11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Embora se confira ao Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> uma amplitu<strong>de</strong> maior na direção <strong>do</strong><br />

processo, inclusive na esfera probatória (art. 765 da CLT), acreditamos que, quanto ao<br />

<strong>de</strong>poimento pessoal, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se os princípios da imediatida<strong>de</strong>, da oralida<strong>de</strong> e da<br />

concentração <strong>de</strong> atos na audiência, este meio <strong>de</strong> prova não po<strong>de</strong> ser sonega<strong>do</strong> à parte.<br />

O in<strong>de</strong>ferimento <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento pessoal, sob o argumento <strong>de</strong> que ele não é<br />

compatível com o Processo, configura, portanto, cerceamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa no Processo<br />

<strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, passível <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> total da relação jurídico-processual a partir <strong>do</strong><br />

in<strong>de</strong>ferimento.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“Depoimento da parte. <strong>Direito</strong> processual compatível com o processo trabalhista. CF, art. 5 o ,<br />

LV, e CPC, art. 343. A confissão é o maior benefício processual que a parte tem. Em razão<br />

<strong>de</strong>la po<strong>de</strong> dispensar testemunhas ou sair vence<strong>do</strong>ra da causa. É direito que o juízo não<br />

tem prerrogativa <strong>de</strong> in<strong>de</strong>ferir. O art. 848 da CLT abre ao juiz a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir as partes,<br />

porém, não proíbe que as partes também requeiram o <strong>de</strong>poimento, se o juiz não o<br />

<strong>de</strong>terminou <strong>de</strong> ofício.” (127)<br />

“RECURSO ORDINÁRIO. CERCEAMENTO DO DIREIRO DE DEFESA. DEPOIMENTO<br />

PESSOAL DO PREPOSTO. NECESSIDADE. As provas são produzidas para o convencimento<br />

<strong>do</strong> juiz. Cristalino, <strong>de</strong> outra parte, que o <strong>de</strong>poimento das partes constitui-se notório<br />

meio <strong>de</strong> prova, a fim <strong>de</strong> se provocar uma possível confissão. A <strong>do</strong>utrina difere <strong>de</strong>poimento<br />

das partes <strong>de</strong> interrogatório: a principal distinção — que é a que nos interessa — é que o<br />

interrogatório visa apenas obter das partes <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s esclarecimentos ao Julga<strong>do</strong>r sobre<br />

os fatos controverti<strong>do</strong>s, ao passo que o <strong>de</strong>poimento po<strong>de</strong> ensejar a confissão, conquanto<br />

também sirva para elucidar os fatos. Tanto assim que, em haven<strong>do</strong> recusa <strong>de</strong> uma das<br />

partes <strong>de</strong> <strong>de</strong>por, haverá confissão, embora ficta. Recurso conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>.” (TRT/SP<br />

– 00935000520085020085 (00935200808502000) – RO – Ac. 12 a T. 20110442754 – rel.<br />

Benedito Valentini – DOE 15.4.2011)<br />

“NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. LITISCONSÓRCIO PASSIVO. CONFISSÃO<br />

FICTA DA PRIMEIRA RECLAMADA. DEPOIMENTO PESSOAL DO AUTOR REQUE-<br />

RIDO PELA SEGUNDA RECLAMADA. INDEFERIMENTO. O in<strong>de</strong>ferimento <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento pessoal, se presentes fatos controverti<strong>do</strong>s, diante da própria essência <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> meio <strong>de</strong> prova, gera sério prejuízo processual ao litigante que o requereu, pois, se<br />

eventualmente extraída a confissão <strong>do</strong> <strong>de</strong>poente, a parte que se beneficiou com as alegações<br />

prestadas pelo adversário estará <strong>de</strong>sincumbida <strong>de</strong> produzir provas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> comprovar<br />

que tem razão em relação à pretensão resistida. Além disso, não encontra óbice o pedi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento pessoal <strong>do</strong> reclamante a circunstância da primeira reclamada ser <strong>de</strong>clarada<br />

confessa e <strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> a segunda reclamada con<strong>de</strong>nada apenas <strong>de</strong> forma subsidiária, mormente<br />

quan<strong>do</strong> esta impugna, em sua contestação, a prestação <strong>de</strong> serviços pelo reclamante em seu<br />

favor. Recurso <strong>de</strong> revista conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>.” (TST – RR-15000-67.2003.5.01.0071, rel.<br />

Juiz Convoca<strong>do</strong> Hugo Carlos Scheuermann, 1 a Turma, DEJT 3.2.2012)<br />

“NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. No caso,<br />

o reclamante, embora tenha reconheci<strong>do</strong> a regularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s registros constantes <strong>do</strong>s cartões<br />

<strong>de</strong> ponto, afirmou que esses <strong>do</strong>cumentos não registravam o tempo <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> antes<br />

<strong>do</strong> início da jornada <strong>de</strong> trabalho para se vestir e afiar as facas. Por isso, preten<strong>de</strong>u ouvir o<br />

preposto <strong>do</strong> reclama<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> produzir prova quanto à questão. Porém, o Magistra<strong>do</strong><br />

in<strong>de</strong>feriu o pedi<strong>do</strong>. O reclamante interpôs recurso ordinário, suscitan<strong>do</strong> a nulida<strong>de</strong> da<br />

(127) TRT/SP – 02439200403002000 – RO – Ac. 9 a T. – 20060484440 – rel. Luiz Edgar Ferraz <strong>de</strong> Oliveira – DOE<br />

8.8.2006.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 735

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!