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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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seres humanos não são racionais quando dizem respeito àqueles que devemos<br />

proteger. Posso entender a ira.<br />

– A senhorita o mataria?<br />

Cleo apertou os dentes e se colocou no lugar de Sally. Matar ou não matar, eis<br />

a questão.<br />

– Não tenho certeza. Mas mesmo não sendo a mãe da menina, eu já tinha<br />

vontade de esquartejar o assassino. Imagina o que eu faria se fosse a mãe.<br />

– Essa não é a resposta mais adequada para alguém que quer trabalhar para a<br />

principal divisão de investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.<br />

Para que serve o sistema, então?<br />

– Em minha defesa, digo que o senhor está descrevendo casos extremos, e<br />

acredito que qualquer pessoa com coração e sentimentos responderia dessa<br />

forma. E se dizem o contrário, mentem. – que ótimo, agora tinha usado aquela<br />

frase com convicção e dentro de um contexto.<br />

– Está insinuando que todos os agentes do FBI mentiram – sentenciou ele, com<br />

a voz monótona. – Que passaram nos testes psicotécnicos e nas entrevistas<br />

psicológicas com base em falsidades? É isso que está insinuando?<br />

– Não estou insinuando nada. – Desviou os olhos verdes para a janela da sala,<br />

situada em um dos principais escritórios de Washington. A luz do sol passava pelas<br />

persianas e iluminava o lado esquerdo do rosto cheio do senhor Stewart. – Só<br />

estou dizendo que, em determinados momentos, as pessoas não têm nem<br />

disposição e nem paciência para esperar que os outros se vinguem por elas. Eu<br />

adoraria arrancar os braços e as pernas desse maldito e depois entregá-lo ao<br />

Estado, torcendo para que o enviassem a um presídio masculino e sem nenhuma<br />

gota de vaselina. Mas Sally, a mãe em questão, arrancaria a pele do assassino e<br />

atearia fogo nele.<br />

– A senhorita está falando sério? – Ele estava indignado.<br />

– Tem família, senhor Stewart?<br />

As pessoas que trabalhavam no FBI não eram robôs. Cleo acreditava que<br />

ninguém tivesse respondido a mesma coisa que ela. Empatia era sentir a dor do<br />

outro; e ela havia se colocado no lugar de uma mãe destruída, tomada pela raiva<br />

e pela dor porque um covarde sádico havia decidido acabar com a vida de seu<br />

filho. E, por acaso, todos os outros que passaram por aquela mesa responderam<br />

que avisariam a polícia para que outros tomassem as providências? Ela achava<br />

que não.<br />

– Sim, senhorita. Mas isso não vem ao caso. A senhorita realmente agiria assim<br />

de forma tão…<br />

– Impulsiva?<br />

– Vingativa – corrigiu, desaprovando-a. – Sua alma é vingativa.<br />

– Não! – exclamou, frustrada. – Eu…<br />

“Naziiiiiista! A nazista está irritada! Este telefone vai explodir em três… dois…

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