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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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Lion era o completo oposto. Um não tinha nada a ver com o outro. Ele era um<br />

protetor, um defensor… Se estivesse com uma mulher, nunca levantaria a mão<br />

para ela, nunca iria menosprezá-la ou deixar de lhe dar o devido valor, não<br />

mudaria seu jeito de ser nem a maltrataria psicologicamente… Ele era um<br />

homem com gostos distintos na cama. Podia brincar com suas fantasias sempre<br />

que a parceira estivesse de acordo. E a forma que ele tinha de utilizar<br />

instrumentos como o açoite, o chicote, as cordas… era diferente da de Billy Bob.<br />

Por tudo isso, Cleo agora confiava em Lion mais do que nunca.<br />

O jardim estava voltando a ficar como antes. Não havia nem sinal do arreio ou<br />

da polia na árvore, nem de cordas, nem da mala com chicotes… Estava tudo em<br />

ordem.<br />

Lion não encostou no corpo de Billy Bob. Deixou-o tal como estava.<br />

Pegou Cleo pela mão, cabisbaixo, e a levou até o enorme banheiro do andar de<br />

cima. Tomaram banho juntos e em silêncio.<br />

O silêncio poderia significar muitas coisas: falava de desculpas e de perdões;<br />

falava de lamentos e de dor; falava de amor e de corações partidos; do medo de<br />

aceitar quem uma pessoa era de verdade e do medo de não ser aceito.<br />

Os carinhos também eram feitos na alma. Lion a tocou com adoração,<br />

limpando seu corpo e passando nos ferimentos cremes calmantes que<br />

diminuíram os inchaços e os sangramentos… Aos poucos, as marcas<br />

desapareceriam, ainda que a lembrança fosse demorar mais para se apagar.<br />

Ele a abraçou, colando seu peito nas costas dela, ambos nus. Ele a beijou no<br />

pescoço, no ombro, na bochecha… Cleo permitiu porque precisava de cuidados,<br />

precisava que ele a acalmasse com suas mãos… Com qualquer coisa que a<br />

fizesse se sentir querida, ainda que num nível só de amizade.<br />

– Não entendo o que aconteceu – murmurou ele, com cara de assustado. –<br />

Nunca tinha sentido tanto medo e tanta raiva como senti quando te vi ali… com<br />

ele…<br />

– Não há o que entender – Cleo explicou, mais tranquila. – A qualquer<br />

momento um homem pode entrar na sua casa e te machucar…<br />

– Estou me sentindo envergonhado e arrependido. Eu não podia deixar você<br />

sozinha.<br />

– Você não tinha como saber o que ia acontecer… Está tudo bem. Eu não te<br />

culpo.<br />

– Eu me culpo.<br />

– Não é culpa sua que existam bandidos à solta. Eu poderia ter falado pra você<br />

disso, mas não dei importância… não pensei que fosse importante.<br />

– Você tinha que ter me falado, Cleo. Não entendo como você não me disse<br />

que tinha um cara desses à solta que não gostava nada de você. Eu teria tomado<br />

precauções em todos os sentidos.<br />

– Ele esteve aqui ontem à noite. Quando ficamos bêbados… Ele falou que nos

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