11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

) Fundamentação<br />

Como <strong>de</strong>staca Vicente Greco Filho (9) , “a fundamentação revela a argumentação<br />

seguida pelo juiz, servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong> dispositivo e também <strong>de</strong> instrumento<br />

para aferição da persuasão racional e a lógica da <strong>de</strong>cisão.”<br />

A fundamentação é parte mais <strong>de</strong>talhada da sentença, pois é nesse momento<br />

que o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> apreciará os argumentos que embasam a causa <strong>de</strong> pedir,<br />

as razões pelas quais o reclama<strong>do</strong> resiste à pretensão <strong>do</strong> autor, valorará as provas<br />

existentes nos autos e fará a subsunção <strong>do</strong>s fatos prova<strong>do</strong>s ao <strong>Direito</strong>.<br />

A fundamentação é uma garantia da cidadania e um direito fundamental <strong>do</strong><br />

cidadão. Embora a exigência da fundamentação não conste <strong>do</strong> art. 5 o da CF, mas<br />

sim <strong>do</strong> art. 93, IX, trata-se <strong>de</strong> uma regra que <strong>de</strong>corre <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo legal e,<br />

portanto, constitui um direito fundamental.<br />

De outro la<strong>do</strong>, a fundamentação da sentença, segun<strong>do</strong> vem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />

<strong>do</strong>utrina mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong>ve ser clara, objetiva e concisa, a fim <strong>de</strong> que o cidadão que<br />

não tenha cultura jurídica a entenda, máxime no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> em que<br />

ainda persiste o jus postulandi. Além disso, os recursos têm por objeto impugnar a<br />

fundamentação da <strong>de</strong>cisão e, por isso, o requisito da clareza é essencial.<br />

Como bem adverte Manoel Antonio Teixeira Filho (10) , “sentença (ou acórdão)<br />

sem fundamentação é ato <strong>de</strong> pura arbitrarieda<strong>de</strong> judicial. Como alerta Lancelloti, não é<br />

suficiente que o juiz faça justiça: é necessário que <strong>de</strong>monstre como fez justiça, para,<br />

<strong>de</strong>ssa maneira, convencer a to<strong>do</strong>s [...]. Para usarmos uma ilustração <strong>de</strong> Couture,<br />

po<strong>de</strong>ríamos dizer que, atualmente, a liberda<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz, no campo da formação <strong>de</strong><br />

seu convencimento jurídico sobre os fatos narra<strong>do</strong>s pelos litigantes, é comparável<br />

à <strong>de</strong> um prisioneiro: po<strong>de</strong> ir para on<strong>de</strong> quiser, contanto que seja no interior da cela.<br />

A cela, na metáfora, são as provas <strong>do</strong>s autos. Na fundamentação, o juiz apreciará<br />

e resolverá todas as matérias e questões, <strong>de</strong> fato e <strong>de</strong> direito, que digam respeito à<br />

causa, aí compreendidas as que tenham si<strong>do</strong> alegadas pelas partes e aquelas que<br />

possa conhecer por sua iniciativa.”<br />

Desse mo<strong>do</strong>, a sentença trabalhista <strong>de</strong>ve apreciar toda a matéria discutida nos<br />

autos, tanto a processual como as questões <strong>de</strong> mérito. De outro la<strong>do</strong>, o juiz tem<br />

discricionarieda<strong>de</strong> para fundamentar e expor as razões <strong>de</strong> seu convencimento. Não<br />

há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rebater ou apreciar todas as razões da inicial e da <strong>de</strong>fesa, e sim<br />

colocar os argumentos que foram <strong>de</strong>cisivos para o seu convencimento, conforme<br />

o princípio da persuasão racional, ou convencimento motiva<strong>do</strong>. Outrossim, <strong>de</strong>vem<br />

ser aprecia<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s e os requerimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, como aplicação <strong>de</strong><br />

litigância <strong>de</strong> má-fé etc.<br />

(9) GRECO FILHO, Vicente. <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. 2 v., 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. p. 233.<br />

(10) Op. cit., p. 286.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!