11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

4. Classificação das sentenças<br />

a) Declaratórias ou meramente <strong>de</strong>claratórias: a sentença <strong>de</strong>claratória ou meramente<br />

<strong>de</strong>claratória é a que se limita a <strong>de</strong>clarar a existência <strong>de</strong> um fato, da autenticida<strong>de</strong><br />

ou não <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumento, ou da existência ou não <strong>de</strong> uma relação jurídica, nos<br />

termos <strong>do</strong> art. 19 <strong>do</strong> CPC, in verbis:<br />

“O interesse <strong>do</strong> autor po<strong>de</strong> limitar-se à <strong>de</strong>claração: I – da existência, da inexistência ou <strong>do</strong><br />

mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> uma relação jurídica; II – da autenticida<strong>de</strong> ou da falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento.”<br />

Conforme o art. 20 <strong>do</strong> CPC, é admissível a ação meramente <strong>de</strong>claratória, ainda<br />

que tenha ocorri<strong>do</strong> a violação <strong>do</strong> direito.<br />

Como bem advertem Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correa <strong>de</strong> Almeida<br />

e Eduar<strong>do</strong> Talamini (19) , todas as sentenças têm, como se sabe, um cunho <strong>de</strong>claratório.<br />

A <strong>de</strong>claração se impõe, logicamente, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, ao juiz.<br />

A sentença meramente <strong>de</strong>claratória é <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> sanção e não comporta<br />

execução. Produz efeitos ex tunc, ou seja: <strong>de</strong>clara a existência <strong>do</strong> fato ou da relação<br />

jurídica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento.<br />

A sentença <strong>de</strong> improcedência tem natureza jurídica <strong>de</strong>claratória negativa, pois<br />

afirma que o autor não tem o direito que foi postula<strong>do</strong> em juízo.<br />

São exemplos no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong> sentenças meramente <strong>de</strong>claratórias:<br />

<strong>de</strong>claração <strong>do</strong> vínculo <strong>de</strong> emprego, <strong>de</strong>claração da valida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> um <strong>do</strong>cumento etc.<br />

Quan<strong>do</strong> a Vara <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>clara que não houve o vínculo <strong>de</strong> emprego, tal<br />

<strong>de</strong>cisão é <strong>de</strong>claratória negativa sobre a não existência <strong>do</strong> trabalho presta<strong>do</strong> sob os<br />

requisitos <strong>do</strong>s arts. 2 o e 3 o da CLT e, portanto, a <strong>de</strong>cisão é <strong>de</strong> improcedência.<br />

b) Constitutivas: a sentença constitutiva, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar a existência <strong>do</strong>s fatos<br />

ou <strong>do</strong> direito, cria, modifica ou extingue uma relação jurídica.<br />

A sentença constitutiva não comporta execução, produzin<strong>do</strong> efeitos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

trânsito em julga<strong>do</strong>.<br />

São exemplos <strong>de</strong> sentenças constitutivas no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>: sentença<br />

proferida no inquérito judicial para apuração <strong>de</strong> falta grave em que o Tribunal, ao<br />

acolher o pedi<strong>do</strong>, extingue o contrato <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r estável (arts. 494<br />

e 853 e seguintes da CLT) e reconhece a rescisão indireta <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho<br />

(art. 483 da CLT), pon<strong>do</strong> fim ao vínculo laboral etc.<br />

Como adverte Renato Saraiva (20) , “a sentença constitutiva também po<strong>de</strong> assumir,<br />

em certos casos, cunho con<strong>de</strong>natório, como na hipótese que reconhece a equiparação<br />

salarial (crian<strong>do</strong> uma nova relação jurídica — natureza constitutiva) e <strong>de</strong>termina<br />

o pagamento das diferenças salariais provenientes da equiparação salarial (cunho<br />

con<strong>de</strong>natório).”<br />

(19) Curso avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> processo civil. V. 1, 7. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 533.<br />

(20) SARAIVA, Renato. Curso <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. 4. ed. São Paulo: Méto<strong>do</strong>, 2007. p. 388.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 813

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!