11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

qualquer <strong>de</strong>les.” (TRT 3 a Reg. – 1 a T. – RO 17.954/98, rel a Juíza Emília Facchini – DJMG<br />

25.6.99 – Ca<strong>de</strong>rno V – p. 11).<br />

Se o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, ao tomar o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> reclamante, se este não souber os<br />

fatos da causa, haverá a confissão ficta, entretanto, não <strong>de</strong>ve o juiz encerrar prematuramente<br />

a instrução, mas sim tomar o <strong>de</strong>poimento <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong>, pois a confissão<br />

real <strong>de</strong>ste po<strong>de</strong> elidir a confissão ficta. Se o reclama<strong>do</strong> ou seu preposto não souberem<br />

<strong>do</strong>s fatos, haverá confissão ficta, pois o art. 843, § 1 o , da CLT, exige que o preposto<br />

tenha conhecimento <strong>do</strong>s fatos. Entretanto, este esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> confissão ficta po<strong>de</strong> ser<br />

elidi<strong>do</strong> por provas em contrário. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“PREPOSTO. DESCONHECIMENTO DOS FATOS — CONFISSÃO FICTA — PRESUNÇÃO<br />

JURIS TANTUM. O <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong>s fatos litigiosos por parte <strong>do</strong> preposto permite a<br />

aplicação da ficta confessio que, no entanto, somente autoriza presunção relativa, admitin<strong>do</strong><br />

prova em contrário.” (Proc. 00185.2006.402.14.00-5 RO – 14 a Reg. – rel a Juíza Vânia<br />

Maria da Rocha Abensur – DJ/RO <strong>de</strong> 14.2.2007 – (DT – Março/2007 – vol. 152, p. 212)<br />

Para os que enten<strong>de</strong>m que o preposto <strong>de</strong>ve ostentar a condição <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong><br />

da reclamada, nos termos da Súmula n. 377 <strong>do</strong> C. TST, a ausência <strong>de</strong> tal requisito não<br />

provoca a revelia, mas sim a confissão ficta, pois a revelia é a ausência <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong><br />

em audiência (art. 844 da CLT), se o preposto compareceu, ainda que não saiba <strong>do</strong>s<br />

fatos, o reclama<strong>do</strong> compareceu e está representa<strong>do</strong> (132) .<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, no nosso sentir, a confissão, seja a real ou a presumida<br />

(confissão ficta), <strong>de</strong>ve ser valorada na sentença, juntamente com os <strong>de</strong>mais elementos<br />

<strong>de</strong> provas <strong>do</strong>s autos. No nosso sistema legal, a confissão não é mais a rainha das<br />

provas. Não há mais como se sustentar, no sistema vigente, que a confissão prevalece<br />

sobre os <strong>de</strong>mais elementos <strong>de</strong> prova. A confissão como um meio <strong>de</strong> prova com a<br />

mesma efetivida<strong>de</strong> que os <strong>de</strong>mais (art. 332 <strong>do</strong> CPC) tem <strong>de</strong> ser sopesada em compasso<br />

com o conjunto probatório <strong>do</strong>s autos e <strong>do</strong> convencimento motiva<strong>do</strong>.<br />

O Tribunal Superior <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> recentemente firmou entendimento diverso,<br />

conforme a Súmula n. 74, com a seguinte redação: “CONFISSÃO. I – Aplica-se a confissão<br />

à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer<br />

à audiência em prosseguimento, na qual <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>por. (ex-Súmula n. 74 – RA n.<br />

69/1978, DJ 26.9.1978) II – A prova pré-constituída nos autos po<strong>de</strong> ser levada em<br />

conta para confronto com a confissão ficta (arts. 442 e 443, <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 2015 –<br />

art. 400, I, <strong>do</strong> CPC <strong>de</strong> 1973), não implican<strong>do</strong> cerceamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa o in<strong>de</strong>ferimento<br />

<strong>de</strong> provas posteriores. (ex-OJ n. 184 da SBDI-1 – inserida em 8.11.2000) III – A<br />

vedação à produção <strong>de</strong> prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica,<br />

não afetan<strong>do</strong> o exercício, pelo magistra<strong>do</strong>, <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r/<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> conduzir o processo”.<br />

Concordamos com o inciso I da Súmula n. 74, pois, diante das consequências<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento pessoal, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> advertência prévia quanto aos efeitos da<br />

ausência da parte para tal ato processual.<br />

(132) Desenvolvemos com maior profundida<strong>de</strong> em nossa obra A revelia no direito processual <strong>do</strong> trabalho. São<br />

Paulo: LTr, 2006. p. 60-61.<br />

738 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!