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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Como bem adverte Amauri Mascaro Nascimento (136) , a prova <strong>do</strong>cumental<br />

apresenta vantagens e <strong>de</strong>feitos. Do mesmo mo<strong>do</strong> que po<strong>de</strong> trazer maior segurança<br />

quanto à existência <strong>do</strong> fato que reproduz, po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, ser uma falsa atestação<br />

<strong>de</strong> ato a que não correspon<strong>de</strong>. Nessas condições, o <strong>do</strong>cumento, em especial<br />

no processo trabalhista, <strong>de</strong>ve ser recebi<strong>do</strong> com reservas, e o seu valor, aprecia<strong>do</strong><br />

em conjunto com as <strong>de</strong>mais provas.<br />

A CLT contém poucas disposições sobre a prova <strong>do</strong>cumental. Há alguns dispositivos<br />

esparsos, exigin<strong>do</strong> a autenticação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos (art. 830), a juntada<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos com a inicial (art. 787), a juntada <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos pelo reclama<strong>do</strong> em<br />

audiência (art. 845), a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recibos <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> salários e quitação<br />

<strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho (arts. 464 e 477, § 2 o ), bem como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anotação da<br />

CTPS (art. 456). Desse mo<strong>do</strong>, em razão <strong>de</strong> a CLT conter pouquíssimas disposições<br />

sobre a prova <strong>do</strong>cumental, aplica-se praticamente integralmente ao Processo<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> a Seção VII <strong>do</strong> CPC (Da prova <strong>do</strong>cumental — arts. 405 a 441), por força<br />

<strong>do</strong> permissivo <strong>do</strong> art. 769 da CLT.<br />

Os <strong>do</strong>cumentos se divi<strong>de</strong>m em públicos e particulares.<br />

Documento público é o escrito que goza <strong>de</strong> fé pública não só da sua formação,<br />

mas também <strong>do</strong>s fatos ocorri<strong>do</strong>s na presença da autorida<strong>de</strong>, perante a qual foi ele<br />

lavra<strong>do</strong> (art. 405 <strong>do</strong> CPC). Como <strong>de</strong>staca Humberto Theo<strong>do</strong>ro Júnior (137) , “há, pois,<br />

presunção legal <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento público, entre as partes e perante<br />

terceiros, fato que <strong>de</strong>corre da atribuição <strong>de</strong> fé pública conferida aos órgãos estatais.”<br />

Já o <strong>do</strong>cumento particular é emiti<strong>do</strong> sem a participação <strong>de</strong> um oficial público,<br />

vinculada sua força probante à sua natureza e conteú<strong>do</strong>. Nos termos <strong>do</strong> art. 408<br />

<strong>do</strong> CPC, “as <strong>de</strong>clarações constantes <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento particular, escrito e assina<strong>do</strong>,<br />

ou somente assina<strong>do</strong>, presumem-se verda<strong>de</strong>iras em relação ao signatário.” Não<br />

haven<strong>do</strong> impugnação pela parte contrária, há presunção juris tantum <strong>de</strong> veracida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento particular.<br />

Conforme o art. 427 <strong>do</strong> CPC: “Cessa a fé <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, público ou particular,<br />

sen<strong>do</strong>-lhe <strong>de</strong>clarada judicialmente a falsida<strong>de</strong>. Parágrafo único. A falsida<strong>de</strong> consiste<br />

em: I – em formar <strong>do</strong>cumento não verda<strong>de</strong>iro; II – em alterar <strong>do</strong>cumento verda<strong>de</strong>iro.”<br />

A formação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento não verda<strong>de</strong>iro é chamada pela <strong>do</strong>utrina <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong><br />

material, pois há vício nos aspectos exteriores <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, uma vez que se cria<br />

um <strong>do</strong>cumento não verda<strong>de</strong>iro. Como assevera Humberto Theo<strong>do</strong>ro Júnior (138) , nas<br />

hipóteses em que o vício se manifestou na elaboração física <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, e não na<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>clarada, o <strong>de</strong>feito chama-se <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong> material. Forma-se, materialmente,<br />

(136) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso <strong>de</strong> direito processual <strong>do</strong> trabalho. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.<br />

p. 534.<br />

(137) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso <strong>de</strong> direito processual civil. V. I, 24. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense,<br />

1998. p. 446.<br />

(138) Op. cit., p. 455-456.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 741

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