Biblia Hebraica
densa nuvem o encubra; que tudo que faz um dia escurecer o aterrorize. 6 Que espessa escuridão paire sobre esta noite; que não seja agregada aos demais dias do ano e não seja considerada no cômputo dos meses. 7 Que seja desolada e que nela jamais se escutem vozes de alegria. 8 Que a amaldiçoem os que maldizem os dias, os que estão prontos para despertar o Leviatan. 9 Que não brilhem as estrelas de sua alvorada; que ela busque luz e não encontre nenhuma; que tampouco perceba o amanhecer. 10 Por que não fez cerrar o ventre (de minha mãe) nem ocultou de meus olhos o desastre que viria? 11 Por que não morri ainda em seu ventre? Por que não pereci ao nascer? 12 Por que me recebeu seu regaço? Por que me nutriram seus seios? 13 Pois assim jazeria eu, tranquilo (em minha tumba); estaria a dormir e descansar 14 junto a reis e conselheiros da terra, que edificaram palácios que são agora ruínas; 15 ou com príncipes, ricos em ouro, que cobriram de prata seus palácios; 16 ou com um oculto aborto que não tivesse existido, ou uma criança que não tivesse chegado a ver a luz. 17 Ali (na tumba) não se agitam os malévolos; ali repousam os extenuados. 18 Ali ficam tranquilos os cativos, sem ouvir as vozes dos feitores; 19 pequenos ou grandes, todos ali são iguais, e o servo está livre de seu amo. 20 Por que dar à luz o infortunado e vida ao de alma amargurada? 21 Ou aos que esperam pela morte que não os alcança e a buscam mais que a tesouros ocultos, 22 ou aos que se regozijam por demais, e se alegram somente quando chegam ao túmulo? 23 Por que dar à luz um homem cujos caminhos lhe estão vedados e para quem Deus fecha todas as saídas? 24 Pois suspiros são meu alimento e como água escoam meus gemidos; 25 pois tudo que eu temia me acometeu, e o que eu mais receava me veio a acontecer. 26 Eu não me sentia seguro, estava inquieto e não encontrava repouso, e sobre mim desabou a tormenta. 4 1 Respondeu-lhe, então, Elifaz, o iemenita, e disse: 2 Ante uma palavra a ti dirigida ficarias aborrecido? Mas quem se poderia conter se não falar? 3 Orientaste a muitos e conseguiste fortalecer mãos que eram frágeis. 4 Tuas palavras sustentaram ao que estava por desfalecer e deram firmeza a joelhos que, por fraqueza, se dobravam. 5 Agora, porém, quando a desgraça te atinge, te mostras desalentado; quando ela te alcança, te desesperas. 6 Não reside tua confiança no temor que guardas (a Deus), e tua confiança, na retidão de teus caminhos? 7 Lembra, eu te peço. Quem teria perecido sendo inocente? Ou quando foi o justo abatido? 8 Conforme o que tenho visto, os que praticam iniquidades e que semeiam o mal são os que colhem seus frutos. 9 O alento de Deus os faz perecer e o sopro de Sua ira os consome. 10 O rugir do grande leão, o bramir do leão e os dentes do filhote perdem-se em vão. 11 Por falta de presas perece o adulto e ficam espalhadas e desprotegidas as crias da leoa. 12 Furtivamente me atingiu uma mensagem da qual um sussurro alcançou meus ouvidos. 13 Em pensamentos trazidos pelas visões noturnas, quando o sono
profundo envolve o ser humano, 14 atingiu-me o pavor e estremeceram todos os meus ossos. 15 Passou então ante meu rosto um espírito que arrepiou meus cabelos. 16 Postou-se à minha frente, mas não pude discernir sua aparência; era aos meus olhos apenas uma forma; ouvi então uma voz tranquila a dizer: 17 Poderia o homem, um ser mortal, ser mais justo que Deus? Pode o homem ser mais puro que seu Criador? 18 Eis que não confia em Seus servos e a Seus anjos atribui fraquezas; 19 menos ainda poderá confiar nos que habitam em casas feitas de argila, cujas fundações se apoiam na areia, e que podem ser esmagados tão facilmente como os vermes. 20 Entre a manhã e a noite são destruídos; perecem para sempre sem que ninguém sequer perceba. 21 Seu vão orgulho lhes é arrancado e morrem sem sabedoria. 5 1 Busca agora! Haverá alguém que te possa responder? A que anjo clamarás? 2 Pois vê que a ira mata o insensato e a inveja corrói o ingênuo. 3 Vi o insensato criar raízes, mas vi também sua casa ser, de imediato, amaldiçoada. 4 Seus filhos não foram protegidos e em sua porta foram pisoteados, sem ninguém para defendê-los. 5 Por famintos, que comem até o bagaço, sua colheita foi consumida, e por sedentos foi exaurido todo o suco que restou. 6 Mas o infortúnio não surge do pó e nem do solo brotam castigos. 7 Antes, do próprio homem, que já nasce capaz de suportá-los, vem o resultado do que faz, como centelhas brotam do fogo que arde. 8 Em teu lugar, eu recorreria a Deus e a Ele confiaria minha causa. 9 Sim! A Ele, que pratica tantos atos grandiosos, prodigiosos e insondáveis: 10 que traz a chuva para a terra e a espalha pelos campos; 11 que eleva às alturas os caídos e proporciona segurança aos aflitos; 12 que frustra as conspirações dos ardilosos para que não se tornem efetivas suas maquinações; 13 que em suas próprias armadilhas aprisiona os ardilosos e que torna inócuo o conselho dos malvados, 14 fazendo com que tropecem, como nas trevas, em pleno dia, e andem tateando, como se fora noite, na luz do meio-dia, 15 salvando das espadas, que são suas línguas, o necessitado, e resgatando os oprimidos das mãos dos poderosos. 16 Assim mantém o pobre a esperança e cala a voz da iniquidade. 17 Eis que é bem-aventurado o homem a quem Deus corrige! Não desprezes, portanto, a lição do Onipotente, 18 pois é Ele quem provoca a ferida, mas é também quem lhe aplica a atadura. Ele fere, mas Suas mãos curam. 19 De seis atribulações te salvará, e mesmo na sétima mal algum te atingirá: 20 durante a fome te livrará da morte, e na guerra, do fio da espada. 21 Da língua que vilipendia serás protegido, e não temerás a destruição quando ela se aproximar de ti. 22 Rir-te-ás ante a devastação e a fome, e não temerás os animais selvagens. 23 Porque as pedras do campo não te farão tropeçar, e as bestas do campo não te ameaçarão. 24 Saberás que tua morada está em paz e, ao percorrê-la, verás que nada estará faltando. 25 Saberás também que tua descendência é numerosa, pois se multiplicará como a erva do campo. 26 E somente já em idade madura chegarás ao túmulo, como o feixe de trigo colhido no tempo certo. 27 Assim averiguamos e assim é. Escuta, pois, e tem isto
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profundo envolve o ser humano, 14 atingiu-me o pavor e estremeceram todos os meus ossos.<br />
15 Passou então ante meu rosto um espírito que arrepiou meus cabelos. 16 Postou-se à minha<br />
frente, mas não pude discernir sua aparência; era aos meus olhos apenas uma forma; ouvi então<br />
uma voz tranquila a dizer: 17 Poderia o homem, um ser mortal, ser mais justo que Deus? Pode o<br />
homem ser mais puro que seu Criador? 18 Eis que não confia em Seus servos e a Seus anjos<br />
atribui fraquezas; 19 menos ainda poderá confiar nos que habitam em casas feitas de argila,<br />
cujas fundações se apoiam na areia, e que podem ser esmagados tão facilmente como os<br />
vermes. 20 Entre a manhã e a noite são destruídos; perecem para sempre sem que ninguém<br />
sequer perceba. 21 Seu vão orgulho lhes é arrancado e morrem sem sabedoria.<br />
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1 Busca agora! Haverá alguém que te possa responder? A que anjo clamarás? 2 Pois vê<br />
que a ira mata o insensato e a inveja corrói o ingênuo. 3 Vi o insensato criar raízes, mas vi<br />
também sua casa ser, de imediato, amaldiçoada. 4 Seus filhos não foram protegidos e em sua<br />
porta foram pisoteados, sem ninguém para defendê-los. 5 Por famintos, que comem até o<br />
bagaço, sua colheita foi consumida, e por sedentos foi exaurido todo o suco que restou. 6 Mas o<br />
infortúnio não surge do pó e nem do solo brotam castigos. 7 Antes, do próprio homem, que já<br />
nasce capaz de suportá-los, vem o resultado do que faz, como centelhas brotam do fogo que<br />
arde. 8 Em teu lugar, eu recorreria a Deus e a Ele confiaria minha causa. 9 Sim! A Ele, que<br />
pratica tantos atos grandiosos, prodigiosos e insondáveis: 10 que traz a chuva para a terra e a<br />
espalha pelos campos; 11 que eleva às alturas os caídos e proporciona segurança aos aflitos;<br />
12 que frustra as conspirações dos ardilosos para que não se tornem efetivas suas<br />
maquinações; 13 que em suas próprias armadilhas aprisiona os ardilosos e que torna inócuo o<br />
conselho dos malvados, 14 fazendo com que tropecem, como nas trevas, em pleno dia, e andem<br />
tateando, como se fora noite, na luz do meio-dia, 15 salvando das espadas, que são suas línguas,<br />
o necessitado, e resgatando os oprimidos das mãos dos poderosos. 16 Assim mantém o pobre a<br />
esperança e cala a voz da iniquidade. 17 Eis que é bem-aventurado o homem a quem Deus<br />
corrige! Não desprezes, portanto, a lição do Onipotente, 18 pois é Ele quem provoca a ferida,<br />
mas é também quem lhe aplica a atadura. Ele fere, mas Suas mãos curam. 19 De seis<br />
atribulações te salvará, e mesmo na sétima mal algum te atingirá: 20 durante a fome te livrará da<br />
morte, e na guerra, do fio da espada. 21 Da língua que vilipendia serás protegido, e não temerás<br />
a destruição quando ela se aproximar de ti. 22 Rir-te-ás ante a devastação e a fome, e não<br />
temerás os animais selvagens. 23 Porque as pedras do campo não te farão tropeçar, e as bestas<br />
do campo não te ameaçarão. 24 Saberás que tua morada está em paz e, ao percorrê-la, verás<br />
que nada estará faltando. 25 Saberás também que tua descendência é numerosa, pois se<br />
multiplicará como a erva do campo. 26 E somente já em idade madura chegarás ao túmulo, como<br />
o feixe de trigo colhido no tempo certo. 27 Assim averiguamos e assim é. Escuta, pois, e tem isto