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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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mitológicas estava muito arraigada no caráter supersticioso dos nativos da cidade.<br />

A mansão estava sendo remodelada para se transformar em um conjunto de<br />

apartamentos de luxo. Era bonita, de arquitetura francesa, como quase toda Nova<br />

Orleans e o Bairro Francês. O ator Nicolas Cage a havia comprado; mas por não<br />

conseguir pagar os altos impostos, perdeu-a.<br />

Enquanto isso, graças a alguns contatos exclusivos do organizador da festa<br />

clandestina de BDSM, ela era utilizada para suas próprias necessidades só por<br />

aquela noite.<br />

Cleo ficou arrepiada com o lugar, e mais arrepiada ainda com alguns amos e<br />

submissas que havia observado no salão.<br />

Algumas usavam coleiras de dominação tão grandes que pareciam cavalos;<br />

outros exibiam seus submissos e submissas com correntes presas no pescoço.<br />

Pelo visto, aqueles eram os mais radicais; ainda que o mais curioso para Cleo<br />

fosse perceber como todos estavam felizes por estarem daquele jeito.<br />

Ali nada era humilhante, nem degradante. Nada era escandaloso demais.<br />

Todos viviam o BDSM à sua maneira.<br />

Lion e ela não se falavam. Quando Lion perguntava alguma coisa, ela<br />

respondia com um “sim” ou um “não” bem curto e tímido.<br />

Até que a curiosidade falou mais alto e, enquanto ela bebia um pouco de<br />

ponche que ele pegou, perguntou:<br />

– Posso fazer uma pergunta, senhor?<br />

– Fale – respondeu, seco, olhando com desaprovação e desafio para os homens<br />

mascarados que se aproximavam demais de Cleo.<br />

– Quem organizou esta festa?<br />

– Os praticantes de BDSM de Nova Orleans.<br />

– E você faz parte deles? – Cleo não fitava os olhos dele quando fazia uma<br />

pergunta, em sinal de respeito e submissão. Porém, a verdade é que estava<br />

sofrendo ao atuar assim.<br />

– Faço. Mas não consigo vir nunca por causa do trabalho.<br />

– Pelo menos eles lembram de você. Mas já era esperado: meu senhor é<br />

excelente.<br />

Lion a olhou de canto de olho.<br />

– Estou somando as chicotadas, Nala. Não faça eu me cansar.<br />

– Mas eu não entendo, senhor – protestou, fingindo arrependimento. – Não fiz<br />

nada que possa te incomodar, fiz?<br />

– Você está zombando de mim. Não gosto disso. Conheço você o suficiente<br />

para saber que seu comportamento de submissa é fictício. Você está fingindo.<br />

Ah, mas Lion não a conhecia. Ele achava que sim, porque Cleo tinha sido<br />

transparente e honesta com ele, sempre, sem subterfúgios. No entanto, ele não<br />

conhecia a Cleo que não se dava com os outros, principalmente com aqueles que<br />

a machucaram.

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