11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RECLAMADO. PRELIMINAR DE<br />

ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM 1 – A legitimida<strong>de</strong> da parte para figurar no polo<br />

passivo da <strong>de</strong>manda é constatada em razão <strong>do</strong> que afirma o reclamante (teoria da asserção).<br />

2 – Tem legitimida<strong>de</strong> passiva o reclama<strong>do</strong> que, em razão <strong>de</strong> ter participa<strong>do</strong> da relação<br />

jurídica discutida nos autos, em princípio possa vir a respon<strong>de</strong>r pela satisfação da pretensão<br />

manifestada em juízo, como no caso <strong>do</strong>s autos, em que o Banco foi compeli<strong>do</strong> a cumprir<br />

obrigação <strong>de</strong> fazer consistente na apresentação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos relativos ao plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> reclamante. 3 – Agravo <strong>de</strong> instrumento a que se nega provimento. JULGAMENTO EX-<br />

TRA PETITA. NÃO OCORRÊNCIA 1 – No processo <strong>do</strong> trabalho, no qual se aplica a regra<br />

<strong>do</strong> art. 840, § 1 o , da CLT, exige-se que a petição inicial apresente o pedi<strong>do</strong> e uma breve<br />

exposição <strong>do</strong>s fatos <strong>de</strong> que resulte o dissídio. Ao contrário <strong>do</strong> que ocorre no processo civil<br />

(art. 319, III, <strong>do</strong> NCPC), no processo <strong>do</strong> trabalho, não é necessário que, além <strong>do</strong>s fatos,<br />

seja apresentada a fundamentação jurídica <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> (que, <strong>de</strong> to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, não se confun<strong>de</strong><br />

com a fundamentação legal, isto é, com a menção expressa <strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> lei fe<strong>de</strong>ral ou<br />

da Constituição, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a aplicação <strong>do</strong>s princípios da mihi factum, dabo tibi ius<br />

— dá-me o fato, que eu te darei o direito — e jura novit curia — o juiz conhece o direito).<br />

Assim, po<strong>de</strong> o julga<strong>do</strong>r dar aos fatos o enquadramento jurídico que enten<strong>de</strong>r pertinente.<br />

2 – A causa <strong>de</strong> pedir é que justifica o pedi<strong>do</strong>, ou seja, a causa <strong>de</strong> pedir integra o pedi<strong>do</strong>;<br />

assim, haven<strong>do</strong> correspondência entre o pedi<strong>do</strong> e a causa <strong>de</strong> pedir, há julgamento <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong>s limites da li<strong>de</strong>. 3 – No caso <strong>do</strong>s autos, houve o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> que o reclama<strong>do</strong> informasse<br />

comprovadamente o valor da cota parte que pagava mensalmente pela manutenção <strong>do</strong><br />

plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> reclamante e <strong>de</strong> seus agrega<strong>do</strong>s, e, em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento da obrigação,<br />

que fosse fixa<strong>do</strong> o pagamento em <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> valor da mensalida<strong>de</strong> que o reclama<strong>do</strong><br />

pagava quan<strong>do</strong> o contrato <strong>de</strong> trabalho estava em vigor para assegurar a manutenção <strong>do</strong>s<br />

planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o<strong>do</strong>ntológico nas mesmas condições oferecidas durante a vigência <strong>do</strong><br />

contrato <strong>de</strong> trabalho, nos termos <strong>do</strong> art. 31, da Lei n. 9.656/98. 4 – Consta, ainda, que em<br />

caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento da <strong>de</strong>terminação, que o reclama<strong>do</strong> seja con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a pagar às<br />

opera<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e o<strong>do</strong>ntológico eventuais diferenças relativas ao pagamento<br />

integral <strong>do</strong>s planos <strong>do</strong> reclamante e <strong>de</strong> seus agrega<strong>do</strong>s. 5 – Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> julgada proce<strong>de</strong>nte<br />

a pretensão <strong>do</strong> reclamante, nos termos da causa <strong>de</strong> pedir e <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, estava o magistra<strong>do</strong><br />

autoriza<strong>do</strong> a dar o enquadramento jurídico pertinente. Sen<strong>do</strong> assim, ao verificar que o<br />

reclama<strong>do</strong> não trouxe aos autos os <strong>do</strong>cumentos que comprovam os valores da cota-parte<br />

paga pela empresa ao plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o TRT fixou o valor a ser pago pelo reclamante e<br />

<strong>de</strong>terminou que o banco reclama<strong>do</strong> é o responsável pelo pagamento <strong>do</strong> valor restante.<br />

6 – Portanto, não há julgamento extra petita, porque o Tribunal Regional não <strong>de</strong>cidiu fora<br />

<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, mas em atenção aos limites da li<strong>de</strong>. Ilesos, pois, os arts. 141 e 492 <strong>do</strong> NCPC.<br />

7 – Agravo <strong>de</strong> instrumento a que se nega provimento. DIFERENÇAS DOS VALORES DAS<br />

MENSALIDADES DO PLANO DE SAÚDE/ODONTOLÓGICO APÓS O DESLIGAMENTO<br />

DO RECLAMANTE DA EMPRESA 1 – A discussão contida no acórdão <strong>do</strong> TRT resi<strong>de</strong><br />

em saber os valores <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s pelo ex-emprega<strong>do</strong> aposenta<strong>do</strong> para a sua manutenção no<br />

plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/o<strong>do</strong>ntológico. Ora, para se chegar a tais valores, o TRT verificou que era<br />

necessário saber qual era o valor <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> anteriormente, quan<strong>do</strong> o emprega<strong>do</strong> estava na<br />

ativa. 2 – Todavia, o reclama<strong>do</strong> não trouxe aos autos <strong>do</strong>cumentos que comprovam a sua<br />

cota-parte para o Plano <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> reclamante e que <strong>de</strong>monstraria quais os reais valores<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s pelo ex-emprega<strong>do</strong> à opera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> benefício após a dispensa, quan<strong>do</strong> optou<br />

pela manutenção <strong>do</strong> plano. 3 – Assim, o TRT <strong>de</strong>terminou que o valor <strong>do</strong> pagamento ao<br />

Plano <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> pelo reclamante correspon<strong>de</strong> ao <strong>do</strong>bro da quantia paga por ele<br />

anteriormente e responsabilizou a ex-emprega<strong>do</strong>ra pela quitação da diferença entre essa<br />

quantia e a mensalida<strong>de</strong> atualmente cobrada pela empresa fornece<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>/<br />

O<strong>do</strong>ntológico. 4 – Aplica-se, portanto, a Súmula n. 422 <strong>do</strong> TST, haja vista que o reclama<strong>do</strong><br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 959

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!