11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Como esclarece Cândi<strong>do</strong> Rangel Dinamarco (107) , “só tem acesso à or<strong>de</strong>m jurídica<br />

justa quem recebe justiça. E receber justiça significa ser admiti<strong>do</strong> em juízo, po<strong>de</strong>r<br />

participar, contar com a participação a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong> juiz e, ao fim, receber um provimento<br />

jurisdicional consentâneo com os valores da socieda<strong>de</strong>. Tais são os contornos <strong>do</strong><br />

processo justo, ou processo équo, que é composto pela efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mínimo<br />

<strong>de</strong> garantias <strong>de</strong> meios e <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s”.<br />

10.1.5. Princípio <strong>do</strong> contraditório e da ampla <strong>de</strong>fesa<br />

Dispõe o art. 5 o , LV, da CF:<br />

“Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusa<strong>do</strong>s em geral são assegura<strong>do</strong>s<br />

o contraditório e ampla <strong>de</strong>fesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”<br />

O princípio <strong>do</strong> contraditório tem raízes no adágio latino audiatur et altera pars,<br />

ou seja, ambas as partes <strong>de</strong>vem ser ouvidas.<br />

Como nos adverte Carlos Roberto Siqueira Castro:<br />

“Tenha-se em conta que essa concepção bilateral e isonômica <strong>do</strong> contraditório<br />

correspon<strong>de</strong> à própria finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo, que visa precipuamente a<br />

satisfazer aos interesses pessoais <strong>do</strong> autor e <strong>do</strong> réu, mas sim fazer atuar<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> concreto o direito objetivo, seja acolhen<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>sacolhen<strong>do</strong><br />

parcial ou integralmente a pretensão <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro, ou nenhum<br />

<strong>de</strong>les, conforme o teor das normas jurídicas abstratas aplicáveis à res in<br />

judicium <strong>de</strong>ducta. Eis aí a razão <strong>de</strong> ser <strong>do</strong> monopólio estatal da jurisdição,<br />

que repudia o exercício arbitrário das próprias razões” (108) .<br />

O contraditório tem suporte no caráter bilateral <strong>do</strong> processo. O autor propõe a<br />

ação (tese), o réu, a <strong>de</strong>fesa (antítese) e o juiz profere a <strong>de</strong>cisão (síntese). Dois elementos<br />

prepon<strong>de</strong>ram no contraditório: a) informação; e b) reação. Desse mo<strong>do</strong>, a parte <strong>de</strong>ve<br />

ter ciência <strong>do</strong>s atos processuais e a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> praticar os atos que a lei lhe permite.<br />

Além disso, a mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina tem <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> que o contraditório também<br />

propicia à parte o direito fundamental <strong>de</strong> influir na convicção <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>r, participan<strong>do</strong><br />

ativamente <strong>do</strong> processo.<br />

Ensina Nelson Nery Junior (109) :<br />

“Por contraditório <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r-se, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar<br />

conhecimento da existência da ação e <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os atos <strong>do</strong> processo às<br />

partes, e, <strong>de</strong> outro, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as partes reagirem aos atos que lhe<br />

sejam <strong>de</strong>sfavoráveis. Os conten<strong>do</strong>res têm direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir suas pretensões<br />

e <strong>de</strong>fesas, <strong>de</strong> realizar as provas que requereram para <strong>de</strong>monstrar a<br />

existência <strong>de</strong> seu direito, em suma, direito <strong>de</strong> serem ouvi<strong>do</strong>s paritariamente<br />

no processo em to<strong>do</strong>s os seus termos.”<br />

(107) Instituições <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> Civil. Volume I. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 115.<br />

(108) O <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal e os princípios da razoabilida<strong>de</strong> e proporcionalida<strong>de</strong>. 5. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense,<br />

2010. p. 291-292.<br />

(109) NERY JUNIOR, Nelson. Princípios <strong>de</strong> processo civil na Constituição Fe<strong>de</strong>ral. 8. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 172.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!