género masculino na incidência de<br />

lesões genitais associadas ao HPV.<br />

Li R. et al (2012) ECR Avaliar a segurança e imunogenicidade da vacina do HPV quadrivalente do HPV.<br />

Heidi M.B et al<br />

(2012)<br />

Chesson W. et al<br />

(2011)<br />

Giuliano A. et al<br />

(2011)<br />

Block SL et al<br />

(2006)<br />

Discussão<br />

De acordo com os resultados, existe uma Força de Recomendação A para a Vacinação contra o HPV no género masculino <strong>em</strong> idade pediátrica. A vacinação mista<br />

parece ser particularmente benéfica <strong>em</strong> países com menor taxa de vacinação no género f<strong>em</strong>inino.<br />

Referências Bibliográfica<br />

Existe benefício na introdução de vacina bivalente no PNV para rapazes. 2<br />

Redução de prevalência de HPV no programa com extensão. 2<br />

A vacinação mista aumenta <strong>em</strong> 31% a imunidade de grupo. 2<br />

Vacina apresenta duração de nível de anticorpos e eficácia por 8 anos. 2<br />

A vacinação <strong>em</strong> rapazes parece prevenir o cancro anal. 2<br />

Introdução da vacina no género masculino está associada a redução da<br />

incidência de lesões genitais na população heterossexual.<br />

A vacinação <strong>em</strong> crianças do género f<strong>em</strong>inino e masculino beneficia a<br />

redução de cancro genital e cervical, lesões pré-cancerígenas e genitais.<br />

EOR Avaliar a redução de lesões genitais benignas após a introdução da vacina HPV O diagnóstico de verrugas e cancro diminuiu <strong>em</strong> ambos os géneros. 3<br />

EOR<br />

ECR<br />

ECR<br />

Quadro 1. Estudos incluídos na revisão<br />

Estimativa do custo-eficiência da vacina do HPV quadrivalente <strong>em</strong> rapazes com 12 anos.<br />

Avaliar eficácia da vacina HPVquadrivalente, na redução da incidência de infeção<br />

anogenital e lesões genitais externas relacionadas com o HPV.<br />

D<strong>em</strong>onstrar a não inferioridade da imunogenicidade da vacina quadrivalente contra o HPV<br />

<strong>em</strong> jovens, meninas e meninos, comparativamente com mulheres adultas.<br />

A vacinação nas crianças do género masculino leva a maior redução a<br />

longo prazo o cancro cervical associado ao HPV.<br />

A vacina quadrivalente previne a infeção anogenital e o desenvolvimento<br />

de lesões genitais externas relacionadas com o HPV .<br />

A vacina quadrivalente contra o apresenta uma resposta imunitária<br />

robusta e eficaz para a prevenção de doença relacionada com o HPV.<br />

Giuliano A. et al (2011) Efficacy of Quadrivalent HPV Vaccine against HPV Infection and Disease in Males. N Engl J Med; Volume 364: Issue 5, 401–411; Ferris D. et al (2014) Long-term Study of a Quadrivalent HPV Vaccine.<br />

PEDIATRICS; Volume 134, Number 3, e657-65; Giuliano A. (2011) Quadrivalent Human Papillomavirus (HPV) Types 6, 11, 16, 18 Vaccine: For the Prevention of Genital Warts in Males. Drugs; Volume 71: Issue 5, 591–602;<br />

Markowitz LE. et al (2014) CDC - Human papillomavirus vaccination: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR Recomm Rep.; 29;63(RR-05):1-30; NACI: <strong>Update</strong> on HPV Vaccines.<br />

Canada Communicable Disease Report. 2012 Jan 38(ACS-1). p. 1–62; Communicable diseases – Immunisation (2012) In Guidelines for preventive activities in general practice, 8th edition. East Melbourne (Australia): Royal Australian<br />

College of General Practitioners; p. 34-35; ECDC (2012) Introduction of HPV vaccines in European Union countries - an update. ECDC Guidance. Stockholm; p. 12-15; Bogaards J. et al (2015) Direct benefit of vaccinating boys along<br />

with girls against oncogenic humam papillomavirus: Bayesian evidence synthesis. BMJ; 350: 1-9; Marcelon L. et al (2016) Quantitative benefit-risk assessment by MCDA of the quadrivalent HPV vaccine for preventing anal cancer in<br />

males. Expert Review of Vaccines; 15(1):139-48; Korostil, I. et al (2013) Near Elimination of Genital Warts in Australia Predicted With Extension of Human Papillomavirus Vaccination to Males. Sexually Transmitted Diseases; Vol 40,<br />

No 11; Li, R. et al (2012) Safety and immunogenicity of a vaccine targeting human papillomavirus types 11, 16 and 18: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial in Chinese males and f<strong>em</strong>ales. Vaccine; vol 30, pp 4284-4291;<br />

Block, SL. et al (2006) Comparison of the immunogenicity and reactogenicity of a prophylactic quadrivalent human papillomavirus (types 6, 11, 16, and 18) L1 virus-like particle vaccine in male and f<strong>em</strong>ale adolescents and young adult<br />

women. Pediatrics; 118(5):2135-45<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2


Vanda Ng Godinho 1 , Vítor Martins 2 , Helena Sousa 1<br />

1 – UCSP Vouzela, Vouzela – ACeS Dão‐Lafões; 2 – USF Viriato, Viseu – ACeS Dão‐Lafões<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O aparecimento abrupto de sintomas sistémicos e inespecíficos dificultam o diagnóstico e a abordag<strong>em</strong> terapêutica, optando‐se, muitas<br />

vezes, por uma conduta expectante até ao aparecimento de outras manifestações. A perda de força muscular generalizada pode ser o início<br />

de um s<strong>em</strong>‐fim de patologias, o que nos leva à procura de possíveis causas. Na presença de marcadores bioquímicos sugestivos, mesmo na<br />

ausência de sintomas típicos como a sudorese, palpitações e a exoftalmia, é importante ponderar a hipótese de hipertiroidismo e tratar<br />

precoc<strong>em</strong>ente uma possível t<strong>em</strong>pestade tiroideia.<br />

DESCRIÇÃO DE CASO<br />

Sexo f<strong>em</strong>inino<br />

58 anos<br />

Caucasiana<br />

Naturalidade: Viseu<br />

Nacionalidade: Portuguesa<br />

Autónoma nas AVD’s<br />

Antecedentes pessoais:<br />

Paralisia cerebral<br />

Mielopatia espondilótica<br />

cervical – operada (2009)<br />

HTA (2009)<br />

S. Vertiginoso<br />

Medicação habitual:<br />

Gabapentina 300mg id<br />

Ramipril 10mg id<br />

Indapamida 1,5mg id<br />

Beta‐histina 24mg 2id<br />

Meloxicam SOS<br />

S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes<br />

Separada há 10 anos<br />

Vive com a irmã<br />

Filha vive <strong>em</strong> Lisboa, mas<br />

mantêm contato diário<br />

Muito boa relação com a<br />

filha e a irmã<br />

20/11/2016 – S. Urgência<br />

Vómitos há 2 dias, associado a perda de força<br />

muscular, com necessidade de apoio na marcha.<br />

Fez 1L SF e.v. + anti<strong>em</strong>ético e análises, que não<br />

apresentavam alterações. Teve alta no próprio dia.<br />

07/12/2016 – Consulta Externa MFR<br />

Em cadeira de rodas por incapacidade <strong>em</strong> se manter <strong>em</strong><br />

pé, mantinha vómitos alimentares (1 episódio/dia),<br />

<strong>em</strong>agrecimento de 6kg (<strong>em</strong> duas s<strong>em</strong>anas) e<br />

dificuldade <strong>em</strong> manter um discurso fluído<br />

EO: Taquicardia sinusal; clónus a nível das tibiotársicas<br />

e força muscular geral grau 2<br />

Pedidas análises sanguíneas e agendada nova consulta<br />

12/12/2016<br />

Discutido caso com Medicina Interna, optou‐se por<br />

internar a doente para estudo e controlo da crise<br />

tiroideia<br />

Repetiu análises (16/12/2016):<br />

➜ TSH 0,004 mUI/L; T4 Livre 2,7 ng/dL<br />

Ac. anti‐receptores TSH<br />

Ac. anti‐peroxidase tiroideia<br />

Ac. anti‐tiroglobulina<br />

POSITIVOS<br />

26/11/2016 – S. Urgência<br />

Queda no domicílio com traumatismo craneoencefálico.<br />

Agravamento da incapacidade de deambular,<br />

caminhava com auxílio de andarilho, s<strong>em</strong> capacidade<br />

para conduzir.<br />

Fez TC‐CE, s<strong>em</strong> alterações e teve alta com analgesia.<br />

09/12/2016 ‐ Análises:<br />

⬇⬇ TSH ‐ 0,001mUI/L<br />

⬆⬆ T4 Livre ‐ 3,7ng/dL<br />

13/12 ‐ 19/12/2016 – Internamento Medicina Interna<br />

Iniciou antitiroideus <strong>em</strong> altas doses (Tiamazol 30mg<br />

2id) e beta‐bloqueador, com boa resposta clínica e<br />

regressão dos sintomas cardíacos e neurológicos focais.<br />

Realizou ecografia da tiróide: “hipoecogenicidade e<br />

discreta heterogeneidade do parênquima, com possível<br />

tradução <strong>em</strong> processo de tiroidite”<br />

DOENÇA DE GRAVES<br />

Melhoria progressiva da sintomatologia e por insistência da utente, teve alta ao 6º dia.<br />

Teve consulta de Medicina Interna ‐ Doenças da Tiróide, com resolução total do quadro neurológico e mantém ajuste terapêutico gradual.<br />

DISCUSSÃO<br />

A instalação do quadro de hipertiroidismo pode ocorrer de forma progressiva ou insidiosa, acompanhada ou não por sintomatologia típica<br />

como a sudorese, palpitações e/ou exoftalmia. A Doença de Graves, apesar de ter uma incidência mais elevada <strong>em</strong> mulheres mais jovens,<br />

pode surgir <strong>em</strong> qualquer idade. Esta diversidade na forma de apresentação pode dificultar o seu diagnóstico. É, portanto, imperativa a<br />

identificação destas situações, de modo a tratar os sintomas at<strong>em</strong>padamente e evitar o aparecimento de complicações. Tratando numa fase<br />

precoce, uma t<strong>em</strong>pestade tiroideia pode ser totalmente revertida s<strong>em</strong> deixar sequelas na vida do doente.<br />

R. Gomes,R. Mealha,A. Fernandes,L. Oliveira,S. Lança,E. Almeida. Thyrotoxic crisis – clinical report. Rev Port Med Int, 16 (2009), pp. 31‐35; L. Wartofsky. Clinical criteria for the diagnosis of thyroid storm. Thyroid, 22 (2012),<br />

pp. 659‐660; T. Akamizu,T. Satoh,O. Isozaki,A. Suzuki,S. Wakino,T. Iburi. Diagnostic criteria, clinical features, and incidence of thyroid storm based on nationwide surveys. Thyroid, 22 (2012), pp. 661‐679; R.S. Benua,D.V.<br />

Becker,J.R. Hurley. Thyroid storm. Current Therapy in Endocrinology and Metabolism, 5th ed., pp. 75


DESAFIOS DIAGNÓSTICOS DE UMA FRATURA<br />

Cristina Gonçalves Costa, Céline Gama, Maria Cristina Oliveira Rodrigues<br />

USF Oceanos – Unidade Local de Saúde de Matosinhos<br />

Enquadramento<br />

» As fraturas são uma causa comum de doença aguda, podendo acarretar uma morbi-mortalidade significativa. Assim,<br />

é fundamental o diagnóstico e tratamento at<strong>em</strong>pados para se obter o melhor resultado.<br />

» Exist<strong>em</strong> diferentes tipos de fraturas, sendo a fratura traumática a mais comum. As fraturas patológicas têm subjacente<br />

alterações do mecanismo fosfo-cálcio, como ocorre na osteoporose ou algumas doenças neoplásicas.<br />

» A avaliação do mecanismo da lesão através de uma anamnese cuidada é essencial para a realização do diagnóstico<br />

diferencial, determinação do processo etiológico e correta orientação terapêutica.<br />

Descrição do caso<br />

55 anos | Profissão: des<strong>em</strong>pregada<br />

Antecedentes Pessoais: síndrome miofascial, enxaqueca, ex-fumadora (30 UMA)<br />

Medicação habitual: paracetamol + codeína (500 +30 mg), ciclobenzaprina, cloreto de magnésio<br />

Múltiplos recursos a consulta<br />

de intersubstituição da USF<br />

março 2016<br />

Múltiplos episódios de<br />

urgência<br />

março a abril 2016<br />

| S: Dor referida aos arcos costais à direita, após movimento brusco<br />

| O: S<strong>em</strong> dor à palpação dos arcos costais ou músculos intercostais, s<strong>em</strong> dor à inspiração profunda.<br />

AC e AP s<strong>em</strong> alterações<br />

| A: Doença do aparelho músculo-esquelético, outra (L99)<br />

| P: Anti-inflamatório não esteróide e medidas de suporte<br />

| Agravamento dos sintomas álgicos, irradiação para região dorsal e limitação dos movimentos de<br />

elevação dos m<strong>em</strong>bros superiores<br />

| MCDT – Radiografia cervical, dorsal e da grade costal: uncartrose C6-C7 e osteopenia<br />

| Plano: Analgesia (segundo escada da OMS), orientada para médico assistente<br />

Consulta aberta USF<br />

maio a agosto 2016<br />

| S: Agravamento progressivo das queixas álgicas, associado a astenia, anorexia e <strong>em</strong>agrecimento<br />

| O: Perda ponderal de 3kg (IMC atual: 20,3 kg/m 2 ). Marcha com limitação condicionada pela dor.<br />

Restante exame objetivo s<strong>em</strong> alterações de relevo.<br />

| A: Doença do aparelho músculo-esquelético, outra (L99) + Doença linfoproliferativa?<br />

| P: Estudo analítico alargado + TC coluna vertebral<br />

Consulta programada<br />

agosto a set<strong>em</strong>bro 2016<br />

| S: Resultado de exames (A60)<br />

| O: » An<strong>em</strong>ia macrocítica, inversão da fórmula leucocitária, trombocitopenia e elevação da<br />

velocidade de sedimentação<br />

» TC coluna vertebral: fratura D7 e D10<br />

| A: Fractura, outras (L76) + An<strong>em</strong>ia não especificada (B82) + Suspeita de Mieloma Múltiplo<br />

| P: Referenciação aos Cuidados de Saúde Secundários<br />

Internamento no Serviço de Medicina Interna (30/09 a 14/11/2016)<br />

- RMN dorsal: alterações da trabeculação e lesões líticas intravertebrais, sugestivas de Mieloma Múltiplo<br />

- Biópsia óssea: confirmação do diagnóstico de Mieloma Múltiplo (cadeias leves estadio IIIa, ISS III com t(11,14) <strong>em</strong> 15% das células)<br />

Plano | Analgesia + Lombostato tipo Taylor + repouso. Início de quimioterapia. Ingresso <strong>em</strong> unidade de cuidados continuados <strong>em</strong><br />

articulação com a equipa de saúde familiar. Seguimento <strong>em</strong> consulta de H<strong>em</strong>atologia Clínica.<br />

Discussão<br />

» O Mieloma Múltiplo cursa com uma apresentação insidiosa, evoluindo de forma progressiva e debilitante. Em cerca de 1/3 dos casos, a<br />

fratura patológica no esqueleto axial é a primeira manifestação de doença.<br />

» A utente <strong>em</strong> causa procurou ajuda médica diversas vezes e a diferentes prestadores de cuidados de saúde, não tendo existido uma<br />

abordag<strong>em</strong> holística dos seus probl<strong>em</strong>as. Assim, o caso descrito ex<strong>em</strong>plifica o papel fundamental do médico de família como gestor da saúde<br />

do utente.<br />

» O médico de família, pelas características da sua prática clínica, depara-se frequent<strong>em</strong>ente com desafios diagnósticos, havendo necessidade<br />

de orientar sinais e sintomas inespecíficos <strong>em</strong> fases precoces de doença, prestando um seguimento continuado no t<strong>em</strong>po.<br />

Abreviaturas: AC – Auscultação Cardíaca, AP – Auscultação Pulmonar, IMC – Índice de Massa Corporal, MCDT – Meios Compl<strong>em</strong>entares de Diagnóstico e Tratamento, OMS – Organização Mundial de Saúde, UMA –<br />

Unidade Maço Ano, USF – Unidade de Saúde Familiar, TC – Tomografia Computorizada<br />

Referências bibliográficas: Rajkumar SV. Clinical features, laboratory manifestations, and diagnosis of multiple myeloma. Em UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA. (Acedido <strong>em</strong> 29 de março de <strong>2017</strong>) | Shah<br />

D, Seiter K. Multiple Myeloma. Em Medscape. Disponível <strong>em</strong>: http://<strong>em</strong>edicine.medscape.com/article/204369-overview [acedido <strong>em</strong> 29 de março de <strong>2017</strong>]


A PROPÓSITO DE UMA<br />

APRESENTAÇÃO RARA DE PSORÍASE<br />

Fabiana Peixoto 1 , Cátia Martins 1 , Margarida Aguiar 2<br />

1- Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, USF Valongo, ACES Grande Porto III<br />

2- Assistente Graduada Sénior de Medicina Geral e Familiar, USF Valongo, ACES Grande Porto III<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A psoríase é uma doença crónica hiperproliferativa, auto-imune, com padrão hereditário, que atinge entre 0,91-8,5% da<br />

população adulta. 1 Pode envolver a pele, articulações e unhas. 2<br />

O envolvimento ungueal é relativamente comum, acometendo 61% dos casos de psoríase cutânea 3 , manifestando-se<br />

geralmente após o surgimento de manifestações cutâneas. 4 Apenas numa pequena percentag<strong>em</strong> de doentes (inferior a 5%)<br />

é a primeira manifestação da doença.<br />

A incidência da psoríase ungueal aumenta com a idade, não tendo preferencia por sexo e t<strong>em</strong> uma forte associação com o<br />

desenvolvimento de artrite psoriátrica. 4 O pitting ungueal é o achado mais frequente neste tipo de psoríase e é<br />

secundária ao envolvimento da matriz ungueal. 2<br />

A psoríase ungueal pode ser difícil de tratar e t<strong>em</strong> um impacto significativo na qualidade de vida. 2<br />

27 anos de idade.<br />

Antecedentes pessoais: Rinite Alérgica.<br />

Dextro. Não fumador.<br />

Nega toma de Medicação Habitual.<br />

S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

2016<br />

Set<strong>em</strong>bro<br />

Aparecimento de leuconíquia punctata<br />

junto à base da unha do polegar direito.<br />

Progressão para o leito ungueal no<br />

decorrer de um mês. S<strong>em</strong> dor associada<br />

n<strong>em</strong> outras queixas acompanhantes.<br />

Este quadro motivou o doente a dirigir-se à<br />

consulta programada.<br />

Prova terapêutica com Amorolfina 50<br />

mg/mL, 1 aplicação/s<strong>em</strong>ana para possível<br />

onicomicose.<br />

A biópsia revelou: “representação de<br />

epitélio s<strong>em</strong> alterações relevantes e tecido<br />

conjuntivo subepitelial com discreto<br />

infiltrado inflamatório de predomínio<br />

linfocitário, com participação focal de alguns<br />

neutrófilos, também presente nas papilas.<br />

Conclusão: Aspetos histológicos que<br />

favorec<strong>em</strong> diagnóstico de Psoríase.”<br />

O doente foi medicado com Daivobet®<br />

alternado com Protopic® e foi submetido a<br />

administração de corticoide intramatricial.<br />

Outubro<br />

2016<br />

2016 Dez<strong>em</strong>bro<br />

Janeiro<br />

<strong>2017</strong><br />

Follow-up: Março <strong>2017</strong><br />

Progressão dos sinais até à extr<strong>em</strong>idade<br />

da unha, associada a distrofia ungueal e<br />

pitting ungueal.<br />

Associou-se ainda o aparecimento de<br />

leuconíquia punctata na base da unha<br />

do quarto dedo mão direita, o que<br />

motivou o doente a recorrer a consulta de<br />

dermatologia privada.<br />

O doente foi submetido a biópsia do leito<br />

e matriz ungueais e raspado ungueal um<br />

mês após a suspensão do tratamento<br />

antifúngico tópico.<br />

Figura 1 – Aspeto macroscópico<br />

das lesões previamente à biópsia<br />

Figura 2 – Aspeto macroscópico da<br />

lesão após biópsia<br />

Figura 3 – Aspeto atual das lesões<br />

DISCUSSÃO<br />

Este caso pretende alertar para uma apresentação rara, mas possível, de psoríase, que deve ser equacionada <strong>em</strong> doentes que se<br />

apresentam com alterações ungueais. A psoríase ungueal, por ocorrer geralmente após o surgimento de patologia cutânea, pode passar<br />

despercebida se ocorrer isoladamente, podendo ser confundida com outras patologias, levando a intervenções desadequadas.<br />

Não existe um tratamento inequívoco da psoríase ungueal, podendo passar pelo tratamento tópico e/ou intralesional. O médico de<br />

família, prestando um cuidado longitudinal aos seus doentes, deve ter <strong>em</strong> consideração que o acompanhamento de doentes com esta<br />

patologia passa também pela identificação e tratamento de comorbilidades frequent<strong>em</strong>ente associadas, como sejam a patologia<br />

cardiovascular, metabólica ou psiquiátrica.<br />

O curso natural da doença é feito de r<strong>em</strong>issões e recidivas e, dada a evidência a favor da associação ao surgimento de artrite<br />

psoriática, o médico de família des<strong>em</strong>penha aqui um papel fundamental, devendo estar atento ao desenvolvimento de queixas<br />

compatíveis com envolvimento da doença noutras localizações, para uma intervenção at<strong>em</strong>pada.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1- Feldman, Steven R. Epid<strong>em</strong>iology, clinical manifestations, and diagnosis of psoriasis. Consultado <strong>em</strong> http://www.uptodate.com/contents/epid<strong>em</strong>iology-clinical-manifestations-and-diagnosis-of-psoriasis (De z/2016). 2- Crowley JJ1,<br />

Weinberg JM, Wu JJ, Robertson AD, Van Voorhees AS - National Psoriasis Foundation. Treatment of nail psoriasis: best practice recommendations from the Medical Board of the National Psoriasis Foundation. JAMA Derm atol. 2015<br />

Jan;151(1):87-94. 3- Baran R. How to diagnose and treat psoriasis of the nails. Presse Med. 2014 Nov;43(11):1251-9. 4- Cindy Li, Scher, RK. Nail Psoriasis. Con sultado <strong>em</strong> http://<strong>em</strong>edicine.medscape.com/article/1107949-overview<br />

(Dez/2016)


Crónica de um AVC arrastado…<br />

aos 38 anos<br />

Carla Costa¹, Diana Miranda¹, Cláudia Teixeira²<br />

¹ - Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, 4º ano<br />

² - Interna de Formação Específica de Medicina Geral e Familiar, 3º ano<br />

Enquadramento<br />

A disseção carotídea insere-se na categoria das disseções arteriais cervicais como causa de Acidente Vascular Isquémico (AVC), sendo esta última<br />

entidade responsável por cerca de 25% dos AVCs isquémicos na população com idade inferior a 45 anos. O quadro clínico inerente à dissecção carotídea<br />

relaciona-se com a localização da lesão arterial, sendo a intracraniana a menos comum. A tríade caracterizada por Síndrome de Horner incompleto, dor<br />

no trajeto da artéria carótida e cefaleia, à qual se segu<strong>em</strong> sinais e sintomas de isqu<strong>em</strong>ia retiniana e/ou cerebral, dev<strong>em</strong> levantar a suspeita de dissecção<br />

da artéria carótida. Os fatores de risco identificados para dissecção arterial cervical inclu<strong>em</strong>, hipertensão arterial, dislipid<strong>em</strong>ia, hiperhomocisteín<strong>em</strong>ia,<br />

história de intercorrência infeciosa recente e determinadas doenças genéticas do tecido conjuntivo, contudo, história de trauma cervical constitui o<br />

fator de risco de maior relevo. Trata-se todavia, de um diagnóstico frequente <strong>em</strong> indivíduos s<strong>em</strong> fatores de risco cardiovasculares major identificados.<br />

Descrição do Caso Clínico<br />

Identificação:<br />

C.M.D., 38 anos, género f<strong>em</strong>inino<br />

Antecedentes Pessoais:<br />

#1 – Desde 2009: Queixas osteoarticulares e neurológicas<br />

referentes aos segmentos cervical e lombar da coluna cervical,<br />

intermitentes, características mecânicas, intensidade moderada.<br />

#2 – outubro de 2016: Episódio de noção de diminuição<br />

intermitente da força muscular <strong>em</strong> todos os segmentos do m<strong>em</strong>bro<br />

superior esquerdo, que motiva ida ao serviço de urgência. Teve alta<br />

clínica, s<strong>em</strong> orientação posterior<br />

Antecedentes Familiares:<br />

#1 - Pai: AVC isquémico aos 59 anos<br />

Medicação Habitual:<br />

Anticoncetivo hormonal combinado<br />

História da Doença Atual – nov<strong>em</strong>bro de 2016<br />

#S - Recorre a consulta aberta com a sua médica de família,<br />

relatando queixas de noção de diminuição da força muscular<br />

<strong>em</strong> todos os segmentos do m<strong>em</strong>bro superior esquerdo,<br />

associado a parestesias<br />

#O - s<strong>em</strong> alterações do tegumento objetiváveis<br />

- s<strong>em</strong> sinais inflamatórios aparentes<br />

- força muscular mantida e simétrica nos m<strong>em</strong>bros<br />

superiores bilateralmente<br />

- reflexos osteotendinosos vivos e simétricos nos m<strong>em</strong>bros<br />

superiores bilateralmente<br />

#A – Sinal/sintoma do braço; sinal/sintoma da mão/dedo<br />

#P – tomografia axial computorizada (TAC) da coluna cervical<br />

+ eletrocardiograma (ECG) + h<strong>em</strong>ograma + glicose +função<br />

renal + função tiroideia<br />

Meios compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico (MCDT) não realizados<br />

História da Doença Atual – dez<strong>em</strong>bro de 2016<br />

#S – Noção de diminuição da força muscular no m<strong>em</strong>bro<br />

superior esquerdo, associado a parestesias com a mesma<br />

localização e na região occipital, cefaleia e disartria<br />

INEM<br />

#S – Manutenção dos sinais e sintomas<br />

#O – Hipostesia do m<strong>em</strong>bro superior e face à esquerda<br />

#A – Acidentes vascular cerebral?<br />

#P – TAC craneoencefálico e ECG<br />

MCDTs s<strong>em</strong> alterações valorizáveis<br />

#A – Disseção carotídea?<br />

#P – Angio-TAC<br />

Hospital de Braga – Serviço de Urgência<br />

Colaboração de Neurologia<br />

Disseção carotídea direita no bulbo cerebral com<br />

oclusão <strong>em</strong> bico de lápis<br />

Discussão<br />

O diagnóstico de disseção arterial cervical t<strong>em</strong> vindo a aumentar nos últimos anos, com o advento de um maior recurso às técnicas imagiológicas.<br />

Contudo, o seu diagnóstico é muitas vezes atrasado pelo carácter intermitente da sintomatologia e pelas características sociod<strong>em</strong>ográficas dos<br />

indivíduos geralmente afetados. É por isso reconhecida a importância de um nível de alerta maior para esta entidade nosológica, de forma a<br />

aumentar o seu diagnóstico e respetiva orientação e tratamento urgente ou <strong>em</strong>ergente.<br />

Bibliografia<br />

Blum, C.; Yaghi, S. Cervical Artery Dissection: a review of the Epid<strong>em</strong>iology, Pathophysiology, Treatment, and Outcome. Archives of Neurology (2015), vol 2; pgs 1-12<br />

Campos – Herrera, C.; Scaff, M.; Yamamoto, F.; Conforto, A. Spontaneous cervical artery dissection. Arquivos de Neuropsiquiatria (2008), vol 66; pgs 922-927<br />

Chen, J.; Zhou, X.; Li, C.; Cheung, B. Risk of Stroke due to Spontaneous Cervical Artrey Dissection. Internal Medicine (2013), vol 52; pgs 2237-2240


SÍNDROME WOLF PARKINSON WHITE<br />

– A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Catarina Pinto 1 , Cristina Xavier 1 , Mário Esteves 1<br />

1<br />

USF Planalto, ACES Lezíria<br />

Enquadramento:<br />

• O Síndrome Wolf Parkinson White (Sd. WPW) é uma taquiarritmia onde os impulsos eléctricos<br />

entre as aurículas e os ventrículos são conduzidos por uma via acessória.<br />

• A Hipertensão Arterial (HTA) é a elevação crónica da PA (sistólica ≥140 mmHg ou diastólica ≥90<br />

mmHg). Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia exist<strong>em</strong> cerca de dois milhões de<br />

hipertensos <strong>em</strong> Portugal e apenas 25% deste número estão medicados.<br />

Descrição do caso:<br />

-Hom<strong>em</strong>, 36 anos, caucasiano, administrativo;<br />

- Antecedentes pessoais: hiperuric<strong>em</strong>ia na adolescência, miopia desde os 18A, um episódio de síncope miccional aos 27 anos,<br />

tabagismo (17 UMA);<br />

- Antecedentes familiares: mãe com HTA essencial, pai faleceu por doença cardíaca que não sabe especificar;<br />

- S<strong>em</strong> medicação habitual.<br />

MCDT’s: MAPA = Dipper, HTA grau I;<br />

EO: AC s1 e s2 audíveis, rítmicos,<br />

s<strong>em</strong> extra-sons; TA 138/93 mmMg;<br />

FC 92 bpm AP s<strong>em</strong> alterações; IMC<br />

32 kg/m 2 .<br />

Análises = s<strong>em</strong> alterações; ECG = padrão<br />

de pré-excitação do tipo Wolf Parkinson<br />

White.<br />

Probl<strong>em</strong>as identificados:<br />

! Cansaço fácil e toracalgia<br />

! Obesidade<br />

! Tensão arterial elevada<br />

Mudança de estilo de vida<br />

Análises, MAPA e ECG.<br />

Consulta<br />

S. Adultos<br />

Reavaliação<br />

Resultado<br />

dos<br />

MCDT’s<br />

Figura 1 - ECG: padrão de pré-excitação do tipo Wolf Parkinson White<br />

EO: TA 149/95 mmHg, FC 88 bpm,<br />

ACP = N.<br />

Holter + ecocardiograma;<br />

Nebivolol 5mg 1cp/dia;<br />

Referenciação Cardiologia HDS<br />

Discussão:<br />

Algumas metas estipuladas foram cumpridas:<br />

IMC = 30 kg/m 2 | TA = 125/78 mmHg; FC 72 bpm.<br />

MCDT’s:<br />

Holter = padrão de pré-excitação com rara extrassístolia supraventricular<br />

de apresentação isolada; Ecocardiograma = normal.<br />

Negociação das estratégias <strong>em</strong> relação à mudança de comportamentos,<br />

nomeadamente a prática de exercício físico de baixo rendimento;<br />

Consulta dentro de 4/6 para reavaliar TA;<br />

Manter acompanhamento na consulta de Arritmologia<br />

Este relato de caso combina uma patologia de elevada prevalência na prática clínica (HTA), sendo o 2º<br />

probl<strong>em</strong>a de saúde crónico mais prevalente dos utentes da USF, com a revisão de uma patologia<br />

grave, possivelmente fatal, de sintomatologia insidiosa ou até mesmo inexistente. Termino com o 4º<br />

princípio da Medicina Familiar “O médico de família encara os seus doentes como uma população <strong>em</strong><br />

risco.” de Mcwhinney.<br />

Bibliografia: Longo, Dan L. et al. Medicina interna de Harrison. 18.ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. 2 v. ; Robert O. Bonow, MD, Douglas L. Mann, MD, Douglas P. Zipes, MD, Peter Libby, MD, Eugene<br />

Braunwald, MD (2012) Braunwald’s heart disease: a text<strong>book</strong> of cardiovascular medicine. In: Specific Arrhythmias: Diagnosis and Treatment (Jeffrey Olgin, Douglas P. Zipes), pp785-836. Philadelphia: Elsevier<br />

Saunders; Fundação Portuguesa de Cardiologia, http://www.fpcardiologia.pt/.


Numa consulta de rotina…<br />

Diana Rato , Isa Garcia, Marina Cardoso I UCSP Figueira da Foz Urbana<br />

Enquadramento<br />

As causas endócrinas de Hipertensão Arterial (HTA) secundária, <strong>em</strong>bora relativamente raras, têm grande potencial de ser<strong>em</strong> curáveis.<br />

Os Paragangliomas são tumores raros que pod<strong>em</strong> ser funcionantes consoante a capacidade de secretar catecolaminas. Os<br />

Paragangliomas simpáticos encontram-se na região abdomino-pélvica e são habitualmente secretores, podendo originar sintomatologia<br />

variada como hipertensão arterial, cefaleias, palpitações e perda de peso.<br />

Descrição do Caso<br />

♂ 43 anos, caucasiano, casado, agente da Brigada Fiscal (GNR).<br />

Avaliação Familiar: Família nuclear (fase V do Ciclo de Duvall) e de classe média-alta<br />

Antecedentes pessoais: Tabagismo, Dislipid<strong>em</strong>ia, Leuc<strong>em</strong>ia (2000)<br />

Antecedentes familiares: Doença de Alzheimer (mãe) e Neoplasia do cólon (pai)<br />

18.Fevereiro.2016 25.Fevereiro.2016 14.Março.2016<br />

S) Consulta de rotina<br />

Assintomático<br />

O) TA : 138/98mmHg, de novo<br />

FC: 78bpm ACP normal<br />

IMC:29,2 Kg/m 2<br />

S) TA na Enfermag<strong>em</strong> (MSE): 170/100 mmHg<br />

No trabalho , TA: 150/100 mmHg -s<strong>em</strong> benefício<br />

com captopril 25 sl<br />

S<strong>em</strong> fatores precipitantes. S<strong>em</strong> sintomas.<br />

O) ACP normal FC:74 bpm<br />

Função Tiroideia<br />

Na+, Ca2+, Cl-, K+, Mg2+<br />

Renina<br />

Aldosterona<br />

Cortisol (manhã/urinário)<br />

Normal<br />

Normais<br />

9,78 pg/mL (N)<br />

22,4 ng/dL (N)<br />

13,05 µg/dL, 218 µg/24h (N)<br />

A) Pressão arterial elevada (k85)<br />

Excesso de Peso (T83)<br />

P) Lercanidipina 10 mg + Estudo de HTA secundária<br />

Metanefrinas urinárias<br />

Ácido Vanilmandélico<br />

0,42 mg/24h (N)<br />

3,55 mg/24H (N)<br />

P) Vigiar TA (Enfermag<strong>em</strong>)<br />

Dieta + exercício físico + desabituação<br />

tabágica + estudo de outros fatores de RCV<br />

Reavaliação (após terapêutica):<br />

TA: 140/100 mmHg<br />

Associa clorotalidona 50 mg<br />

Catecolaminas<br />

• Totais<br />

• Noradrenalina<br />

• Adrenalina<br />

• Dopamina<br />

2045 ng/dL ↑<br />

1915 ng/dL ↑<br />

48 ng/dL<br />

82ng/dL<br />

Ecografia renal e suprarrenal c/ doppler arterial<br />

S<strong>em</strong> alterações valorizáveis<br />

ECG<br />

RS 89bpm, Desvio esq do eixo<br />

Pede-se TAC Abdomino-pélvica + Consulta de Endocrinologia (Urgente)<br />

16.5x12.5mm<br />

Massa justa-vesical <strong>em</strong> TAC abdomino-pélvica<br />

PARAGANGLIOMA?<br />

Excisão Laparoscópica da massa justa-vesical<br />

(Nov,2016) | (aguarda resultado histológico)<br />

Discussão<br />

As autoras consideram o caso relevante quer pela marcha diagnóstica por elas desenvolvida quer pela causa rara e potencialmente<br />

curável de hipertensão. A maioria dos Paragangliomas abdominais são secretores e o diagnóstico passa pela elevação das catecolaminas e<br />

seus metabolitos assim como a deteção imagiológica das lesões. A abordag<strong>em</strong> deste caso não se limita ao utente mas também à apertada<br />

vigilância e diagnóstico precoce dos familiares, já que atualmente é conhecida a relação entre alguns genes e a etiologia dos<br />

Paragangliomas.<br />

Bibliografia: Paragangliomas, caracterização clínica e funcional de 40 casos, RJ Santos MD, R Domingues BSc, P Montalvão, et al; Revista Portuguesa de Endocrionologia, Diabetes e Metabolismo 2011 | NEDO.


Autores: Joana Castro*; Nuno Parente*<br />

*Interno de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

USF Viver Mais – ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo<br />

Cefaleia recorrente: Malformação de Chiari tipo I<br />

Enquadramento As malformações de Chiari constitu<strong>em</strong>-se num espectro de alterações anatómicas que afectam as<br />

relações estruturais do rombencéfalo. Estas doenças divid<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> quatro tipos, de I a IV 1 . A malformação de Chiari<br />

tipo I (MC-I) é a mais comum, normalmente a de menor gravidade e, por isso, muitas vezes diagnosticada <strong>em</strong> idade<br />

adulta 2 . Estudos recentes mostram uma maior prevalência da MC-I no género f<strong>em</strong>inino 3 . Os sintomas são provocados<br />

pela ectopia amigdalina, que causa compressão medular e cerebelosa e alteração do fluxo normal do líquido<br />

céfalorraquidiano (LCR). A sintomatologia abrange cefaleia occipital e cervicalgia, que agravam com a tosse e<br />

manobra de Valsalva 2 , e alterações da marcha e do equilíbrio. O diagnóstico destas malformações é confirmado por<br />

ressonância magnética 4 e o tratamento depende da gravidade da apresentação clínica.<br />

Descrição do Caso<br />

♀ 7 anos, AP: pneumonia aos 2 anos, meningite vírica aos<br />

5 anos, alterações da coagulação e do comportamento <strong>em</strong><br />

estudo.<br />

10/2015 USF Viver Mais: cefaleias de repetição desde a<br />

meningite, atualmente quase diárias, por vezes<br />

associadas a queixas álgicas do m<strong>em</strong>bro inferior<br />

esquerdo. Localização frontal, s<strong>em</strong> irradiação,<br />

intensidade ligeira a moderada, associadas a fono e<br />

fotofobia, agravamento vespertino e com o exercício,<br />

melhoria com toma de paracetamol.<br />

Plano Referenciação hospitalar<br />

4/2016 Centro Hospitalar S. João (CHSJ) – Consulta de<br />

Neuropediatria: Cefaleia pós meningite.<br />

Plano Ressonância magnética (RMN) cerebral<br />

<strong>2017</strong>: seguimento <strong>em</strong> consulta de neuropediatria e<br />

neurocirurgia, medicada sintomaticamente com<br />

analgésico, s<strong>em</strong> indicação para tratamento cirúrgico.<br />

Figura 1. Ressonância magnética nuclear cerebral Junho 2016, CHSJ<br />

6/2016 RMN cerebral - ectopia das amígdalas cerebelosas<br />

compatível com malformação de Chiari tipo I e<br />

ausência de compressão cerebelomedular, obstrução à<br />

passag<strong>em</strong> de LCR e hidrocefalia.<br />

Discussão Frequent<strong>em</strong>ente o médico de família depara-se com quadros clínicos inespecíficos, nos quais a<br />

referenciação hospitalar se torna essencial para o diagnóstico. A ressonância magnética, não acessível nos cuidados<br />

de saúde primários, é fundamental nesta patologia, tanto para o diagnóstico como para a decisão terapêutica 4 . Na<br />

MC-I a indicação cirúrgica prende-se com a correlação entre os achados na ressonância magnética e a gravidade dos<br />

sintomas clínicos. Neste caso, pela clínica frustre e ausência de alteração no fluxo de LCR, mantém-se o tratamento<br />

conservador com analgesia e evicção da prática de exercício físico.<br />

1. Abd-El-Barr MM, Strong CI, Groff MW. Chiari malformations: diagnosis, treatments and failures. J Neurosurg Sci. 2014 Dec. 58 (4):215-21 | 2. Carmiña Riveira, MD, and Julio Pascual, MD, PhD, Is<br />

Chiari Type I Malformation a Reason for Chronic Daily Headache?, Curr Pain Headache Rep. 2007 Feb;11(1):53-5 | 3. Speer MC, Enterline DS, Mehltretter L, Hammock P, Joseph J, Dickerson M, et al.<br />

Chiari type I malformation with or without syringomyelia: prevalence and genetics. J Genet Couns. 2003. 12:297-311. | 4. Reza Yassari, MDa,b, David Frim, MD, PhD, Evaluation and manag<strong>em</strong>ent of<br />

the Chiari malformation type 1 for the primary care pediatrician, Pediatr Clin N Am 51 (2004) 477 – 490


Quanto mais me bates, mais precisas de mim<br />

Um caso de violência conjugal<br />

Autores: Madalena H. Monteiro 1 , Ivone Fernandes Costa 1<br />

Colaborador: Inês Fonseca 2<br />

1‐ Interna da formação específica de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, ACES Loures‐Odivelas<br />

2‐ Consultora da especialidade de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, ACES Loures‐Odivelas<br />

Enquadramento<br />

A violência conjugal, definida como a violência que ocorre numa relação ín


Caso Clínico 1<br />

Joana Sofia Gil, Emília Couto E Santos<br />

Enquadramento<br />

A dorsalgia b<strong>em</strong> como a lombalgia são dos principais motivos de consulta nos cuidados de saúde primários. Embora a etiologia seja<br />

sobretudo mecânica e benigna, numa minoria de casos pod<strong>em</strong>os estar perante uma causa grave, devendo esta ser activamente<br />

investigada se houver suspeição clínica ou resistência à terapêutica. Os sinais de alerta inclu<strong>em</strong> défices neurológicos, agravamento da<br />

dor com repouso, perda ponderal, febre e antecedentes de neoplasia. As causas mais frequentes são degenerativas (osteoartrite,<br />

discopatia) musculares (dor miofascial, contractura muscular), dor referida e fracturas vertebrais <strong>em</strong> contexto de osteoporose. Causas<br />

mais raras são neoplasias, infeções (espondilodiscite, tuberculose), aneurismas, crises de falciformação, doenças reumatológicas<br />

(artrite reumatóide, espondilite anquilosante) ou lesões compressivas da medula ou da cauda equina. Todas dev<strong>em</strong> ser tidas <strong>em</strong> conta<br />

pelo Médico de Família na sua avaliação.<br />

JAV, sexo masculino, 30 anos, informático, AP: Bócio coloide<br />

Maio 2016: toracalgia direita , que surge durante treino no ginásio<br />

EO: Dor à palpação dos musculos paravertebrais dorsais e trapézio direito.<br />

Tx: paracetamol+tiocolquicosido com alívio parcial<br />

Julho 2016 – Dorsalgia mediana que agrava com tosse. EO: AP normal, dor a<br />

palpação 3º e 4º arcos costais direitos e dos músculos intercostais<br />

Tx: diclofenac<br />

Agosto 2016 – perda ponderal 3Kg, febre 37,5-38,5 e suores predominio<br />

nocturno. Tosse produtiva com vestígios h<strong>em</strong>áticos Rx tórax:<br />

hipotanspaênia no 1/3 sup do pulmão direito e alterações esclerofibróticas<br />

hilo-apicais direitas. TAC pulmonar peuenas áreas de<br />

consolidação dispersas no pulmão direito, no lobo superior e segmento<br />

apical do lobo inferior associadas a zonas de cavitação/perda de<br />

sustnia.Pesquisa de BK e envio a CDP onde iniciou terapêutica (HRZE).<br />

Figura 1 – rx tórax AP<br />

Figura 2 e 3 – TAC pulmonar corte sagital e axial<br />

Terminou toma observada directa (TOD) <strong>em</strong> Março de <strong>2017</strong><br />

CDP – Centro Diagnóstico Pneumológico<br />

HRZE – Isoniazida/Rifampicina/Pirazinamida/Etambutol<br />

Caso Clínico 2<br />

LIC 42 anos, sexo f<strong>em</strong>inino, padeira, AP de hérnia discal C4-C5 e L4-L5 ,<br />

tabagismo (15 UMAs)<br />

Nov<strong>em</strong>bro 2016: toracalgia bilateral tipo facada que agrava com<br />

repouso e <strong>em</strong> decúbito dorsal EO: dor à palpação musculos intercostais<br />

bilaterais, AP mv mantido e simétrico s<strong>em</strong> RA. Tx: tramadol +<br />

paracetamol (37,5/325) e ciclobenzaprina 10 mg 2id<br />

Figura 4 – rx tórax AP<br />

Figura 5 e 6 – TAC pulmonar corte coronal e axial<br />

Dez<strong>em</strong>bro 2016– Dor persiste, AP mantém-se s<strong>em</strong> alterações.<br />

Rx tórax: Densifiaço nodular projectada na vertente anterior 2º arco<br />

costal direito, de contornos espiulados<br />

TAC Pulmonar: “Formação nodular no segmento posterior do lobo<br />

superior direito, com cerca de 2,5 cm, contornos irregulares<br />

espiculados e pequena ponte pleural, aspectos sugestivos de<br />

neoformação. Mediastino live<br />

Discussão<br />

Referenciada de imediato a consulta de Pneumologia no IPO (onde<br />

realizou PET Scan e broncofibroscopia) tendo sido operada e<br />

encontrando-se actualmente sob quimioterapia adjuvante.<br />

Ainda que o Médico de Família considere no diagnóstico diferencial da dorsalgia as etiologias mais frequentes, deve estar atento aos sinais<br />

que possam sugerir uma causa potencialmente grave, no primeiro caso a febre e sudorese de predomínio nocturno, a perda ponderal e a<br />

tosse h<strong>em</strong>optoica, no segundo caso o quadro arrastado da dor, os antecedentes de tabagismo da doente e o agravamento da dor <strong>em</strong><br />

repouso e <strong>em</strong> decúbito dorsal. Em ambos os casos foram sinais de alerta a indolência, a ausência de resposta da dor à terapêutica e a idade<br />

relativamente jov<strong>em</strong> dos utentes. O rx tórax continua a ser, apesar da sua simplicidade, um meio de diagnóstico importante. Mais uma vez<br />

se comprova a abrangência da MGF e a necessidade do médico de família pensar, raciocinar e actuar <strong>em</strong> diferentes vectores da <strong>medicina</strong> .<br />

Chou R, Qase<strong>em</strong> A, Snow V, et al. Diagnosis and treatment of low back pain: a joint clinical practice guideline from the American College of Physicians and the American Pain Society. Ann Intern Med 2007; 147:478.<br />

Jarvik JG, Deyo RA. Diagnostic evaluation of low back pain with <strong>em</strong>phasis on imaging. Ann Intern Med 2002; 137:586.<br />

Deyo RA, Diehl AK. Cancer as a cause of back pain: frequency, clinical presentation, and diagnostic strategies. J Gen Intern Med 1988; 3:230.<br />

Underwood MR, Dawes P. Inflammatory back pain in primary care. Br J Rheumatol 1995; 34:1074.


Más notícias numa fase feliz<br />

‐a propósito de um caso clínico‐<br />

Cláudia Teixeira 1 , Carla Costa 1 , Diana Miranda 1<br />

1 ‐ Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar da Unidade de Saúde Familiar S. Nicolau ‐ Guimarães ACeS do Alto Ave<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O cancro da mama é o cancro com maior taxa de incidência no sexo f<strong>em</strong>inino, calcula‐se que anualmente surjam cerca de 5000 novos casos<br />

e que esta incidência tenda a aumentar nas próximas décadas. Cerca de 1500 mulheres <strong>em</strong> Portugal morr<strong>em</strong> todos os anos devido ao cancro<br />

da mama. O carcinoma ductal invasor é o cancro da mama mais frequente (80% dos casos), correspondendo a 75‐80% dos carcinomas<br />

invasivos da mama. Corresponde a um grupo de tumores s<strong>em</strong> características histológicas específicas. Para uma neoplasia ser classificada<br />

como carcinoma ductal invasor t<strong>em</strong> de apresentar <strong>em</strong> mais de 90% do seu volume, características que não permitam uma subcategorização.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Identificação<br />

§ SMMO<br />

§ Género f<strong>em</strong>inino<br />

§ 34 anos<br />

§ Autónoma<br />

§ Educadora de Infância<br />

Antecedentes Pessoais<br />

§ Nega hábitos tabágicos<br />

§ Nega hábitos alcóolicos<br />

§ Síndrome Depressivo diagnóstico<br />

2012<br />

§ IIGIP<br />

Antecedentes Familiares<br />

§ S<strong>em</strong> doenças heredo‐familiares<br />

conhecidas<br />

Medicação Habitual<br />

§ ACO<br />

§ Iodeto de potássio 0,2 mg<br />

§ Ácido fólico 1 mg + Ferro 90 mg<br />

Consulta de Saúde Materna Cuidados de Saúde Primários (CSP) – 4 agosto 2016<br />

• Grávida com 30 s<strong>em</strong>anas + 3 dias de gestação. Refere galactorragia pelo mamilo direito.<br />

• Ao exame objetivo dirigido à mama: mamas simétricas de médio volume, não sendo palpável<br />

nodularidades. S<strong>em</strong> adenopatias palpáveis.<br />

• Solicitada ecografia mamária.<br />

Consulta de Saúde Materna nos CSP – 8 set<strong>em</strong>bro 2016<br />

• Grávida com 35 s<strong>em</strong>anas + 3 dias de gestação. Manutenção das queixas.<br />

Ecografia mamária: revelou que revelou uma formação quística de 2cm no<br />

quadrante inferior esquerdo da mama direita.<br />

• Solicitada nova avaliação ecográfica mamária.<br />

Consulta de Saúde Materna nos CSP – 15 set<strong>em</strong>bro 2016<br />

• Grávida com 36 s<strong>em</strong>anas + 3 dias de gestação.<br />

Avaliação ecográfica BI‐RADS 4, sugere realização de biópsia da lesão, que<br />

revelou carcinoma ductal invasor mal diferenciado, de grau 3.<br />

• A doente foi encaminhada para a consulta de termo deObstetrícia e para a consulta de Cirurgia Geral do<br />

Hospital de Guimarães com urgência.<br />

• Foi programada indução do trabalho de parto para as 38 s<strong>em</strong>anas de gestação para abreviar início dos<br />

tratamentos maternos.<br />

• A recém‐nascida, nasceu de parto eutócico com APGAR 9/10 e biometrias normais a 27 de set<strong>em</strong>bro,<br />

apresentando atualmente bom desenvolvimento estaturo‐ponderal.<br />

• Após estadiamento do cancro (s<strong>em</strong> metástases), a mãe iniciou QT neo‐adjuvante no Hospital de Braga.<br />

Atualmente completou 12 ciclos de QT, aguardando cirurgia, encontrando‐se bastante otimista <strong>em</strong><br />

relação ao tratamento.<br />

DISCUSSÃO<br />

O diagnóstico de cancro da mama é s<strong>em</strong>pre penoso independent<strong>em</strong>ente das circunstâncias de vida de cada doente. No entanto, este tipo<br />

de diagnóstico torna‐se mais difícil de aceitar e de gerir quando é feito numa paciente grávida. Nestas situações o médico de família t<strong>em</strong> um<br />

papel fulcral tanto na ajuda na gestão da doença b<strong>em</strong> como no apoio psicológico a toda a família.<br />

Bibliografia<br />

Carcinoma invasivo da mama: do diagnóstico ao tratamento cirúrgico; Oliveira, C. Silva, T. Manual de Ginecologia. Permanayer Portugal. pp. 247–249.; Sinn, HP; Kreipe, H (May 2013). «A Brief Overview of theWHO Classification<br />

of Breast Tumors, 4th Edition, Focusing on Issues and <strong>Update</strong>s from the 3rd Edition


QUANDO UMA DOR AGRAVA A OUTRA<br />

E TUDO COMPLICA<br />

Soares, C. 1 Costa, L. 1 Barros, M. 2<br />

1<br />

IFE MGF ,USF Torrão 2 Assistente graduada MGF, USF Torrão<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O herpes-zoster é uma doença infeciosa relativamente comum. Surge pela reativação do Vírus Varicela Zoster e<br />

caracteriza-se por manifestações cutâneas dolorosas. Alguns casos evolu<strong>em</strong> para a resolução completa <strong>em</strong> poucas<br />

s<strong>em</strong>anas, outros pod<strong>em</strong> manter a dor durante meses a anos.<br />

A dor é definida pela International Association for the Study of Pain como uma experiência multidimensional<br />

desagradável que envolve não só um componente sensorial, mas também um componente <strong>em</strong>ocional, e que merece<br />

especial atenção por parte do médico.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Hom<strong>em</strong>, 75 anos<br />

• Hipertensão<br />

• Dislipidémia<br />

• Gonartrose<br />

2 Dez 2015<br />

16 Dez 2015<br />

16 Jan 2016 11 Fev 2016<br />

O<br />

S<br />

•Lesões cutâneas e dor<br />

na face externa coxa direita<br />

com 1 dia de evolução<br />

•Erupção vesicular <strong>em</strong><br />

distribuição de dermátomo<br />

O<br />

S<br />

•Mantém queixas álgicas,<br />

•Refere parestesias no<br />

m<strong>em</strong>bro inferior direito<br />

•Boa evolução das lesões<br />

cutâneas<br />

•Limitação da mobilização<br />

ativa do m<strong>em</strong>bro inferior<br />

direito<br />

O<br />

S<br />

•Mantém dor e parestesias.<br />

•S<strong>em</strong> lesões cutâneas<br />

•Limitação da mobilização<br />

ativa do m<strong>em</strong>bro inferior com<br />

Lasegue positivo a direita<br />

•Radiogradia: gonartrose<br />

unicompartimental<br />

•Estudo renal normal<br />

O<br />

S<br />

•Diminuição das queixas<br />

álgicas após ajuste da<br />

terapêutica<br />

•TC: Múltiplas e marcadas<br />

alterações degenerativas;<br />

estenose foraminal com<br />

compromisso da raíz de L4 à<br />

direita<br />

A<br />

•Herpes zoster<br />

A<br />

•Herpes zoster<br />

A<br />

•Herpes zoster<br />

•Osteoartrose do joelho<br />

•Síndrome da coluna com<br />

irradiação de dor<br />

A<br />

•Herpes zoster<br />

•Osteoartrose do joelho<br />

•Síndrome da coluna com<br />

irradiação de dor<br />

P<br />

•Aciclovir cr<strong>em</strong>e<br />

•Ácido fusídico cr<strong>em</strong>e<br />

•Clonixina PO <strong>em</strong> SOS<br />

P<br />

•Pregabalina75mg 1cp<br />

de manha + 1cp a noite<br />

•Estudo renal (controlo<br />

da terapêutica),<br />

•Rx joelho<br />

P<br />

•Titulação da pregabalina<br />

até 150 1icp manha +<br />

300mg 1cp noite<br />

•Tramadol 100 mg PO, SOS<br />

•TC coluna lombar<br />

•Referenciado às Consultas<br />

de Dor e de Ortopedia<br />

P<br />

•Referenciado à<br />

Consulta de<br />

Neurocicrugia<br />

CONSULTA DA DOR<br />

Doente com múltiplas patologias (osteoarticulares e patologia neuropática pós-herpética).<br />

Revisão terapeutica: pregabalina 300mg de manhã + 150mg a noite devido a efeitos laterais (sonolência).<br />

Ponderar redução de dose nas consultas seguintes.<br />

CONSULTA DE ORTOPEDIA<br />

Proposta cirurgia para colocação de prótese total do joelho (a aguardar).<br />

CONSULTA DE NEUROCIRURGIA<br />

Patologia degenerativa generalizada da coluna lombar (s<strong>em</strong> indicação cirúrgica).<br />

Mantém terapêutica médica <strong>em</strong> curso. Inicia tratamentos de fisioterapia.<br />

DISCUSSÃO<br />

A dor é um dos sintomas com mais impacto na qualidade de vida. E, de facto, este caso relata a forma como uma<br />

patologia com queixas álgicas pode intensificar uma outra dor até então controlada, tornando o doente incapacitado<br />

para as suas atividades de vida diária.<br />

International Association for the Study of Pain: iasp-pain.org<br />

Varicela-zoster: BMJ, best practice


Sara Oliveira Nunes, Carla Gouveia<br />

USF LoureSaudável – ACES Loures-Odivelas<br />

A doença arterial periférica t<strong>em</strong> como fatores de risco: idade, diabetes, tabaco, tabagismo, hipertensão, dislipidémia, hiper-homocisteinémia e doença<br />

aterosclerótica prévia: coronária, carotídea ou renal. 1,2 Alguns destes são potencialmente controláveis com medidas farmacológicas e não farmacológicas.<br />

Considera-se a amputação habitualmente <strong>em</strong> situações de: necrose significativa de partes de apoio do pé, contratura incorrigível, paresia da extr<strong>em</strong>idade, dor<br />

isquémica refratária, sepsis e <strong>em</strong> situações de esperança de vida limitada. 1<br />

A d<strong>em</strong>ência corresponde a um declínio da m<strong>em</strong>ória associado a outra alteração na função cognitiva (afasia, apraxia, agnosia ou alteração da função executiva)<br />

com duração superior a 6 meses. Dev<strong>em</strong> ser s<strong>em</strong>pre excluídas outras possíveis causas: médicas, neurológicas e psiquiátricas, fazendo o diagnóstico diferencial<br />

<strong>em</strong> relação a uma situação de delirium. 3<br />

Maio 2014<br />

Renovação da carta<br />

de condução<br />

1ª ida à urgência<br />

31/5/2015<br />

• Febre (38.4ºC)<br />

• Prostração<br />

• Úlceras dos MI com sinais<br />

inflamatórios<br />

• Analiticamente:<br />

leucopénia 3.300/µL e PCR<br />

19,71 mg/dL<br />

• Alta com amoxicilina +<br />

ácido clavulânico 850 mg<br />

+ 125 mg 12/12h durante<br />

8 dias<br />

Identificação<br />

• Sexo f<strong>em</strong>inino<br />

• 82 anos<br />

• Vive sozinha com o apoio dos filhos<br />

• Autónoma nas atividades de vida diária<br />

2ª ida à urgência<br />

3/6/2015<br />

• Por agravamento de sintomas<br />

• Alteração do estado de<br />

consciência (Glasgow Coma<br />

Scale 14 <strong>em</strong> 15)<br />

• T: 39ºC ; PA 99/50 mmHg<br />

• Analíticamente: PCR 19,80<br />

mg/dL, Cr 1,70 mg/dL, Na2+<br />

121 mg/dL<br />

• Internada com sepsis e<br />

insuficiência renal aguda -><br />

ceftriaxone e doxiciclina<br />

• Assumido o diagnóstico<br />

de d<strong>em</strong>ência<br />

Enquadramento<br />

Descrição do caso<br />

• Capacidade cognitiva perfeitamente conservada<br />

Outubro 2014<br />

Úlcera maleolar direita<br />

Realização de pensos no CS<br />

Outubro 2014<br />

Infeção da úlcera<br />

Tratamento com flucloxacilina<br />

Atualmente<br />

• Autónoma, com apoio de uma<br />

<strong>em</strong>pregada doméstica<br />

• S<strong>em</strong> lesões de doença arterial<br />

periférica<br />

• S<strong>em</strong> sinais de d<strong>em</strong>ência<br />

• Muito contente com o aspeto das<br />

pernas<br />

• O filho reflete sobre a decisão,<br />

receava um impacto psicológico<br />

com a amputação<br />

• Refere que gostaria de ter tido mais<br />

informação<br />

Discussão<br />

Outubro-Dez<strong>em</strong>bro<br />

Realização de pensos no CS<br />

Internamento<br />

3 a 25/6/2015<br />

• Diagnóstico presumido de d<strong>em</strong>ência<br />

• Melhoria clínica e laboratorial<br />

• Doppler arterial dos MI: doença<br />

arterial obliterativa multisegmentar<br />

com maior envolvimento no<br />

segmento f<strong>em</strong>oro-popliteu e tíbioperoneal<br />

bilateral.<br />

• Decidida a realização de<br />

amputação bilateral pela<br />

Cirurgia Vascular<br />

Probl<strong>em</strong>as de saúde<br />

• Hipertensão arterial<br />

• Dislipidémia<br />

• Diabetes Mellitus tipo 2<br />

• Insuficiência venosa<br />

• Claudicação intermitente<br />

Dez<strong>em</strong>bro- Maio 2015<br />

Ausência de cicatrização<br />

Abandono do tratamento no CS<br />

Realização de pensos no privado<br />

Pouca troca de informação entre<br />

enfermag<strong>em</strong> e Médico de Família<br />

Recusa familiar<br />

• Recusa da<br />

amputação pela<br />

família<br />

• Alta contra parecer<br />

médico<br />

• Transferência para lar<br />

• Tratamento das feridas<br />

com realização de<br />

pensos<br />

2 meses depois<br />

Convocatória pela Cirurgia Vascular<br />

15/8 a 23/12/2015<br />

• MID- necrose seca do calcanhar e do bordo<br />

externo do pé<br />

• MIE-ulceração extensa do dorso do pé com<br />

infeção e exposição tendinosa, necrose seca<br />

do calcanhar<br />

• Decidida a estratégia de revascularização<br />

• Submetida a Bypass f<strong>em</strong>oro-popliteu<br />

infragenicular com veia safena interna<br />

homolateral invertida bilateralmente<br />

• Cicatrização completa das úlceras <strong>em</strong><br />

3 meses.<br />

Este é um caso com um bom desfecho e que t<strong>em</strong> como objetivo salientar a importância:<br />

• do controle dos fatores de risco da doença arterial periférica<br />

• da articulação entre profissionais nos cuidados de saúde primários, entre a equipa de enfermag<strong>em</strong> e o médico de família com a comunicação do facto que<br />

a úlcera não estava a cicatrizar com os tratamentos realizados no centro de saúde (poderiam ter sido utilizados outros recursos diagnósticos/terapêuticos)<br />

• da articulação entre os profissionais dos cuidados de saúde primários e secundários, uma vez que o médico de família conhece a doente e poderia ter<br />

ajudado na realização do diagnóstico diferencial de d<strong>em</strong>ência vs delirium<br />

• das implicações no prognóstico de um diagnóstico diferencial adequado <strong>em</strong> situações de alterações do estado de consciência.<br />

Referencias bibliográficas<br />

1.Eric H Yang, Peripheral Artery Disease (PAD) Guidelines, Dec 31, 2015<br />

2. Hirsch AT, Haskal ZJ, Hertzer NR, et al. ACC/AHA 2005 Practice Guidelines for the manag<strong>em</strong>ent of patients with peripheral arterial disease (lower extr<strong>em</strong>ity, renal, mesenteric, and abdominal aortic): a collaborative report from the American Association for Vascular Surgery/Society for Vascular Surgery, Society for<br />

Cardiovascular Angiography and Interventions, Society for Vascular Medicine and Biology, Society of Interventional Radiology, and the ACC/AHA Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Develop Guidelines for the... Circulation. 2006 Mar 21. 113 (11):e463-654.<br />

3. http://<strong>em</strong>edicine.medscape.com/article/318521-overview#a7


ENQUADRAMENTO<br />

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA:<br />

QUANDO SUSPEITAR?<br />

Ana Catarina Machado, Adriana Meneses, Sofia Oliveira Vale<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> MGF I USF Nova Salus - ACES Gaia<br />

A Leuc<strong>em</strong>ia Linfocítica Crónica (LLC) é uma neoplasia h<strong>em</strong>atológica linfoproliferativa que se caracteriza por uma acumulação progressiva de linfócitos B<br />

funcionalmente incompetentes. É a mais comum das leuc<strong>em</strong>ias linfóides, com pico de incidência entre os 60 e 80 anos de idade e predomínio no sexo<br />

masculino 1 . Em Portugal, de acordo com o Registo Oncológico Nacional, registaram-se 363 novos casos de leuc<strong>em</strong>ias linfóides no ano 2010, das quais 226<br />

foram classificadas como LLC 2 . Pode manifestar-se por infeções de repetição, astenia e linfadenopatias generalizadas. Contudo, a maioria dos casos são<br />

detetados numa fase assintomática, após prescrição de h<strong>em</strong>ograma por outra situação clínica 1 .<br />

Identificação:<br />

Mulher, 77 anos, caucasiana,<br />

natural e residente <strong>em</strong> Vila<br />

Nova de Gaia, test<strong>em</strong>unha de<br />

Jeová, viúva há 3 anos, 4º ano<br />

de escolaridade, reformada<br />

(costureira)<br />

Antecedentes pessoais:<br />

• Hipertensão arterial (HTA) (K86)<br />

(1992)<br />

• Dislipid<strong>em</strong>ia (T93) (1995)<br />

• Gastrite crónica (D87) (2000)<br />

• Perturbação depressiva (P76)<br />

(2015)<br />

• Carcinoma papilar da tiroide<br />

(tiroidectomia total <strong>em</strong> 2015)<br />

(T71)<br />

• Infeções de repetição<br />

- Pneumonia (R81) e Herpes<br />

zóster (S70) <strong>em</strong> 2014<br />

- Dois episódios de cistite aguda<br />

(U71) <strong>em</strong> 2015<br />

• S<strong>em</strong> hábitos tabágicos ou etílicos<br />

Medicação habitual:<br />

• Perindopril 4 mg id<br />

• Sinvastatina 20 mg id<br />

• Omeprazol 20 mg id<br />

• Sertralina 50 mg id<br />

• Alprazolam 0,5 mg id<br />

• Levotiroxina sódica 0,1 mg id<br />

Antecedentes familiares:<br />

• Irrelevantes<br />

Avaliação familiar:<br />

• Família unitária<br />

• Classe média de Graffar<br />

• APGAR: altamente funcional<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Registo das consultas na Unidade<br />

de Saúde Familiar:<br />

S Consulta de Vigilância de HTA - 20.07.2016<br />

Queixas de astenia persistente desde há mais de um<br />

ano. Nunca valorizou, mas refere agravamento ligeiro<br />

nos últimos 2 meses. Nega outra sintomatologia<br />

associada.<br />

Traz resultado de h<strong>em</strong>ograma realizado <strong>em</strong> consulta<br />

médica privada.<br />

O Resultados relevantes do h<strong>em</strong>ograma (03.06.2016):<br />

• Leucocitose (15340/mm 3 ) com linfocitose<br />

(10760/mm 3 )<br />

• Esfregaço de sangue periférico - presença de<br />

manchas de Gumprecht<br />

Em h<strong>em</strong>ograma de 04.04.2014:<br />

• Leucocitose (10110/mm 3 ) com linfocitose<br />

(6130/mm 3 ) ligeiras<br />

Exame objetivo:<br />

Tensão arterial - 136/75 mmHg.<br />

Índice de massa corporal - 21,8 kg/m 2 (s<strong>em</strong> perda<br />

de peso).<br />

Bom estado geral. S<strong>em</strong> linfadenopatias cervicais,<br />

axilares ou inguinais.<br />

Auscultação cardíaca e pulmonar s<strong>em</strong> alterações.<br />

Abdómen mole, depressível e indolor à palpação,<br />

s<strong>em</strong> massas ou organomegalias.<br />

A Manutenção de saúde / <strong>medicina</strong> preventiva (A98)<br />

Hipertensão s<strong>em</strong> complicações (K86)<br />

Debilidade / cansaço geral (A04)<br />

Glóbulos brancos anormais inexplicados (B84)<br />

P Referenciação para consulta externa de H<strong>em</strong>atologia.<br />

Reavaliação dentro de 2 meses.<br />

S 22.09.2016<br />

V<strong>em</strong> acompanhada pela filha.<br />

Mantém astenia, s<strong>em</strong> sintomatologia de novo.<br />

Foi à consulta de H<strong>em</strong>atologia a 30.08.2016: colocada<br />

hipótese diagnóstica de LLC; vai realizar novo estudo<br />

analítico e imunofenotipag<strong>em</strong> do sangue periférico.<br />

Utente e filha refer<strong>em</strong> preocupação com o possível<br />

diagnóstico.<br />

O<br />

Exame objetivo sobreponível ao anterior.<br />

A Manutenção de saúde / <strong>medicina</strong> preventiva (A98)<br />

Debilidade / cansaço geral (A04)<br />

Glóbulos brancos anormais inexplicados (B84)<br />

P Esclarecidas dúvidas da utente / filha.<br />

Agendada nova consulta.<br />

S 23.11.2016<br />

S<strong>em</strong> queixas de novo.<br />

Teve nova consulta de H<strong>em</strong>atologia a 25.10.2016:<br />

feito diagnóstico de LLC <strong>em</strong> estádio inicial e s<strong>em</strong><br />

necessidade de tratamento.<br />

Boa reação ao diagnóstico.<br />

O Exames da consulta de H<strong>em</strong>atologia realizados a<br />

27.09.<strong>2017</strong>:<br />

• H<strong>em</strong>ograma - leucocitose (12680/mm 3 ) com<br />

linfocitose (8560/mm 3 ); restante normal (N)<br />

• Velocidade de sedimentação - N<br />

• Imunoglobulinas séricas - N<br />

• Beta 2-microglobulina - ↑ discreto (2,6 mg/ml)<br />

• Função hepática e renal - N<br />

• Eletroforese das proteínas - N<br />

• Marcadores víricos - negativos<br />

• Imunofenotipag<strong>em</strong> do sangue periférico -<br />

características de LLC-B<br />

A Manutenção de saúde / <strong>medicina</strong> preventiva (A98)<br />

Debilidade / cansaço geral (A04)<br />

Leuc<strong>em</strong>ia (B73) – LLC<br />

P Explicados sinais de alarme.<br />

Agendada nova consulta.<br />

Atualmente<br />

S<strong>em</strong> sintomas ou sinais de novo.<br />

Mantém seguimento pelo Médico de Família e <strong>em</strong> consulta de H<strong>em</strong>atologia.<br />

DISCUSSÃO<br />

No caso apresentado, a idade da doente, os antecedentes de infeções recorrentes, as queixas de astenia e as alterações existentes a nível do h<strong>em</strong>ograma<br />

podiam fazer suspeitar de LLC, diagnóstico que acabou por ser confirmado na consulta de H<strong>em</strong>atologia. Se, por um lado, muitos doentes não chegam a<br />

necessitar de tratamento devido a um curso indolente da LLC, por outro lado também se pode tratar de uma doença potencialmente grave. Assim, é<br />

importante estar alerta para este tipo de neoplasia, saber quando suspeitar do seu diagnóstico e realizar uma referenciação at<strong>em</strong>pada, necessária para<br />

confirmação diagnóstica, estadiamento, seguimento e eventual tratamento.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Hoffbrande, A.V. Fundamentos <strong>em</strong> h<strong>em</strong>atologia / A.V. Hoffbrande, P.A.H. Moss, J.E. Pettit; tradução Renato Failace – 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2008.<br />

2. RORENO. Registo Oncológico Nacional 2010. Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil - EPE, ed. Porto, 2016.


QUANDO O QUENTE NÃO SE SENTE – UM RELATO DE CA“O<br />

Enquadramento<br />

Descrição de Caso<br />

1 2 3<br />

Ana Rita Correia (anacorreia.r.v@gmail.com), Joana Guerra , Melinda Séra<br />

1- USF Ria Formosa, ACES Central; 2- USF Mirante, ACES Central; 3 - USF Lauroé, ACES Central.<br />

O Pé Diabético é uma das mais frequentes e potencialmente graves complicações da Diabetes Mellitus, responsável por até<br />

70% de todas as amputações não traumáticas. Estima-se que 15% da população diabética tenha condições favoráveis ao<br />

aparecimento de lesões nos pés, nomeadamente pela presença de neuropatia sensitivo-motor.<br />

O presente caso torna-se relevante por reavivar a importância da educação dos doentes Diabéticos quanto aos cuidados a ter<br />

no Pé Diabético.<br />

H.P, 68 anos, ♂,<br />

Inglês,<br />

residente <strong>em</strong> Albufeira há 10 anos,<br />

divorciado e solteiro<br />

Antecedentes Pessoais :<br />

Diabetes Mellitus tipo II (8 anos de evolução)<br />

Hipertensão Arterial (13 anos de evolução)<br />

Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

Medicado para as patologias de base<br />

(não sabe especificar)<br />

PNV atualizado<br />

S<strong>em</strong> Médico de Família<br />

S<br />

• Recorreu ao SU do CHA-Unidade de Faro, no dia 09/08/2016:<br />

• alterações cutâneas indolores na planta dos pés, após longa caminhada<br />

descalço na praia, durante o período de maior calor.<br />

O<br />

A<br />

• SU-Cirurgia:<br />

• Queimadura de 2º grau profundo<br />

• Pulsos periféricos e reflexos presentes<br />

• Ausência da sensibilidade à pressão e sensibilidade tátil nos m<strong>em</strong>bros<br />

inferiores, abaixo do joelho<br />

• Hiperglic<strong>em</strong>ia ocasional de 320 mg/dL.<br />

• Queimadura 2º grau profundo<br />

• Neuropatia sensitiva periférica dos m<strong>em</strong>bros inferiores<br />

P<br />

• Internamento <strong>em</strong> Cirúrgia Plástica<br />

• Cicatrização ótima<br />

• Controlo metabólico<br />

Após 4 dias de internamento, regressa a<br />

Inglaterra para continuação dos cuidados<br />

Discussão<br />

Apesar da etiologia da neuropatia não ter sido confirmada, suspeita-se fort<strong>em</strong>ente de complicação microvascular diabética.<br />

Independent<strong>em</strong>ente da causa, este desfecho poderia ter sido evitado com o diagnóstico at<strong>em</strong>pado e educação do doente<br />

sobre o mesmo. Rel<strong>em</strong>bra-nos, assim, a importância de alertar os doentes diabéticos para os cuidados a ter com os pés,<br />

nomeadamente na pesquisa de lesões, proteção a nível do calçado e proteção das fontes de t<strong>em</strong>peraturas extr<strong>em</strong>as,<br />

particularmente no Verão.<br />

Este caso retrata também os inúmeros <strong>em</strong>igrantes s<strong>em</strong> Médico de Família e que, portanto, não mantém uma adequada<br />

vigilância dos seus probl<strong>em</strong>as de saúde. Seria benéfico uma maior divulgação sobre os Cuidados de Saúde <strong>em</strong> Portugal<br />

dirigida a este público-alvo, educando-os sobre a importância <strong>em</strong> ter um Médico de Família.<br />

Bibliografia NOC nº005/2011- Diagnóstico Sist<strong>em</strong>ático do Pé Diabético; NOC nº 022/2012: Abordag<strong>em</strong> Hospitalar das Queimaduras <strong>em</strong> Idade Pediátrica e no Adulto; Everton Carlos Siviero do Vale,<br />

“Primeiro atendimento <strong>em</strong> queimaduras: a abordag<strong>em</strong> do dermatologista”.


UM CASO DE OMALGIA COM EVOLUÇÃO INESPERADA<br />

Andrade Rosa, Inês; Cardoso Coelho, Cecília; Martins Natal, Rebeca<br />

Internas de 2º ano de MGF na USF Cova da Piedade<br />

Enquadramento<br />

• A doença arterial coronária (DAC) é uma das principais causas de morte <strong>em</strong> Portugal 1 , sendo uma doença mais frequente <strong>em</strong> homens<br />

acima dos 45 anos e mulheres <strong>em</strong> idade pós-menopausa. Os principais fatores de risco inclu<strong>em</strong> o tabagismo, hipertensão arterial (HTA),<br />

dislipidémia, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, sexo masculino, historia familiar de DAC e consumos toxifílicos.<br />

• A apresentação atípica dos síndromes coronários agudos (SCA) dificulta o diagnóstico, atrasando ou inviabilizando a impl<strong>em</strong>entação de<br />

estratégias terapêuticas. O Médico de família (MF) lida com a doença na sua fase inicial, sendo muitas vezes confrontado com<br />

sintomas que, na sua evolução, pod<strong>em</strong> revelar-se indicativos de outras patologias menos prováveis. 2<br />

• O caso descrito torna-se relevante pela forma de apresentação atípica e gravidade da patologia <strong>em</strong> questão. O conhecimento das<br />

características dos doentes com apresentação atípica de SCA contribui para o aumentar a sensibilidade e rapidez no diagnóstico.<br />

Descrição do caso<br />

Consulta Aberta - USF Cova da Piedade<br />

pelas 14h do dia seguinte<br />

45 anos<br />

Educadora de infância<br />

HTA (diagnóstico 2007, excluídas causas<br />

secundárias, medicada e controlada<br />

com Lercanidipina e Bisoprolol)<br />

Fumadora (6 cigarros/dia, 7 UMA)<br />

Perturbação depressiva (Sertralina)<br />

Pai hipertenso, faleceu com doença<br />

coronária aos 72 anos.<br />

S<br />

Omalgia direita<br />

• 5 dias evolução<br />

• Contínua, com picos de intensidade<br />

máxima 7/10 (VAS)<br />

• Irradiação para palma da mão direita<br />

• Agravamento: decúbito<br />

• Alívio: ortostatismo e anteflexão do tronco<br />

• S<strong>em</strong> outros sintomas acompanhantes.<br />

• S<strong>em</strong> toma de medicação de alívio.<br />

Precordialgia<br />

•Início <strong>em</strong> repouso<br />

•Intensidade 9/10 (VAS)<br />

•Irradiação ao braço esquerdo<br />

•S<strong>em</strong> posição de alívio<br />

•S<strong>em</strong> alívio com toma de Diclofenac<br />

•Náuseas, sudorese e HTA<br />

O<br />

A<br />

P<br />

Dor à palpação da região de inserção do<br />

supra-espinhoso<br />

Tendinite do supra-espinhoso direito<br />

Diclofenac 50mg, 8/8h<br />

Serviço de Urgência<br />

• ECG: elevação ST <strong>em</strong> V2-V3, ondas Q<br />

<strong>em</strong> V1-V3<br />

•Cateterismo cardíaco: suboclusão do<br />

segmento proximal da artéria coronária<br />

descendente anterior (ACDA)<br />

Enfarte Agudo do Miocárdio<br />

Discussão<br />

Papel do MF EAM na mulher jov<strong>em</strong> AINEs e EAM<br />

• A doença surge numa<br />

fase precoce e<br />

indiferenciada. 2<br />

• Tomada de decisão é<br />

feita com base <strong>em</strong><br />

probabilidades, tendo<br />

<strong>em</strong> conta a prevalência e<br />

a incidência das<br />

doenças. 2<br />

• A revisão dos<br />

antecedentes, quer<br />

pessoais, quer familiares,<br />

faz parte de uma<br />

abordag<strong>em</strong> holística. 2<br />

• Principais fatores de risco para EAM na mulher jov<strong>em</strong>: tabagismo,<br />

história familiar de DAC, obesidade e HTA. 3<br />

• Lesão coronária é menos oclusiva e menos extensa e ACDA é a<br />

mais afetada. 3,4<br />

• 2/3 jovens apresentam EAM s<strong>em</strong> supra de ST. 3<br />

• Mulheres têm mais apresentação atípica: omalgia, dor mandibular,<br />

dor braço, dorsalgia, náuseas, cefaleia e cansaço. 3,4,5,6<br />

• T<strong>em</strong>po médio de atraso no diagnóstico é maior, por negligência<br />

dos sintomas neste grupo. Tratamento é tardio e inadequado. 4<br />

• Mulheres têm menos EAM mas taxa de mortalidade intra-hospitalar<br />

maior. 4<br />

• Prognóstico nos jovens é melhor, <strong>em</strong>bora neste grupo seja uma<br />

doença com maior impacto profissional e socio-económico. 3<br />

• Todos os AINEs<br />

aumentam o risco<br />

cardiovascular. 7,8<br />

• Diclofenac apresenta o<br />

pior perfil de segurança. 8,9<br />

Diclofenac > Ibuprofeno > Naproxeno<br />

• Uso de longa duração<br />

está associado a maior<br />

risco. 9<br />

• O risco de EAM entre os<br />

utilizadores de AINEs é<br />

maior para os<br />

hipertensos. 9<br />

Referências bibliográficas (1) Direção Geral de Saúde. Programa Nacional para as doenças cérebro-cardiovasculares. Portugal - Doenças Cérebro - Cardiovasculares <strong>em</strong> Números- 2015. DGS. Lisboa.;2016.(2)<br />

WONCA Europe. The European definition of general practice/family medicine. WONCA Europe 2002 [Internet]. (3) Shah N, Kelly AM, Cox N, Wong C, Soon K. Myocardial Infarction in the “Young”: Risk Factors,<br />

Presentation, Manag<strong>em</strong>ent and Prognosis. Heart, Lung and Circulation. 2016;25:955-960. (4) Mehta LS, Beckie TM, DeVon HA, et al. Acute Myocardial Infarction in Women. A Scientific Stat<strong>em</strong>ent From the American<br />

Heart Association. Circulation. 2016;133:916-947. (5) O´Keefe-McCarthy S, Ready L. Impact of Prodromal Symptoms on Future Adverse Cardiac-Related Events. A Syst<strong>em</strong>atic Review. Journal of Cardiovascular<br />

Nursing. 2016;31:1-10. (6) Tamura A, Naono S, Torigoe K, et al. Gender Differences in Symptoms During 60-Second Balloon Occlusion of the Coronary Artery. Am J Cardiol. 2013;111:1751-1754). (7) Gunter BR,<br />

Butler KA, Wallace RL, et al. Non-steroidal anti-inflammatory drug-induced cardiovascular adverse events: a meta-analysis. J Clin Pharm Ther. <strong>2017</strong>;42(1):27-38. (8) Solomon DH. Nonselective NSAIDs: Adverse<br />

cardiovascular effects. Acedido a 11 de Março de <strong>2017</strong>, <strong>em</strong> www.uptodate.com. (9) Kontogiorgis C, Valikeserlis I, Hadjipavlou-Litina D, et al. Use of Non-Selective Non-Steroidal Anti-Inflammatory Drugs in Relation to<br />

Cardiovascular Events. A Syst<strong>em</strong>atic Pharmacoepid<strong>em</strong>iological Review. Curr Vasc Pharmacol. 2016;14(6):502-513.


QUEM TEM MUITOS MÉDICOS,<br />

NÃO TEM NENHUM?<br />

Joana M. Ferreira 1 , Inês Videira 1 , Márcia Sá 2<br />

1<br />

Interna de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar na USF Saúde <strong>em</strong> Família – ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo<br />

2<br />

Assistente <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar na USF Saúde <strong>em</strong> Família – ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo<br />

Enquadramento<br />

O rastreio do cancro do cólon <strong>em</strong> Portugal é ainda oportunístico, com realização de pesquisa de sangue oculto nas<br />

fezes (PSOF) ou colonoscopia. Os dados do Programa Nacional de Doenças Oncológicas mostram uma incidência<br />

crescente, com incidência bruta 42,8/100000 habitantes e taxa de mortalidade 26,6/100000 habitantes <strong>em</strong> 2011.<br />

Relato do caso<br />

Hom<strong>em</strong> de 63 anos, inserido numa família nuclear, na fase VIII do ciclo de Duvall, com classe social III de Graffar.<br />

Antecedentes:<br />

- Probl<strong>em</strong>as ativos: hipertensão arterial desde 2004, diabetes mellitus tipo 2 desde 2006, dislipid<strong>em</strong>ia, acidente<br />

vascular cerebral (AVC) <strong>em</strong> 2006, apatia pós-AVC, disfunção erétil de etiologia arterial.<br />

- Probl<strong>em</strong>as passivos: ex-fumador, abuso crónico do álcool (abstinente há vários anos).<br />

- Antecedentes cirúrgicos: tumor do estroma gastrointestinal (GIST) diagnosticado <strong>em</strong> 2005, submetido no<br />

mesmo ano a gastrectomia distal e colectomia do cólon transverso, colocação de prótese peniana <strong>em</strong> 2012.<br />

Medicação habitual: gliclazida 120 mg id, linagliptina 5 mg id, dapagliflozina 10 mg id, pravastatina 40 mg id,<br />

enalapril 20 mg id, sertralina 100 mg id, dissulfiram 250 mg id, ácido acetilsalicílico 100 mg id<br />

História atual<br />

Desde 2005<br />

• Gastrectomia + colectomia do<br />

transverso por GIST 2005<br />

• Vigilância anual <strong>em</strong> consulta de<br />

Cirurgia Geral, com endoscopia<br />

digestiva alta (EDA) e<br />

tomografia computorizada (TC)<br />

• Plataforma de Dados da Saúde<br />

(PDS) inexistente<br />

2012<br />

• Utente aceita realização de<br />

PSOF para rastreio de cancro<br />

colorretal (CCR) – negativa<br />

• Lançamento da PDS –<br />

disponibilização de informação<br />

parcial entre Cuidados de Saúde<br />

Primários (CSP) e cuidados<br />

hospitalares<br />

2012 – 2015<br />

• Mantém seguimento <strong>em</strong><br />

Cirurgia Geral, com EDA e TC<br />

abdomino-pélvica anual<br />

• Recusa rastreio CCR: já sou<br />

seguido no Hospital pelos<br />

intestinos… faço lá os exames<br />

todos, não faço mais nada”<br />

• PDS: s<strong>em</strong> colonoscopia prévia?<br />

2014-2015<br />

• 10/2015: alta da consulta de<br />

Cirurgia Geral: TC abdominopélvica<br />

2014 e EDA 2015 ambas<br />

s<strong>em</strong> sinais de recidiva<br />

• 10/2015: Médica de Família<br />

(MF) insiste e o utente aceita<br />

nova realização de PSOF para<br />

rastreio CCR<br />

2015<br />

• 11/2015: PSOF positiva. MF<br />

explica necessidade de<br />

realização de colonoscopia<br />

(EDB) para despiste de CCR.<br />

• Utente recusa EDB.<br />

• É agendada consulta <strong>em</strong> 2 dias<br />

para o utente refletir<br />

• Utente volta e aceita EDB<br />

2015<br />

• EDB: no cólon sigmoide, aos 30<br />

cm da marg<strong>em</strong> anal, identificase<br />

neoplasia infiltrativa que<br />

ocupa 2/3 da circunferência,<br />

dura ao toque e friável.<br />

• Histologia: adenocarcinoma<br />

moderadamente diferenciado<br />

TC abdomino-pélvica: Antecedentes de<br />

gastrectomia distal e colectomia do<br />

transverso, s<strong>em</strong> alterações das<br />

anastomoses. Mantêm-se alguns<br />

pequenos gânglios na raíz do<br />

mesentério à direita, máximo 6 mm.<br />

S<strong>em</strong> imagens inequívocas de implantes<br />

peritoneais. S<strong>em</strong> adenomegalias<br />

retroperitoneais. Na escavação pélvica,<br />

s<strong>em</strong> imagens de massa, coleções<br />

anómalas ou líquido ascítico<br />

Discussão<br />

Pretende-se refletir sobre a falsa segurança do seguimento paralelo do<br />

utente na consulta hospitalar por patologia gastrointestinal. A ausência de<br />

comunicação efetiva entre profissionais obscureceu a falha no rastreio<br />

oncológico recomendado para o utente. A informação verbal do utente da<br />

normalidade dos exames a nível hospitalar tranquilizavam falsamente a<br />

MF. O t<strong>em</strong>po limitado na consulta obriga à priorização de probl<strong>em</strong>as, com<br />

colocação do rastreio CCR no final da lista de probl<strong>em</strong>as deste utente pela<br />

MF, dado o seguimento hospitalar paralelo por patologia gastrointestinal.<br />

O mesmo poderá ter acontecido a nível hospitalar, dado o utente ter MF.<br />

Bibliografia: Programa Nacional de Doenças Oncológicas 2013


INR<br />

Resistência à varfarina?<br />

– a propósito de um caso clínico<br />

Ana Sardo 1 (anasardo88@gmail.com); Annamaria Mohacsi 2 e Susana Pereira Costa 3<br />

1<br />

interna <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar- USF Mirante;<br />

2<br />

interna <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar- USF Farol;<br />

3<br />

assistente de Medicina Geral e Familiar- USF Mirante; (ARS Algarve I - ACES Central)<br />

Definição<br />

Etiologia<br />

Incapacidade <strong>em</strong> manter o INR (razão normalizada internacional) <strong>em</strong> valores<br />

terapêuticos. Dose s<strong>em</strong>anal de varfarina entre 70-105 mg/s<strong>em</strong>ana<br />

- Adquirida (interações medicamentosas, alimentares, fraca adesão à terapêutica)<br />

- Hereditária<br />

Causa<br />

mais<br />

comum<br />

Prevalência Rara<br />

Desafio Nos doentes portadores de próteses valvulares mecânicas<br />

Por enquanto, os anticoagulantes<br />

antagonistas da vitamina K são os<br />

únicos indicados nestas situações.<br />

• UN<br />

• Género<br />

• 21 anos<br />

• Natural da Guiné<br />

• Vive desde os 15 anos<br />

<strong>em</strong> Portual (Olhão)<br />

com os tios<br />

Infância<br />

6<br />

Varfarina Enoxaparina Acenocumarol<br />

4<br />

2<br />

2,5-3,5<br />

0<br />

2011 2012 2013 2014 2015 2016<br />

15 anos (2010) 18 anos (2013) 19 anos (2014) 21 anos (2016)<br />

I<br />

Febre reumática<br />

Fracas condições<br />

económicas<br />

Colocação de<br />

próteses mecânicas<br />

nas válvulas aórtica<br />

e mitral<br />

Inicia<br />

Varfarina<br />

INR variável<br />

Nega<br />

incumprimento<br />

da medicação<br />

INR < 2,5<br />

(subterapêutico)<br />

Aumentou-se<br />

varfarina até<br />

100mg/s<strong>em</strong>ana<br />

Iniciou-se<br />

acenocumarol<br />

Considerou-se<br />

Resistência à<br />

Varfarina<br />

II<br />

III<br />

22/02/<strong>2017</strong><br />

Legenda<br />

Relação conflituosa<br />

Muito boa relação<br />

Boa relação<br />

Agregado familiar<br />

Valores de INR<br />

habitualmente<br />

terapêuticos<br />

(2,5-3,5)<br />

Substituiu-se<br />

varfarina por<br />

enoxaparina<br />

60mg im<br />

INR mais<br />

otimizado com<br />

menos oscilações<br />

A consulta de hipocoagulação com controlo de INR é um desafio para o médico pelos inúmeros fatores que o influenciam. Apesar destas<br />

desvantagens, os antagonistas da vitamina K são os únicos anticoagulantes indicados nos doentes com válvulas cardíacas mecânicas,<br />

sendo as alternativas escassas quando a sua ação falha.<br />

Na doente <strong>em</strong> causa, considerou-se resistência à varfarina por manter valores de INR subterapêuticos com doses bastante elevadas de<br />

varfarina, tendo-se substituído este fármaco por acenocumarol. Apesar do tratamento não estar constant<strong>em</strong>ente otimizado, os<br />

resultados foram consideravelmente melhores. Esta resistência é provavelmente adquirida, pela fraca adesão da doente ao tratamento.<br />

De facto, o cumprimento de um tratamento crónico e com tantas restrições, nomeadamente alimentares, não é fácil, principalmente<br />

numa jov<strong>em</strong> adolescente com dificuldades económicas. O médico de família, pelo seguimento continuado dos seus utentes, t<strong>em</strong> um<br />

papel fundamental na educação terapêutica de forma a fomentar o seu cumprimento.<br />

O. Osinbowale; et al. An algorithm for managing warfarin resistance; Cleve Clin J Med. 2009; P. Sinxadi; M, Blockman M; Cardiovasc J Afr. 2008 Jul-Aug. Warfarin resistance; ML,<br />

Hulse; Warfarin resistance: diagnosis and therapeutic alternatives. Pharmacotherapy. 1996;


Enquadramento<br />

HIPERTENSÃO ARTERIAL<br />

GALOPANTE<br />

Inês Videira 1 , Joana M. Ferreira 1 , Susana Figueiredo 2<br />

1<br />

Interna de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar na USF Saúde <strong>em</strong> Família – ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo<br />

2<br />

Assistente <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar na USF Saúde <strong>em</strong> Família – ACeS Grande Porto III – Maia/Valongo<br />

A Hipertensão arterial (HTA) secundária ocorre numa percentag<strong>em</strong> estimada de 5%. Esta possibilidade deve ser equacionada, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, quando há uma elevação severa da tensão arterial (TA), inicio súbito ou agravamento da HTA, má resposta à terapêutica e<br />

lesões de órgão-alvo desproporcionais à duração da HTA. As diferentes causas dev<strong>em</strong> ser ponderadas de acordo com a idade, género,<br />

etnia, fatores de risco cardiovascular, restantes comorbilidades e exame objetivo.<br />

Relato do caso<br />

Identificação: Utente de 40 anos, sexo masculino, 12º ano de escolaridade (frequentou licenciatura <strong>em</strong> engenharia informática),<br />

des<strong>em</strong>pregado.<br />

Antecedentes pessoais: dislipid<strong>em</strong>ia, excesso de peso (IMC 27,5kg/m 2 ), esquizofrenia. S<strong>em</strong> alergias conhecidas.<br />

Medicação habitual: risperidona 2mg um comprimido à noite, diazepam 10mg meio comprimido à noite.<br />

Hábitos toxofílicos: fumador 20UMA, 7 cafés/dia. Nega consumo de álcool e drogas ilícitas.<br />

Padrão de sono: dorme no período diurno, manhã. Sono reparador.<br />

S<strong>em</strong> hábitos de atividade ou exercício físico.<br />

Caracterização familiar: Família flutuante (entre a habitação dos pais e a da companheira). Classe III de Graffar. APGAR familiar de<br />

Smilkstein: 10 pontos (família altamente funcional).<br />

Antecedentes familiares: avó com história de acidente vascular cerebral e diabetes mellitus, pai com HTA, tia com cardiomiopatia<br />

dilatada.<br />

História atual<br />

Consulta aberta 10.2016<br />

• Parestesias no m<strong>em</strong>bro superior<br />

direito, que associa à toma de<br />

muitos cafés, e alterações<br />

visuais esporádicas. Objetiva-se<br />

TA 170/114mmHg (após<br />

diazepam 10mg).<br />

• Foi dada a indicação para<br />

realizar monotorização <strong>em</strong><br />

ambulatório da TA, reduzir<br />

tabaco (10 cigarros/dia), beber<br />

apenas descafeinado e cumprir<br />

toma de diazepam.<br />

Manteve valores de TA elevados<br />

compatíveis com HTA grau III e<br />

foram solicitados exames auxiliares<br />

de diagnóstico (EADs).<br />

Estudo analítico<br />

• H<strong>em</strong>ograma, ionograma,<br />

glic<strong>em</strong>ia normais; aldosterona,<br />

cortisol livre e metanefrinas<br />

fraccionadas urinárias normais<br />

• Creatinina 1,40mg/dL<br />

• Renina sérica elevada<br />

50,1µU/L/mL<br />

• Colesterol total 245mg/dL, HDL<br />

42mg/dL, triglicerídeos<br />

347mg/dL, LDL 133,6mg/dL<br />

• Microalbuminuria 27,4mg/24h<br />

(volume urina 1400mL)<br />

• Risco cardiovascular moderado<br />

Outros EADs<br />

• Ecografia renal e supra renal:<br />

s<strong>em</strong> alterações<br />

• Eletrocardiograma (ECG): ritmo<br />

sinusal, frequência cardíaca<br />

95bpm<br />

• Ecocardiograma: hipertrofia<br />

concêntrica moderada<br />

ventricular esquerda,<br />

compatível com cardiomiopatia<br />

hipertensiva, com compromisso<br />

ligeiro da função sistólica<br />

ventricular esquerda (fração de<br />

ejeção 47%)<br />

• ECG com prova de esforço:<br />

normal, s<strong>em</strong> sinais de isqu<strong>em</strong>ia<br />

Discussão<br />

Em 2015, <strong>em</strong> consulta de vigilância o utente apresentava TA de 135/85mmHg e após um ano e meio apresenta HTA grau III com lesão de<br />

órgão-alvo. O despiste de causas secundárias de HTA é importante, sendo que o grau de suspeição condiciona a orientação do utente,<br />

nomeadamente a escolha terapêutica. O caso foi discutido com o responsável da consulta de HTA do hospital da área de referenciação,<br />

estando a aguardar consultas hospitalares. Iniciou mudanças de estilo de vida e atorvastatina 10mg. Não tolerou a lercanidipina 10mg,<br />

mantendo controlo da TA (120/80mmHg) com bisoprolol 5mg e indapamida 2,5mg.<br />

Além de uma possível causa secundária de HTA, importa refletir sobre a associação do antecedente de Esquizofrenia com patologia<br />

cardiovascular. O risco cardiovascular acrescido na Esquizofrenia t<strong>em</strong> uma etiologia multifatorial e os estudos apontam para uma<br />

predisposição genética, um estilo de vida pouco saudável (alimentação favorável ao excesso de peso/obesidade, tabagismo e<br />

sedentarismo) e um contributo dos fármacos anti-psicóticos para alterações do metabolismo dos lípidos e hidratos de carbono. O<br />

médico de família t<strong>em</strong> de estar atento ao risco cardiovascular, investir s<strong>em</strong>pre na mudança de estilos de vida, orientar os probl<strong>em</strong>as e<br />

explicar os sinais de alarme para eventos cardiovasculares.<br />

Bibliografia: Normas da DGS. 2013 ESH/ESC Practice Guidelines for the Manag<strong>em</strong>ent of Arterial Hypertension. Rimoldi SF, Scherrer U, Messerli FH. Secondary arterial hypertension: when, who, and how to<br />

screen? Eur Heart J. 2014 May 14;35(19):1245-54. De Hert M, Dekker JM, Wood D, Kahl KG, Holt RI, Möller HJ. Cardiovascular disease and diabetes in people with severe mental illness position stat<strong>em</strong>ent from the<br />

European Psychiatric Association (EPA), supported by the European Association for the Study of Diabetes (EASD) and the European Society of Cardiology (ESC). Eur Psychiatry. 2009 Sep;24(6):412-24. Manu P,<br />

Dima L, Shulman M, Vancampfort D, De Hert M, Correll CU. Weight gain and obesity in schizophrenia: epid<strong>em</strong>iology, pathobiology, and manag<strong>em</strong>ent. Acta Psychiatr Scand. 2015 Aug;132(2):97-108.


O impacto do mesmo probl<strong>em</strong>a nos vários<br />

m<strong>em</strong>bros de uma família<br />

Inês Mendes Correia, Diogo Soeiro, Vasco Mar>ns, Catarina Pinto, Rosa Feliciano<br />

O mesmo acontecimento pode afetar os vários m<strong>em</strong>bros de uma família de formas diferentes, refletindo-se <strong>em</strong> diferentes motivos de<br />

vinda à consulta. Assim, este caso clínico alerta para a importância da contextualização do doente no âmbito dos Cuidados de<br />

Saúde Primários. O médico de família relaciona os dados fornecidos no decorrer das consultas dos vários el<strong>em</strong>entos familiares, com<br />

os eventos de vida, estabelecendo entre eles uma ponte, permitindo uma melhor compreensão do doente.<br />

Neoplasia<br />

do Pulmão<br />

1942 - 2014<br />

A<br />

1987<br />

Figura 1. Genograma<br />

Morte da bisavó<br />

de H<br />

Morte de A<br />

Separação de E e F<br />

Legenda:<br />

H<br />

E<br />

E<br />

1948<br />

2008<br />

B<br />

Depressão<br />

Depressão<br />

G<br />

2013<br />

2014<br />

Abril<br />

2016<br />

Julho<br />

2016<br />

Outubro<br />

2016<br />

2004<br />

C<br />

H<br />

1985<br />

Insucesso escolar<br />

Reprovação de ano.<br />

Insónias, lombalgias,<br />

cansaço geral (múl>plas<br />

consultas)<br />

Mau comportamento<br />

Reprovação de ano.<br />

Mau comportamento<br />

Múl>plas queixas dos<br />

professores.<br />

Ausência de queixas dos<br />

professores.<br />

Cuidado com o material<br />

escolar.<br />

Mo>vado para a escola<br />

F<br />

D<br />

Descrição do caso<br />

E, 29 anos, recorreu à consulta no dia 20/05/2016 para<br />

renovação da baixa por lombalgia. Antecedentes pessoais:<br />

várias consultas por lombalgia, dores nos m<strong>em</strong>bros inferiores,<br />

cansaço geral e insónia inicial. Quando questionada, relacionou<br />

o início dos sintomas com a morte do pai, A, há 2 anos por<br />

neoplasia (de qu<strong>em</strong> foi cuidadora). Presenciou também a morte<br />

da avó, no ano anterior. Separação do marido, F, durante 1<br />

mês, <strong>em</strong> Abril de 2016, tendo entretanto reatado a relação<br />

conjugal. Referia que o marido é militar e passava muito pouco<br />

t<strong>em</strong>po na sua companhia, preferindo participar <strong>em</strong> competi̧çõẽs<br />

de atletismo às atividades familiares, nos t<strong>em</strong>pos livres. Para<br />

além disso, sentia-se encarregue de todas as tarefas<br />

domésticas. O filho, H, tinha reprovado um ano (no ano da<br />

morte do seu avô, com qu<strong>em</strong> tinha uma relação forte) e<br />

encontrava-se <strong>em</strong> situação de provável nova reprovação. A<br />

filha, G, obtinha sucesso escolar. Fez-se ensino de técnicas de<br />

higiene do sono e manteve-se a medicação. Pediu-se apoio da<br />

consulta de psicologia (marcada para dia 09/06/2016). Marcouse<br />

consulta com o filho pelo insucesso escolar.<br />

Em Julho, o H veio à consulta, tendo sido confirmada a<br />

reprovação de ano escolar, com múltiplas queixas da<br />

professora sobre o seu comportamento. A mãe referia que este<br />

era irrequieto e que não se concentrava. No entanto, durante a<br />

consulta, manteve postura adequada, conseguindo estabelecer<br />

um bom contacto. O adolescente identificou dificuldades na sua<br />

aprendizag<strong>em</strong> e condutas menos apropriadas, tendo sido<br />

estabelecidas estratégias de melhoria. Apelou-se à mãe para<br />

fomentar hábitos de estudo. Foi agendada consulta para<br />

Outubro.<br />

Nesta consulta, <strong>em</strong> que vieram a E e H, verificou-se ausência<br />

de queixas por parte dos professores, b<strong>em</strong> como material<br />

escolar cuidado. Foram novamente acordadas estratégias,<br />

desta vez para manutenção do bom des<strong>em</strong>penho e marcou-se<br />

consulta de reavaliação <strong>em</strong> Janeiro, após avaliação do 1o<br />

período. Quanto à mãe, sentia-se muito melhor, relatando<br />

melhoria da relação com marido e troca de <strong>em</strong>prego. Foi<br />

reforçada a disponibilidade para acompanhamento. Manteve<br />

consulta de psicologia.<br />

Figura 2. Linha de vida<br />

Discussão<br />

Foi possível estabelecer a relação entre os acontecimentos de vida desta família e o surgimento de probl<strong>em</strong>as de saúde e de<br />

comportamento nos vários el<strong>em</strong>entos. O presente caso pretende chamar a atenção para o papel do médico de família na<br />

contextualização de sinais e sintomas recorrentes, e na sua abordag<strong>em</strong>, permitindo uma abordag<strong>em</strong> sistémica, com repercussões à<br />

escala familiar.


Enquadramento<br />

“HOSPITAL? MAS EU SÓ ESTOU COM GRIPE!”- A<br />

PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Negrões S. 1 ; Ramalho A. 1 ; Pissarra M. 1<br />

1<br />

USF Sobreda – ACES Almada/Seixal;<br />

saranegroes@gmail.com<br />

O Flutter auricular é um tipo de taquiarritmia supraventricular que se origina a partir de um circuito elétrico do tipo macroreentrada na aurícula<br />

direita. Estima-se que a incidência global é de 88/100.000 pessoas/ano e que esta aumenta com a idade. A clínica pode manifestar-se por um quadro de<br />

palpitações, fadiga, tonturas, dor torácica e/ou dispneia. O diagnóstico é feito por eletrocardiograma, que na forma típica apresenta-se com deflexões<br />

auriculares <strong>em</strong> dente de serra direcionadas negativamente (ondas f) nas derivações II,III e aVF e deflexões positivas <strong>em</strong> V1. A abordag<strong>em</strong> terapêutica<br />

varia consoante a estabilidade h<strong>em</strong>odinâmica do doente, isto é se instável procede-se a cardioversão elétrica de <strong>em</strong>ergência, se estável opta-se pelo<br />

controlo da frequência cardíaca com beta bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio, anticoagulação para prevenção do acidente vascular<br />

cerebral (AVC) e tratamento da causa subjacente.<br />

Descrição do caso<br />

♀ 62 anos;<br />

AP: Perturbação bipolar do tipo I, Hipotiroidismo, Glaucoma, Obesidade, Doença de Parkinson, Adenocarcinoma da mama esquerda.<br />

MH: Acetato de eslicarbazepina 800 mg id; Ciam<strong>em</strong>azina 30 gotas id; Levotiroxina sódica 0.1 mg id; Omeprazol 40 mg id<br />

S: Astenia, mialgias, tosse seca com um dia de evolução. Negava dispneia, dor torácica ou palpitações.<br />

Consulta<br />

aberta<br />

USF<br />

19/12/2016<br />

Urgência<br />

19/12/2016<br />

USF<br />

22/12/2016<br />

O: Glasgow 15; T<strong>em</strong>p. 37º C; Eupneica; TA: 130/85mmHg; AC: sons arrritmicos, taquicardicos, s<strong>em</strong><br />

sopros; AP: mv + e simérico bilateralmente com crepitações bibasais; FC: 155 bpm<br />

A: Taquiarritmica de novo – Flutter auricular ? FA? + Gripe<br />

P: Referencio para SU do hospital de referência<br />

Exame objetivo: sobreponível<br />

GSA (aa): ph 7.45; pCO2 36; pO2 68.2; HCO3 24.4; Sat O2 95%<br />

ECG: Flutter auricular com RVR<br />

Estudo analítico: Hb13.4g/dL; Leucócitos 7,5 10^9/L; Creatinina 1.4mg/dl; LDH 715 UI/L; CK<br />

331 UI/L; Mioglobina 782 ng/mL; Troponina 21 ng/L; PCR 6.7mg/dL<br />

Rx torax: ICT normal; infiltrado instersticial na base direita<br />

Eco TT: boa função sistólica global esquerda, s<strong>em</strong> alterações segmentares. S<strong>em</strong> valvulopatia<br />

mitral. Pericardio s<strong>em</strong> derrame<br />

Cardioversão eléctrica 150J Ritmo sinusal<br />

Inicia bisoprolol 2.5mg/dia + rivaroxabano 20mg/dia (4 s<strong>em</strong>anas). Alta com consulta marcada<br />

Medicina Interna.<br />

S: S<strong>em</strong> queixas<br />

O: FC: 80 bpm; TA:127/80mmHg; AC: S1 e S2 presentes e ritmicos s<strong>em</strong> sopros; AP: mv+ e simétrico<br />

bilateralmente, s<strong>em</strong> ruídos adventícios<br />

A: Flutter auricular, com reversão a RS<br />

P: Mantém medicação instituída.<br />

Discussão<br />

O flutter auricular é uma condição médica urgente e para a qual o médico de família deve estar atento, pois a clínica pode confundir ou mascarar o<br />

diagnóstico. O seu reconhecimento t<strong>em</strong> vital importância para o doente, dado conferir risco aumentado de eventos trombóticos e de desenvolvimento<br />

de cardiomiopatia induzida por taquicardia, ou ser causa de instabilidade h<strong>em</strong>odinâmica. Este caso realça a importância da execução de uma boa<br />

anamnese e de um exame físico completo, mesmo que o t<strong>em</strong>po da consulta seja escasso e não seja o médico de família do utente a observa-lo.<br />

Bibliografia<br />

1<br />

BMJ Flutter artrial Junho 2016; 2 Vadmann H, Nielsen PB, Hjortshoj SP, Riahi S, Rasmussen LH, Lip GY, Larsen TB.. Atrial flutter and thrombo<strong>em</strong>bolic risk: a syst<strong>em</strong>atic review. Heart.<br />

2015;101(18):1446-55.


CONTRACEÇÃO HORMONAL COMBINADA E RISCO<br />

CARDIOVASCULAR: PORQUE ALERTAR NUNCA É DEMAIS!<br />

Eduardo Reis 1 ; Mariana Moura 1 ; Adília Rafael 1<br />

1<br />

INTERNO DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR<br />

ACES GRANDE PORTO II – USF SETE CAMINHOS<br />

ENQUADRAMENTO<br />

As doenças trombo<strong>em</strong>b́licas venosas e arteriais constitu<strong>em</strong> no seu conjunto, um probl<strong>em</strong>a com grande<br />

impacto <strong>em</strong> termos de saúde pública, uma vez que a sua tradução <strong>em</strong> termos cardio e cerebrovasculares ́<br />

responsável pela maior causa de mortalidade e morbilidade nas sociedades ocidentais. São uma entidade rara e<br />

subdiagnosticada <strong>em</strong> Pediatria, afetando principalmente adolescentes do sexo f<strong>em</strong>inino.<br />

Uma das etiologias que está na orig<strong>em</strong> do desenvolvimento de um estado trombo<strong>em</strong>b́lico <strong>em</strong> mulheres <strong>em</strong><br />

idade f́rtil são os anticontracetivos orais.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• Sexo F<strong>em</strong>inino, 16 anos, caucasiana, estudante;<br />

• S<strong>em</strong> antecedentes pessoais ou cirúrgicos relevantes;<br />

• Medicação habitual: ACO (Acetato de Ciproterona+<br />

Etinilestradiol), por cataménios irregulares e acne;<br />

• Família Nuclear, Ciclo de Duvall Fase V, Classe social<br />

média – Graffar III.<br />

I<br />

II<br />

III<br />

N. 1941<br />

F. 1991<br />

(Atropelamento)<br />

N:19 75<br />

1963 1961<br />

N: 2000<br />

N. 1944<br />

F. 2004<br />

(Suicídio)<br />

1998<br />

N: 2005<br />

N. 1940<br />

F. 2014<br />

(AVC)<br />

N: 1975 N: 1981 N: 1984<br />

Gondomar, outubro de 2016<br />

N. 1945<br />

AP:DM<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

• Dor ligeira na fossa<br />

poplítea esquerda, após<br />

exercício de<br />

alongamento, com<br />

agravamento<br />

progressivo para<br />

m<strong>em</strong>bro inferior e raíz<br />

da coxa<br />

• Nega dispneia, tosse ou<br />

toracalgia<br />

• Ed<strong>em</strong>a<br />

• Coloração cianótica<br />

• Dor à palpação na<br />

região poplítea<br />

esquerda<br />

• T<strong>em</strong>peratura diminuída<br />

• ACP: normal<br />

• Apirética<br />

• Sat O2: 98%<br />

• K94 - Flebite e<br />

tromboflebite Suspeita<br />

de Trombose Venosa<br />

Profunda (ICPC-2)<br />

• Referenciação ao<br />

Serviço de Urgência<br />

pediátrico do hospital<br />

de referência<br />

Eco-Doppler: evidência de trombose venosa profunda íleo-f<strong>em</strong>oro-poplitea totalmente oclusiva<br />

Angio TC pulmonar: Trombo<strong>em</strong>bolismo pulmonar de ramos arteriais dos lobos inferiores<br />

Estabilização do<br />

doente<br />

Eventos<br />

trombo<strong>em</strong>bólicos<br />

Etiologia: Contraceção<br />

Oral Combinada<br />

DISCUSSÃO<br />

Importância do<br />

conhecimento das<br />

indicações, riscos e<br />

seguimento adequado<br />

das utentes com<br />

contraceção oral<br />

combinada<br />

Este caso realça a<br />

importância de uma<br />

cuidada e rigorosa<br />

anamnese para a<br />

obtenção de um<br />

diagnóstico rápido e<br />

eficaz<br />

Mulheres que sofr<strong>em</strong><br />

evento trombo<strong>em</strong>bólico<br />

relacionado com<br />

Contraceção hormonal<br />

Combinada são<br />

mulheres saudáveis e<br />

s<strong>em</strong> fatores de risco<br />

associados<br />

A longo prazo, a<br />

evolução clínica é boa,<br />

ainda que o atraso do<br />

diagnóstico possa ser<br />

fatal<br />

O Médico de Família t<strong>em</strong> um papel de destaque na antecipação de patologias ocultas e na<br />

correta estratificação do risco, devendo informar as mulheres dos possíveis efeitos<br />

adversos da contraceção hormonal combinada e a forma como estes se manifestam, de<br />

modo a ser<strong>em</strong> detetados precoc<strong>em</strong>ente.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

[1] Pereira Alves C, Costa Almeida C, Pratas Balhau A. Trombo<strong>em</strong>bolismo Venoso Diagnóstico e Tratamento. Sociedade Portuguesa de Cirurgia, Março de 2015. [2] Pacheco A,<br />

Machado AI, Costa AR et al. Consenso sobre Contraceção. Sociedade Portuguesa de Ginecologia . Estoril, 15 de janeiro de 2011. [3] Padovan FT, Freitas G. Anticoncepcional Oral<br />

Associado ao Risco de Trombose Venosa Profunda. BJSCR research vol 9, n 1 Dez 2014 – Fev 2015. [4] Brito MB, Nobre F, Vieira CS. Contracepção Hormonal e Sist<strong>em</strong>a<br />

Cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol. vol.96 no.4 São Paulo Apr. 2011.<br />

Correspondência:<br />

eduardojoaoreis@gmail.com


O tabagismo crónico: factor de risco<br />

para hipertensão arterial<br />

Inês Mendes Correia; Diogo Soeiro; Carla Patrícia Marques; Rosa Feliciano; Joaquina Rosário<br />

Introdução<br />

Metodologia<br />

Tanto o tabagismo como a hipertensão arterial são probl<strong>em</strong>as de saúde muito<br />

prevalentes na comunidade, sendo dois factores de risco cardiovascular muito<br />

importantes.<br />

Embora se saiba que a exposição aguda ao fumo do tabaco exerce um efeito<br />

hipertensor, (principalmente através da es>mulação do sist<strong>em</strong>a nervoso<br />

simpá>co), o efeito do tabagismo crónico sobre a pressão arterial não está tão b<strong>em</strong><br />

esclarecido.<br />

Pesquisa realizada nas bases de dados PubMed, the Cochrane Library e BMJ desde<br />

Janeiro de 2001 até Junho 2016, usando a combinação das palavras chave “chronic<br />

smoking” e “hypertension”. Foram pesquisados ar>gos, s<strong>em</strong> limitação da sua<br />

>pologia, realizados na espécie humana, e redigidos <strong>em</strong> inglês. Da pesquisa foram<br />

encontrados 24 ar>gos. Destes foram excluídos 20 por não ir<strong>em</strong> de encontro aos<br />

objec>vos do trabalho. Foram então seleccionados 4 ar>gos, dos quais 2 são<br />

estudos populacionais transversais e 2 são revisões simples.<br />

Resultados<br />

Com os dados disponíveis até ao momento, no que se refere ao impacto do<br />

tabagismo crónico sobre a pressão arterial, verifica-se que existe uma grande<br />

variabilidade de resultados.<br />

3 estudos (1 estudo populacional e 2 revisões) suger<strong>em</strong> que os fumadores<br />

apresentam inicidência cumula>va de hipertensão mais baixa que os não<br />

fumadores ou ex-fumadores. Já no noutro estudo populacional, os fumadores,<br />

especialmente acima do 60 anos, têm risco aumentado de sofrer de hipertensão<br />

arterial, sobretudo sistólica.<br />

Como limitações dos estudos encontrados, apontamos què população <strong>em</strong> estudo<br />

de Okubo, Y. et al, ela resume-se a indivíduos de meia idade (40-54 anos). Seria<br />

importante alargar o intervalo de idades para se poder extrapolar as conclusões<br />

para a população <strong>em</strong> geral.<br />

Os dados disponíveis são díspares. Globalmente apontam para que não haja uma<br />

relação causal direta entre o tabagismo e hipertensão arterial. No entanto,<br />

comparando os estudos verificam-se diferentes populações de estudo e<br />

variabilidade no controlo dos factores com interferência na extrapolação das<br />

conclusões para a população <strong>em</strong> geral.<br />

ArIgo<br />

Resultados<br />

1<br />

Ex-fumadores têm um risco acrescido de sofrer de hipertensão, provavelmente pela maior prevalência de excesso de peso e<br />

obesidade registada neste grupo. Fumadores estão <strong>em</strong> risco de sofrer de hipertensão sistólica, especialmente a par>r dos 60 anos.<br />

O risco de hipertensão está relacionado com o número de cigarros fumados diariamente e o t<strong>em</strong>po de cessação tabágica.<br />

2<br />

O tabagismo crónico reduz as variações da pressão arterial (PA). A incidência cumula>va de hipertensão arterial aos cinco anos foi<br />

inferior nos fumadores. Entre os fumadores não foi observado efeito significa>vo dose-dependente nas alterações da PA.<br />

3<br />

O tabagismo é considerado factor de risco renal <strong>em</strong> hipertensos, dado os efeitos comprovados na albuminúria/ proteinúria.<br />

4<br />

Não está estabelecida uma relação causal directa entre tabagismo crónico e hipertensão. Evidência de que não há descida nos<br />

valores de pressão arterial após a cessação tabágica.<br />

Conclusões<br />

Para avaliar de forma mais precisa os efeitos do tabagismo na pressão arterial,<br />

importa fazer mais estudos de follow-up, <strong>em</strong> amostras representa>vas da<br />

população geral e controlo de factores com possível interferência.<br />

Contactos<br />

Inês Mendes Correia<br />

USF São Domingos<br />

Email: ines.correia9@gmail.com<br />

Referências<br />

(1) Halimi, JM et al, The risk of hypertension in men: direct and indirect effects of cheronic smoking, J.<br />

Hypertens, 2002, Feb; 20(2): 187-93<br />

(2) Okubo, Y. et al, An associaJon between smoking habits and blood pressure in normotensive Japanese<br />

men: a 5-year follow-up study, Drug and Alcohol Dependence, 2003, vol 73: 167–174<br />

(3) Sandhu, JS, Smoking – a renal risk factor, JAPI, Sept<strong>em</strong>ber 2003, vol 51: 900-902<br />

(4) Virdis , A. et al, CigareUe Smoking and Hypertension, Current PharmaceuJcal Design, 2010, vol. 16:<br />

2518-2525


ARTERITE DE<br />

TAKAYASU<br />

Marta<br />

1<br />

Ribeiro , Ana Rita Faustino 1 , Liliana Mota 2<br />

1 - USF D.diniz, Leiria 2 - USF Amanhecer , Gondomar<br />

INTRODUÇÃO<br />

A arterite de Takaasu é uma doeça inamatória ceónica e estenosante das artérias de médio e grande calibre, de etiologia desconhecida.<br />

Afeta sobretudo as mulheres entre os 10 e os 40 anos de idade. Na Europa, apresenta uma incidência de 1 a 3 casos/ano/milhão de habitantes.<br />

ID Paciente - 27 anos / F<strong>em</strong>inino/ Caucasiana / Ateu / Solteira / Professora<br />

Hábitos e Rotinas - 5 refeições diárias / Nega hábitos tóxicos / PNV atualizado<br />

Antecedentes Pessoais - G0P0 / ITU's na infancância / Depressão ( há 7 anos)<br />

Medicação habitual - Fluoxetina 20mg id /Etinilestradiol + gestodeno 0,02mg/0,075 mg id<br />

Caracterização Familiar: Família monoparental / APGAR: moderadamente funcional / Graffar: 2<br />

63<br />

27<br />

58<br />

Vive Junto<br />

Divorciados<br />

2016<br />

CONSULTA ABERTA - USF - Janeiro 2012<br />

S: Cefaleias pulsáteis, claudicação intermitente e intolerância a esforços moderados dos m<strong>em</strong>bros superiores com três meses de evolução associados<br />

a anorexia.<br />

O: TA : 230/180mmHg. IMC 21,9.<br />

EF: Pulsos radiais e f<strong>em</strong>orais palpáveis com amplitude reduzida bilateralmente. Restantes pulsos dos m<strong>em</strong>bros inferiores não palpáveis.<br />

Fundoscopia s<strong>em</strong> alterações relevantes. ACP normal. ENS s<strong>em</strong> alterações.<br />

A: TENSÃO ARTERIAL ELEVADA ( K85)<br />

P: Pedidas análises clínicas e imagiológicas para rastreio de HTA secundária. alta com cilazapril 5mg + hidroclorotiazida 12,5mg<br />

Resultado analítico VS Cortisol pl. Renina pl. Aldosterona pl.<br />

CONSULTA MEDICINA INTERNA - Março 2012<br />

Realizou TC das supra-renais, onde se objetivaram etensas calcicações dos grandes vasos arteriais e artéria renal direita.<br />

O estudo analítico: Negativo.<br />

Um ano depois: Pan-aortograa conrmou o diagnóstico de arterite de Takayasu.<br />

Iniciada prednisolona 60mg/dia PO, com redução progressiva até 15mg/dia, mantendo-se assintomática após 6 meses.<br />

Após quatro anos, foi submetida a cirurgia aórtica e bypass axilo-f<strong>em</strong>ural bilateral<br />

Medicação atual: Ácido acetilsalicílico 100mg, cilazapril 2,5 + hidroclorotiazida 6,25 e deazacorte 6mg. A utente mantém-se estável e<br />

assintmática.<br />

CONCLUSÃO<br />

A abordag<strong>em</strong> inicial pelo MF da HTA permite um diagnóstico etiológico apurado e uma melhor orientação do doente.<br />

Bibliografia<br />

Prevalence, Incidence, and Disease Characteristics of Takayasu Arteritis by Ethnic Background: Data From a Large, Population-Based Cohort Resident in Southern Norway.American College of Rh<strong>em</strong>atology, Dec<strong>em</strong>ber<br />

2016.DOI: 10.1002/acr.22931


HISTÓRIA DE UMA ÚLCERA VENOSA CRÓNICA E SUAS COMPLICAÇÕES<br />

- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO -<br />

Tiago Tavares 1 , Pedro Vasconcelos 1 , Ana Paula Pinheiro 1<br />

1- USF Viseu-Cidade, ACeS Dão Lafões<br />

Enquadramento<br />

A doença venosa crónica dos m<strong>em</strong>bros inferiores (DVCMI) é a patologia vascular de maior prevalência. Esta<br />

caracteriza-se por alterações morfológicas (ex<strong>em</strong>plo: dilatação venosa) ou funcionais (ex<strong>em</strong>plo: refluxo venoso)<br />

de longa evolução, que se manifestam por um conjunto de sinais e sintomas. As consequências desta doença<br />

são várias e pod<strong>em</strong> ser medidas objetivamente pela perda da qualidade de vida e abstinência/limitação da<br />

actividade laboral.<br />

Caso Clínico<br />

Identificação<br />

‣ Mulher de 66 anos<br />

‣ Caucasiana<br />

‣ Agricultora<br />

Antecedentes Pessoais<br />

‣ Hipertensão Arterial<br />

‣ Depressão<br />

‣ Gonartrose bilateral<br />

‣ Dislipid<strong>em</strong>ia.<br />

Medicação Habitual<br />

‣ Citalopram 10mg<br />

‣ Trazodona 150mg<br />

‣ Candesartan/hidroclorotiazida 16/12,5mg<br />

‣ Furos<strong>em</strong>ida 40mg<br />

‣ Atorvastatina 40mg<br />

2004<br />

‣ Episódio de trombose venosa profunda<br />

(TVP) da perna esquerda<br />

‣ S<strong>em</strong> factores de risco/predisponentes<br />

identificados ou trombofilias<br />

‣ Tratada, com sucesso, com<br />

enoxaparina<br />

2006<br />

‣ Novo episódio de TVP<br />

<strong>em</strong> circunstâncias<br />

s<strong>em</strong>elhantes a 2004<br />

pelo que foi decidida<br />

varfarina ad eterno, para<br />

INR 2-3<br />

2006 - 2016<br />

‣ Manifestação de doença<br />

venosa crónica:<br />

‣ Sensação de pernas<br />

pesadas, dor e ed<strong>em</strong>a das<br />

mesmas.<br />

‣ Aconselhado o uso de meias<br />

compressivas<br />

Julho 2016 Agosto 2016 Presente<br />

Medicada com ciprofloxacina<br />

500mg 8dias 2i e sulodexida<br />

600 LSU/2 ml IM 6 dias - tendo<br />

depois passado a sulodexida<br />

oral 250 LSU 2id<br />

Por sinais de infecção:<br />

Amoxicilina+ácido<br />

clavulânico 850/125mg 2id.<br />

Após tratamento, 17/03/<strong>2017</strong><br />

Discussão<br />

Apesar de bastante frequente a DVC não merece, na grande maioria dos casos, a atenção devida, tendo <strong>em</strong> conta a<br />

sua elevada prevalência e possíveis complicações: qualidade de vida da doente, custos económicos, limitação nas<br />

atividades de vida diária e por vezes a utilização de antimicrobianos. Como é sabido, o tratamento destas úlceras é<br />

bastante difícil, torna-se por isso importante intervir precoc<strong>em</strong>ente e utilizar os melhores recursos ao dispor, tanto<br />

comportamentais como farmacológicos. Foi o que fiz<strong>em</strong>os neste caso com resultados bastante positivos, tendo <strong>em</strong><br />

conta a situação clínica.<br />

Bibliografia: UpToDate.com


Dor abdominal, a<br />

necessidade do seu<br />

enquadramento –<br />

HISTÓRIA DA DOENÇA ACTUAL<br />

Consulta Aberta- Outubro 2016<br />

Dor infra costal á direita, com agravamento progressivo desde há 4<br />

dias, agrava com a tosse e com a inspiração profunda<br />

Abdómen- globoso, hipertimpanizado, doloroso à palpação dos Q<br />

superiores, Murphy vesicular positivo, apirético<br />

COLECISTITE, COLELITÍASE ?<br />

REFERENCIAÇÃO PARA MÉDICO/ ESPECIALISTA/ CLINICA/ HOSPITAL<br />

Serviço de Urgência<br />

S. Adultos – Nov<strong>em</strong>bro 2016<br />

S. Adultos – Nov<strong>em</strong>bro 2016<br />

Num período da <strong>medicina</strong> <strong>em</strong> que os minutos, <strong>em</strong> vez<br />

de resultados são interpretados como produtividade, este<br />

caso d<strong>em</strong>onstra a importância do seguimento do Médico<br />

de Família, da relação médico doente e principalmente de<br />

<strong>em</strong> ambiente de SU se assumir s<strong>em</strong>pre as causas mais<br />

comum, sendo necessário manter s<strong>em</strong>pre o grau de<br />

suspeição e pedir os MCDT necessários para deslindar<br />

diagnósticos menos prováveis. Assim é fundamental<br />

despender t<strong>em</strong>po à medida das necessidades de cada<br />

utente e de suas possíveis patologias, pois só assim se<br />

consegue chegar ao diagnóstico.<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

Fez avaliação aalítica e saiu co diagostico de do osteo/ articular<br />

/uscula. “aiu edicado co Paacetaol + Tiocoluicosido SU<br />

Mant<strong>em</strong> queixas álgicas. Apresentando de novo dor na face posterior<br />

do h<strong>em</strong>itórax esquerdo abaixo do rebordo costal direito.<br />

MEDO DE DOENÇA DO APARELHO MÚSCULO-ESQUELÉTICO, OUTRA<br />

OUTROS PROCEDIMENTOS DE DIAGNÓSTICO + ANÁLISES DE<br />

SANGUE+ANÁLISES DE URINA + Paracetamol, Tiocolquicosido<br />

RESULTADOS DE ANÁLISES/ PROCEDIMENTOS<br />

Ecografia abdominal: vesicula biliar, com cálculo único de 18mm;<br />

rim direito, na região superior, massa parenquimatosa renal, com<br />

61,9 x 52,9mm, com marcada vascularização. No polo inferior<br />

espessamento parenquimatoso com características expansivas com<br />

54,8mm<br />

NEOPLASIA MALIGNA DO RIM ?<br />

OUTROS PROCEDIMENTOS DE DIAGNÓSTICO (TAC abdominal) +<br />

ANÁLISES DE SANGUE<br />

DISCUSSÃO<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

Relato de Caso<br />

David Rodrigues (1) , Hugo Salgueiro (1) , Joana Fernandes (1) , Joana<br />

Pereira (1) , Nídia Nunes (1) , Nuno Páscoa (1) , Susana Lourenço (1)<br />

(1)<br />

Internos de Medicina Geral e Familiar.<br />

USF Planície – CS Évora<br />

E-mail de contacto: rodrigues.tomaz@gmail.com<br />

ENQUADRAMENTO<br />

Os tumores do rim são raros representando 2% a 3% de todos os<br />

tumores sólidos. Apesar desse facto a sua incidência parece estar a<br />

aumentar na Europa e no mundo ocidental. Os homens são duas<br />

vezes mais afetados do que as mulheres. Os fatores de risco<br />

identificados são o tabagismo, a obesidade e a hipertensão arterial.<br />

Os tumores do rim são normalmente assintomáticos e são detetados<br />

<strong>em</strong> exames de rotina (frequent<strong>em</strong>ente através da ecografia),<br />

correspondendo à fase inicial da doença. Uma pequena percentag<strong>em</strong><br />

pod<strong>em</strong> manifestar-se por dor abdominal/lombar, h<strong>em</strong>atúria, massa<br />

abdominal palpável.<br />

Numa era de falta de recursos humanos no serviço de urgência (SU)<br />

e sobrecarga de trabalho de estes profissionais pode haver tendência<br />

a desvalorização de queixas e a necessidade de pensar apenas <strong>em</strong><br />

diagnósticos mais prováveis para dar vasão à enorme afluência diária<br />

aos SU.<br />

DESCRIÇÃO DE CASO<br />

IDENTIFICAÇÃO<br />

• J.R.<br />

• Sexo masculino<br />

• 55 anos<br />

• Raça caucasiana<br />

• Professor<br />

CARACTERIZAÇÃO FAMILIAR<br />

• Família nuclear<br />

• Ciclo de Duvall fase VII<br />

• APGAR Familiar altamente funcional<br />

• Graffar classe média<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS<br />

• HTA<br />

• Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

• Ex-fumador 30 UMA<br />

• S<strong>em</strong> alergias conhecidas<br />

• PNV atualizado<br />

• AF: irrelevantes<br />

• Medicação Habitual: Amlodipina 5mg, id; Indapamida 2,5 mg,<br />

id; Bisoprolol 10mg, id; Lisinopril 20mg, id.<br />

Bibliografia: Siegel RL, Miller KD, J<strong>em</strong>al A. Cancer statistics, 2016. CA Cancer J Clin 2016; 66: 7–30<br />

| Chow WH, Dong LM, Devesa SS. Epid<strong>em</strong>iology and risk factors for kidney cancer. Nat Rev Urol 2010<br />

; 7: 245–257 | Ljungberg, B., Bensalah, K., Bex, A. et al, Guidelines on renal cell<br />

carcinoma. European Association of Urology;. 2014 | B. Escudier, C. Porta, M. Schmidinger, el al,<br />

Renal Cell Carcinoma: ESMO Clinical Practice Guidelines 2016<br />

.


Fitiríase palpebral –um<br />

diagnóstico raro<br />

Ana Rita C. Simões 1 , Susana Prego de Faria 2 , Lúcia Azevedo 1<br />

1<br />

USF Amadeo de Souza-Cardoso, 2 UCSP Amarante 1<br />

<strong>Update</strong> <strong>em</strong> Medicina <strong>2017</strong> I Albufeira, 4 a 7 Maio <strong>2017</strong><br />

Enquadramento<br />

O Phthirus pubis (piolho púbico) é um inseto h<strong>em</strong>atófago, hospedeiro específico do ser humano,<br />

frequent<strong>em</strong>ente encontrado na zona das virilhas. Pode ser encontrado também nas axilas, tronco, pestanas e<br />

sobrancelhas. 1 É transmitido principalmente através de contacto sexual, <strong>em</strong>bora aconteça também por roupas<br />

de uso pessoal, lençóis ou toalhas. 2<br />

Descrição do caso clínico<br />

Identificação: A.I.S.R., sexo f<strong>em</strong>inino, 3 anos, raça caucasiana, natural e residente <strong>em</strong> Amarante.<br />

Antecedentes pessoais: irrelevantes. Medicação habitual: s<strong>em</strong> medicação habitual.<br />

Avaliação familiar: família nuclear no estadio II do ciclo de vida de Duvall. Avaliação socioeconómica: classe média (classificação de Graffar)<br />

História da doença atual:<br />

16/06/2016 (Consulta Aberta)<br />

S<br />

O<br />

Episódios recorrentes de prurido e erit<strong>em</strong>a palpebral, com agravamento na última<br />

s<strong>em</strong>ana.<br />

Imagens sugestivas de lêndeas nas pestanas das pálpebras superiores (Figura 1). Não<br />

foram encontrados piolhos ou lêndeas noutras partes do corpo.<br />

A<br />

P<br />

S73 - Pediculose / outra infestação da pele – Fitiríase palpebral<br />

Aplicação tópica de vaselina. Lavag<strong>em</strong> de roupas a altas t<strong>em</strong>peraturas.<br />

Figura 1. Múltiplas lêndeas<br />

s<strong>em</strong>itransparentes agarradas às pestanas<br />

(pré-tratamento).<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

23/06/2016 (Consulta Programada)<br />

Reavaliação – melhoria dos sintomas das pálpebras.<br />

Visualizam-se algumas lêndeas nas pestanas das pálpebras superiores mas <strong>em</strong> muito<br />

menor quantidade - as cuidadoras confirmam r<strong>em</strong>oção com compressas (Figura 2).<br />

S73 - Pediculose / outra infestação da pele - Fitiríase palpebral<br />

Nenhum el<strong>em</strong>ento do agregado familiar apresenta sintomatologia compatível com<br />

infestação por piolhos. A criança não frequenta o infantário. A fonte da infestação não<br />

foi ainda identificada.<br />

Figura 2. Redução significativa do número<br />

de lêndeas nas pestanas (após uma<br />

s<strong>em</strong>ana de tratamento).<br />

Discussão<br />

A Fitiríase Palpebral (afeção das pestanas) é rara. Em crianças esta é a região mais afetada devido à ausência de pêlos no resto do corpo. O<br />

contágio é feito comummente por um familiar ou um educador, sendo essencial o despiste da possibilidade de abuso sexual 2 . Esta patologia<br />

é geralmente difícil de identificar e é frequente o diagnóstico incorreto de dermatite atópica ou conjuntivite alérgica 3 . O diagnóstico é feito<br />

com base na história clínica e confirmado com a observação do parasita utilizando uma lupa ou microscópio 2 . O tratamento pode ser difícil<br />

e exist<strong>em</strong> variadas opções 4 , sendo a vaselina uma alternativa barata e de fácil aplicação 5 .<br />

Um médico de família é essencial na abordag<strong>em</strong> holística do doente, especialmente para o diagnóstico correto, tratamento eficaz e<br />

identificação da fonte da infestação e seu consequente tratamento.<br />

Bibliografia<br />

[1Padhi TR, Das S, Sharma S, Rath S, Rath S, Tripathi D, Panda KG, Basu S, Besirli CG. Oular Parasitoses: A Comprehensive Review. Survey of Ophthalmology (2016), doi: 10.1016/j.survophthal.2016.09.005. [2] Neves C.M.<br />

Fitiríase palperal . Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar 2012;28:58-60. [3] Micali G, Lacarrubba F. Phthiriasis Palpebrarum in a Child . The New England Journal of Medicine. 2015 Dec<strong>em</strong>ber 31. 373;27, DOI:<br />

10.1056/NEJMicm1501675. [4] Anane S., Malek I., Kamoun R., Chtourou O. Phthiriasis palpebrarum: Diagnosis and treatment ”. Journal français d’ophtalmologie (2013) 36, 815—819 . [5] Karabela Y., Yardimci G.,Yildirim I.,<br />

Atalay E.,Karabela “.N. Treatment of Phthiriasis Palpebrarum and Crab Louse: Petrolatum Jelly and 1% Permethrin Shampoo . Case Reports in Medicine Volume 2015, Article ID 287906, 3 pages.<br />

http://dx.doi.org/10.1155/2015/287906


O OLHAR DIAGNÓSTICO - UM CASO DE ASTROCITOMA PILOCÍTICO<br />

Diana Rocha Santos * Liliana Fonte<br />

USF Magnólia<br />

Santo António dos Cavaleiros, Loures<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O astrocitoma pilocítico é um glioma de baixo grau que afeta sobretudo crianças e adultos jovens e que pode ocorrer <strong>em</strong> qualquer localização do sist<strong>em</strong>a<br />

nervoso central. Classifica-se como glioma grau I (Organização Mundial de Saúde), tendo <strong>em</strong> conta a evolução indolente e o bom prognóstico <strong>em</strong> termos de<br />

sobrevida a longo prazo após a resseção total ou subtotal. Porém, <strong>em</strong> cerca de um quinto dos casos verifica-se a recorrência da doença, sendo necessária<br />

terapêutica adjuvante o que acarreta elevada morbilidade.<br />

CASO CLÍNICO<br />

IDENTIFICAÇÃO<br />

• Criança de 2 anos, caucasiana, sexo masculino.<br />

• Filho de pais circenses, s<strong>em</strong> residência fixa.<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS<br />

• Gravidez de termo e período neonatal s<strong>em</strong> intercorrências.<br />

• S<strong>em</strong> patologia crónica ou história de internamentos.<br />

• Desenvolvimento estaturo-ponderal e psicomotor adequados.<br />

• Programa Nacional de Vacinação atualizado.<br />

CONSULTA DE<br />

SAÚDE INFANTIL<br />

22/09/2016<br />

S Consulta de vigilância – seguimento irregular.<br />

O Nistagmo horizontal unilateral intermitente do olho direito.<br />

Restante exame ocular e neurológico s<strong>em</strong> alterações.<br />

A Nistagmo de etiologia a esclarecer.<br />

P Consulta de Oftalmologia urgente.<br />

S Nistagmo horizontal intermitente.<br />

O Acuidade visual no limite inferior da<br />

normalidade bilateralmente e<br />

provável perturbação do campo visual<br />

periférico.<br />

A Nistagmo de provável etiologia<br />

central.<br />

OFTALMOLOGIA<br />

PEDIÁTRICA<br />

03/10/2016<br />

P Neurologia Pediátrica.<br />

NEUROCIRURGIA<br />

PEDIÁTRICA<br />

10/10/2016<br />

• Nistagmo horizontal persistente.<br />

• Tumor supra selar s<strong>em</strong> indicação<br />

para excisão cirúrgica.<br />

BIÓPSIA ESTEROTÁXICA<br />

Diagnóstico histológico:<br />

ASTROCITOMA PILOCÍTICO<br />

HIPOTALAMO-QUIASMÁTICO<br />

NEUROLOGIA<br />

PEDIÁTRICA<br />

04/10/2016<br />

• Internamento para investigação<br />

diagnóstica » RMN – CE.<br />

Figura 1 – RMN - CE<br />

Tumor supra-selar de 58x36 mm, contornos regulares e limites<br />

definidos com envolvimento hipotálamo-quiasmático e<br />

extensão à fossa média esquerda e região subfrontal<br />

homolateral.<br />

• Encaminhamento para IPO Lisboa<br />

para início de quimioterapia.<br />

• Mantém seguimento <strong>em</strong> consulta<br />

multidisciplinar de oftalmologia,<br />

neurologia pediátrica e<br />

neurocirurgia.<br />

DISCUSSÃO<br />

Os tumores do sist<strong>em</strong>a nervoso central são o segundo tipo de neoplasia mais frequente <strong>em</strong> idade pediátrica, ficando apenas atrás dos tumores<br />

h<strong>em</strong>atológicos. A sintomatologia associada é variável e pode surgir tardiamente na evolução da doença, contribuindo para a gravidade do prognóstico.<br />

Deste modo, as consultas de vigilância de saúde infantil são oportunidades únicas para a prevenção secundária deste tipo de patologia, sendo fundamental<br />

uma avaliação cuidada do desenvolvimento cognitivo e psicomotor, b<strong>em</strong> como um exame neurológico sist<strong>em</strong>atizado. Cabe ainda ao médico de família<br />

promover a capacitação da criança e sobretudo da sua família, perante uma patologia grave, como no presente caso, com impacto na sua qualidade de vida<br />

e na dinâmica familiar.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

* Penix K., Swanson M., DeCarlo D. Nystagmus in pediatric patients: interventions and patient-focused perspectives. Clinical Ophthalmology. August 2015. *Reis G., Bloomer M., Perry A., Phillips J., Grenert J.,<br />

Karnezis A., Tihan T. Pilocytic astrocytomas of the optic nerve and their relation to pilocytic astrocytomas elsewhere in the central nervous syst<strong>em</strong>. Modern Pathology (2013) 26, 1279–1287 * Chourmouzi D.,et<br />

al. Manifestations of pilocytic astrocytoma: a pictorial review. Insights Imaging (2014). * Cyrine S.,et all. Pilocytic astrocytoma: A retrospective study of 32 cases. Clinical Neurology and Neurosurgery. August<br />

2013. * Torres L. et al. Astrocitoma pilocítico na infância: apresentação de seis casos. Relato de caso. Sociedade Brasileira de Pediatria. Jornal de Pediatria. Vol. 73, Nº3, 1997


OLHAR NOS OLHOS DO DOENTE<br />

- UM CASO CLÍNICO -<br />

Tiago Tavares 1 , Ângela Pinho 1 , Filipa Peixoto 1 , Ana Paula Pinheiro 1<br />

1-USF Viseu-Cidade, ACeS Dão Lafões<br />

Enquadramento<br />

A osteogénese imperfeita (OI) é uma doença hereditária rara do tecido conjuntivo. A apresentação clínica é variável podendo<br />

manifestar-se por múltiplas fracturas ósseas, baixa estatura, escoliose, escleróticas azuis, alterações dentárias, laxidão ligamentar<br />

e até morte no período neo-natal.<br />

De acordo com as características clínicas, genéticas e radiográficas a OI é classificada <strong>em</strong> nove subtipos, de gravidade e<br />

prognóstico variáveis.<br />

Caso Clínico<br />

Identificação<br />

‣ Hom<strong>em</strong> de 44 anos<br />

‣ Caucasiano<br />

‣ Natural e residente <strong>em</strong> Portugal<br />

‣ Empregado fabril<br />

Antecedentes pessoais<br />

‣ HTA<br />

‣ Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

‣ Múltiplas fraturas ósseas na infância<br />

Medicação habitual<br />

‣ Perindopril 10mg id<br />

‣ Atorvastatina 10mg id<br />

Fevereiro de 2015 - Consulta de Intersubstituição<br />

Motivo: dor intensa no m<strong>em</strong>bro inferior esquerdo, com incapacidade<br />

para a atividade laboral.<br />

Antecedentes familiares de doença óssea (avó paterna, pai, tias e sobrinha)<br />

Exame Objetivo:<br />

‣ baixa estatura (1,57 metros)<br />

‣ assimetrias dos m<strong>em</strong>bros<br />

‣ coloração azulada das escleras (imag<strong>em</strong> 1)<br />

‣ deformidade ossos longos e tórax<br />

‣ alterações dos dentes<br />

Plano: Rx Bacia, crânio, coluna cervical, dorsal e fémur,<br />

Osteodensitometria, Electrocardiograma e estudo analítico<br />

Imag<strong>em</strong> 1: Olhos com esclera de cor azul<br />

Março de 2015 - Consulta de Intersubstituição<br />

‣ Análises: Ligeira elevação da fosfatase alcalina<br />

(129U/L), com GGT e cálcio normais<br />

‣ Osteodensitometria: osteoporose da coluna e<br />

osteopenia do colo do fémur<br />

‣ Rx Coluna lombar: marcada escoliose<br />

‣ Rx Fémur esquerdo: ligeiramente arqueado e<br />

com heterogeneidade da estrutura óssea, <strong>em</strong> relação<br />

com traumatismo prévio<br />

‣ Rx Crânio, Coluna cervical e dorsal, ECG:<br />

s<strong>em</strong> alterações.<br />

Plano: Ácido alendrónico+colecalciferol, referenciação consulta de genética médica e ortopedia.<br />

Dez<strong>em</strong>bro de 2016 - Consulta de Genética<br />

Resultado de estudo genético:<br />

➡ Mutação gene COL 1A1 c.2991 delT (p.Gly998Valfs*110) classificada como patogénica e desta forma<br />

confirma o diagnóstico de osteogénese imperfeita, tipo 1<br />

Conclusão<br />

Este caso ex<strong>em</strong>plifica a importância da proximidade na relação médico-doente. Numa era <strong>em</strong> que a <strong>medicina</strong> é cada vez<br />

mais informatizada, torna-se fundamental não esquecer os princípios base da <strong>medicina</strong>. A observação do doente (olhá-lo<br />

nos olhos) será s<strong>em</strong>pre algo que nenhum teste ou exame poderá substituir, tendo sido esta atitude que permitiu<br />

suspeitar de uma doença que viria a ser confirmada por um teste genético.<br />

Bibliografia: UpToDate.com


Autores: Ivone Fernandes Costa 1 , Madalena H. Monteiro 1<br />

Colaborador: Inês Fonseca 2<br />

1- Interna da formação específica de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, ACES Loures-Odivelas<br />

2- Consultora da especialidade de Medicina Geral e Familiar, USF São João da Talha, , ACES Loures-Odivelas<br />

Enquadramento<br />

O hipotiroidismo é uma doença endócrina comum (4/1.000/ano), causada pela deficiência de hormonas tiroideias <strong>em</strong><br />

circulação. No início, por ter uma evolução insidiosa, os sinais e sintomas pod<strong>em</strong> ser inespecíficos, pelo que o médico<br />

deve estar alerta. É cada vez menos frequente a sua apresentação severa - o mixed<strong>em</strong>a, que se refere a uma acumulação<br />

de mucopolisacáridos hidrófilos na derme. Esta forma grave pode manifestar-se <strong>em</strong> múltiplos órgãos, tendo como tal um<br />

carácter sistémico.<br />

Descrição do caso<br />

Nome: NLB<br />

Idade: 74 anos<br />

Estado Civil: Casado<br />

Profissão: Reformado (construtor civil)<br />

Antecedentes Pessoais:<br />

- Sarampo na infância<br />

- Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

- SAOS, diagnosticado <strong>em</strong> 2016<br />

- Nega transfusões sanguíneas<br />

- Alergias: desconhece<br />

- PNV atualizado<br />

Antecedentes Cirúrgicos:<br />

- Cirurgia a catarata no olho direito <strong>em</strong> 2015<br />

Medicação Habitual:<br />

- AAS;<br />

- Pitavastatina;<br />

- Calcitrim (apenas <strong>em</strong> Janeiro 2016)<br />

Hábitos:<br />

Tabaco: nega consumo passado e atual<br />

Álcool: 70g/s<strong>em</strong>ana<br />

28/06/2016<br />

08/07/2016<br />

25/08/2016<br />

28/09/2016<br />

04/10/2016<br />

• Serviço Urgência – Observado pela Neurologia<br />

• Quadro de amnésia para os acontecimentos da última s<strong>em</strong>ana. ESN e ECDs s<strong>em</strong> alterações. Teve alta<br />

com o diagnóstico de amnésia global transitória, medicado com 300mg AAS antes da alta e consulta de<br />

neurologia agendada para o dia seguinte.<br />

• Consulta Cardiologia<br />

• Motivada por início de queixas de astenia para pequenos esforços. Realizado Doppler carotídeo:<br />

Placas de ateroa calcificadas, discretas, … codicioado esteose claraete iferior a 50%.…<br />

• Consulta Pneumologia<br />

• Justificada por início de insónia e roncopatia. Realizadas Provas de Função Respiratória que não<br />

revelaram alterações e Polissonografia que evidenciou Síndrome Apneia do Sono grave, com indicação<br />

para início de CPAP.<br />

• Consulta ORL<br />

• Orientado pelo pneumologista para estudo completar onde realizou TAC dos seios perinasais com<br />

desvio septo nasal, rinite crónica hipertrófica inferior e redução do calibre da orofaringe.<br />

• Consulta Medicina Geral e Familiar<br />

• No entanto, as queixas mantiveram-se e a esposa notou ed<strong>em</strong>a da face e dos m<strong>em</strong>bros de<br />

agravamento progressivo, aumento de 4 kg <strong>em</strong> 2 meses, lentificação dos movimentos e fala arrastada<br />

pelo que agendou consulta com a sua Médica de Família.<br />

• Ao exame objetivo apresentava fácies mixed<strong>em</strong>atoso, ed<strong>em</strong>a das extr<strong>em</strong>idades com Godet ++.<br />

• Pedido de avaliação analítica, nomeadamente, da função tiroideia com caráter urgente.<br />

06/10/2016<br />

• Consulta Medicina Geral e Familiar<br />

• Avaliação analítica (a destacar): TSH: >75 mU/L e fT4:


Ângela Bento Pinto 1 , Beatriz Nobre Filipe 2 , Inês Domingues Teixeira 3<br />

Médica Interna de Medicina Geral e Familiar – Unidade de Saúde Familiar Plátano 1 | Médica Interna de Medicina Geral e Familiar – Unidade de Saúde Familiar Quinta da Prata 2 | Médica<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar – Unidade de Saúde Familiar Ribeira Nova 3<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O diagnóstico diferencial de uma massa no pescoço é amplo e extenso e inclui tanto etiologias graves como benignas. Deve ser<br />

considerado <strong>em</strong> três categorias: congénitas, inflamatórias e neoplásicas. A história e o exame físico do paciente possibilitam a classificação<br />

da massa cervical numa dessas três categorias. Em pacientes adultos, o potencial de malignidade de qualquer massa deve ser devidamente<br />

excluída antes que o diagnóstico benigno seja estabelecido. Os quistos branquiais dev<strong>em</strong> ser l<strong>em</strong>brados no diagnóstico de qualquer<br />

tumefacção na porção lateral do pescoço.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

IDENTIFICAÇÃO: Sexo F<strong>em</strong>inino, 38 anos, raça caucasiana, solteira, cozinheira (12º ano de escolaridade)<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS: Distúrbio ansioso, hipotensão ortostática, sinusite crónica e ex-fumadora. S<strong>em</strong> hábitos etanólicos.<br />

MEDICAÇÃO HABITUAL: Alprazolam 1mg, ½ comprimido ao deitar<br />

TIPO DE FAMÍLIA: Unitária<br />

29/07/16<br />

Tumefacção no pescoço desde Fevereiro de 2016, com aumento progressivo do volume<br />

Consulta do<br />

dia<br />

05/08/16<br />

Exame objectivo: Tumefacção na região cervical anterior esquerda, fazendo corpo com a<br />

parótida, cerca de 4cm de diâmetro, b<strong>em</strong> delimitada, homogénea elástica, dolorosa à palpação.<br />

Avaliação analítica: Leucocitose de 105000, PCR 20.7 e VS 19<br />

Ecografia partes moles - cervical: Imag<strong>em</strong> nodular de natureza quística com conteúdo<br />

ecogénico no seu interior com aproximadamente 5 cm de maior diâmetro, no ângulo da<br />

mandíbula esquerda na loca parotídea<br />

11/08/16<br />

SU Hospital<br />

Dr. José<br />

Maria<br />

Grande<br />

Mantém queixas e agora com febre (TT 37.7ºC)<br />

TAC maxilo-facial: Imag<strong>em</strong> nodular de conteúdo hídrico de paredes espessadas com<br />

aproximadamente 4,3 cm de maior diâmetro na dependência provável de lesão quística da<br />

parótida esquerda que envolve a veia jugular interna, artéria carótida interna e também o<br />

músculo esternocleidomastóideo homolateral - quisto branquial?<br />

Transferida para o Hospital de São José – Cirurgia Maxilo-Facial<br />

Internamento<br />

12 a 22/08/16<br />

16/08/16<br />

Antibioterapia EV (amoxicilina + ácido clavulânico e metronidazol) e vigilância.<br />

S<strong>em</strong> melhoria clínica.<br />

Repete TAC s<strong>em</strong> contraste: Quisto branquial da segunda fenda à esquerda, com cerca 45x40mm, com esboço de parede e pequena<br />

colecção associada, traduzindo alterações inflamatórias. Sob anestesia local, fez-se punção da tumefacção, com aspiração de abundante<br />

conteúdo purulento.<br />

Exame citológico do líquido: Citologia negativa para células neoplásicas. Compatível com quisto branquial infectado; Exame<br />

microbiológico: estéril.<br />

20/08/16<br />

Melhoria clínica progressiva com diminuição da tumefacção, após punção.<br />

Substituição da antibioterapia por clindamicina. Melhoria analítica progressiva até à data da alta.<br />

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO<br />

07/11/16: Exérese de Quisto Branquial<br />

As anomalias dos arcos branquiais correspond<strong>em</strong> a cerca de 30% de todas as anomalias congénitas cervicais, sendo mais<br />

frequentes na idade pediátrica. A sua apresentação clínica pode ser variável e a sua localização mais comum é na face<br />

anterior do músculo esternecleidomastoideu. Um diagnóstico pré-operatório incorrecto destas lesões não é incomum, por<br />

isso uma anamnese cuidada, avaliação do padrão evolutivo da lesão e um exame objectivo exaustivo revelam-se<br />

determinantes. O estudo imagiológico revela-se fulcral nesta patologia, quer para orientação diagnóstica, quer para<br />

determinar a técnica cirúrgica. O diagnóstico definitivo só é possível graças ao exame histológico.<br />

Bibliografia: (1) Emerick K, Lin D. Differencial diagnosis of a neck mass. https://www.uptodate.com (2) Lin D, Descheler DG. Evaluation of a neck mass. https://www.uptodate.com (3) Weymulher EA Jr. Evaluation of neck masses. J. Fam<br />

Pract 1980; 11:1099 (4) Hong, Chih-Ho. Branchial Cleft Cyst. www.medsapce.com


ACROCORDONS NA GRAVIDEZ<br />

BAIROS T, AGUIAR V, MARQUES A<br />

UNIDADE DE SAÚDE DA ILHA DE SÃO MIGUEL<br />

ENQUADRAMENTO<br />

Os acrocordons ou molluscum fibrosum gravidarum (Brickner, 1906) são lesões cutâneas sob a forma de pápulas polipóides,<br />

moles, com dimensões entre 2 mm e 5 cm, de coloração cutânea normal do indivíduo ou lev<strong>em</strong>ente pigmentadas, <strong>em</strong> grande número.<br />

Localizam-se habitualmente na região cervical, na face, nas axilas, região inframamária, região anterior do tórax, zona inguinal e<br />

ocasionalmente nos pés. Estudos epid<strong>em</strong>iológicos apontam para uma prevalência de 46% na população geral, s<strong>em</strong> diferenças entre<br />

géneros. Quando já presentes, tornam-se mais numerosos a partir dos 50 anos de idade.<br />

A sua etiologia não está esclarecida, mas acredita-se que esteja relacionada com o ambiente hormonal da gravidez. Outras causas<br />

inclu<strong>em</strong> HPV de baixo grau, diabetes mellitus, resistência à insulina ou fricção. Não são, portanto, específicos da gravidez, podendo<br />

estar presentes <strong>em</strong> até 50% dos indivíduos adultos. Os acrocordons geralmente surg<strong>em</strong> na segunda metade da gravidez e geralmente<br />

regrid<strong>em</strong> no pós-parto, podendo persistir ou mesmo aumentar de dimensões <strong>em</strong> gestações futuras. O diagnóstico é clínico.<br />

O tratamento consiste na excisão por eletrocauterização ou crioterapia com nitrogéno líquido sob anestesia local.<br />

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – Verruga vulgaris, nevos epidermóides, nevos melanocíticos, carcinoma basocelular, carcinoma de<br />

células escamosas e melanoma.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• 32 ANOS<br />

• GRÁVIDA (ÍNDICE OBSTÉTRICO: 1001)<br />

• SEM ANTECEDENTES PESSOAIS DE RELEVO<br />

• SEM MEDICAÇÃO CRÓNICA<br />

• FAMÍLIA NUCLEAR<br />

• ESCALA DE GRAFFAR – CLASSE III<br />

• APGAR DE SMILKSTEIN – ALTAMENTE FUNCIONAL<br />

IG – 28 SEMANAS<br />

PÁPULAS POLIPÓIDES, MOLES,<br />

HIPERPIGMENTADAS,<br />

INDOLORES, SEM SINAIS<br />

INFLAMATÓRIOS,<br />

LOCALIZADAS À REGIÃO<br />

CERVICAL ANTEROLATERAL E<br />

SUPRAESCAPULAR.<br />

IG – 32 SEMANAS<br />

AUMENTO DO NÚMERO E<br />

DIMENSÃO DAS PÁPULAS.<br />

SEM OUTROS SINTOMAS.<br />

GRAVIDEZ A EVOLUIR SEM<br />

INTERCORRÊNCIAS.<br />

6 MESES PÓS-PARTO<br />

DIMINUIÇÃO DA DIMENSÃO<br />

DAS PÁPULAS, MAS<br />

ALGUMAS COM MAIOR<br />

PIGMENTAÇÃO.<br />

REFERENCIADA À CONSULTA<br />

DE DERMATOLOGIA.<br />

DISCUSSÃO<br />

Embora a evolução tenha sido positiva, a utente foi referenciada à consulta de Dermatologia com o objetivo principal de<br />

realização de tratamento excisional.<br />

A sua etiologia geralmente benigna, s<strong>em</strong> risco de malignização, permite a vigilância clínica da sua evolução.<br />

Na presença de patologias benignas, cuja evolução clínica deve ser acompanhada s<strong>em</strong> alarmismos, a relação médicoutente<br />

é a base para uma vigilância na qual o utente confia. É de destacar o papel do Médico de Família neste tipo de<br />

situações clínicas como prestador de cuidados longitudinais que t<strong>em</strong> contacto frequente com situações que se apresentam<br />

de forma indiferenciada ou na sua fase mais precoce, o que lhe permite proceder a uma espera vigiada watchfull<br />

waiting de forma capaz e b<strong>em</strong> sucedida.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Lockwood Charles, Dellavalle R. The skin, hair, nails, and mucous m<strong>em</strong>branes during pregnancy. UpToDate, 2016. Goldstein B, Goldstein A. Overview of<br />

benign lesions of the skin. UpToDate, 2016.


QUANDO O TRATAMENTO VAI MAIS ALÉM…<br />

Michelle Oliveira 1 ; Mariline Ribeiro 1 ; Maria João Xará 2 ; Madalena Santos 3<br />

1-Interno de Formação Específica <strong>em</strong> <strong>medicina</strong> Geral e Familiar, UCSP Mira<br />

2 -Interno de Formação Específica <strong>em</strong> <strong>medicina</strong> Geral e Familiar, USf Entre Margens<br />

3-Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Mira<br />

4 a 7 de maio de <strong>2017</strong> – Palácio de Congressos do Algarve<br />

Introdução<br />

A Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia metabólica que afeta cerca de 382 milhões de pessoas <strong>em</strong> todo Mundo e que apresenta<br />

inúmeras complicações. O seu tratamento é farmacológico (na sua vmaioria com necessidade de uma escala terapêutica) e implica uma<br />

educação do doente para a adoção de estilos de vida saudáveis, como exercício físico regular, evicção de hábitos tabágicos e alcoólicos e<br />

alimentação saudável.<br />

Relato de caso<br />

IDENTIFICAÇÃO: MMC, sexo masculino, 64 anos, casado, reformado de carpinteiro; escolaridade – 4º ano<br />

ANTECEDENTES PESSOAIS:<br />

- DM tipo 2 há cerca de 30 anos<br />

- HTA<br />

- Arritmia cardíaca<br />

AVALIAÇÃO FAMILIAR: Família Nuclear, fase VII ciclo de Duvall, Apgar<br />

Familiar de Smilkestein 7 (altamente funcional)<br />

GENOGRAMA E PSICOFIGURA DE MITCHELL<br />

MEDICAÇÃO HABITUAL:<br />

- Actrapid 8+8+8 UNI<br />

- Insulatard 20 UNI à noite<br />

- Carvedilol 6,25 mg id<br />

- Sinvastatina 20 mg id<br />

- Dabigratano 110 mg 2id<br />

- Pentoxifilina 400 mg<br />

- Enalapril + Lercanidipina 20 +10 mg id<br />

25/08/2015<br />

Círculo de Trohwer: revela relação próxima com a esposa, um pouco<br />

afastada com o filho e muito afastada com a nora<br />

Consulta de Diabetes 05/12/2014<br />

S - RESULTADO DE OUTRO PRESTADOR – CARTA – Episódio de urgência no dia 23-11 nos HUC por hipoglic<strong>em</strong>ia. Medicado com Lantus 18 UNI à noite e<br />

Actrapid 6+6+6<br />

P – Feitos ensinos do controlo da glic<strong>em</strong>ia, da administração da insulina e ensinos alimentares;<br />

Consulta de Saúde de Adultos 09/01/2015<br />

S - RESULTADO DE OUTRO PRESTADOR – CARTA – Episódio de urgência no dia 08-01 nos HUC por hipoglic<strong>em</strong>ia. Ajustes insulina.<br />

Alimentação:<br />

PA: 2 tostas integrais, café; ALMOÇO: prato (legumes + carne/peixe); LANCHE: ½ pão integral e 1 peça de fruta; JANTAR: legumes + carne/peixe); CEIA: 1 tosta<br />

Exercício físico diário: MANHÃ - caminhada de 1h + bicicleta cerca de 1,5h; TARDE - caminhada 1 a 1,5h;<br />

Refere fazer medição da glic<strong>em</strong>ia capilar antes e após todas as suas atividades/refeições e durante a noite.<br />

P – Feito plano alimentar: reforço da importância dos hidratos de carbono; aumento do número de refeições; ajuste do exercício físico<br />

Consulta de Saúde de Adultos 23/02/2015<br />

S - RESULTADO DE OUTRO PRESTADOR – CARTA – Episódio de urgência no dia 21-02 nos HUC por hipoglic<strong>em</strong>ia. Ajustes insulina.<br />

O - Discurso repetitivo <strong>em</strong> torno da probl<strong>em</strong>ática da dieta e do controlo da glic<strong>em</strong>ia. Agitação e irritabilidade evidentes.<br />

A - DIABETES MELLITUS INSULINO-DEPENDENTE + OUTRAS PSICOSES – Perturbação Obsessivo-compulsiva<br />

P – Inicia Fluvoxamina 50 mg id.<br />

Suspende Lantus. Mantém Actrapid <strong>em</strong> SOS. Inicia Novomix 30 – 26+0+26UNI.<br />

Conclusão<br />

A intensificação de um bom controlo metabólico com necessidade de estilos de vida saudáveis, num diabético insulino-tratado pode<br />

aumentar a frequência de hipoglic<strong>em</strong>ias. Esta complicação potencialmente fatal da insulinoterapia pode ser desencadeada por diversos fatores,<br />

nomeadamente um aporte inadequado de hidratos de carbono e, menos frequent<strong>em</strong>ente, exercício físico exagerado. Torna-se um probl<strong>em</strong>a<br />

ainda maior quando estas duas causas estão aliadas a uma obsessão do autocontrolo da sua doença.<br />

Bibliografia<br />

ESTEVES. C; et al; A Hipoglic<strong>em</strong>ia no diabético: controvérsia na avaliação, à procura das suas implicações; Acta Médica Portuguesa; 25-01-2013; SPD – Sociedade Portuguesa de<br />

Diabetologia – www.spd.pt; DOOMGARD, M.; Individual and social consequences of hypoglic<strong>em</strong>ia; Postgrad Med Jun (2015); 127 (5);


DISCUSSÃO DESCRIÇÃO DO CASO<br />

I.D.<br />

ENQUADRAMENTO<br />

UM CASO DE ERISIPELA<br />

BOLHOSA COMPLICADA<br />

………………………………………………………………………………………..…<br />

TERESA REIS ARAÚJO, CARINA FREITAS, ANA RITA MENDES, TELMA GAMEIRO,<br />

CATARINA MAGALHÃES, VANESSA MARTINS, ÂNGELA NUNES<br />

USF TÍLIAS<br />

• As infeções da derme e hipoderme têm uma incidência de 2/1.000 casos anuais;<br />

• A erisipela corresponde a uma infeção bacteriana que atinge a derme, sendo mais frequent<strong>em</strong>ente causada pelo Streptococcus do grupo A;<br />

• A incidência é superior <strong>em</strong> adultos de meia idade e idosos, sendo o sexo f<strong>em</strong>inino mais afetado;<br />

• Na maioria dos casos localiza-se nos m<strong>em</strong>bros inferiores (MI), sobretudo na perna (unilateral);<br />

• A taxa de mortalidade é inferior a 1%, caso o tratamento seja o adequado;<br />

• Como complicações possíveis destacam-se a descompensação de doença subjacente, toxidermia, endocardite, osteomielite e trombose venosa<br />

profunda (TVP), tendo esta última sido verificada no caso clínico apresentado.<br />

♀, 82 anos, raça caucasiana, viúva e independente nas AVDs<br />

AP: transplante renal há 24 anos (TFG 32 mL/h), hipertensão arterial controlada, diabetes mellitus tipo 2 insulinotratada (HbA1c 8,5%), excesso de<br />

peso (IMC 28 kg/m2), carcinoma espino-celular excisado há 8 anos, com pólipo na sigmoide de 2,5 cm de maior diâmetro a aguardar intervenção,<br />

detetado na sequência de investigação de an<strong>em</strong>ia normocítica-normocrómica recente<br />

D1<br />

- Inicia quadro de instalação progressiva de ed<strong>em</strong>a e calor na perna esquerda, com exsudação<br />

- S<strong>em</strong> dor, febre, prostração ou náuseas e vómitos<br />

Ao 7º dia de evolução recorre ao seu médico de família:<br />

- Observação: bom estado geral, apirética, normotensa e normocárdica;<br />

D7<br />

- Perna esquerda: extensa área de erit<strong>em</strong>a, de contornos b<strong>em</strong> delimitados, com vesículas e bolhas,<br />

ed<strong>em</strong>a local, s<strong>em</strong> aparente descontinuidade cutânea, nomeadamente nos espaços inter-digitais, ou<br />

compromisso vascular. Perna direita: s<strong>em</strong> alterações<br />

Diagnóstico: ERISIPELA (<strong>em</strong> doente diabética). Medicada com ciprofloxacina 500 mg 12/12h<br />

À reavaliação (7º dia de antibioterapia):<br />

D14<br />

- Perna esquerda: franca melhoria do erit<strong>em</strong>a, com resolução das vesículas e bolhas, contudo com<br />

extensão do ed<strong>em</strong>a até meio da coxa<br />

- Suspeita: TVP, foi requisitado eco-Doppler venoso dos MIs, iniciada anticoagulação com fraxiparina 0.8 mL 1id e recomendada elevação dos MIs<br />

- Eco-Doppler venoso: “trombose popliteia e da f<strong>em</strong>oral superficial”<br />

D84<br />

- Assintomática<br />

• Este caso relata uma erisipela <strong>em</strong> doente predisposta que v<strong>em</strong> a sofrer complicação por TVP;<br />

• Ao longo do acompanhamento registou-se a ausência de queixas álgicas apesar dos exuberantes sinais inflamatórios, destacando-se a<br />

importância de ter presente que no doente diabético idoso, a ausência de dor pode atrasar o diagnóstico e consequent<strong>em</strong>ente piorar o<br />

prognóstico, pelo que a atitude proativa de examinar o doente pode ser determinante;<br />

• A incidência de TVP nos casos de erisipela é desconhecida (relatos amplamente variáveis, 0 a 15%), não estando clara a<br />

necessidade de anticoagulação profilática. Na exploração de fatores de risco para a ocorrência de trombose verifica-se que por si só a doente<br />

não tinha indicação para terapêutica profilática. Considera-se que a causa da TVP deverá ser investigada, devendo-se excluir hipótese de<br />

síndrome paraneoplásica, dados os antecedentes neoplásicos, ponderando-se manter a anticoagulação até que seja excluída.<br />

Bibliografia: Stevens D, Bisno A et al (2014). Practice Guidelines for the Diagnosis and Manag<strong>em</strong>ent of Skin and Soft Tissue Infections: 2014 <strong>Update</strong> by the Infectious Diseases Society of America.<br />

ISDA 2014:59 (15 July). Spelman D, Baddour L. Cellulitis and abscess: Clinical manifestations and diagnosis (review: Feb <strong>2017</strong>). Uptodate. Mortazavi M, Samie M, et al (2012). Incidence of deep vein<br />

thrombosis in erysipelas or celulitis of the lower extr<strong>em</strong>ities. Intern Journal of Dermatol. Caetano M, Amorim I (2005). Erisipela. Acta Med Port; 18: 385-394.


Síndrome da mão diabética tropical<br />

um caso clínico inesperado<br />

Ana Patrícia Rosa 1 , Carlos Santos 1 , Andreia Fernandes 1 , Maria João Capitão 2, Elíseo Martínez 3<br />

1<br />

IFE de MGF da USF Alcaides de Faria; 2 IFE de MGF da USF Esposende Norte<br />

3<br />

Assistente de MGF da USF Alcaides de Faria. ACES Cávado III - Barcelos/ Esposende<br />

Enquadramento<br />

A síndrome da mão diabética tropical (SMDT) é uma complicação que afeta pacientes com diabetes mellitus (DM) nos<br />

trópicos. A síndrome engloba uma celulite localizada com ed<strong>em</strong>a variável e ulceração das mãos, sépsis e gangrena da mão,<br />

podendo afetar todo o m<strong>em</strong>bro.<br />

A SMDT é b<strong>em</strong> menos reconhecida do que as infeções dos pés e, geralmente, não é classificada como complicação específica<br />

da diabetes. Frequent<strong>em</strong>ente exist<strong>em</strong> antecedentes de traumatismo minor na mão (arranhões ou picadas de insetos).<br />

Descrição do caso<br />

A infeção de mão foi descrita primeiramente na Nigéria <strong>em</strong> 1984. Desde então, a maioria dos<br />

casos foi relatada no continente africano e, mais recent<strong>em</strong>ente, na Índia.<br />

Fatores de risco independentes para SMDT inclu<strong>em</strong> diabetes mal controlada, neuropatia,<br />

tratamento com insulina ou desnutrição.<br />

Hom<strong>em</strong>, 49 anos, raça caucasiana.<br />

Residente <strong>em</strong> Luanda desde 2011, por motivos profissionais, trabalho rural numa fazenda.<br />

# Antecedentes pessoais: tabagismo ativo, DM tipo 2 não controlada com 4 anos de evolução, HTA, 2 episódios de<br />

malária com atingimento cerebral e h<strong>em</strong>atológico, internamento <strong>em</strong> 2012 e 2014.<br />

# Medicação habitual: Glicazida 30mg id e Metformina 1000 mg tid.<br />

Fevereiro de 2016, Angola: Iniciou erit<strong>em</strong>a e vesículas no 4º dedo da mão<br />

direita com evolução progressiva para ed<strong>em</strong>a e ulceração do dedo. S<strong>em</strong><br />

m<strong>em</strong>ória de traumatismo ou picada de artrópode.<br />

Tratamento: desbridamento da ferida e administrada 1 dose de penicilina IM,<br />

s<strong>em</strong> melhoria.<br />

Março de 2016, Portugal I Consulta no MF: 4º dedo totalmente ed<strong>em</strong>aciado,<br />

com extensa superfície flexora ulcerada, apresentando tecido de granulação<br />

e abundante material fibrinótico central e exsudado esverdeado, com cheiro<br />

[figura 1]. S<strong>em</strong> dor ou outros sintomas constitucionais.<br />

Tratamento: realizados pensos sucessivos e ciclos de antibioterapia com<br />

doxiciclina 100 mg bid e amoxicilina/ácido clavulânico 875/125 mg bid.<br />

Abril de 2016 I Consulta de Infeciologia: cicatrização quase total do dedo, a<br />

condicionar perda de função [figura 2]. Pedida consulta de Cirurgia plástica.<br />

Nov<strong>em</strong>bro de 2016 I Consulta de Cirurgia plástica: proposta a amputação<br />

transmetacárpica do dedo, devido à retração muito marcada no 4º dedo da<br />

mão, com muito pouca mobilidade. Inscrição para cirurgia.<br />

1a 1b 1c<br />

2a<br />

Figura 1 (a, b, c) - 4º dedo da mão direita,<br />

março.2016<br />

Figura 2 (a, b) - 4º dedo da mão direita,<br />

nov<strong>em</strong>bro.2016<br />

2b<br />

Discussão<br />

A existência da SMDT e das suas complicações deve ser orientada de modo eficiente para a intervenção cirúrgica<br />

(desbridamento, drenag<strong>em</strong> de pús ou amputação) e terapia antibacteriana. S<strong>em</strong> tratamento rápido e agressivo, a SMDT<br />

pode levar a incapacidade permanente, amputação de m<strong>em</strong>bros (13% dos pacientes necessitam de amputação) ou morte.<br />

A prevenção passa pela educação para a saúde do paciente e dos profissionais de saúde e na importância de procurar<br />

avaliação médica imediata após traumatismo, independent<strong>em</strong>ente da gravidade da lesão ou do início dos sintomas.<br />

A procura dos cuidados de saúde é muitas vezes atrasada por falta de consciência acerca dos riscos potenciais, falta de<br />

preocupação ou por decisão de procurar ajuda inicial de meios tradicionais.<br />

Bibliografia:<br />

Okpara TC et al., Tropical Diabetic Hand Syndrome. Ann Med Health Sci Res. 2015 Nov-Dec; 5(6): 473-475.<br />

Abbas ZG, Gill GV, Archibald LK. The epid<strong>em</strong>iology of diabetic limb sepsis: an African perspective. Diabet Med. 2002 Nov; 19 (11): 895-9.<br />

Abbas, ZG. et al., Tropical Diabetic Hand Syndrome: Risk Factors in na adult diabetes population. Int J Infect 2001; Original report; 5: 19-23.


Falha terapêutica de 2 NOAC's<br />

Estudo de Caso – Anticoagulação Oral na Fibrilhação Auricular não valvular<br />

A N D R É P I R E S , I N Ê S C A R V A L H O P I N T O<br />

U C S P N O R T E – M O N T E R E D O N D O<br />

ENQUADRAMENTO<br />

O aparecimento dos NOAC’s veio criar uma alternativa para prevenção de eventos trombo-<strong>em</strong>bólicos <strong>em</strong> pacientes com Fibrilhação<br />

Auricular (FA) não valvular 1 com mais valias <strong>em</strong> termos de adesão terapêutica 1 , melhores resultados na prevenção do trobo<strong>em</strong>bolismo 1 ,<br />

diminuição das complicações quer de h<strong>em</strong>orragia intra-craniana quer de h<strong>em</strong>orragia gastro-intestinal 1 (quase todos), menos interações<br />

medicamentosas 1 , menos gastos <strong>em</strong> recursos de saúde (consultas, análises) 1 e um ganho enorme na qualidade de vida do utente, esta<br />

nova classe terapêutica t<strong>em</strong> reunidas características para ser utilizada na prática clinica diária.<br />

Novas metanálises têm colocado no entanto e causa a superioridade dos NOAC’s <strong>em</strong> prevenir algumas complicações, como a H<strong>em</strong>orragia<br />

intracraneana. 2<br />

No entanto, nenhum medicamento é o correto para todos os utente. Relata-se um caso de possível falha terapêutica de 2 diferentes NOAC’s<br />

na prevenção de trombo<strong>em</strong>bolismo cerebral <strong>em</strong> utente com FA não valvular.<br />

Nome<br />

Idade<br />

Sexo<br />

AGF<br />

65 anos<br />

Idade aparente coincidente com a real<br />

Masculino<br />

Escolaridade<br />

4ª classe<br />

Profissão<br />

Reformado (padeiro)<br />

Estado civil<br />

Casado<br />

Nacionalidade<br />

Portuguesa<br />

Naturalidade<br />

Monte Redondo<br />

Residência<br />

Monte Redondo<br />

Dados Biométricos<br />

IMC: 24,9 Peso: 68 Kg Altura: 1,65 m<br />

PNV<br />

Atualizado<br />

Hábitos<br />

5 refeições diárias, s<strong>em</strong> história consumos nocivos<br />

DISCUSSÃO<br />

Os NOAC’s são uma classe de medicamentos que adicionam poupança <strong>em</strong> saúde,<br />

segurança, eficácia, mas acima de tudo uma melhor autonomia e qualidade de vida<br />

aos nossos utentes.<br />

No entanto não exist<strong>em</strong> panaceias <strong>em</strong> Medicina, e o tratamento terá s<strong>em</strong>pre de<br />

ser adaptado e personalizado, cabendo ao Médico manter vigilância dos seus<br />

utentes e espirito crítico na utilização destas excelentes armas terapêuticas.<br />

BIBLIOGRAFIA: 1 - Heidbuchel, H; Verhamme, P; Alings, M; et al. <strong>Update</strong>d European Heart Rhythm Association Practical Guide on the use of non-vitamin K antagonist anticoagulants in patients with non-valvular atrial fibrillation. Europace (2015) 17, 1467–1507 doi:10.1093/europace/euv309; 2- Mandrola, J. Novel Oral Anticoagulants vs Warfarin: The Truth is Relative. Medscape 2013. Available from: http://www.medscape.com/viewarticle/818013#vp_1. 3- Heidbuchel, H;<br />

Verhamme, P; Alings, M; et all. Kirchhof, P; Benussi, S; Kotecha, D, et al. 2016 ESC Guidelines for the manag<strong>em</strong>ent of atrial fibrillation developed in collaboration with EACTS. ESC GUIDELINES. European Heart Journal doi:10.1093/eurheartj/ehw210, Aug 2016.


Displasia crânio­fronto­nasal: um raro desafio <strong>em</strong><br />

Cuidados de Saúde Primários<br />

Diana Vaz de Miranda, Carla Costa, Cláudia Teixeira<br />

Internas de formação específica <strong>em</strong> MGF, USF S. Nicolau, Guimarães.<br />

1. Introdução<br />

A displasia crânio­fronto­nasal consiste numa malformação genética do maciço facial central que, dependendo do grau de gravidade, t<strong>em</strong> grande<br />

impacto social pela alteração da aparência estética. Pode cursar principalmente com hipertelorismo e bifidez nasal. Na grande maioria dos casos, não<br />

existe défice cognitivo. A prevalência é desconhecida, existindo cerca de 100 casos descritos na literatura científica e apenas 3 casos diagnosticados<br />

por ecografia pré­natal. O tratamento é apenas sintomático e inclui intervenções cirúrgicas seriadas para correção das malformações. O apoio<br />

psicológico e social aos utentes e às famílias é fundamental. Os médicos de família (MF), dev<strong>em</strong> manter­se <strong>em</strong> constante atualização, de modo a poder<br />

realizar o correto acompanhamento destas crianças.<br />

2.<br />

Caso clínico<br />

• Identificação:<br />

Género: f<strong>em</strong>inino<br />

Idade: 6 meses<br />

Naturalidade e residência: Guimarães<br />

Raça: caucasiana<br />

• Antecedentes pessoais:<br />

Gravidez:<br />

Vigilância na USF e <strong>em</strong> obstetra privado. > 6 consultas. Duração de 39 s<strong>em</strong>anas, s<strong>em</strong> intercorrências.<br />

Ecografias s<strong>em</strong> alterações nos 3 trimestres. Serologias negativas. Imunidade à rubéola e à toxoplasmose.<br />

Dados do parto:<br />

­Eutócico, a 23/05/2016.<br />

­APGAR: 9­10­10<br />

­Peso: 3,17Kg (P 15­50)<br />

­Estatura: 49cm (P15­50)<br />

­Perímetro cefálico: 35cm (P 15­50)<br />

Consulta dos 6 meses<br />

Metodologia<br />

Subjetivo:<br />

Suspeita de displasia crânio­fronto­nasal ao nascimento. Aleitamento<br />

materno exclusivo. Pais ansiosos e com múltiplas dúvidas. Mãe com<br />

labilidade <strong>em</strong>ocional marcada.<br />

Exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico (TC CE)<br />

Exame objetivo:<br />

Apresenta dismorfia facial, com hipertelorismo de 4cm,<br />

Resultados<br />

craniossinestose e fontanela anterior já encerrada. Restante exame<br />

objetivo s<strong>em</strong> alterações.<br />

Methods<br />

Dados antropométricos:<br />

Peso: 5,93Kg (P3­15)<br />

Estatura: 61 cm (P


DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA EM ADULTO<br />

IMUNOCOMPETENTE<br />

Joana Pereira † , David Rodrigues † , Hugo Salgueiro † , Joana Fernandes † ,<br />

João Abrantes § , Nídia Nunes † , Nuno Páscoa † , Susana Lourenço †<br />

Iteros de Foração específica e MGF e † USF Plaície, § USF Eborae<br />

Contacto do autor: 911547031<br />

# Enquadramento<br />

• A doença mão-pé-boca (DMPB) é uma das doenças virais mais comuns, provocada por Enterovirus e Coxsackie A.<br />

• Período de incubação: 2-7 dias; diss<strong>em</strong>inação: contacto directo/através de objectos contaminados.<br />

• Clínica é muito sugestiva na presença de lesões maculo-vesiculares da mucosa oral e superfícies palmares e plantares<br />

das mãos e pés.<br />

• Muito comum <strong>em</strong> crianças > quando ocorre<br />

apresenta sobretudo sintomas inespecíficos, com poucas lesões cutâneas.<br />

• Tratamento sintomático.<br />

• Diagnóstico diferencial: varicela, herpangina, estomatite aftosa e sífilis secundária.<br />

# Descrição do Caso<br />

Identificação<br />

- Sexo ♀<br />

- 23 anos<br />

- Caucasiana<br />

- Família nuclear, fase II<br />

do Ciclo de Duvall<br />

Antecedentes<br />

- Enxaqueca recorrente<br />

- Cervicalgia s<strong>em</strong><br />

irradiação<br />

- Dislipid<strong>em</strong>ia controlada<br />

com dieta<br />

- PNV actualizado<br />

NEGA: viagens recentes,<br />

contactos sexuais de<br />

risco<br />

Queixas<br />

- 3 dias de evolução<br />

- Erupções cutâneas<br />

punctiformes dolorosas<br />

nas faces<br />

palmares/plantares, S<strong>em</strong><br />

prurido<br />

- Odinofagia<br />

- Sensação de febre<br />

Descendente com DMPB<br />

há 4 dias<br />

Exame Objectivo<br />

- Múltiplas lesões<br />

vesiculares e algumas<br />

maculares, erit<strong>em</strong>atosas,<br />

nas superfícies<br />

plantares/palmares<br />

- S<strong>em</strong> lesões<br />

orais/periorais<br />

- Apirética<br />

Investigação<br />

e<br />

Tratamento<br />

Fotografias/informação obtidos com autorização da doente<br />

- Tratamento sintomático<br />

- Exclusão analítica de sífilis<br />

secundária >> negativa<br />

Doença Mão-pé-boca<br />

# Discussão<br />

• A DMPB é auto-limitada e raramente apresenta complicações clínicas, mas é importante suspeitar deste diagnóstico,<br />

mesmo nos grupos onde é menos comum, evitando exames desnecessários e terapêuticas inadequadas.<br />

• Exist<strong>em</strong> poucos relatos de casos de DMPB <strong>em</strong> adultos imunocompetentes, dado o subdiagnóstico desta doença<br />

apoiado numa clinica maioritariamente inespecífica nestas idades, no entanto, a sua ocorrência t<strong>em</strong> que ser<br />

equacionada nos diagnósticos diferenciais.<br />

• O relato de novos casos permitirá assim alertar e sensibilizar para a esta entidade.<br />

Bibliografia: Dantas A. et al, Doença mão-pé-boca no adulto – a propósito de um caso clínico, Rev Port Med Geral Fam 2013, 29:62-5;Ramirez-Forta M. et al,<br />

Coxsackievirus A6 associated hand foot and mouth disease in adults: Clinical presentation and review of the literature, Journal of Clinical Virology 2014, 60:381–386; Harris P. et<br />

al, Atypical hand foot and mouth disease: ecz<strong>em</strong>a coxsackium can also occur in adults, The Lancet, Nov<strong>em</strong>ber 2014, Vol 14:1043; Shea Y. Et al, Hand foot and mouth disease in<br />

an immunocompetent adult due to Coxsackievirus A6, Hong Kong Med J 2013, 19:262-4; Omaña-Cepeda C. et al, A literature review and case report of hand foot and mouth<br />

disease in an immunocompetent adult, BMC Res Notes 2016, 9:165; Flor de Lima B. et al, Hand foot and mouth syndrome in an immunocompetent adult: a case report, BMC<br />

Research Notes 2013, 6:441


INTOLERÂNCIA A ESTATINAS<br />

BAIROS T, AGUIAR V, MARQUES A<br />

UNIDADE DE SAÚDE DA ILHA DE SÃO MIGUEL<br />

ENQUADRAMENTO<br />

Como hipolip<strong>em</strong>iantes, as estatinas permit<strong>em</strong> a redução clara da mortalidade cardiovascular através das alterações lipídicas que<br />

promov<strong>em</strong>. Pela inexistência de estudos que coloqu<strong>em</strong> a segurança das estatinas como endpoint primário, a prevalência da intolerância<br />

às estatinas permanece obscura, sendo o efeito adverso mais reportado a mialgia. Assim sendo, os benefícios cardiovasculares<br />

ultrapassam largamente os potenciais riscos dos seus efeitos adversos.<br />

O diagnóstico de intolerância a estatinas baseia-se na presença de uma síndrome clínica caracterizada por incapacidade <strong>em</strong> tolerar<br />

duas estatinas: uma estatina na dose diária mínima e outra estatina <strong>em</strong> qualquer dose diária, devido a sintomas ou alterações analíticas<br />

que são reversíveis com a suspensão do fármaco e reprodutíveis com a sua reintrodução, após exclusão de outras causas. Estes sinais ou<br />

sintomas são entendidos como uma interferência inaceitável na sua atividade diária, o que levará à suspensão ou à redução da dose do<br />

fármaco. As verdadeiras reações alérgicas a estatinas que envolv<strong>em</strong> urticária ou outra reação alérgica clássica são raras.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• 75 ANOS, SEXO FEMININO<br />

• ANTECEDENTES PATOLÓGICOS – HIPERTENSÃO ARTERIAL, DOENÇA CORONÁRIA, DIABETES MELLITUS TIPO<br />

II NÃO INSULINOTRATADA, HIPOTIROIDISMO, GONARTROSE, REFLUXO GASTROESOFÁGICO, PERTURBAÇÃO DA<br />

ANSIEDADE GENERALIZADA<br />

• MEDICAÇÃO HABITUAL – ROSUVASTATINA 10MG, IRBESARTAN 150MG, PROPANOLOL 40MG,<br />

METFORMINA 700 MG, LEVOTIROXINA SÓDICA 0.025MG, TRAMADOL+PARACETAMOL 325/37.5MG,<br />

OMEPRAZOL 20 MG, ALPRAZOLAM 0.5 MG.<br />

• FAMÍLIA NUCLEAR<br />

• ESCALA DE GRAFFAR – CLASSE IV<br />

• APGAR DE SMILKSTEIN – FUNCIONAL<br />

AGO 2013<br />

Rosuvastatina10mgAtorvastatina20mg<br />

(insuficiência económica)<br />

AGO 2014<br />

Retoma atorvastatina 20mg (engano)<br />

MAI 2014<br />

1ª REAÇÃO – ardor oral, mal-estar, tonturas<br />

Atorvastatina20mg Sinvastatina 20 mg<br />

FEV 2016<br />

Refere intolerância<br />

Atorvastatina 20mgPitavastatina 1mg<br />

MAR 2016<br />

2ª REAÇÃO – Urticária e angioed<strong>em</strong>a<br />

com necessidade de corticóide<br />

sistémico<br />

Pitavastatina 1mg ezetimibe10mg<br />

MAR 2013 JAN 2014 OUT 2015 OUT 2016<br />

CT 183 156 158 172<br />

LDL 121 95 77 101<br />

HDL 36 42 43 40<br />

TG 293 182 224 181<br />

DISCUSSÃO<br />

Na impossibilidade de obter um LDL-C inferior a 70mg/dl, definimos como objetivo de colesterol LDL atingir 50% do<br />

valor inicial deste, objetivo este alcançado com ezetimibe 10mg uma vez por dia. Uma vez que os critérios para intolerância<br />

a estatinas foram cumpridos, assumimos este diagnóstico. A alergia foi registada no software utilizado na consulta e<br />

reportada ao Infarmed. As reações alérgicas a estatinas são raras. No entanto, quando exist<strong>em</strong> manifestações sistémicas<br />

graves, a estatina deverá ser descontinuada e iniciada outra terapêutica hipolip<strong>em</strong>iante como ezetimibe ou fibratos.<br />

O Médico de família, enquanto co-responsável pela saúde dos seus utentes deverá s<strong>em</strong>pre pesar os riscos e benefícios<br />

das terapêuticas instituídas e ajustar a sua prática ao utente que consulta, aplicando o conceito de prevenção quaternária.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Jacobson T, et al. NLA Task Force on Statin Safety - 2014 update. Journal of Clinical Lipidology (2014) 8, S1–S4; Rosenson R. Statins: actions, side effects and<br />

administration. UpToDate, <strong>2017</strong>.


Entorses recorrentes ou algo mais?<br />

Ana Rente, Diana Tomaz. USF Jardins da Encarnação<br />

Enquadramento<br />

Exist<strong>em</strong> doenças com um enorme impacto a nível da qualidade de vida afectando por vezes as acEvidades de vida diária e a esfera psicossocial do doente.<br />

A síndrome de Ehlers-Danlos é uma doença autossómica dominante do tecido conjunEvo. A síndrome de hipermobilidade, presente <strong>em</strong> aproximadamente<br />

3% da população, é considerada o subEpo da Síndrome de Ehlers-Danlos mais comum e menos severo, <strong>em</strong>bora existam complicações significaEvas<br />

principalmente a nível músculo-esqueléEco. Apesar da elevada prevalência é largamente subdiagnosEcada, devido à falta de conhecimento sobre a<br />

doença, à heterogeneidade clínica e ao facto do diagnósEco depender do exame objecEvo. Isto leva a um atraso ou ausência de diagnósEco, o que pode<br />

provocar intervenções desnecessárias, com frustração dos doentes e dos próprios profissionais de saúde. O presente relato de caso pretende alertar os<br />

profissionais de saúde a ponderar<strong>em</strong> a existência desta síndrome perante uma história clínica sugesEva, uma vez que pode ter implicações funcionais e<br />

psicológicas para o doente, principalmente quando se trata de um criança.<br />

Descrição do caso<br />

Criança de 11 anos, do sexo f<strong>em</strong>inino, filha única, aparent<strong>em</strong>ente saudável, seguida <strong>em</strong> consulta de vigilância pela médica de família.<br />

PraEca dança cont<strong>em</strong>porânea e violoncelo.<br />

O agregado familiar é consEtuído pelo pai, pela mãe e pela criança, encontrando-se no estadio IV de Duvall.<br />

S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes neste contexto.<br />

19-11-2015 – Consulta de Intersubs=tuição<br />

S: Dor na \bio-társica esquerda com 2 dias de evolução, que associava<br />

a "mau jeito" na aula de dança. Após ser quesEonada sobre episódios<br />

idênEcos, refere múlEplas distensões musculares desde 2013.<br />

O: Ed<strong>em</strong>a e dor à mobilização passiva e acEva da arEculação referida,<br />

juntamente com laxidão <strong>em</strong> diversas arEculações.<br />

A: Entorse/distensão do tornozelo.<br />

P: Tratamento sintomáEco. Encaminhamento para a consulta<br />

hospitalar de Medicina Física e da Reabilitação (MFR) por suspeita de<br />

Síndrome de Hipermobilidade.<br />

11-02-2016 - (consulta de Intersubs=tuição)<br />

S: Dor entre o 1º e 2º dedos da mão esquerda, com 6 dias de evolução,<br />

com irradiação ao 2º dedo e com agravamento após as aulas de<br />

violoncelo.<br />

O: Ed<strong>em</strong>a da região afectada e dor à movimentação do 1º dedo.<br />

A: Entorse/distensão de arEculação.<br />

P: Tratamento sintomáEco.<br />

14-11-2016 – (consulta hospitalar de MFR)<br />

P: Teve indicação para realizar exercícios de psico-motricidade e para<br />

Consulta de Reumatologia.<br />

04-01-<strong>2017</strong> – (consulta hospitalar de MFR)<br />

S: S<strong>em</strong> episódios de entorses nos úlEmo 3 meses.<br />

O: Tibio-társica s<strong>em</strong> ed<strong>em</strong>a, dor à palpação do ligamento lateral<br />

externo e nos movimentos de inversão, s<strong>em</strong> limitação das cinésias<br />

arEculares.<br />

P: Ecografia das Ebio-társicas + ortótese.<br />

07-12-2015 – (consulta hospitalar de MFR)<br />

O: laxidão muscular.<br />

P: Perda de peso e manutenção da acEvidade esica habitual.<br />

13-02-<strong>2017</strong> - (consulta hospitalar de MFR)<br />

S: Novo episódio de entorse da Ebio-társica direita, actualmente com<br />

queixas álgicas relacionadas com o esforço.<br />

O: S<strong>em</strong> ed<strong>em</strong>a ou dor à palpação no ligamento lateral externo, s<strong>em</strong><br />

défice das amplitudes arEculares. Ecografia das Ebio-társicas com<br />

discreto espessamento sinovial residual na goteira ântero-externa do<br />

ligamento perónio astragaliano anterior, podendo ser de natureza<br />

traumáEca sequelar.<br />

P: Sessões de MFR + ortótese estabilizadora da Ebio-társica para uso<br />

na práEca desporEva.<br />

Discussão<br />

Numa etapa tão crucial como o desenvolvimento de uma criança é essencial que haja um ambiente propício a esta situação <strong>em</strong> que não existam limitações<br />

esicas ou psicossociais associadas. A síndrome de Ehlers-Danlos é uma patologia que pode interferir nas acEvidades de vida diária, podendo ter um<br />

impacto significaEvo <strong>em</strong> termos de qualidade de vida. A conEnuidade de cuidados é uma mais valia <strong>em</strong> MGF, no entanto pode-se tornar um el<strong>em</strong>ento<br />

confundidor. Por vezes é necessária uma visão externa para percepcionar pormenores essenciais para um diagnósEco correcto. Assim, o médico deve ter<br />

<strong>em</strong> atenção, através da colheita de uma história clínica detalhada, situações de distensões frequentes e recorrentes que o alert<strong>em</strong> para a presença desta<br />

síndrome. Os profissionais de saúde pod<strong>em</strong> ter um papel acEvo na prevenção da recorrência destas lesões, que iriam culminar num eventual<br />

compromeEmento funcional da criança, com todas as consequências psicológicas e sociais inerentes a este facto.<br />

Bibliografia<br />

1. Kumar B, Lenert P. Joint Hypermobility Syndrome: Recognizing a Commonly Overlooked Cause of Chronic Pain. Am J Med. <strong>2017</strong> Mar 9. 2. Lisi C, Monteleone S, Tinelli C, Rinaldi B, Di Natali G, Savasta S.<br />

Postural analysis in a pediatric cohort of paEents with Ehlers-Danlos Syndrome: a pilot study. Minerva Pediatr. <strong>2017</strong> Feb 17. 3. Byers PH, Belmont J, Black J, De Backer J, Frank M, Jeun<strong>em</strong>aitre X, Johnson D,<br />

Pepin M, Robert L, Sanders L, Wheeldon N. Diagnosis, natural history, and manag<strong>em</strong>ent in vascular Ehlers-Danlos syndrome. Am J Med Genet C S<strong>em</strong>in Med Genet. <strong>2017</strong> Mar;175(1):40-47.


Diagnóstico da Toxoplasmose da grávida<br />

nos cuidados de saúde primários<br />

Ana Helena Almeida 1 ; Filipa Vicente Rodrigues 1<br />

1<br />

Internas de Formação Específica <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

UCSP Azambuja<br />

ACES Estuário do Tejo<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A toxoplasmose na gravidez, causada pela ingestão de oócitos do parasita Toxoplasma gondii, presentes nas fezes dos gatos e<br />

contaminantes do solo e da água ou por ingestão de cistos tecidulares presentes na carne crua ou mal passada 1 , é uma infeção<br />

com uma elevada incidência na Europa 2 , pelo que o seu rastreio é recomendado.<br />

Na maioria dos doentes é assintomática, mas pode manifestar-se como um síndrome gripal e pode levar a aborto espontâneo.<br />

Apenas a primoinfeção durante a gravidez provoca toxoplasmose congénita e varia com a idade gestacional, sendo cerca de 5%<br />

às 12 s<strong>em</strong>anas e de 80% às 40 s<strong>em</strong>anas 3 . A gravidade é inversamente proporcional ao aumento da idade gestacional.<br />

As alterações ecográficas fetais mais frequentes são calcificações intracranianas e a ventriculomegalia, o que aumenta o risco<br />

de sequelas neurológicas 3 . Todavia, 70 a 90% dos recém-nascidos são assintomáticos, mas têm um risco acrescido de<br />

coriorretinite 3 .<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• ♀ 20 anos, aparent<strong>em</strong>ente saudável, índice obstétrico: 0000, residente com o seu companheiro.<br />

• V<strong>em</strong> pela primeira vez a consulta de saúde materna grávida de 6 s<strong>em</strong>anas. Constata-se que a grávida reside com gatos e é<br />

responsável pela limpeza das fezes dos mesmos. Aconselha-se a delegar a realização dessa tarefa durante a gravidez ao<br />

companheiro.<br />

7 s<strong>em</strong>anas + 1 dia 10 s<strong>em</strong>anas + 2 dias 11 s<strong>em</strong>anas + 6 dia<br />

IgG positivo (28 UI/mL)<br />

IgM positivo fraco<br />

IgG positivo (27 UI/mL)<br />

IgM positivo<br />

IgG positivo<br />

IgM positivo (12 UI/mL)<br />

Avidez intermédia (0,30)<br />

Esqu<strong>em</strong>a 1. Resultados de serologias para Toxoplasmose e respetivas idade de gestação<br />

• A ecografia do 1º trimestre não revela alterações.<br />

• Solicita-se repetição destas análises dentro de 3 s<strong>em</strong>anas e apoio da Obstetrícia do hospital de referência.<br />

DISCUSSÃO<br />

S<strong>em</strong> análises pré-concecionais, os anticorpos anti-toxoplasma IgG e IgM positivos nesta fase da gravidez pod<strong>em</strong> significar quer<br />

uma infeção recente quer uma infeção antiga, uma vez que a IgM pode persistir positiva durante anos. Para diferenciar,<br />

recomenda-se testar a avidez da IgG num centro de referência. Na maioria dos casos, passa de fraca para forte ao fim de 5<br />

meses 4 . Se forte, a infeção terá sido previa à conceção; se fraca será necessária amniocentese para pesquisa do parasita no<br />

líquido amniótico, <strong>em</strong>bora seja baixa a probabilidade de transmissão vertical nesta fase. No entanto, o diagnóstico pode ser<br />

difícil, implicar a deslocação da grávida a um centro de referência longe da sua residência e um longo t<strong>em</strong>po de espera<br />

motivado pela dúvida diagnóstica. Cabe ao Médico de Família gerir esta ansiedade e as expectativas dos futuros pais,<br />

tranquilizá-los, informando sobre os possíveis desfechos diagnósticos e caminhos terapêuticos a seguir.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. Di Mario S, Basevi V, Gagliotti C, Spettoli D, Gori G, D'Amico R, et al. Prenatal education for congenital toxoplasmosis. Cochrane Database Syst Rev. 2009(1):CD006171. 2. Gollub EL, Leroy V, Gilbert R, Chene G, Wallon M. Effectiveness of health<br />

education on Toxoplasma-related knowledge, behaviour, and risk of seroconversion in pregnancy. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2008 Feb;136(2):137-45 3. Montenegro, N, Rodrigues, T, Ramalho, C, Ayres de Campos, D, Protocolos de Medicina<br />

Materno-fetal, 3ª Edição, Lidel 2014 4. Paquet C, Yudin MH, Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada. Toxoplasmosis in pregnancy: prevention, screening, and treatment. J Obstet Gynaecol Can 2013; 35:78


Bibliografia: Junior JL, Matta ES, Bortoli L et al. Achados radiológicos na Síndrome de Poland. Radiol Bras, 2012; 45(3): 173-4. Caldas FA, Isa HL, Trippia AC et. al. Síndrome Poland: relato de<br />

caso e revisão da literatura. Radiol Bras, 2004; 37(5): 381-3. Araújo A, Soares G, Maia I et al. Nascer e Crescer, 2008; 17(2): 75-9. Banikarim C, Silva NK. Breast disorders in children and<br />

adolescents: na overview. UpToDate 2016.<br />

Um caso raro de assimetria mamária<br />

Maria Teresa Albergaria 1 , Guilherme Figueiredo 2<br />

1<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar, Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel. 2 Assistente de Reumatologia, Hospital do Divino<br />

Espírito Santo.<br />

ENQUADRAMENTO<br />

‣ O Síndrome de Poland (SP) é uma anomalia congénita rara, não hereditária, que corresponde à ausência ou<br />

hipoplasia unilateral do músculo grande peitoral. T<strong>em</strong> incidência de 1:20 000 nados vivos.<br />

‣ Pode associar-se a outras malformações da mão, hipoplasia ou ausência da glândula mamária, anomalia das costelas,<br />

clavículas, esterno, omoplata, h<strong>em</strong>ivértebras ou ausência de pêlos axilares.<br />

‣ A patogénese do SP permanece desconhecida, mas existe a hipótese de ocorrer por interrupção do desenvolvimento<br />

<strong>em</strong>brionário da artéria subclávia <strong>em</strong> diferentes estádios, o que resultará no aparecimento das várias anomalias.<br />

‣ A reconstrução cirúrgica depende dos componentes músculo-esqueléticos envolvidos.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

• Género f<strong>em</strong>inino.<br />

NASCIMENTO<br />

• Boletim de Saúde Infantil e Juvenil:<br />

• Gravidez vigiada, s<strong>em</strong> intercorrências, parto<br />

de termo eutócico, índice de APGAR 9/10/10.<br />

• Peso, comprimento e perímetro cefálico no<br />

Percentil 25.<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• S<strong>em</strong> antecedentes familiares relevantes.<br />

5 MESES DE IDADE<br />

• Assimetria mamária à direita.<br />

• Recorre ao Médico de Família - diagnóstico de SP.<br />

• S<strong>em</strong> evidência de outras malformações.<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• Observada <strong>em</strong> Medicina Física e Reabilitação:<br />

• s<strong>em</strong> défice neurológico motor ou<br />

sensorial; s<strong>em</strong> limitações funcionais do<br />

ombro; manobra de Adams negativa.<br />

Figura 1 – Assimetria mamária.<br />

Figura 2 – Mãos s<strong>em</strong> malformações.<br />

costela<br />

pleura<br />

10 ANOS DE IDADE<br />

• Seguida por Cirurgia Plástica para eventual<br />

prótese mamária após crescimento definitivo.<br />

• Diminuição do volume na região peitoral à direita<br />

(Figura 1). S<strong>em</strong> outras malformações (Figura 2).<br />

• Desenvolvimento psicomotor adequado.<br />

• Peso e Estatura no Percentil 50.<br />

• Estadio de Tanner – P2 M2.<br />

• Realização de ecografia de partes moles da face<br />

ântero-superior do tórax (Figura 3):<br />

• agenesia, quase total, dos músculos<br />

peitorais à direita; s<strong>em</strong> alterações ósseas<br />

ou do tecido celular subcutâneo.<br />

• Radiografia da coluna vertebral s<strong>em</strong> alterações.<br />

Figura 3 – Ecografia de tecidos moles da face ântero-superior do tórax.<br />

DISCUSSÃO<br />

‣ A realização de uma história clínica e exame físico cuidados, com a criança despida, permite o diagnóstico clínico de<br />

SP. Ainda assim, a avaliação radiológica, com a ecografia de partes moles e radiografia, é benéfica para estadiar o<br />

espetro de alterações e direcionar o tratamento.<br />

‣ Um diagnóstico precoce e articulação multidisciplinar entre o Médico de Família, abordag<strong>em</strong> imagiológica, estética e<br />

psicomotora permit<strong>em</strong> a consciencialização, melhoria da qualidade de vida e socialização da criança.


Profilaxia da ITU recorrente<br />

Revisão da Literatura<br />

Ana Mafalda Ventura 1 , Carolina Ferreira 2 , Catarina Possidónio 3<br />

Internas de Medicina Geral e Familiar: 1 USF Ramada, 2 USF São Julião, 3 USF Carnide Quer<br />

ana.mafalda.pv@hotmail.com<br />

Introdução e Objetivos<br />

As infeções do trato urinário (ITU) são uma patologia frequente na mulher <strong>em</strong> idade fértil e estão associadas a morbilidade. As ITU<br />

recorrentes defin<strong>em</strong>-se como a presença de duas ou mais infeções <strong>em</strong> 6 meses ou mais de três episódios por ano. As infecções têm de ser<br />

documentados por urocultura. O objetivo desta revisão é definir as estratégias possíveis para estas situações.<br />

Metodologia<br />

Revisão da literatura realizada <strong>em</strong> Junho de 2016, com as palavras-chave recurrent urinary tract infection prevention women, nas bases de<br />

dados da Pubmed, Medscape e Up-to-Date.<br />

Resultados<br />

Na abordag<strong>em</strong> da ITU recorrente, estão disponíveis várias medidas (farmacológicas e não farmacológicas). No tratamento não farmacológico<br />

destacam-se as modificações do estilos de vida que, apesar de não ter<strong>em</strong> sido validadas <strong>em</strong> ensaios clínicos, dev<strong>em</strong> ser utilizadas na tentativa<br />

de diminuir a utilização dos antibióticos. Salientam-se o desincentivo do uso de espermicidas e diafragmas, o incentivo da micção pós-coital e<br />

o aumento da ingestão hídrica.<br />

Relativamente ao tratamento farmacológico com a antibioterapia profilática, foram feitos vários estudos com os antibióticos de toma<br />

contínua (Sulfametoxazol+Trimetoprim, Nitrofurantoina, Norfloxacina e Fosfomicina) e com os de toma intermitente<br />

(Sulfametoxazol+Trimetoprim/Trimetoprim, Nitrofurantoina, Cefalexina, Quinolonas).<br />

Concluiu-se que a utilização de antibioterapia diminuiu a recorrência durante a utilização, mas não parece diminuir as recorrências a longo<br />

prazo. Aumentou ainda os efeitos secundários (candidíase oral, vaginal e efeitos secundários gastrintestinais) e não pode ser negligenciado o<br />

facto de favorecer a <strong>em</strong>ergência de estirpes resistentes.<br />

Como estratégias alternativas, destacam-se:<br />

- Arandos – a evidência disponível relativamente a utilização de sumo e produtos contendo arandos, não permite recomendar a sua<br />

utilização. Os dados são relativos a estudos pequenos com elevada taxa de resistências.<br />

- Probióticos – não parec<strong>em</strong> reduzir de forma estatisticamente significativa a recorrência de ITUs<br />

Discussão<br />

Na profilaxia da ITU recorrente não está estabelecida a antibioterapia mais indicada, é necessário considerar o padrão de resistências e a<br />

possibilidade de efeitos secundários .<br />

Deve ser feita uma anamnese cuidada para identificação de fatores de risco e ser<strong>em</strong> instituídas alterações do estilo de vida numa fase inicial.<br />

Na utilização de antibioterapia deve ser considerada a sensibilidade das estirpes e a possibilidade do aparecimento de resistências<br />

antimicrobianas.<br />

www.up-to-date.com acedido <strong>em</strong> junho 2016<br />

www.medscape.com acedido <strong>em</strong> junho/2016<br />

Aydin A et all. Recurrent urinary tract infections in women, Int Urogynecol J. 2015 Jun;26(6):795-804. doi:<br />

10.1007/s00192-014-2569-5. Epub 2014 Nov 20.<br />

Geerlings SE et alll, Prevention of recurrent urinary tract infections in women: antimicrobial and nonantimicrobial<br />

strategies. Infect Dis Clin North Am. 2014 Mar;28(1):135-47. doi: 10.1016/j.idc.2013.10.001. Epub 2013 Dec 7.<br />

Lichtenberger P, Hooton TM, Antimicrobial prophylaxis in women with recurrent urinary tract infections. Int J<br />

Bibliografia<br />

Antimicrob Agents 2011 Dec;38 Suppl:36-41. doi: 10.1016/j.ijantimicag.2011.09.005. Epub 2011 Nov 4.<br />

Schwenger EM, Tejani AM, Loewen PS, Probiotics for preventing urinary tract infections in adults and children.<br />

Cochrane Database Syst Rev. 2015 Dec 23;(12):CD008772. doi: 10.1002/14651858.CD008772.pub2.<br />

Jepson RG, Williams G, Craig JC Cranberries for preventing urinary tract infections. Cochrane Database Syst<br />

Rev. 2012 Oct 17;10:CD001321. doi:0.1002/14651858.CD001321.


Ana Mafalda Ventura 1 , Maria Paula Fernandes 2<br />

1<br />

Interna de Medicina Geral e Familiar USF Ramada, 2 Assistente Graduada de Medicina Geral e Familiar USF Ramada<br />

ana.mafalda.pv@hotmail.com<br />

Introdução e Objetivos<br />

A DPOC é atualmente a 4ª causa de morte a nível mundial e estima-se que passará a ser a 3ª <strong>em</strong> 2020. Nas guidelines GOLD <strong>2017</strong>, a definição de<br />

DPOC passou a incluir fatores do hospedeiro. Tendo <strong>em</strong> conta a tendência crescente desta patologia na população atual e a importância dos fatores<br />

de risco na evolução da doença, optou-se por desenvolver o presente trabalho, com o objetivo de caracterizar a população de doentes codificados<br />

com o probl<strong>em</strong>a (R95 - ICPC2) Doença pulmonar obstrutiva crónica da USF.<br />

Metodologia<br />

Estudo observacional e transversal dos doentes codificados com DPOC de uma USF. Os dados foram recolhidos através do sist<strong>em</strong>a mim@uf e<br />

tratados usando o Excel©, foram considerados os dados relativos ao ano de 2016.<br />

Amostra - doentes codificados com R95 (ICPC2) Doença pulmonar obstrutiva crónica da USF Ramada.<br />

Resultados<br />

No ano de 2016 existiam 301 doentes codificados com o probl<strong>em</strong>a (R95) Doença pulmonar obstrutiva crónica com uma prevalência de 1.7%.<br />

Destes doentes cerca de 60,1% são do género masculino, com idade mínima de 38 anos e máxima 93 anos, a média de idade é 64,5 anos.<br />

Quanto a comorbilidades 43 % apresentam HTA, 39 % Dislipid<strong>em</strong>ia, 17% Diabetes Mellitus e 4% Fibrilhação/Flutter auricular.<br />

Número de Comorbilidades<br />

10%<br />

0%<br />

40%<br />

20%<br />

30%<br />

0<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

Total<br />

doentes<br />

DPOC total HTA DM FA/Flt Dislipid.<br />

301 130 (43%) 51 (17%) 13 (4%) 118 (39%)<br />

Sexo masc. 181 (60,1%) 80 32 8 64<br />

Sexo f<strong>em</strong>. 120 (39.9%) 50 19 5 42<br />

Idade Media 64,5 69,6 68,8 71.3 65,9<br />

Desv.Padrão 11,8 10,3 10,1 13.1 10,2<br />

Fig 1. Representação gráfica do numero de<br />

comorbilidades associadas<br />

Fig .2 Representação gráfica doas caracteristicas da amostra por comorbilidade<br />

Discussão<br />

De acordo com a bibliografia a prevalência de DPOC é superior à identificada nesta USF, tal poderá a dever-se a codificação inferior à real.<br />

No que respeita à distribuição por género, a patologia é mais frequente no sexo masculino.<br />

Verifica-se frequent<strong>em</strong>ente a existência de outras comorblidades, sendo que mais de metade dos doentes apresenta duas ou mais patologias<br />

concomitant<strong>em</strong>ente. A HTA foi a comorbilidade mais frequent<strong>em</strong>ente encontrada, o que confere com a bibliografia. Relativamente à fibrilhação<br />

auricular, de acordo com a bibliografia, é frequente e está diretamente relacionada com o FEV1, contudo a prevalência encontrada na USF é<br />

inferior à descrita.<br />

Bibliografia<br />

Global Strategy for the Diagnosis, Manag<strong>em</strong>ent and Prevention of COPD, Global Initiative for Chronic<br />

Obstructive Lung Disease (GOLD) <strong>2017</strong>. Available from: http://goldcopd.org.


Enquadramento<br />

“Quando a HbA1c não é suficiente:<br />

um caso de H<strong>em</strong>oglobina de Baltimore”<br />

Silva Costa A 1 , Ramalho A 2 , Lima M 3<br />

1- USF Monte Caparica, ACES Almada-Seixal<br />

2 - USF Sobreda, ACES Almada-Seixal<br />

3 - USF Cova da Piedade, ACES Almada-Seixal<br />

Contato: andrefsc88@gmail.com<br />

A redução dos níveis de HbA1c é o principal objetivo do tratamento <strong>em</strong> doentes diabéticos, e a determinação desta h<strong>em</strong>oglobina (Hb) é o método<br />

regularmente utilizado para monitorizar o controlo metabólico nestes doentes 1 . A HbA1c pode estar falsamente diminuída <strong>em</strong> certas situações clínicas<br />

(h<strong>em</strong>oglobinopatias, gravidez, h<strong>em</strong>orragia, an<strong>em</strong>ia h<strong>em</strong>olítica, terapêutica de reposição com ferro ou vitamina B12). Contudo, os níveis de HbA1c pod<strong>em</strong><br />

também ser alterados <strong>em</strong> condições silenciosas que, se não detectadas, pod<strong>em</strong> levar a uma abordag<strong>em</strong> inadequada do doente com diabetes.<br />

Descrição do Caso<br />

Identificação:<br />

63 Anos<br />

Caucasiano<br />

Sexo: Masculino<br />

Natural de Tomar<br />

Profissão: Motorista<br />

Lista de Probl<strong>em</strong>as:<br />

Ativos:<br />

Diabetes Mellitus tipo 2 desde 2012<br />

Hipertensão Arterial desde 2013<br />

Obesidade.<br />

Passivos:<br />

Pé boto congénito<br />

Medicação Crónica:<br />

Losartan 100 mg, 1+0+0<br />

Metformina 700 mg, 1+0+0<br />

Data 16-02-<br />

2013<br />

HbA1c<br />

(%)<br />

Glic Jejum<br />

(mg/dL)<br />

S<br />

O<br />

A<br />

26-03-<br />

2013<br />

18-10-<br />

2013<br />

10-08-<br />

2015<br />

01-02-<br />

2016<br />

08-02-<br />

2016<br />

04-08-<br />

2016<br />

22-08-<br />

2016<br />

4,4 4,7 … 5,1 5,2 5,5 5,4 5,8 8,4<br />

140 142 162 … 160 174 192 202 231 240<br />

Traz registos de glicémias dos ultimos 3 dias com<br />

valores <strong>em</strong> JJ entre 188-291 e PP entre 240-297.<br />

Faz turnos noturnos até as 04H e dorme até as 14H.<br />

Peso=83,5 kg IMC=30,1 TA=138/86 mmHg; FC=76<br />

bpm. HbA1c: 5,4%. ACP s<strong>em</strong> alterações. S<strong>em</strong><br />

ed<strong>em</strong>as periféricos. Pé: Baixo Risco<br />

Hipertensão S<strong>em</strong> Complicações (K86)<br />

Diabetes Não Insulino-Dependente (T90)<br />

Obesidade (T82)<br />

P Peço análises para despiste de possivel<br />

interferencia com a HbA1c. Faz registos das<br />

glicémias; ensino sobre a técnica.<br />

12-08-2016 22-08-2016 14-11-2016<br />

S<br />

Traz resultado de análises.<br />

O Fructosamina - 604 µmol/L (IR


Ana Campos Portela 1 , Ana Carolina Rodrigues 1 , Gabriela Amorim Reis 1<br />

1 IFE de Medicina Geral e Familiar – USF Condestável<br />

ENQUADRAMENTO<br />

A tosse convulsa é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório, que representa uma causa importante de<br />

mortalidade e mobilidade <strong>em</strong> lactentes. Apesar da existência de vacinação eficaz, a sua incidência aumentou nas<br />

ultimas décadas, permanecendo como uma das dez maiores causas de mortalidade <strong>em</strong> crianças com idade inferior<br />

a um ano, sendo a doença prevenLvel mais prevalente nos países desenvolvidos nestas crianças.<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

Lactente do sexo f<strong>em</strong>inino, com 20 dias, internada no serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria por tosse<br />

convulsa, s<strong>em</strong> intercorrências. Antecedentes maternos irrelevantes. A sintomatologia inicial é descrita pela mãe<br />

como um síndrome gripal banal, que inesperadamente desencadeou episódio de tosse convulsa que motivou o<br />

recurso ao serviço de urgência do Centro Hospitalar de Leiria. Após a alta, mantém-se <strong>em</strong> seguimento na consulta<br />

de pediatria, pneumologia e cardiologia do CHL e mant<strong>em</strong> também vigilância nas consultas de <strong>medicina</strong> geral e<br />

familiar integrando o programa de saúde infantil.<br />

“ 31/05/2016 28/06/2016 01/08/2016 03/10/2016<br />

S Consulta vigilância SI –<br />

1ª consulta de vida<br />

Sob Leite Materno<br />

exclusivamente.<br />

Parto ventosa.<br />

S<strong>em</strong> intercorrências.<br />

Consulta vigilância SI - 1M<br />

Internamento de 16 a<br />

24/06/2016 por Tosse<br />

Convulsa. S<strong>em</strong> intercorrências.<br />

Mantém vigilância na Pediatria<br />

do CHL: Consulta Cardiologia<br />

21-07-2016 + consulta de<br />

Pneumologia 20-07-2016.<br />

Consulta vigilância SI - 2M<br />

T<strong>em</strong> passado b<strong>em</strong>. S<strong>em</strong><br />

intercorrências.<br />

Mantém vigilância <strong>em</strong> consulta<br />

de Pediatria (PC <strong>em</strong> Outubro)<br />

Consulta vigilância SI - 4M<br />

T<strong>em</strong> passado b<strong>em</strong>. S<strong>em</strong><br />

intercorrências.<br />

Mant<strong>em</strong> vigilância na Pediatria<br />

do CHL - consulta de<br />

Cardiologia por Sopro sistólico<br />

- Consulta <strong>em</strong> 20-10-2016.<br />

O<br />

Peso(kg)=3,46<br />

EO: s<strong>em</strong> alterações<br />

Desenvolvimento estatoponderal<br />

adequado para a<br />

idade.<br />

Altura(cm)=56,5 Peso(kg)=4,37<br />

IMC=13,7 P.Cefálico(cm)=37,8<br />

EO: s<strong>em</strong> alterações<br />

Desenvolvimento estatoponderal<br />

adequado para a<br />

idade.<br />

Altura(cm)=59 Peso(kg)=5,69<br />

IMC=16,3 P.Cefálico(cm)=39,5<br />

Notas=Pele atópica<br />

Restante EO: s<strong>em</strong> alterações<br />

Desenvolvimento estatoponderal<br />

adequado para a<br />

idade.<br />

AC: sopro sistólico conhecido<br />

mas aparent<strong>em</strong>ente difícil de<br />

identificar.<br />

Restante EO: s<strong>em</strong> alterações<br />

Desenvolvimento estatoponderal<br />

adequado para a<br />

idade.<br />

A<br />

MEDICINA PREVENTIVA / DE<br />

ACOMPANHAMENTO GERAL<br />

MEDICINA PREVENTIVA / DE<br />

ACOMPANHAMENTO GERAL<br />

TOSSE CONVULSA<br />

MEDICINA PREVENTIVA / DE<br />

ACOMPANHAMENTO GERAL<br />

PELE ATÓPICA<br />

MEDICINA PREVENTIVA / DE<br />

ACOMPANHAMENTO GERAL<br />

SOPRO SISTÓLICO<br />

P<br />

OBSERVAÇÃO / EDUCAÇÃO<br />

PARA A SAÚDE /<br />

ACONSELHAMENTO / DIETA<br />

OBSERVAÇÃO / EDUCAÇÃO<br />

PARA A SAÚDE /<br />

ACONSELHAMENTO / DIETA<br />

Explicadas vacinas extra-PNV.<br />

Esclarecimento de dúvidas e<br />

englobamento familiar na<br />

aceitação do episódio de tosse<br />

convulsa.<br />

OBSERVAÇÃO / EDUCAÇÃO<br />

PARA A SAÚDE /<br />

ACONSELHAMENTO / DIETA<br />

Vacina viva contra o rotavírus,<br />

[Rotarix], 10e6 CCID50 +<br />

Vacina contra o meningococo,<br />

[Bexsero], Associação.<br />

OBSERVAÇÃO / EDUCAÇÃO<br />

PARA A SAÚDE /<br />

ACONSELHAMENTO / DIETA<br />

”<br />

DISCUSSÃO<br />

A tosse convulsa continua a ser uma doença potencialmente fatal, particularmente <strong>em</strong> grupos vulneráveis, apesar<br />

da ampla cobertura vacinal <strong>em</strong> crianças. É de salientar que neste caso não se trata de um recém nascido com<br />

algum tipo de fator de risco associado ou antecedentes relevantes. Com a atual indicação para a vacinação das<br />

grávidas no sentido de prevenir esta doença, mantém-se atual e pertinente ajudar os pais ou futuros pais a<br />

identificar<strong>em</strong> os sintomas e sinais de alarme, b<strong>em</strong> como informar da importância da vacinação.<br />

A proteção após vacinação começa a diminuir ao fim de 3 a 5 anos e é imensurável ao fim de 12 anos. Mesmo a<br />

imunidade natural diminui com o t<strong>em</strong>po, pelo que a exposição ao microrganismo (sintomática ou assintomática)<br />

e ́ indispensável para manter proteção. Por outro lado, a utilização da vacina nos surtos não é eficaz pois requer<br />

múltiplas doses para adquirir proteção, além de que não pode ser administrada a pessoas com mais de 7 anos de<br />

idade pelas reações adversas que lhe estão associadas.<br />

Contudo, há alguns autores que recomendam o início da vacinação durante os surtos até às 6 s<strong>em</strong>anas de vida.<br />

Em conclusão, a tosse convulsa, por ser uma doença que pode causar grande mobilidade e<br />

até mortalidade num grupo etário particularmente vulnerável, deve ser s<strong>em</strong>pre considerada<br />

na presença de um RN ou lactente pequeno com tosse, com contexto familiar compatível de<br />

Modo a iniciar tratamento precoc<strong>em</strong>ente com vista a evitar as complicações.<br />

Munoz FM,Kei tel WA. Progress in the diag nosis, preventio n and trea tmen t ofper tussis. Curr Infect Dis Rep 2003, 5: 213-219; Be hrm an, Klieg man, Jens on. Nelson Textb ook of Pediat rics. Saunde rs Edition, 18th ed,2007 , 1178 -1182 ; World Heal th<br />

organiza tion. Pe rtussis Vaccines . Who position pape r. Wkly Epedimiol Rec. 2010 ; (40 ): 38 5- 40 0; Black RE et al, fo r theChild Heal th Epide miology ReferenceGroupofWHO and UNICEF. Global, regi onal and a na tional causes of bi rth mo rtali ty in<br />

2008: a syst<strong>em</strong>atic analysis. Lancet, 201 0, 375: 1969- 1987; Loo I, Mooi FR etal. Bordetellape rtussis strains with increasedtoxinpr oduction associated with per tussis resurgence. Eme rging infectiousdiseases, 2009, 15 (8 ): 120 6-13; World Heal th<br />

Organization . Per tussis vacines. Who position pape r. Wkly Epid<strong>em</strong>iol Rec. 2005; 80:31 -9; Co rr eia P, Tava res M. Linh as de orien tação pa ra o di agnóstico e terap êutic a de tos s e convulsa. Sociedade Po rtug uesa de Pedia tria. 2010; Fishe rD,Snyder J.<br />

Pertussis in childhoo d. American Acade my of Pedia trics. 2012 ; 33 (9):412-21 ; Fonseca P, Frei tas J etal. Per tussis keep on killing. Revis ta Portuguesade Pneu mologia 2010; 16(2 ): 31 5- 20 ; Tozzi A et al. Diagnosis and manage ment of per tussis.<br />

JAMC 2005; 172 (4):509-15.


Patrícia Costa 1 | Rita Nunes 1 | Anne­Marie Ferreira 1 | Ana Patrícia Cardoso 2<br />

Joana Gonçalves 3 | Luís Infante 4 | Rafael Sousa 5<br />

1<br />

USF Terras de Azurara | 2 USF Grão Vasco | 3 USF Viseu Cidade | 4 USF Mont<strong>em</strong>uro | 5 USF Infante D. Henrique<br />

ENQUADRAMENTO<br />

HIPERPLASIA NODULAR LINFÓIDE<br />

• doenç̧a rara de etiologia incerta<br />

• pseudopólipos com aspeto anatomo­patológico característico<br />

• adultos ++ intestino delgado proximal<br />

• sintomas mais comuns: diarreia, a perda de peso e a dor periumbilical<br />

DESCRIÇÃO DO CASO<br />

21 anos<br />

Caucasiano<br />

Solteiro<br />

Estudante<br />

Família nuclear<br />

Ciclo Duvall Fase VI<br />

Altamente funcional<br />

Classe média<br />

S<strong>em</strong> antecedentes pessoais<br />

ou familiares relevantes<br />

S<strong>em</strong> medicação<br />

Nega alergias<br />

COLONOSCOPIA (4.6.2014)<br />

“Ileon: múltiplas áreas polipóides sésseis<br />

sugestivas de hiperplasia linfóide.”<br />

Relatório Anatomopatológico<br />

“Foliculos linfóides hiperlásicos com<br />

centro reativo. Compatível com<br />

Hiperplasia Nodular Linfóide”<br />

DISCUSSÃO<br />

O Médico de Família depara­se com situações<br />

clínicas cujo diagnóstico pode ser difícil de<br />

apurar com os recursos disponíveis nos<br />

Cuidados Primários. A interligação bidirecional<br />

com os Serviços Hospitalares agiliza a prestação<br />

de bons cuidados de saúde, sendo importante o<br />

acompanhamento contínuo dos utentes e seus<br />

familiares perante diagnósticos que causam<br />

quadros de ansiedade.


Cuidados de Saúde Primários Cuidados de Saúde Primários<br />

Hospital Hospital<br />

ENQUADRAMENTO:<br />

A Pneumonia Organizativa (PO) é uma doença intersticial e o diagnóstico histopatológico revela fibrose intraluminal nos espaços aéreos distais, a par da inflamação<br />

intersticial crónica. Pode ser secundária a fármacos, infeções pulmonares, doenças do tecido conjuntivo ou doenças imunológicas.<br />

DESCRIÇÃO DE CASO:<br />

catiaquina@yahoo.com<br />

Identificação Hábitos Antecedentes Pessoais Medicação Habitual<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

•Masculino<br />

•78 anos<br />

•Família alargada<br />

Tosse produtiva e dispneia com esforços com 1 mês de evolução.S<strong>em</strong> febre.<br />

Sat.98%,FC 57bpm,AP:diminuição do MV no 1/3 inferior h<strong>em</strong>itórax esquerdo<br />

R81- Pneumonia<br />

12 de nov<strong>em</strong>bro<br />

Amoxicilina 1000mg 2 id 8d + acetilcisteína 600 mg 5 d + Pede-se Rx tórax<br />

Reavaliação:<br />

•Ex fumador<br />

(30 UMA)<br />

17 de nov<strong>em</strong>bro<br />

•Melhoria sintomática.<br />

•RX: Hipotransparência da base<br />

pulmonar esquerda<br />

•HTA<br />

•ICC<br />

•Hiperuric<strong>em</strong>ia<br />

•Pac<strong>em</strong>aker<br />

•Cardiopatia isquémica<br />

•DM tipo 2<br />

•Dislipid<strong>em</strong>ia<br />

•Perturbação depressiva<br />

21 de nov<strong>em</strong>bro 02 de dez<strong>em</strong>bro<br />

Reavaliação pós antibioterapia:<br />

•Tosse e noção de pieira esporádicas<br />

•AP: MV diminuído na base esquerda<br />

• ventilan 6d + amoxi/clav id 7d, Rx tórax<br />

28 de nov<strong>em</strong>bro<br />

Reavaliação pós antibioterapia:<br />

•Tosse e noção de pieira esporádicas<br />

•AP: MV diminuído na base esquerda<br />

•Rx: sobreponivel + Azitromicina 500mg<br />

•Dabigatrano •Escitalopram<br />

•Furos<strong>em</strong>ida •Alopurinol<br />

•Sitagliptina<br />

•Rosuvastatina<br />

•Eprosartan+hidroclorotiazida<br />

Reavaliação pós antibioterapia:<br />

•Tosse e pieira esporádicas<br />

•AP: MV diminuído na base esq.<br />

•Pede-se novo Rx tórax<br />

09 de dez<strong>em</strong>bro<br />

Reavaliação:<br />

•Melhoria sintomática<br />

•AP: MV diminuído na base esq.<br />

•RX: melhoria radiológica<br />

S<br />

O<br />

A<br />

P<br />

02 de julho 17 de julho<br />

Noção de dificuldade respiratória e pieira.<br />

Reavaliação:<br />

AP: MV diminuído base esquerda<br />

•espirometria: Índice de Tiffeneau (IT) 0,83<br />

R95 – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica?<br />

•Traz resultado de RX: s<strong>em</strong> alterações de relevo<br />

Pede-se Rx tórax e Provas função respiratória<br />

S<br />

O<br />

11 de fevereiro<br />

Tosse, dispneia e cansaço fácil com cerca de 2 s<strong>em</strong>anas de evolução<br />

Sat. O2 93 %, FC:60 bpm. AP: MV diminuído bilateralmente<br />

12 de fevereiro<br />

Traz resultado de RX tórax:<br />

Redução da permeabilidade do<br />

Serviço de<br />

Urgência<br />

A<br />

R81- Pneumonia<br />

campo pulmonar direito - pneumonia<br />

P<br />

Pede-se RX tórax<br />

pan-lobar.<br />

Pneumonia bilateral<br />

TAC tórax: Padrão multiconsolidativo<br />

de predomínio peribroncovascular<br />

com um padrão <strong>em</strong> vidro despolido.<br />

13 a 29 de abril 2º internamento Pneumonia à direita 12 fevereiro a 4 março 1º internamento<br />

Pneumonia infecciosa<br />

recorrente? Infeção por<br />

microorganismo atípico?<br />

PO? Linfoma?<br />

TAC tórax: extensas consolidações<br />

alveolares dispersas, mais evidentes à<br />

direita, a sugerir pneumonia.<br />

amoxicilina /ácido clavulânico<br />

(5d) +<br />

piperacilina/tazobactam (14d)<br />

Parâmetros de resposta inflamatória modestos<br />

Estudo imunológico e auto-imunidade negativos<br />

S<strong>em</strong> eosinofilia periférica<br />

H<strong>em</strong>oculturas negativas<br />

Serologias negativas<br />

Prednisolona 10 mg<br />

Elevação de parâmetros inflamatórios H<strong>em</strong>oculturas negativas<br />

Ex.bacteriológico da expectoração negativo<br />

Lavado broncoalveoolar: estudo microbiológico e micológico negativos<br />

Pneumonia bilateral<br />

14 a 22 de agosto 3º internamento Pneumonia bilateral<br />

12 a 22 de set<strong>em</strong>bro 4º internamento<br />

Em contexto de redução de dose de<br />

corticoterapia <strong>em</strong> consulta<br />

Medicado novamente com<br />

Prednisolona 10mg<br />

Perfil funcional: DLCO 34%, IT<br />

0.84, CVF 70.2%, FEV1 79.5%<br />

Diagnóstico:<br />

Pneumonia<br />

Organizativa<br />

Hipótese:<br />

ESTATINA<br />

papel etiológico<br />

na PO?<br />

Biópsia transtorácica guiada por TAC: depósitos de fibrina intralveolares<br />

com tendência à organização e <strong>em</strong> parte, aspetos de “Acute fibrinous<br />

Organizing Pneumonia”. S<strong>em</strong> aspetos de infeção fúngica ou de neoplasia.<br />

Última consulta de reavaliação: a 30 de janeiro de <strong>2017</strong> - Processo de desmame de corticoterapia, com boa evolução clínica e imagiológica.<br />

Estatina<br />

Alta com<br />

DISCUSSÃO:<br />

Prednisolona 30mg<br />

A Pneumonia Organizativa é frequent<strong>em</strong>ente designada como a pneumonia que não resolve. O Médico de Família foi crucial na orientação e estudo destas<br />

recidivas de infiltrados imagiológicos, após tentativas de medicação sintomática e recurso a antibioterapia com sucesso t<strong>em</strong>porário. As consultas de<br />

acompanhamento hospitalares permitiram chegar a um enquadramento etiológico. Embora existam relatos de PO com regressão espontânea, o tratamento centrase<br />

na corticoterapia prolongada, assistindo-se <strong>em</strong> 60-70% dos casos à regressão clínica e imagiológica. O Médico de família é fundamental no seguimento deste<br />

utente, estando atento a eventuais recidivas futuras.<br />

Bibliografia:1- Harrison´s Principles of Internal Medicine, 19 th ed. McGraw-Hill 2-A.Bugalho de Almeida, Pneumologia Clínica-Volume IV, Medicina T<strong>em</strong>as Actuais, Atral Cipan, 2010, 29-31 3- Medscapehttp://www.medscape.com/viewarticle/846211


<strong>em</strong> <strong>medicina</strong>

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