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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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– Amém. – Cleo desligou.<br />

Em seguida, levantou e repassou os relatórios da denúncia de maus-tratos<br />

contra Ben Fleur, e da pequena rede de traficantes adolescentes que agiam nas<br />

escolas De La Salle, Cabrini e Ben Franklin. Cleo e o comandante, Magnus, já<br />

tinham repassado os locais de ação dos grupos. E previam encontrar, no dia<br />

seguinte, a pessoa que oferecia os comprimidos de ecstasy para os jovens: o<br />

chefe da quadrilha.<br />

E, por fim, viu com tristeza a mensagem que Magnus tinha deixado para ela na<br />

tela do computador: “Billy Bob está solto”.<br />

– Caralho… Não pode ser, Martha! – falou consigo mesma, sem acreditar que<br />

aquele agressor estaria livre novamente porque sua mulher tinha retirado as<br />

acusações.<br />

Não podia controlar algumas coisas; dentre elas, o medo e a estupidez alheios.<br />

Saiu do trabalho e dirigiu seu Mini até em casa, na rua Tchoupitoulas. Não<br />

conseguia falar aquele nome sem cair na risada e imaginar que quem o escolheu<br />

adorava uma “pitchula”.<br />

Nova Orleans era uma cidade muito tranquila. Depois de ter sido parcialmente<br />

destruída pelo Katrina, que matou mais da metade da população, os cidadãos<br />

tomaram consciência de tudo aquilo que os rodeava, e, depois de recuperada da<br />

tragédia, a cidade vivia uma relativa e sadia paz.<br />

Claro que não era uma cidade cheia de santos. Pelo menos ela estava no<br />

Bairro Francês, uma região valorizada e muito famosa, repleta de casas de todas<br />

as cores e com uma vida noturna agitada, com baladas e restaurantes de onde<br />

sempre se podia ouvir de longe o imortal jazz… E com casas de striptease e<br />

bordéis camuflados de cem em cem metros. Ela, sempre que passava por ali,<br />

dizia a si mesma: “Bem-vinda ao Bairro Francês, onde você pode ter o que<br />

quiser: o sax ou o sexo”. Ainda havia o vício e o álcool, os jovens se<br />

encarregavam de causar algumas brigas de rua e cometer um ou outro furto…<br />

Mas não. Nova Orleans não era o Bronx.<br />

Ela não podia reclamar de que faltava trabalho. Mas não eram as emoções<br />

fortes que ela sonhava ter quando era pequena. Daquelas que faziam a gente se<br />

lembrar de que estava vivo. E procurar o Sansão ou vigiar um grupo de garotos<br />

em fase de experimentação não era nada arriscado – nem nada pelo que ela<br />

pudesse ganhar uma medalha de honra.<br />

Leslie, sim, poderia ganhar uma a qualquer momento, e Cleo se emocionava<br />

só de imaginar.<br />

Havia sido promovida seis meses antes, pelo menos isso. Magnus, atual<br />

comandante da polícia, deu-lhe a promoção de sargento para tenente. Por quê?<br />

Porque ela havia detido Billy Bob quando ele estava prestes a matar a mulher,<br />

Martha, na porrada.<br />

Seus pais estavam tão orgulhosos dela que não cabiam em si de tanta emoção.

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