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“Merda. Merda. O senhor raio X começa a ser perigoso pra mim.”<br />
Ele a beijou no canto dos lábios, e Cleo ficou sem fôlego.<br />
– Toma, sua bruxa – murmurou perto de seus lábios, afastando-se rapidamente<br />
dela. – Vamos tomar café.<br />
– Vamos. – Pestanejou repetidas vezes, até sair do transe. Lamentou não ter<br />
língua de sapo para a enfiar na boca dele. Mas ela era humana e lenta, o que<br />
podia fazer?!<br />
– Estou faminto.<br />
– E eu, então! – murmurou Cleo. E não se referia à comida.<br />
Sentados na escada que terminava na entrada do jardim, os dois comeram as<br />
famosas beignets de Nova Orleans, características do Mardi Gras, celebrado em<br />
fevereiro e em março. Eram uns bolinhos parecidos com donuts, mas sem o furo<br />
no meio, recheados com um creme e cobertos com açúcar de confeiteiro e<br />
qualquer outro tipo de cobertura.<br />
Cleo adorava um café da manhã bem gorduroso e percebeu que Lion também<br />
gostava, devorando tudo.<br />
Sorriu ao vê-lo comer daquele jeito tão guloso, bebendo café para depois<br />
colocar um bolinho inteiro na boca. E outro e mais outro… Como é que ele<br />
comia assim e tinha um corpo tão incrível?<br />
Ele deu uma olhada para ela de canto de olho e começou a rir.<br />
– O que foi? – perguntou Cleo.<br />
– Você se suja do mesmo jeito de quando era pequena – Lion observou,<br />
sorridente. – Naquele tempo, você lambuzava até o nariz quando estava comendo<br />
beignets.<br />
– Estranho você se lembrar do jeito que eu comia – respondeu ela, mordendo<br />
um pedaço cheio de creme. – Você nunca me queria por perto. Eu te<br />
incomodava.<br />
Lion franziu a testa como se a lembrança não coincidisse com a dele.<br />
– Você me incomodava… porque me deixava nervoso. Você não tinha<br />
consciência de nada e não percebia o que era perigoso pra você, a gente tinha<br />
que te vigiar sempre.<br />
– Claro… – Ela revirou os olhos. – Você me vigiava tanto que só olhava para<br />
onde estava minha irmãzinha. Mas eu entendo. – Levantou a mão suja de açúcar.<br />
– Minha irmã era como uma princesa nórdica, e eu era a “cara de cenoura”,<br />
Pippi Meialonga… e todas essas grandes protagonistas femininas cheias de<br />
personalidade – brincou.