11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

em que o interesse <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> quem a suscita, conforme se verá, está vincula<strong>do</strong> à<br />

relevância <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento reputa<strong>do</strong> falso para o <strong>de</strong>slin<strong>de</strong> da causa. Assim, saber se o<br />

<strong>do</strong>cumento é ou não falso <strong>de</strong>ve ser uma questão que tenha aptidão para influenciar<br />

na resolução <strong>do</strong> próprio mérito da <strong>de</strong>manda.<br />

Dispõe o CPC atual, no art. 430:<br />

“A falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo <strong>de</strong> 15 (quinze) dias,<br />

conta<strong>do</strong> a partir da intimação da juntada <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento aos autos.<br />

Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsida<strong>de</strong> será resolvida como questão inci<strong>de</strong>ntal,<br />

salvo se a parte requerer que o juiz a <strong>de</strong>cida como questão principal, nos termos <strong>do</strong> inciso<br />

II <strong>do</strong> art. 19.”<br />

Conforme o referi<strong>do</strong> dispositivo legal, a falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumental <strong>de</strong>ve ser invocada<br />

na contestação pelo reclama<strong>do</strong> e, na réplica, pelo autor, ou no prazo <strong>de</strong> 15 dias a<br />

partir da juntada <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento aos autos.<br />

A arguição <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumental não exige mais a peça formal <strong>do</strong> inci<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>, que era uma espécie <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>claratória inci<strong>de</strong>ntal no CPC <strong>de</strong> 1973.<br />

Doravante, a arguição <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser invocada, no processo <strong>do</strong> trabalho, como<br />

um simples requerimento, na peça inicial (como questão inci<strong>de</strong>ntal ou principal),<br />

na <strong>de</strong>fesa, na manifestação sobre a <strong>de</strong>fesa (réplica), ou no prazo <strong>de</strong> quinze dias da<br />

juntada <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento aos autos, por aplicação subsidiária <strong>do</strong> CPC (arts. 15 <strong>do</strong><br />

CPC e 769 da CLT).<br />

Deverá a parte também esclarecer se tem interesse que a falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumental<br />

seja consi<strong>de</strong>rada como questão principal, ou somente inci<strong>de</strong>ntal, pois diferentes<br />

serão os efeitos da <strong>de</strong>cisão em cada uma das hipóteses.<br />

Se a falsida<strong>de</strong> for arguida como questão principal, ou seja, a parte tem interesse<br />

<strong>de</strong> ver <strong>de</strong>clarada a falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento como pedi<strong>do</strong> principal (art. 19, II, <strong>do</strong><br />

CPC (145) ), a sentença <strong>de</strong>clarará a autenticida<strong>de</strong> ou a falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento e essa<br />

<strong>de</strong>cisão fará coisa julgada material. Nas <strong>de</strong>mais hipóteses, a questão da falsida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>cumental será <strong>de</strong>clarada <strong>de</strong> forma inci<strong>de</strong>nte (inci<strong>de</strong>nter tantum), sem o efeito <strong>de</strong><br />

coisa julgada material. Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe o art. 433, <strong>do</strong> CPC:<br />

“A <strong>de</strong>claração sobre a falsida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, quan<strong>do</strong> suscitada como questão principal,<br />

constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autorida<strong>de</strong> da<br />

coisa julgada.”<br />

Conforme o art. 431 <strong>do</strong> CPC, a parte arguirá a falsida<strong>de</strong> expon<strong>do</strong> os motivos<br />

em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alega<strong>do</strong>.<br />

Tanto a falsida<strong>de</strong> material como a i<strong>de</strong>ológica po<strong>de</strong>m ser invocadas por meio <strong>de</strong><br />

requerimento <strong>de</strong> arguição <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>. Não obstante, somente na falsida<strong>de</strong> material,<br />

o juiz <strong>de</strong>signará a chamada perícia grafotécnica. Na hipótese <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica,<br />

a parte po<strong>de</strong>rá comprová-la pelos outros meios <strong>de</strong> prova admiti<strong>do</strong>s em direito.<br />

(145) Art. 19, <strong>do</strong> CPC: “O interesse <strong>do</strong> autor po<strong>de</strong> limitar-se à <strong>de</strong>claração: (...) II – da autenticida<strong>de</strong> ou da falsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento.”<br />

754 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!