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Amos e Masmorras - Lena Valenti

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um! Booom!”<br />

O toque parou. Cleo podia imaginar sua mãe, Darcy, enviando uma<br />

mensagem, uma daquelas bem típicas: “Oi? Cleo? Está aí, querida?”.<br />

Não entendia como ela deixava sempre a mesma mensagem se já estava<br />

cansada de saber que falava com a secretária eletrônica…<br />

– Você tem uma irmã trabalhando no FBI. A senhorita… – O doutor Stewart<br />

inclinou a cabeça e ajeitou os óculos para encontrar o relatório. – Leslie. Ah, sim.<br />

Uma agente brilhante – reconheceu ele com orgulho. Depois de enumerar todas<br />

as missões bem-sucedidas de Leslie, perguntou: – Você quer seguir os passos<br />

dela?<br />

Cleo apertou os olhos. Leslie era sua irmã, um exemplo a ser seguido para ela.<br />

Era três anos mais velha e alvo de sua adoração. Quando eram pequenas,<br />

prometeram que sempre estariam juntas e que tirariam de circulação todos os<br />

criminosos e malfeitores. Elas tinham a vocação para ser super-heroínas e<br />

nenhuma delas podia evitar. Era o que acontecia quando se crescia em uma<br />

família cheia de policiais: ou você evitava as armas por toda a sua vida, ou se<br />

apegava àquele ambiente. E as duas estavam apegadas. Claro que ela gostaria de<br />

trabalhar com Leslie. O que tinha de mais em querer atingir os mesmos objetivos<br />

da irmã? Em estar com ela? Mas Cleo não estava ali só por isso. O FBI envolvia o<br />

que ela mais gostava: as investigações sobre as violações de crimes federais.<br />

Prender os piores, os mais perigosos, a escória da humanidade.<br />

Bom, bem observado, talvez ela tivesse mesmo uma alma vingativa.<br />

– A questão, senhorita Connelly, é que se você entrar no sistema, é para<br />

respeitá-lo. – Os poucos fios de cabelos brancos que iam do lado esquerdo para o<br />

direito da cabeça, no intento de esconder a calvície, se desajustaram quando ele<br />

carimbou com ímpeto as folhas da avaliação geral, o que dava a ele um aspecto<br />

de Gollum desalinhado. O homem estampou na folha uma palavra que a deixou<br />

entre a tristeza e a indignação. – Inapta.<br />

– Inapta?! – exclamou, levantando-se e cravando as mãos sobre a mesa. –<br />

Mas… Por quê? Por ser honesta?! Tenho totais competências para estar em todas<br />

as outras divisões. Sou uma atleta e falo quatro malditos idiomas… Tenho a<br />

melhor avaliação em investigação criminal e… E só porque reconheci que<br />

gostaria de dar uma lição no…?<br />

– Senhorita Connelly… – O psicólogo levantou a mão para deter a apelação. –<br />

A cadeia, lamentavelmente, está cheia de pessoas que pretendiam dar lições em<br />

outras. A senhorita deveria prevenir e se certificar que esse tipo de<br />

comportamento vingativo não se repita. Para isso servem as leis e a Constituição.<br />

Acabamos por aqui. Agora, se me dá licença…<br />

Se dava licença? Não! Licença nenhuma! Ela estava sendo julgada<br />

injustamente!<br />

– Deveria trabalhar sua irritabilidade e essas suas tendências homicidas –

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