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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Inegavelmente, o <strong>de</strong>pósito recursal é um pressuposto objetivo <strong>do</strong> recurso,<br />

pois está atrela<strong>do</strong> aos requisitos externos <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> recorrer que a parte <strong>de</strong>ve<br />

preencher para o seu recurso ser admiti<strong>do</strong>. Como visto, trata-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>pósito<br />

que <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> na conta vinculada <strong>do</strong> reclamante junto ao FGTS (§ 4 o , <strong>do</strong><br />

art. 899, da CLT) em valor fixa<strong>do</strong> pela Lei.<br />

O <strong>de</strong>pósito recursal, no nosso sentir, tem natureza jurídica híbrida, pois,<br />

além <strong>de</strong> ser um pressuposto recursal objetivo, que, se não preenchi<strong>do</strong>, importará a<br />

<strong>de</strong>serção <strong>do</strong> recurso, é uma garantia <strong>de</strong> futura execução por quantia certa. Não se<br />

trata <strong>de</strong> taxa judiciária, pois não está vincula<strong>do</strong> a um serviço específico <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário, e sim <strong>de</strong> um requisito para o conhecimento <strong>do</strong> recurso e uma garantia<br />

<strong>de</strong> futura execução.<br />

Entretanto, a Instrução Normativa n. 03/93 <strong>do</strong> TST atribui natureza <strong>de</strong> garantia<br />

<strong>de</strong> futura execução por quantia ao <strong>de</strong>pósito recursal. No aspecto, cumpre <strong>de</strong>stacar<br />

as seguintes ementas:<br />

“Depósito recursal — Natureza jurídica — Constitucionalida<strong>de</strong>. O <strong>de</strong>pósito recursal,<br />

previsto no art. 899 da CLT, não tem natureza jurídica <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> recurso, mas <strong>de</strong> garantia<br />

<strong>do</strong> juízo recursal, visan<strong>do</strong> assegurar, pelo menos parcialmente a execução. Assim, não há<br />

inconstitucionalida<strong>de</strong> nessa exigência que tem por escopo disciplinar o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />

legal trabalhista. Demais disso a própria Constituição não veda sua fixação. Depósito recursal<br />

— Isenção — Falta <strong>de</strong> prova da miserabilida<strong>de</strong> jurídica. Não haven<strong>do</strong> nos autos prova<br />

inequívoca da falta <strong>de</strong> condições da reclamada para efetuar Depósito recursal, o <strong>de</strong>spacho<br />

que <strong>de</strong>negou seguimento ao RO por <strong>de</strong>serção <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong>. Agravo <strong>de</strong> Instrumento<br />

conheci<strong>do</strong> e improvi<strong>do</strong>.” (TRT – 18 a R. – TP – Ac. n. 3.631/96 - rel a Juíza Ialba-Luza Guimarães<br />

<strong>de</strong> Mello – DJGO 15.10.96 – p. 60)<br />

“Recurso <strong>de</strong> revista — Deserção — Agravo <strong>de</strong> petição — Penhora efetuada — Ausência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito recursal. A finalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito recursal é a garantia <strong>do</strong> juízo. Na hipótese<br />

sub judice essa garantia foi assegurada pela penhora. A negativa <strong>de</strong> seguimento ao agravo<br />

<strong>de</strong> petição que reunia condições <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong> importa em violação aos princípios<br />

da legalida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> contraditório e da ampla <strong>de</strong>fesa, insculpi<strong>do</strong>s no art. 5 o , II e LV, da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral, conforme entendimento consubstancia<strong>do</strong> na Orientação Jurispru<strong>de</strong>ncial<br />

n. 189/SDI, verbis: Depósito recursal. Agravo <strong>de</strong> petição. IN TST n. 3/93. (Inseri<strong>do</strong> em<br />

8.11.00) Garanti<strong>do</strong> o juízo, na fase executória, a exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito para recorrer <strong>de</strong><br />

qualquer <strong>de</strong>cisão viola os incisos II e LV <strong>do</strong> art. 5 o da CF/88. Haven<strong>do</strong>, porém, elevação<br />

<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> débito, exige-se a complementação da garantia <strong>do</strong> juízo. Recurso conheci<strong>do</strong> e<br />

provi<strong>do</strong>.” (TST – 2 a T. – RR n. 722.561/2001-6 – rel. Renato <strong>de</strong> L. Paiva – DJ 22.3.05 – p. 729)<br />

(RDT n. 04 – Abril <strong>de</strong> 2005)<br />

Como bem assevera Wagner D. Giglio (69) : “a imposição <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito recursal<br />

visa a coibir os recursos protelatórios, a par <strong>de</strong> assegurar a satisfação <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>,<br />

pelo menos parcialmente, pois o levantamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>pósito em favor <strong>do</strong> vence<strong>do</strong>r<br />

será or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>de</strong> imediato, por simples <strong>de</strong>spacho <strong>do</strong> juiz, após a ciência <strong>do</strong> trânsito<br />

em julga<strong>do</strong> da <strong>de</strong>cisão (CLT, art. 899, § 1 o , in fine).”<br />

O § 1 o <strong>do</strong> art. 899 da CLT <strong>de</strong>termina que, uma vez transitada em julga<strong>do</strong> a <strong>de</strong>cisão<br />

que con<strong>de</strong>nou o reclama<strong>do</strong> a pagar parcelas pecuniárias ao reclamante, o Juiz <strong>do</strong><br />

(69) <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 450.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 899

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