11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Po<strong>de</strong> também recorrer o terceiro, ou seja, aquele que não participou <strong>do</strong> processo<br />

na fase anterior ao recurso, mas que tem interesse jurídico, pois po<strong>de</strong> sofrer os<br />

efeitos e ser prejudica<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>cisão.<br />

A <strong>do</strong>utrina tem sustenta<strong>do</strong> que os terceiros, para recorrer, <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>monstrar o<br />

chama<strong>do</strong> interesse jurídico, ou seja que sofrerá os efeitos da <strong>de</strong>cisão, como acontece<br />

nas hipóteses <strong>de</strong> assistência e intervenção <strong>de</strong> terceiros. Desse mo<strong>do</strong>, o recurso <strong>do</strong><br />

terceiro é modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> terceiros na fase recursal.<br />

Como bem <strong>de</strong>staca Nelson Nery Junior (59) , “o CPC confere legitimida<strong>de</strong> para<br />

recorrer ao terceiro prejudica<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>cisão. Exige, no entanto, a <strong>de</strong>monstração,<br />

pelo terceiro, <strong>do</strong> liame existente entre a <strong>de</strong>cisão e o prejuízo que esta lhe causou. É<br />

terceiro aquele que não foi parte no processo, quer porque nunca tenha si<strong>do</strong>, quer<br />

haja <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> sê-lo em momento anterior àquele em que profira a <strong>de</strong>cisão. Este<br />

recurso <strong>do</strong> terceiro prejudica<strong>do</strong> não é mais <strong>do</strong> que uma espécie <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong><br />

terceiro na fase recursal.”<br />

Conforme já nos pronunciamos anteriormente, diante da EC n. 45/04, o instituto<br />

da intervenção <strong>de</strong> terceiros passa a ser admiti<strong>do</strong> com maior flexibilida<strong>de</strong> no<br />

Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, máxime quan<strong>do</strong> não se postula um crédito oriun<strong>do</strong> da relação<br />

<strong>de</strong> emprego. Entretanto, cabe ao Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, como diretor <strong>do</strong> processo, zelar<br />

pela celerida<strong>de</strong> e efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> procedimento (art. 765 da CLT), avaliar o custo-<br />

-benefício da intervenção <strong>de</strong> terceiros e in<strong>de</strong>feri-la quan<strong>do</strong> não traga benefícios aos<br />

litigantes, não iniba o direito <strong>de</strong> regresso e gere complica<strong>do</strong>res <strong>de</strong>snecessários ao<br />

rápi<strong>do</strong> andamento <strong>do</strong> processo. Desse mo<strong>do</strong>, ao avaliar a pertinência <strong>do</strong> recurso<br />

<strong>de</strong> terceiro, <strong>de</strong>ve o Tribunal verificar não só a existência <strong>do</strong> interesse jurídico em<br />

recorrer, mas também o custo-benefício que o recurso trará para o processo.<br />

Po<strong>de</strong>mos citar como terceiros que po<strong>de</strong>m recorrer no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>:<br />

o sócio <strong>de</strong> empresa reclamada que foi con<strong>de</strong>nada; e a empresa <strong>do</strong> mesmo grupo<br />

econômico que não participou <strong>do</strong> processo. Como lembra Carlos Alberto Begalles (60) ,<br />

o INSS possui legitimida<strong>de</strong> como terceiro para interpor recurso a respeito das<br />

sentenças homologatórias <strong>de</strong> transação com relação às contribuições que lhe são<br />

<strong>de</strong>vidas (art. 831, parágrafo único, c/c art. 832, § 4 o , da CLT), isso porque a <strong>de</strong>cisão<br />

que homologa a transação po<strong>de</strong> estar violan<strong>do</strong> direito da autarquia quanto à contribuição<br />

previ<strong>de</strong>nciária.<br />

A jurisprudência <strong>do</strong> TST tem admiti<strong>do</strong> que o advoga<strong>do</strong> e o perito possam recorrer<br />

como terceiros juridicamente interessa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> a sentença lhes prejudicar. No<br />

aspecto, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“RECURSO DE REVISTA — ADVOGADO DA EXECUTADA — MULTA POR LITIGÂNCIA<br />

DE MÁ-FÉ — CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA — TERCEIRO PREJUDICADO — LEGITI-<br />

MIDADE PARA INTERPOR RECURSO — ART. 499 DO CPC — Embora o Recorrente não<br />

(59) Op. cit., p. 310.<br />

(60) BEGALLES, Carlos Alberto. Lições <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho: processo <strong>de</strong> conhecimento e recurso.<br />

São Paulo: LTr, 2005. p. 346.<br />

892 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!