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Manual de Direito Processual do Trabalho

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1.2.4. Fungibilida<strong>de</strong><br />

O princípio da fungibilida<strong>de</strong> consiste no fato <strong>de</strong> o recorrente po<strong>de</strong>r interpor<br />

um recurso, ao invés <strong>de</strong> outro, quan<strong>do</strong> presentes alguns requisitos.<br />

Tal princípio <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> caráter instrumental <strong>do</strong> processo e <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong><br />

aproveitamento <strong>do</strong>s atos processuais já pratica<strong>do</strong>s.<br />

Omissa a CLT, o princípio em questão se alinha com as diretrizes básicas <strong>do</strong><br />

Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> (art. 769 da CLT), máxime os princípios da informalida<strong>de</strong>,<br />

da simplicida<strong>de</strong> e da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ramo especializa<strong>do</strong> da ciência processual.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“Princípio da fungibilida<strong>de</strong>. Art. 250 <strong>do</strong> CPC. 1. A aplicação <strong>do</strong> princípio da fungibilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s recursos está, atualmente, autorizada pelo art. 250 <strong>do</strong> CPC, sen<strong>do</strong> certo que, ao utilizá-<br />

-lo, o julga<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verá estar atento à ocorrência <strong>do</strong> pressuposto objetivo da a<strong>de</strong>quação,<br />

pois, em qualquer hipótese, o instituto só po<strong>de</strong> ser invoca<strong>do</strong> se houver simples erro <strong>de</strong><br />

nomenclatura cometi<strong>do</strong> pela parte, ou seja, permite-se nominação <strong>de</strong> forma equivocada,<br />

mas exige-se que o arrazoa<strong>do</strong> recursal seja avia<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a aten<strong>de</strong>r os pressupostos<br />

específicos <strong>do</strong> recurso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>. 2. Agravo regimental <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>.” (TST SBDI1 – Ac. n.<br />

264/96 – rel. Min. Francisco Fausto – DJ 25.4.97 – p. 15.513)<br />

Como <strong>de</strong>staca Wilson <strong>de</strong> Souza Campos Batalha (23) :<br />

“O CPC/39, art. 810, dispunha que, salvo a hipótese <strong>de</strong> má-fé ou erro<br />

grosseiro, a parte não seria prejudicada pela interposição <strong>de</strong> um recurso<br />

por outro. Era o princípio da fungibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos. A jurisprudência<br />

admitia a inexistência <strong>de</strong> má-fé quan<strong>do</strong> o recurso equivoca<strong>do</strong> fora<br />

interposto no prazo <strong>do</strong> recurso certo [...]. Hoje, prevalece o princípio da<br />

fungibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos, sobretu<strong>do</strong> porque uniformiza<strong>do</strong>s os prazos<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s eles.”<br />

Pressupostos:<br />

a) Dúvida objetiva sobre o recurso cabível: por esta característica, a dúvida<br />

<strong>de</strong>ver ser <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m objetiva, não bastan<strong>do</strong> a dúvida subjetiva <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong><br />

sobre qual o recurso cabível. Há a dúvida objetiva quan<strong>do</strong> há fundada discussão<br />

tanto na <strong>do</strong>utrina como na jurisprudência sobre qual o recurso cabível para<br />

a <strong>de</strong>cisão.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a seguinte ementa:<br />

“Agravo <strong>de</strong> instrumento — Interposição contra acórdão proferi<strong>do</strong> em agravo <strong>de</strong> instrumento<br />

— Princípio da fungibilida<strong>de</strong> — Recurso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>. A medida cabível contra <strong>de</strong>cisão da<br />

Turma em agravo <strong>de</strong> instrumento que eventualmente apresente contradição, omissão ou<br />

obscurida<strong>de</strong> são os embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração. Não é possível a aplicação <strong>do</strong> princípio da<br />

fungibilida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> ausentes seus requisitos e grosseiro for o erro. Agravo regimental não<br />

conheci<strong>do</strong>, por incabível na espécie.” (TST – 2 a T. – AG – AIRR n. 35500/2002.900.10.00-1 – rel.<br />

Décio S. Dai<strong>do</strong>ne – DJ 12.12.2003 – p. 820).<br />

(23) CAMPOS BATALHA, Wilson <strong>de</strong> Souza. Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> direito judiciário. 2. ed. São Paulo: LTr, 1985. p. 775.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 867

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