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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Não haven<strong>do</strong> recibo <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong> salário, há presunção <strong>de</strong> que não houve<br />

o pagamento. Parte significativa da jurisprudência não tem admiti<strong>do</strong> a prova <strong>do</strong><br />

salário por outro meio que não seja o recibo assina<strong>do</strong> pelo trabalha<strong>do</strong>r. Não obstante<br />

a clareza <strong>do</strong> art. 464 da CLT, a interpretação não po<strong>de</strong> ser literal, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o<br />

princípio da primazia da realida<strong>de</strong> que norteia o <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. Desse mo<strong>do</strong>,<br />

enten<strong>de</strong>mos que a prova <strong>do</strong> salário possa ser suprida por confissão <strong>do</strong> próprio trabalha<strong>do</strong>r,<br />

ou, em alguns casos, por prova testemunhal robusta <strong>do</strong> pagamento. Se o<br />

emprega<strong>do</strong> po<strong>de</strong> provar com testemunhas que não recebeu o salário, mesmo haven<strong>do</strong><br />

recibo assina<strong>do</strong>, ao emprega<strong>do</strong>r também <strong>de</strong>ve ser da<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> produzir prova<br />

<strong>do</strong> pagamento <strong>do</strong> salário quan<strong>do</strong> não há recibo assina<strong>do</strong>.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, é a posição <strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong> Gabriel Saad (142) : “O recibo não é da<br />

essência <strong>do</strong> ato. Enten<strong>de</strong>mos que não está sujeito à repetição o emprega<strong>do</strong>r que<br />

provar o pagamento <strong>do</strong> salário por meio <strong>de</strong> lançamento contábil, <strong>de</strong> cheque ou <strong>de</strong><br />

prova testemunhal. Os repertórios <strong>de</strong> jurisprudência trabalhista registram numerosos<br />

<strong>de</strong>cisórios a favor <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista.”<br />

Para o <strong>do</strong>méstico, a jurisprudência tem flexibiliza<strong>do</strong> a exigência <strong>do</strong> recibo para<br />

permitir a prova <strong>do</strong> salário por to<strong>do</strong>s os meios admiti<strong>do</strong>s em direito, em razão <strong>de</strong><br />

o trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico trabalhar no ambiente familiar, sen<strong>do</strong> mais acentua<strong>do</strong> o<br />

laço <strong>de</strong> confiança entre emprega<strong>do</strong> e emprega<strong>do</strong>r <strong>do</strong>méstico.<br />

Quanto à jornada <strong>de</strong> trabalho, dispõe o art. 74 da CLT:<br />

“O horário <strong>do</strong> trabalho constará <strong>de</strong> quadro, organiza<strong>do</strong> conforme mo<strong>de</strong>lo expedi<strong>do</strong> pelo<br />

Ministro <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, e afixa<strong>do</strong> em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no<br />

caso <strong>de</strong> não ser o horário único para to<strong>do</strong>s os emprega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma mesma seção ou turma.<br />

§ 1 o O horário <strong>de</strong> trabalho será anota<strong>do</strong> em registro <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s com a indicação <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong>s ou contratos coletivos porventura celebra<strong>do</strong>s. § 2 o Para os estabelecimentos <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z trabalha<strong>do</strong>res será obrigatória a anotação da hora <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída, em<br />

registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo<br />

Ministério <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> haver pré-assinalação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso. (Redação<br />

dada pela Lei n. 7.855/89 – DOU 25.10.89) § 3 o Se o trabalho for executa<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> estabelecimento,<br />

o horário <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s constará, explicitamente, <strong>de</strong> ficha ou papeleta em<br />

seu po<strong>de</strong>r, sem prejuízo <strong>do</strong> que dispõe o § 1 o <strong>de</strong>ste artigo.”<br />

A prova da jornada é <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r e <strong>do</strong>cumental, caso ele tenha mais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z emprega<strong>do</strong>s. A não juntada <strong>do</strong>s cartões faz presumir a jornada <strong>de</strong>clinada pelo<br />

emprega<strong>do</strong> na petição inicial.<br />

De outro la<strong>do</strong>, os controles <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong>vem refletir a realida<strong>de</strong>. Dessa forma,<br />

a jurisprudência uniformizada <strong>do</strong> TST não tem admiti<strong>do</strong> controles britânicos ou<br />

invariáveis, uma vez que não presumi<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> as máximas <strong>de</strong> experiência, que<br />

o emprega<strong>do</strong> anote os cartões <strong>de</strong> ponto to<strong>do</strong>s os dias no mesmo horário.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, dispõe a Súmula n. 338 <strong>do</strong> C. TST, in verbis:<br />

“JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. I – É ônus <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r<br />

que conta com mais <strong>de</strong> 10 (<strong>de</strong>z) emprega<strong>do</strong>s o registro da jornada <strong>de</strong> trabalho na forma<br />

(142) SAAD, Eduar<strong>do</strong> Gabriel. Comentários à CLT. 40. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 503.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 747

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