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Manual de Direito Processual do Trabalho

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De outro la<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> às necessida<strong>de</strong>s atuais<br />

da socieda<strong>de</strong> e também às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> trabalho, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se<br />

a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à justiça <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> celerida<strong>de</strong> na<br />

tramitação <strong>do</strong> processo e a justiça <strong>do</strong> procedimento.<br />

Na atualida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>ve o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> apegar-se ao formalismo processual<br />

e também insistir em formalida<strong>de</strong>s já superadas pela praxe e pela tecnologia. O<br />

formalismo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>ve ser adapta<strong>do</strong> não só às necessida<strong>de</strong>s da tutela da pretensão<br />

posta em juízo, mas também da justiça da <strong>de</strong>cisão. Por isso, o formalismo processual<br />

<strong>de</strong>ve sempre ser valora<strong>do</strong> e interpreta<strong>do</strong>, e não aplica<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma literal.<br />

A mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong>utrina, hoje, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> não apenas o chama<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />

legal formal, dirigi<strong>do</strong> ao processo em si, impon<strong>do</strong> ao juiz condutor <strong>do</strong> processo<br />

observar os princípios processuais; mas um <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal substancial, que,<br />

observan<strong>do</strong> os mandamentos constitucionais, seja capaz <strong>de</strong> materializar, <strong>de</strong> forma<br />

justa, razoável e célere os direitos postula<strong>do</strong>s em juízo, utilizan<strong>do</strong> o princípio da<br />

proporcionalida<strong>de</strong>, evitan<strong>do</strong> arbitrarieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público.<br />

Como bem adverte Paulo Henrique <strong>do</strong>s Santos Lucon:<br />

“O <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal substancial diz respeito à limitação ao exercício<br />

<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e autoriza ao julga<strong>do</strong>r questionar a razoabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<br />

lei e a justiça das <strong>de</strong>cisões estatais, estabelecen<strong>do</strong> o controle material da<br />

constitucionalida<strong>de</strong> e da proporcionalida<strong>de</strong>. Aliás, a fundamentação <strong>do</strong><br />

princípio da proporcionalida<strong>de</strong>, no nosso sistema, é realizada pelo princípio<br />

constitucional expresso <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal. Importa aqui a sua<br />

ênfase substantiva, em que há a preocupação com a igual proteção <strong>do</strong>s<br />

direitos <strong>do</strong> homem e os interesses da comunida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> confronta<strong>do</strong>s<br />

[...] Por esse novo prisma, a cláusula <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal atinge<br />

não só a forma, mas a substância <strong>do</strong> ato, pois existe a preocupação <strong>de</strong> se<br />

conce<strong>de</strong>r a tutela jurisdicional a<strong>de</strong>quada que satisfaça os órgãos jurisdicionais<br />

e, mais ainda, a própria socieda<strong>de</strong>. Essa representa a convergência<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais princípios e garantias, atingin<strong>do</strong> não só os atos <strong>do</strong>s<br />

órgãos jurisdicionais, mas também os atos legislativos e da administração;<br />

refere-se, portanto, ao controle da razoabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atos estatais.” (94)<br />

No aspecto, vale transcrever a seguinte ementa, oriunda <strong>do</strong> Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral:<br />

“Defesa. Devi<strong>do</strong> processo legal. Inciso LV <strong>do</strong> rol das garantias constitucionais. Exame.<br />

Legislação comum. A intangibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> preceito constitucional que assegura o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

processo legal direciona ao exame da legislação comum. Daí a insubsistência da tese no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a violência à Carta política da República, suficiente a ensejar o conhecimento<br />

<strong>de</strong> extraordinário, há <strong>de</strong> ser direta e frontal. Caso a caso, compete ao Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral exercer crivo sobre a matéria, distinguin<strong>do</strong> os recursos protelatórios daqueles em que<br />

(94) Devi<strong>do</strong> processo legal substancial. In: DIDIER JUNIOR, Fredie (Org.). Leituras complementares <strong>de</strong> processo<br />

civil. 6. ed. Salva<strong>do</strong>r: JusPODIVM, 2008. p. 15-30.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 89

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