11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

No mesmo senti<strong>do</strong>, é a visão <strong>de</strong> José Augusto Rodrigues Pinto (26) :<br />

“Na vigência <strong>do</strong> CPC/39, tratava-se <strong>de</strong> regra legal (art. 809), não subscrita<br />

pelo atual, possibilitan<strong>do</strong> alimentar-se restrições à sua aceitação. No processo<br />

trabalhista, que jamais conteve disposição a respeito, aceitava-se o<br />

seu uso, por via supletiva autorizada no art. 769 da CLT. Hoje, mesmo<br />

sem esta facilitação, continuamos consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-a evi<strong>de</strong>ntemente compatível<br />

com o reconhecimento da capacida<strong>de</strong> postulatória da parte leiga,<br />

conferida pelo art. 791, que <strong>de</strong>ixa extremamente vulnerável ao erro <strong>de</strong><br />

manipulação das técnicas processuais, das quais o enquadramento <strong>do</strong><br />

recurso se conta entre as mais <strong>de</strong>licadas. A aplicação da variabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve condicionar-se, naturalmente, ao exercício <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prazo <strong>de</strong> interposição<br />

<strong>do</strong> recurso que substituir o interposto.”<br />

Pensamos que, atualmente, diante da sistemática processual vigente, tanto<br />

da CLT, que não contém regra a respeito, como <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 1973, que não repetiu<br />

o disposto no art. 809 <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 1939, não existe o princípio da variabilida<strong>de</strong> no<br />

or<strong>de</strong>namento processual vigente, tampouco no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Desse mo<strong>do</strong>,<br />

uma vez interposto o recurso, o recorrente consuma o ato, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> alterar a<br />

medida recursal, pois estará configurada a preclusão consumativa, ainda que não<br />

escoa<strong>do</strong> o prazo recursal. Pelas mesmas razões, enten<strong>de</strong>mos que, mesmo ainda em<br />

curso o prazo recursal, o recorrente não po<strong>de</strong>rá aditar o recurso interposto, tampouco<br />

alterar as razões já expostas.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Wilson <strong>de</strong> Souza Campos Batalha (27) :<br />

“O CPC/39, art. 809, assegurava à parte o direito <strong>de</strong> variar <strong>de</strong> recurso<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prazo legal. Tal faculda<strong>de</strong> não mais lhe assiste. Interposto o<br />

recurso, mesmo antes <strong>do</strong> término <strong>do</strong> prazo, operou-se a preclusão da<br />

recorribilida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> impossível alterar ou complementar recurso já<br />

interposto. Se o venci<strong>do</strong> interpõe sucessivamente <strong>do</strong>is recursos, enten<strong>de</strong>-<br />

-se que só o primeiro <strong>de</strong>ve prevalecer; o segun<strong>do</strong> não tem efeito, porque<br />

manifesta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> preclusa a fase <strong>de</strong> recorribilida<strong>de</strong>.”<br />

1.2.7. Dialeticida<strong>de</strong><br />

O princípio da dialeticida<strong>de</strong>, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> princípio da discursivida<strong>de</strong>,<br />

significa a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o recorrente fundamentar seu inconformismo com a<br />

<strong>de</strong>cisão, bem como apontar os capítulos da <strong>de</strong>cisão que preten<strong>de</strong> reformar. Também<br />

possibilita que a parte contrária possa contra-arrazoar o recurso, exercen<strong>do</strong> o<br />

contraditório e ampla <strong>de</strong>fesa.<br />

Conforme Júlio César Bebber (28) :<br />

“O princípio da dialeticida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos: a) possui previsão legal expressa<br />

(CPC, arts. 514, 524, 541; CLT, 899) e está ampara<strong>do</strong> no princípio <strong>do</strong> contraditório<br />

(26) Op. cit., p. 50-51.<br />

(27) CAMPOS BATALHA, Wilson <strong>de</strong> Souza. Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> direito judiciário <strong>do</strong> trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1985. p. 774.<br />

(28) Recursos no processo <strong>do</strong> trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 249.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 871

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!