11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

principalmente quan<strong>do</strong> se compromissar com a verda<strong>de</strong>, sob as penas da lei,<br />

a menos que esteja evi<strong>de</strong>nte o interesse <strong>de</strong> um e <strong>de</strong> outro em se protegerem<br />

reciprocamente. Caso contrário, basta um emprega<strong>do</strong>r dispensar<br />

to<strong>do</strong>s os seus emprega<strong>do</strong>s para que estivesse a salvo <strong>de</strong> qualquer prova<br />

testemunhal contrária aos seus interesses, pois to<strong>do</strong>s estariam litigan<strong>do</strong><br />

contra ele, em processos distintos.”<br />

No nosso sentir, o simples fato <strong>de</strong> a testemunha litigar em face <strong>do</strong> mesmo<br />

emprega<strong>do</strong>r não a torna suspeita, pois no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> há peculiarida<strong>de</strong>s<br />

dificilmente encontradas nos <strong>de</strong>mais ramos da esfera processual, já que, em regra, as<br />

testemunhas <strong>do</strong> reclamante são ex-emprega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong> e as testemunhas <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>r lhe são emprega<strong>do</strong>s. Além disso, dificilmente, em juízo, se dá credibilida<strong>de</strong><br />

a <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> testemunhas que não trabalharam junto com o reclamante<br />

em razão das peculiarida<strong>de</strong>s da relação <strong>de</strong> trabalho, que é uma relação jurídica que<br />

se <strong>de</strong>senvolve intuitu personae em face <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, e, normalmente, o local da<br />

prestação <strong>de</strong> serviços está ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros trabalha<strong>do</strong>res. Sob outro enfoque, o<br />

direito constitucional <strong>de</strong> ação é dirigi<strong>do</strong> contra o Esta<strong>do</strong> para o emprega<strong>do</strong> obter<br />

os direitos que enten<strong>de</strong> viola<strong>do</strong>s, e não contra o emprega<strong>do</strong>r, que, via <strong>de</strong> regra, é<br />

uma empresa, sen<strong>do</strong> certo que, muitas vezes, nem sequer o emprega<strong>do</strong> sabe quem<br />

a administra. Por isso, o fato <strong>de</strong> mover ação diante <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, por si só, não é<br />

motivo <strong>de</strong> suspeição ou impedimento da testemunha (161) , ainda que os fatos sejam<br />

idênticos (162) .<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, se inclinou a jurisprudência <strong>do</strong> Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

conforme a redação da Súmula n. 357, <strong>de</strong> sua jurisprudência, in verbis:<br />

“TESTEMUNHA — AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA — SUSPEIÇÃO. Não<br />

torna suspeita a testemunha o simples fato <strong>de</strong> estar litigan<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> ter litiga<strong>do</strong> contra o<br />

mesmo emprega<strong>do</strong>r.”<br />

(161) Testemunha — Ação contra a mesma reclamada — Enuncia<strong>do</strong> n. 357 <strong>do</strong> c. TST. Nos termos <strong>do</strong> Enuncia<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Jurisprudência n. 357 <strong>do</strong> c. TST, não torna suspeita a testemunha o simples fato <strong>de</strong> estar litigan<strong>do</strong> ou<br />

ter litiga<strong>do</strong> contra o mesmo emprega<strong>do</strong>r. (TRT 12 a R. – 1 a T. – ROVA n. 8060/2003.035.12.00-0 – Ac. n.<br />

3369/05 – rel. Marcus P. Mugnaini – DJSC 6.4.05 – p. 293) (RDT n. 05 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2005). Testemunha —<br />

Contradita — Cerceamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. É pacífico nesta Corte o entendimento <strong>de</strong> que: “Não torna suspeita<br />

a testemunha o simples fato <strong>de</strong> estar litigan<strong>do</strong> ou ter litiga<strong>do</strong> contra o mesmo emprega<strong>do</strong>r” (Enuncia<strong>do</strong><br />

n. 357 <strong>do</strong> TST). Decisão <strong>do</strong> regional que conclui que é correto o <strong>de</strong>ferimento da contradita, uma vez que<br />

“a testemunha reconheceu a propositura <strong>de</strong> ação contra a reclamada e o ora reclamante foi sua testemunha<br />

naquele processo, configuran<strong>do</strong> a troca <strong>de</strong> favores”, contraria o verbete em foco. Recurso <strong>de</strong> revista<br />

provi<strong>do</strong>. (TST – 4 a T. – RR n. 67.581.2002.900.01.00-8 – rel. Mílton <strong>de</strong> Moura França – DJ 28.5.04 – p. 992)<br />

(RDT n. 6 – junho <strong>de</strong> 2004).<br />

(162) Em senti<strong>do</strong> contrário, encontra-se a presente ementa oriunda <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, in verbis: PROVA<br />

TESTEMUNHAL — SUSPEIÇÃO — TESTEMUNHAS EM LITÍGIO COM A PARTE CONSIDERANDO O OBJETO<br />

DO PROCESSO — As testemunhas arroladas pelos autores que <strong>de</strong>mandam contra o réu, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />

o objeto <strong>do</strong> processo, têm interesse no <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>sta última <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser tidas como suspeitas. Prova<br />

testemunhal. Arcabouço. Inexiste vício a revelar transgressão ao <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo quan<strong>do</strong> a sentença<br />

con<strong>de</strong>natória lastreia-se em <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> testemunha <strong>do</strong> próprio réu, muito embora fazen<strong>do</strong> alusão,<br />

também, ao <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> testemunha que <strong>de</strong>manda, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o mesmo objeto <strong>do</strong> processo (STF,<br />

RE 220329/MT 2 a T. – rel. Min Marco Aurélio – DJ 20.4.2001). In: BEGALLES, Carlos Alberto. Lições <strong>de</strong><br />

direito processual <strong>do</strong> trabalho. Processo <strong>de</strong> conhecimento e recursos. São Paulo: LTr, 2005. p. 280/281.<br />

764 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!