11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sentença por cerceamento <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, a qual foi rejeitada pelo Regional, por consi<strong>de</strong>rar<br />

que o in<strong>de</strong>ferimento da oitiva <strong>do</strong> preposto <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong> não configura cerceamento<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, uma vez que o autor já teria confessa<strong>do</strong> que os horários <strong>de</strong> trabalho registra<strong>do</strong>s<br />

nos cartões <strong>de</strong> ponto eram os efetivamente trabalha<strong>do</strong>s, em que pese tenha excepciona<strong>do</strong>,<br />

expressamente, o tempo gasto antes e após a jornada <strong>de</strong> trabalho. No mérito, manteve o<br />

in<strong>de</strong>ferimento da pretensão <strong>do</strong> reclamante quanto ao pagamento <strong>de</strong> horas extraordinárias<br />

correspon<strong>de</strong>ntes, concluin<strong>do</strong> que, quanto a esse pleito, o reclamante não se <strong>de</strong>sincumbiu<br />

<strong>do</strong> seu ônus da prova. Quan<strong>do</strong> se impe<strong>de</strong> a produção <strong>de</strong> prova testemunhal ao mesmo<br />

tempo em que se afirma que o reclamante não se <strong>de</strong>sincumbiu <strong>de</strong> provar fato constitutivo<br />

<strong>do</strong> seu direito, resta configura<strong>do</strong> o cerceamento <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Registra-se que, nos<br />

termos <strong>do</strong> art. 343 <strong>do</strong> CPC, é direito da parte requerer o <strong>de</strong>poimento pessoal da outra, a<br />

fim <strong>de</strong> interrogá-la. Na hipótese <strong>do</strong>s autos, não foi oportuniza<strong>do</strong> ao obreiro a produção <strong>de</strong><br />

prova testemunhal quanto ao pleito <strong>de</strong> horas extras relativo ao trabalho realiza<strong>do</strong> antes<br />

<strong>do</strong> início da jornada registrada nos cartões <strong>de</strong> ponto, sen<strong>do</strong>-lhe posteriormente in<strong>de</strong>ferida<br />

a pretensão, ao fundamento <strong>de</strong> que o reclamante não se <strong>de</strong>sincumbiu <strong>do</strong> ônus da prova.<br />

Inegável, pois, o cerceamento <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, em ofensa ao art. 5 o , inciso LV, da CF/88.<br />

Recurso <strong>de</strong> revista conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>.” (RR-97100-07.2005.5.23.0036, rel. Min. José<br />

Roberto Freire Pimenta, 2 a Turma, DEJT 4.2.2011)<br />

2.2. Da confissão<br />

Luiz Eduar<strong>do</strong> Gunther e Cristina Maria Navarro Zornig (128) nos trazem o seguinte<br />

conceito <strong>de</strong> confissão: “Derivan<strong>do</strong> <strong>do</strong> latim confessio, <strong>de</strong> confiteri, na terminologia<br />

jurídica possui o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> feita por quem a po<strong>de</strong> fazer.<br />

Também qualificada como <strong>de</strong>lle prove, refere-se a confissão ao ato pelo qual a pessoa<br />

capaz reconhece e espontaneamente <strong>de</strong>clara verda<strong>de</strong>iro o fato que se lhe imputa ou<br />

contra ela é alega<strong>do</strong>. O Dicionário Jurídico da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras Jurídicas<br />

resume o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> vocábulo ao ato pelo qual a parte, em juízo ou fora <strong>de</strong>le,<br />

admite a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um fato contrário a seu interesse e favorável ao adversário.”<br />

O Código <strong>de</strong> Processo Civil, por meio <strong>de</strong> interpretação autêntica, nos traz a<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> confissão no art. 389, que assim dispõe:<br />

“Há confissão, judicial ou extrajudicial, quan<strong>do</strong> a parte admite a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um fato, contrário<br />

ao seu interesse e favorável ao adversário [...].”<br />

Como <strong>de</strong>staca Moacyr Amaral Santos (129) , na confissão, se compreen<strong>de</strong>m três<br />

elementos inseparáveis, que dizem respeito: a) ao objeto (elemento objetivo); b) ao<br />

sujeito (elemento subjetivo); e c) intencional.<br />

O elemento objetivo consiste no argumento <strong>de</strong> que só os fatos são suscetíveis<br />

<strong>de</strong> prova. Como meio <strong>de</strong> prova que é, a confissão só abrange fatos, tanto os favoráveis<br />

como os <strong>de</strong>sfavoráveis ao confitente. O elemento subjetivo resulta que a confissão<br />

seja prestada pela parte e pela própria parte, ou, excepcionalmente, por representante<br />

(128) GUNTHER, Luiz Eduar<strong>do</strong>; ZORNIG, Cristina Maria Navarro. Revelia e confissão no Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>.<br />

In: Revista <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> Trabalhista, n. 1, ano 10, janeiro <strong>de</strong> 2004, Brasília: Consulex, 2004. p. 10-01/14.<br />

(129) SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas <strong>de</strong> direito processual civil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.<br />

p. 437.<br />

736 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!