11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong>smentir a mensagem verbal. E como age no plano <strong>do</strong> inconsciente, po<strong>de</strong><br />

ser mais fiel que a simples palavra, que ‘opera num meio socialmente<br />

aceitável’.”<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, é a visão <strong>de</strong> Wagner D. Giglio (180) :<br />

“No cotejo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos das testemunhas, a uniformida<strong>de</strong> excessiva,<br />

até o ponto <strong>de</strong> serem repetidas as mesmas palavras e os mesmos pormenores,<br />

indica testemunho ‘prepara<strong>do</strong>’, isto é, previamente combina<strong>do</strong>,<br />

subtrain<strong>do</strong>-lhe valor, como é evi<strong>de</strong>nte, vez que regra geral duas pessoas<br />

não veem os fatos da mesma maneira, e muito menos o narram <strong>de</strong> forma<br />

idêntica. Pequenas discrepâncias quanto aos pormenores autenticam a<br />

prova testemunhal.”<br />

Nesse contexto, relevante <strong>de</strong>stacar as seguintes ementas:<br />

“Depoimentos testemunhais — Contradição — Horas extras. Apoiar-se em contradição<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos testemunhais, para o fim <strong>de</strong> julgar improce<strong>de</strong>nte pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> horas extras,<br />

data venia, é profundamente injusto, uma vez que a contradição ocorre principalmente<br />

quan<strong>do</strong> as testemunhas vêm a juízo dar a sua impressão <strong>do</strong>s fatos ocorri<strong>do</strong>s, sem um “ensaio”<br />

prévio. Em uma relação continuada, como é a trabalhista, os fatos se suce<strong>de</strong>m e não se<br />

repetem sempre da mesma forma, pois não se cuida <strong>de</strong> máquinas, mas <strong>de</strong> homens. A formação<br />

<strong>do</strong> convencimento, quanto a existência ou inexistência <strong>de</strong> horas extras, portanto,<br />

<strong>de</strong>ve sobrepor-se às eventuais contradições <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos testemunhais e basear-se no<br />

conjunto probatório <strong>do</strong>s autos, levan<strong>do</strong>-se em conta, especialmente, que a reconstituição<br />

da jornada trabalhada, mediante a avaliação <strong>de</strong> prova oral, se dá quan<strong>do</strong> não são junta<strong>do</strong>s<br />

aos autos os cartões <strong>de</strong> ponto, ou quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra que estes não retratam a realida<strong>de</strong>.”<br />

(TRT – 15 a R. – 5 a T .– AC. n. 13981/99 – rel. Jorge Luiz S. Maior – DJSP 25.5.99 – p. 108)<br />

“Prova testemunhal. Valoração. Prevalência, como regra, <strong>do</strong> convencimento <strong>do</strong> juiz que<br />

colheu a prova. Deve ser prestigia<strong>do</strong>, como regra, o convencimento <strong>do</strong> juiz que colheu a<br />

prova. Ele, afinal, é que manteve o contato vivo, direto e pessoal com as partes e testemunhas,<br />

medin<strong>do</strong>-lhes as reações, a segurança, a sincerida<strong>de</strong>, a postura. Aspectos, aliás, que nem<br />

sempre se exprimem, que a comunicação escrita, da<strong>do</strong>s os seus acanha<strong>do</strong>s limites, não<br />

permite traduzir. O juízo que colhe o <strong>de</strong>poimento “sente” a testemunha. É por assim dizer<br />

um testemunho <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento. Convencimento, portanto, melhor aparelha<strong>do</strong> e que, por<br />

isso, <strong>de</strong>ve ser preserva<strong>do</strong>, salvo se houver elementos claros e contun<strong>de</strong>ntes a indicar que a<br />

prova diz outra coisa. Recurso Ordinário <strong>do</strong> autor a que se nega provimento, nesse ponto.”<br />

(TRT/SP – 00013645920115020060 – RO – Ac. 11 a T. – 20120655009 – rel. Eduar<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Azeve<strong>do</strong> Silva – DOE 19.6.2012)<br />

“1. TESTEMUNHA PATRONAL HABITUÉE NESTA JUSTIÇA. VÁRIOS DEPOIMENTOS,<br />

CADA UM COM VERSÃO DIFERENTE. PROVA DESQUALIFICADA. Pesa sobre a testemunha<br />

da reclamada a suspeita sobre a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>clarações, eis que o autor<br />

juntou outros <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>la, conhecida habituée nesta Justiça, sempre na qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> testemunha <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, on<strong>de</strong> ora afirma supervisionar 3, 4 e até todas as linhas<br />

(fls. 279/287), o que efetivamente fragiliza e <strong>de</strong>squalifica o seu <strong>de</strong>poimento neste feito. 2.<br />

INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL. DIREITO A UMA HORA EXTRA<br />

POR DIA, COM REFLEXOS. A concessão parcial <strong>do</strong> intervalo não assegura ao emprega<strong>do</strong>r<br />

qualquer direito <strong>de</strong> compensação, em face <strong>do</strong> caráter público e tutelar da norma em questão.<br />

(180) <strong>Direito</strong> processual <strong>do</strong> trabalho. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 246.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 779

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!