11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> fixou entendimento <strong>de</strong> que a sentença citra<br />

petita po<strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> ação rescisória, por violação literal <strong>de</strong> lei, conforme a OJ<br />

n. 41 da SDI-II, <strong>do</strong> C. TST, in verbis:<br />

AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA “CITRA PETITA”. CABIMENTO. Revelan<strong>do</strong>-se a sentença<br />

“citra petita”, o vício processual vulnera os arts. 141 e 492 <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 2015 (arts. 128 e<br />

460 <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 1973), tornan<strong>do</strong>-a passível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstituição, ainda que não interpostos<br />

embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração.<br />

f) Sentença ultra petita<br />

A <strong>de</strong>cisão ultra petita é a que vai além <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, vale dizer: <strong>de</strong>fere verbas além<br />

das postuladas na inicial — por exemplo: o reclamante pe<strong>de</strong> apenas rescisão indireta<br />

<strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho sem fazer o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> verbas rescisórias. A sentença, além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ferir a rescisão indireta, pon<strong>do</strong> fim ao contrato <strong>de</strong> trabalho, con<strong>de</strong>na a reclamada<br />

a pagar ao reclamante verbas rescisórias.<br />

A jurisprudência, acertadamente, tem se posiciona<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a sentença<br />

ultra petita não é nula, pois po<strong>de</strong> ser corrigida por meio <strong>de</strong> recurso, e, neste<br />

caso, o Tribunal po<strong>de</strong> corrigi-la, expungin<strong>do</strong> <strong>do</strong> julga<strong>do</strong> a parte que ultrapassa os<br />

limites <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>. Pensamos que a sentença ultra petita po<strong>de</strong> ser corrigida inclusive<br />

por meio <strong>de</strong> embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração, em razão da contradição.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos as seguintes ementas:<br />

“Julgamento ultra petita. Deferi<strong>do</strong> diferença <strong>de</strong> horas extras recebidas, mas não pleiteadas,<br />

reforma-se a <strong>de</strong>cisão para excluir a parcela não pedida, pois trata-se <strong>de</strong> julgamento ultra<br />

petita.” (TRT – 11 a R. – Ac. n. 889/97 – rel. Francisco Bernardino – DJAM 24.4.97 – p. 14)<br />

“Julgamento ultra petita — Nulida<strong>de</strong> da sentença. É assente na <strong>do</strong>utrina que o julgamento<br />

extra petita não acarreta nulida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> o excesso pu<strong>de</strong>r ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> aos limites da<br />

li<strong>de</strong>, ensejan<strong>do</strong> apenas a reforma da sentença. A<strong>de</strong>mais, se o emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong>clina na inicial<br />

que foram <strong>de</strong>scumpridas obrigações <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho, sen<strong>do</strong>, ainda, trata<strong>do</strong> com<br />

rigor excessivo e ofendi<strong>do</strong> fisicamente, postulan<strong>do</strong> o reconhecimento da rescisão indireta<br />

<strong>do</strong> contrato, com fulcro nas alíneas b e d <strong>do</strong> art. 483 da CLT, não incorre em julgamento<br />

fora <strong>do</strong>s limites a sentença que <strong>de</strong>clara não ter havi<strong>do</strong> o justo motivo, reconhecen<strong>do</strong>, por<br />

conseguinte, a dispensa sem justa causa da reclamante. Até porque ao juiz cabe a análise<br />

da configuração ou não da justa causa, bem assim sua legalida<strong>de</strong>.” (TRT – 3 a R. – 3 a T. –<br />

RO n. 637/2006.052.03.00-2 – rel. Irapuan <strong>de</strong> Oliveira T. Lyra – DJ 2.12.06 – p. 7) (RDT<br />

n. 01 – Janeiro <strong>de</strong> 2007)<br />

g) Sentença extra petita<br />

A <strong>de</strong>cisão extra petita contém julgamento fora <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, ou seja: o provimento<br />

jurisdicional sobre o pedi<strong>do</strong> é diverso <strong>do</strong> postula<strong>do</strong> — por exemplo: preten<strong>de</strong> o<br />

autor horas extras, e a sentença <strong>de</strong>fere horas <strong>de</strong> sobreaviso não postuladas.<br />

Tal <strong>de</strong>cisão, no nosso sentir, não há como ser corrigida, pois, se o juiz <strong>de</strong>feriu<br />

pretensão diversa da postulada, para corrigi-la, <strong>de</strong>verá prolatar uma nova <strong>de</strong>cisão (24) .<br />

(24) Alguns autores sustentam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a <strong>de</strong>cisão extra petita ser corrigida por meio <strong>de</strong> Recurso.<br />

Em que pese o respeito que merecem, no nosso entendimento, o Tribunal não po<strong>de</strong> corrigir a sentença<br />

extra petita, pois a sentença não apreciou a pretensão posta em juízo e tal postura configura supressão<br />

<strong>de</strong> instância.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 817

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!