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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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Os pais dela, por outro lado, eram encantadoramente sulistas. Também eram<br />

altos, mas com a pele mais clara, com tendência para ficarem vermelhos com o<br />

sol. Sua mãe tinha o cabelo ruivo como ela, e seu pai, preto como o de Leslie. E<br />

ambos tinham os olhos claros. Herança irlandesa, sim senhor.<br />

Além disso, eles se preocupavam com Nova Orleans de maneiras diferentes.<br />

A família dela, por exemplo, tomava conta da segurança. Seu pai, Charles, era<br />

reconhecido como um herói em todo o estado da Luisiana pelas vidas que ele<br />

ajudou a salvar durante o Katrina. Às vezes ainda exibiam imagens de Charles<br />

próximo de um helicóptero caído, ajudando a recuperar corpos boiando nos rios,<br />

ainda com vida. Cleo se lembrou disso e sentiu uma onda de orgulho tomar conta<br />

dela, dos pés à cabeça.<br />

Sua mãe fazia as melhores orchatas e raspadinhas de toda a Luisiana, e era<br />

dona de uma rede que contava com três estabelecimentos, todos muito bem<br />

frequentados.<br />

“Sim”, ela pensou, satisfeita. “Não eram multimilionários, mas eram únicos.<br />

Os melhores para ela.”<br />

Os pais de Lion, Anna e Michael, tinham modos um tanto quanto distintos, mas<br />

haviam aprendido a crescer com a terra, e tinham conseguido sua riqueza à base<br />

de muito trabalho. A melhor coisa era que eles eram simples e autênticos.<br />

Preocupavam-se muito com seus filhos, Shane e Lion. E adoravam os amigos<br />

verdadeiros. Gostavam dela como se ela fosse mais uma filha.<br />

Lion posicionara os braços em cima dos ombros do pai de Cleo, Charles, e do<br />

seu próprio, Michael. Quando a olhou, deu uma piscadinha engraçada, e Cleo<br />

achou que nada poderia ser pior, mas o desastre só estava começando.<br />

Dos grandes.<br />

Se fosse para dar merda, tinha que ser uma merda apoteótica.<br />

Sua mãe, Darcy, olhou seus cabelos molhados, e depois dirigiu o olhar para<br />

Lion.<br />

“Não, mamãe, nós não viemos da praia.”<br />

Como não sabia o que dizer, ela deu um sorriso enorme e sua mãe abriu os<br />

braços, esperando que sua filhinha querida se abrigasse entre eles.<br />

E Cleo se surpreendeu ao fazê-lo, obrigando-se a sorrir e a fingir que estava<br />

tudo bem, porque precisava do calor materno. Precisava falar com ela e explicar<br />

o que estava acontecendo, mas não podia. Para uma mãe, saber que uma de suas<br />

filhas estava desaparecida, que havia sido sequestrada, não era fácil de digerir.<br />

– Mamãe… – murmurou.<br />

– Querida! Não vamos te perdoar por isso.<br />

– Não mesmo. – Anna lançou um olhar de cumplicidade e abriu os braços,<br />

para cumprimentá-la ao modo sulista; ou seja, com um abraço tão apertado que<br />

deixava a pessoa sem ar. – Menina!<br />

– Claro que não – grunhiu o pai de Cleo, olhando de canto de olho para Lion,

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