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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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Cleo – esclareceu Lion, erguendo e oferecendo a mão para ela, com a palma<br />

virada para cima. – Eu nunca fui dono de ninguém. Sobremesa? Comprei uma<br />

torta de nozes-pecã.<br />

Cleo estava com o estômago fechado. A tensão entre eles era notável, e ela<br />

não sabia se era porque ele ainda estava bravo, porque ela estava brava, ou<br />

porque se tratava de uma simples e inegável tensão sexual.<br />

– Não quero sobremesa, obrigada.<br />

– Eu também não quero. Venha comigo.<br />

Cleo aceitou a mão que ele oferecia e o acompanhou para dentro do quarto. A<br />

cama enorme de colcha roxa e travesseiros brancos e dourados os aguardava,<br />

com um sorriso de quem sabe das coisas, esperando a ação que fizesse o preço<br />

pago por ela valer a pena. A luz que vinha da varanda iluminava o interior do<br />

aposento com tons claros de luar.<br />

– Você nunca foi dono de uma submissa? Não entendo. Um amo não existe<br />

sem uma submissa – raciocinou Cleo, curvando um pouco as costas para que<br />

seus peitos deixassem de roçar em seu sutiã. O que ele queria dizer com nunca<br />

ter possuído ninguém?<br />

– Estive com mulheres que precisavam de alguém para guiá-las e para saciar<br />

a sede que tinham de submissão. Instruí e ensinei o caminho a seguir, sobretudo<br />

para que elas aprendessem a diferenciar um amo equilibrado de um amo<br />

psicopata, um amo dominador de um amo sádico. No fim das contas, o BDSM<br />

tem que ser uma prática e um estilo de vida sexual de cada um. Não é uma<br />

prisão e nem uma moda. O BDSM é pra sempre. Minha maior preocupação é<br />

que essas mulheres, procurando alguém para dominá-las, tenham a má sorte de<br />

encontrar alguém que possa machucá-las de verdade, como aconteceu, por<br />

exemplo, com as vítimas desse caso <strong>Amos</strong> e <strong>Masmorras</strong>. Há falsos amos à solta,<br />

e é preciso saber detectá-los. Todos, mulheres e homens, têm que saber bem as<br />

diferenças.<br />

– Você é um amo pra isso? Pra iluminá-las? – Cleo sorriu, incrédula. – Logo se<br />

vê como você é bonzinho e tudo mais.<br />

– Não. Não é por isso. Mas quando elas estão comigo, elas têm que saber<br />

diferenciar o que é saudável, simples e consensual do que não é. Sempre há<br />

diferenças, e eu gosto de deixá-las bem claras.<br />

– Pois pra mim a diferença é de que o amo deve sempre respeitar o submisso,<br />

sobretudo quando não há contrato nem relação emocional que os una. Que o amo<br />

entenda que há limites que não podem ser ultrapassados.<br />

Lion a olhou de soslaio. Não poderia ter sido mais direta.<br />

Ela estava certa. Ele não tinha o direito de fuçar na vida pessoal ou sentimental<br />

de Cleo. A relação que ela tinha com Magnus, qualquer que fosse, só era de<br />

interesse dela.<br />

O problema é que ele começava a ter vontade, de forma consensual e

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