11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ensina Moacyr Amaral Santos (38) :<br />

“Relações jurídicas continuativas são as ‘reguladas por regras jurídicas<br />

que projetam no tempo os próprios pressupostos, admitin<strong>do</strong> variações<br />

<strong>do</strong>s elementos quantitativos e qualitativos’ (Pontes <strong>de</strong> Miranda). Dan<strong>do</strong><br />

atuação a tais regras, a sentença aten<strong>de</strong> aos pressupostos <strong>do</strong> tempo em que<br />

foi proferida, sem, entretanto, extinguir a relação jurídica, que continua<br />

sujeita a variações <strong>do</strong>s seus elementos constitutivos. Tais as sentenças<br />

con<strong>de</strong>natórias em prestações periódicas, como a <strong>de</strong> alimentos e a <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho.”<br />

Como exemplos <strong>de</strong> relações continuativas temos os benefícios aci<strong>de</strong>ntários,<br />

que po<strong>de</strong>m ser revistos (auxílio-<strong>do</strong>ença, aposenta<strong>do</strong>ria por invali<strong>de</strong>z etc.); a con<strong>de</strong>nação<br />

no pagamento <strong>de</strong> adicionais <strong>de</strong> insalubrida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> periculosida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong><br />

o contrato <strong>de</strong> trabalho continua vigente; a sentença normativa em dissídio coletivo<br />

<strong>de</strong> natureza econômica, que po<strong>de</strong> sofrer revisão.<br />

b) nos casos previstos em lei: somente quan<strong>do</strong> a lei possibilitar será possível<br />

a reapreciação da sentença transitada em julga<strong>do</strong>, como na hipótese <strong>de</strong> ação<br />

rescisória (art. 966 e seguintes <strong>do</strong> CPC).<br />

11. Dos efeitos da coisa julgada criminal no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

A responsabilida<strong>de</strong> civil é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da criminal, não obstante um mesmo<br />

fato possa ter interligações nas esferas civil, criminal e trabalhista — por exemplo,<br />

um furto pratica<strong>do</strong> pelo emprega<strong>do</strong> no local <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> ensejar uma ação<br />

criminal a fim <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> possa exercer o seu po<strong>de</strong>r punitivo (<strong>de</strong>lito <strong>de</strong> furto<br />

— art. 155 <strong>do</strong> CP); e também no contrato <strong>de</strong> trabalho, acarretan<strong>do</strong> sua extinção por<br />

justa causa em razão <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> (art. 482, alínea a, da CLT).<br />

Embora não exista hierarquia entre as Justiças Criminal e Trabalhista, é bem<br />

verda<strong>de</strong> que, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se o bem jurídico tutela<strong>do</strong> na esfera criminal, que é<br />

a proteção da socieda<strong>de</strong>, e os efeitos que po<strong>de</strong>m acarretar a con<strong>de</strong>nação criminal<br />

(privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>), a prova produzida no crime há <strong>de</strong> ser mais <strong>de</strong>talhada <strong>do</strong><br />

que na esfera trabalhista, pois nesta última apenas serão discuti<strong>do</strong>s a extinção <strong>do</strong><br />

contrato <strong>de</strong> trabalho e o pagamento <strong>de</strong> parcelas pecuniárias. Além disso, na esfera<br />

criminal, vige o princípio da verda<strong>de</strong> real, enquanto o Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> se<br />

contenta com a verda<strong>de</strong> formal, qual seja: a que emerge <strong>do</strong>s autos.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 935 <strong>do</strong> CC:<br />

“A responsabilida<strong>de</strong> civil é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da criminal, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> questionar mais sobre<br />

a existência <strong>do</strong> fato, ou sobre quem seja o seu autor, quan<strong>do</strong> estas questões se acharem<br />

<strong>de</strong>cididas no juízo criminal.”<br />

Conforme o referi<strong>do</strong> dispositivo, se restarem <strong>de</strong>cididas no crime a existência<br />

<strong>do</strong> fato ou sobre quem seja o seu autor, estes fatos fazem coisa julgada nas esferas<br />

civil e trabalhista.<br />

(38) Op. cit., p. 55.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 835

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!