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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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RUA TCHOUPITOULAS<br />

Sua casa era um aconchegante chalé com quatro cômodos, um jardim nos<br />

fundos e um alpendre na frente. As casas em Nova Orleans eram as típicas<br />

casinhas que se viam nos filmes: de madeira, grandes, espaçosas e de muitas<br />

cores, e em conjuntos residenciais onde quase todos se conheciam. Cleo ocupava<br />

uma dessas moradias. Era chamada de híbrida, de madeira e de tijolos, e estava<br />

envernizada em tons brancos e azuis, com vasos cheios de flores das mais<br />

diversas cores. O piso interno era de tacos claros e as paredes eram pintadas em<br />

tons neutros.<br />

Cleo morava sozinha, acompanhada de um pequeno camaleão chamado<br />

Rango, como o do filme. Ela o deixava sair do terrário e passear pelo alpendre,<br />

entre as plantas e os bambus. Dizia que assim o pobre animal fazia algum<br />

exercício.<br />

O alpendre era decorado por um conjunto de poltronas e cadeiras de vime<br />

marrom-escuras, com almofadas brancas e vermelhas.<br />

No jardim havia uma pequena jacuzzi aquecida. Quando queria, e conforme<br />

as necessidades, a água era fria ou quente, e ela era usada tanto no verão quanto<br />

no inverno. Cleo adorava tomar seus mojitos dentro d’água, ouvindo Eny a e os<br />

sons dos grilos durante as poucas noites de sábado que ela tinha de folga.<br />

Magnus, seu lindíssimo comandante, sempre insistia em se convidar a visitá-la<br />

quando ela tinha o dia livre. E quando dizia “lindíssimo”, se referia a um moreno<br />

alto de olhos azuis e costas bem definidas. Mas Cleo considerava um erro grave<br />

manter algo mais do que uma simples relação profissional com seu chefe. Por<br />

isso, muito educadamente, sempre o rejeitava. Ainda assim, se havia uma<br />

palavra que definia bem Magnus, era “perseverança”; portanto, o rapaz não<br />

deixava de tentar uma vez ou outra.<br />

O que ele via nela? Só ele sabia.<br />

Subiu para o quarto e tirou a roupa da rua para colocar um shortinho, o top e as<br />

luvas de boxe Adidas rosa e pretas. Prendeu o cabelo, deixando um grande rabo<br />

de cavalo vermelho. Depois de um dia de trabalho, ela gostava de aliviar a tensão<br />

com o saco de pancada Lonsdale que tinha no jardim.<br />

Um soco mais para cima, dois seguidos no meio… chute! E repetia.<br />

Executava os movimentos no ritmo de “Something for the Pain”, do Bon Jovi,<br />

quando a música nos seus fones de ouvido parou, dando lugar à ligação de sua<br />

mãe, Darcy.<br />

– Mamãe.<br />

– Oi, meu amor. Tudo bem?<br />

– Estou na mesma de meio-dia, quando você me perguntou o que eu estava<br />

comendo. – Deu um salto e chutou o saco com a perna direita.<br />

– Querida… você tem falado com a Leslie? – perguntou sua mãe, com a voz<br />

trêmula. – Ela nunca ficou tantos dias sem dar notícias. Sempre dá um jeito de

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