11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Não obstante, em <strong>de</strong>terminadas hipóteses, os efeitos da coisa julgada material<br />

se projetam sobre terceiros, como espécie <strong>de</strong> efeito reflexo da coisa julgada mesmo<br />

que eles não tenham participa<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo. Tal acontece com os terceiros que<br />

tenham interesse jurídico no processo em que se formou a coisa julgada material,<br />

como o sócio da empresa <strong>de</strong>mandada, a empresa <strong>do</strong> mesmo grupo econômico etc.<br />

Conforme Enrico Tullio Liebman (35) , terceiros juridicamente interessa<strong>do</strong>s, sujeitos<br />

à exceção <strong>de</strong> coisa julgada, são os que se encontram subordina<strong>do</strong>s às partes com referência<br />

à relação <strong>de</strong>cidida; para estes logra aplicação exclusiva <strong>do</strong> princípio positivo,<br />

e a coisa julgada que se formou entre as partes esten<strong>de</strong>-se-lhes como sua própria.<br />

No mesmo senti<strong>do</strong> sustenta Vicente Greco Filho (36) : “Po<strong>de</strong> ocorrer, porém, que<br />

certas relações jurídicas, por <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> outra que está sob julgamento, conforme<br />

<strong>de</strong>cisão proferida, se transmu<strong>de</strong>m <strong>de</strong> tal forma no plano <strong>do</strong> direito material que o<br />

terceiro se vê atingi<strong>do</strong> inevitavelmente pelas consequências da sentença [...] há casos,<br />

porém, <strong>de</strong> extensão da coisa julgada a quem não foi parte em virtu<strong>de</strong> da especial<br />

posição ocupada no plano das relações <strong>de</strong> direito material e <strong>de</strong> sua natureza. São<br />

casos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira extensão da coisa julgada <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> tratamento legal da<strong>do</strong><br />

a certas relações <strong>de</strong> direito material. Entre esses casos po<strong>de</strong>m ser cita<strong>do</strong>s: o <strong>do</strong>s<br />

sucessores das partes, os quais, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> não terem si<strong>do</strong> partes, estão sujeitos<br />

à coisa julgada porque receberam os direitos e ações no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisa julgada; o<br />

<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong>, no caso <strong>de</strong> substituição processual, em que o substituto foi parte,<br />

mas o direito é <strong>do</strong> substituí<strong>do</strong>, o qual, consequentemente, tem sua relação jurídica<br />

<strong>de</strong>cidida com força <strong>de</strong> coisa julgada; o <strong>do</strong>s legitima<strong>do</strong>s concorrentes para <strong>de</strong>mandar<br />

(como, p. ex., os cre<strong>do</strong>res solidários), que também, mesmo sem serem partes, têm<br />

a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> mérito contra si imutável.”<br />

Nas ações coletivas em que se discutem direitos difusos e coletivos e individuais<br />

homogêneos, a coisa julgada tem efeitos erga omnes e ultra partes, nos termos <strong>do</strong><br />

art. 103 da Lei n. 8.078/90.<br />

10. Limites objetivos da coisa julgada<br />

Dispõe o art. 503 <strong>do</strong> CPC:<br />

“A <strong>de</strong>cisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força <strong>de</strong> lei nos limites da questão<br />

principal expressamente <strong>de</strong>cidida.<br />

§ 1 o O disposto no caput aplica-se à resolução <strong>de</strong> questão prejudicial, <strong>de</strong>cidida expressa e<br />

inci<strong>de</strong>ntemente no processo, se:<br />

I – <strong>de</strong>ssa resolução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r o julgamento <strong>do</strong> mérito;<br />

II – a seu respeito tiver havi<strong>do</strong> contraditório prévio e efetivo, não se aplican<strong>do</strong> no caso<br />

<strong>de</strong> revelia;<br />

(35) Eficácia e autorida<strong>de</strong> da sentença e outros escritos sobre a coisa julgada. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense,<br />

2006. p. 91.<br />

(36) Op. cit., p. 271.<br />

832 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!