11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O princípio da proporcionalida<strong>de</strong>, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> regra <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração, se<br />

<strong>de</strong>stina a solucionar o conflito entre princípios constitucionais, em um caso concreto,<br />

aplican<strong>do</strong>-se um princípio ao invés <strong>do</strong> outro que está em conflito, sem <strong>de</strong>scartar a<br />

valida<strong>de</strong> e eficácia <strong>do</strong> princípio não aplica<strong>do</strong>.<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, as conclusões <strong>de</strong> Carlos Zangran<strong>do</strong> (131) ao comentar a Súmula<br />

n. 221, in verbis:<br />

“Assim, <strong>de</strong> fato, a ‘intepretação razoável’ a que se refere a Súmula em<br />

comento tem seus limites <strong>de</strong>linea<strong>do</strong>s pelos princípios da proporcionalida<strong>de</strong><br />

e razoabilid<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> a autorida<strong>de</strong> perscrutá-los, inicialmente,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s autos, verifican<strong>do</strong> a existência ou não <strong>de</strong> um relacionamento<br />

harmonioso entre as alegações, os fatos narra<strong>do</strong>s, as provas produzidas,<br />

o direito aplicável e a <strong>de</strong>cisão proferida. Num segun<strong>do</strong> momento, essa<br />

mesma autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá guiar-se pela pon<strong>de</strong>ração inteligente sobre os<br />

reflexos sociais da <strong>de</strong>cisão, além <strong>de</strong> questionar sempre se essa <strong>de</strong>cisão<br />

proporcionará o bem comum, ou apenas o bem <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> alguns, em<br />

<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outros. Não é um exame afoito da causa, por óbvio, que fará<br />

com que alcancemos a certeza da existência ou não da tal ‘interpretação<br />

razoável’. Como tu<strong>do</strong> na vida, a pon<strong>de</strong>ração, também nesse momento, se<br />

faz imprescindível, sob pena <strong>de</strong> formentar-se a discórdia, a insegurança<br />

e o <strong>de</strong>scrédito <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.”<br />

Doravante, diante <strong>do</strong> cancelamento <strong>do</strong> inciso II da Súmula n. 221 <strong>do</strong> TST, a<br />

jurisprudência <strong>do</strong> TST irá analisar caso a caso se houve ou não violação literal <strong>de</strong> lei<br />

ou da Constituição no caso concreto, não mais prevalecen<strong>do</strong> o critério da intepretação<br />

razoável. Com isso, o Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> passa a admitir o recurso <strong>de</strong><br />

revista com maior flexibilida<strong>de</strong>.<br />

Se a <strong>de</strong>cisão regional não enfrentou expressamente as questões sobre a interpretação<br />

<strong>de</strong> lei fe<strong>de</strong>ral ou constitucional, são cabíveis os embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração<br />

para prequestionamento da matéria.<br />

No aspecto, importante <strong>de</strong>stacar as seguintes ementas:<br />

“Recurso <strong>de</strong> revista — Admissibilida<strong>de</strong> — Violação direta — Princípio da legalida<strong>de</strong>. 1. O Tribunal<br />

Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, seguin<strong>do</strong> a trilha da jurisprudência <strong>do</strong>minante no STF, vem <strong>de</strong>cidin<strong>do</strong><br />

que, em regra, a alegação <strong>de</strong> afronta ao art. 5 o , II, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, em se<strong>de</strong> extraordinária,<br />

configura tão somente ofensa reflexa ao Texto Constitucional, máxime se necessário o<br />

exame da legislação infraconstitucional pertinente à penhora <strong>de</strong> crédito futuro. 2. Agravo <strong>de</strong><br />

instrumento a que se nega provimento.” (TST 1 a T. – AIRR n. 1.149/1999.011.10.00-9 – rel.<br />

João Oreste Dalazen – DJ 4.6.04 – p. 542) (RDT n. 8 – Agosto <strong>de</strong> 2004)<br />

“Recurso <strong>de</strong> revista — Admissibilida<strong>de</strong> — Ofensa à Constituição Fe<strong>de</strong>ral — Violação<br />

literal e direta. 1. O recurso <strong>de</strong> revista, por violação à Constituição Fe<strong>de</strong>ral, somente se<br />

viabiliza em caso <strong>de</strong> ofensa literal e direta. Incabível recurso <strong>de</strong> revista por violação ao art.<br />

5 o , incisos II, LIV, da Constituição da República, porquanto o reconhecimento <strong>de</strong> violação<br />

aos princípios da legalida<strong>de</strong> genérica, bem como <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal, previstos<br />

(131) Processo <strong>do</strong> trabalho: processo <strong>de</strong> conhecimento. Vol. II. São Paulo: LTr, 2009. p. 1.634.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 971

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!