11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com po<strong>de</strong>res especiais (art. 390, § 1 o , <strong>do</strong> CPC). Sob o aspecto intencional, a confissão<br />

pressupõe um ato <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer a verda<strong>de</strong> quanto a fatos. Há o chama<strong>do</strong><br />

animus confitendi.<br />

Diz a <strong>do</strong>utrina que a confissão po<strong>de</strong> ser expressa quan<strong>do</strong> feita <strong>de</strong> forma<br />

categórica. Po<strong>de</strong> ser espontânea ou provocada pela parte contrária, por meio <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>poimento pessoal.<br />

A confissão é indivisível, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a parte beneficiada aceitá-la no tópico<br />

que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for <strong>de</strong>sfavorável (art. 395 <strong>do</strong> CPC).<br />

Fala-se em confissão ficta, tácita ou presumida a que resulta da taciturnida<strong>de</strong><br />

da parte quan<strong>do</strong> provocada a falar. Geralmente, resulta da recusa da parte em<br />

prestar <strong>de</strong>poimento (130) . Diz o art. 386 <strong>do</strong> CPC (131) , “quan<strong>do</strong> a parte, sem motivo<br />

justifica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r ao que lhe for pergunta<strong>do</strong>, ou empregar evasivas,<br />

o juiz, aprecian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>mais circunstâncias e os elementos <strong>de</strong> prova, <strong>de</strong>clarará, na<br />

sentença, se houve recusa <strong>de</strong> <strong>de</strong>por.”<br />

No aspecto, cumpre <strong>de</strong>stacar a seguinte ementa:<br />

“CONFISSÃO FICTA. ART. 345 DO CPC. A confissão da ré não se restringe à afirmação<br />

contrária às alegações da <strong>de</strong>fesa, conforme previsto no art. 348 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo<br />

Civil, mas também ao <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> sócio da empresa sobre fato essencial da li<strong>de</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>poimento sobressaem <strong>de</strong>clarações díspares e evasivas sobre a<br />

questão objeto <strong>do</strong> interrogatório. Assim, ao sócio afirmar que a obreira iniciou a prestação<br />

<strong>de</strong> serviços em uma <strong>de</strong>terminada data, para logo em seguida <strong>de</strong>sdizer-se, afirman<strong>do</strong> que<br />

“não se lembra” se houve prestação <strong>de</strong> serviços antes <strong>de</strong>sse mesmo perío<strong>do</strong>, há que se tomar<br />

seu esquecimento como prova em abono à tese da parte contrária. Subsunção à norma <strong>do</strong><br />

art. 345 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Civil, aplica<strong>do</strong> subsidiariamente ao processo trabalhista e<br />

em perfeita harmonia com o disposto no § 1 o <strong>do</strong> art. 843 da CLT. Apelo ao qual se nega<br />

provimento.” (TRT/SP – 00008998120115020082 – RO – Ac. 9 a T. – 20120651135 – rel a<br />

Maria da Conceição Batista – DOE 29.6.2012)<br />

A confissão ficta é meio <strong>de</strong> prova, pois está inserida no capítulo que trata<br />

das provas. Não obstante, não tem caráter absoluto, pois po<strong>de</strong> ser contrariada por<br />

outras provas <strong>do</strong>s autos. Acreditamos que até mesmo a confissão real feita pela própria<br />

parte em <strong>de</strong>poimento pessoal não tem caráter absoluto, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais falar,<br />

diante <strong>do</strong> caráter publicista e <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> livre convencimento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>,<br />

que a confissão é a rainha das provas, uma vez que esta po<strong>de</strong> ser neutralizada pelas<br />

<strong>de</strong>mais provas <strong>do</strong>s autos e até mesmo pela confissão real da parte contrária.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“CONFISSÃO FICTA. PREVALÊNCIA SOBRE OUTRAS PROVAS. Princípio da livre apreciação.<br />

Não há dizer-se em prevalência da confissão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma hierarquia <strong>de</strong> provas,<br />

pois vige, em nossa sistemática processual, o princípio da livre apreciação <strong>do</strong>s elementos<br />

úteis <strong>do</strong> processo pelo Julga<strong>do</strong>r, que não po<strong>de</strong> ser constrangi<strong>do</strong> a atribuir valor absoluto a<br />

(130) Ibi<strong>de</strong>m, p. 439.<br />

(131) No CPC <strong>de</strong> 1973, o art. 345 tinha idêntica redação.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 737

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!