11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No nosso sentir, o § 2 o <strong>do</strong> art. 385 (115) <strong>do</strong> CPC aplica-se ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

exceto nas hipóteses em que a parte está sem assistência <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong>. Nessa<br />

situação, <strong>de</strong>verá presenciar o <strong>de</strong>poimento da parte contrária para po<strong>de</strong>r realizar<br />

as reperguntas, em razão <strong>do</strong>s princípios constitucionais <strong>do</strong> contraditório e ampla<br />

<strong>de</strong>fesa (art. 5 o , LV, da CF).<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, a opinião <strong>de</strong> Manoel Antonio Teixeira Filho (116) :<br />

“Embora a CLT seja omissa sobre a matéria, enten<strong>de</strong>mos que o coman<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> art. 344, parágrafo único <strong>do</strong> CPC, <strong>de</strong>ve incidir, supletivamente no<br />

processo <strong>do</strong> trabalho. Em diversas Varas, aliás, já se vem proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sta maneira. Seria <strong>de</strong> alvitrar-se, a propósito, que o procedimento se<br />

generalizasse. Sem embargo, o exercício da judicatura nos revelou que<br />

quan<strong>do</strong> a parte, que está sen<strong>do</strong> ouvida em juízo, já assistiu ao interrogatório<br />

da outra, a sua preocupação maior é <strong>de</strong> rebater as <strong>de</strong>clarações <strong>do</strong><br />

litigante adverso, e não <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às perguntas que lhe são formuladas<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as alegações que ela, <strong>de</strong>poente, expen<strong>de</strong>u na inicial ou<br />

na contestação, conforme seja o caso. Assim, o conhecimento prévio das<br />

<strong>de</strong>clarações da parte contrária permite a que a outra, ao ser interrogada,<br />

procure construir os fatos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a impugnar os que foram objeto<br />

das respostas <strong>do</strong> adversário. Correta, portanto, a advertência <strong>de</strong> Pestana<br />

Aguiar <strong>de</strong> que, a não se <strong>de</strong>terminar a separação <strong>do</strong>s litigantes, ‘fica sempre<br />

em melhor posição a parte que <strong>de</strong>pusesse por último, pois po<strong>de</strong>ria disso<br />

auferir vantagens, em <strong>de</strong>sequilíbrio da igualda<strong>de</strong> das partes, ao se armar<br />

<strong>de</strong> argumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.”<br />

A parte que já <strong>de</strong>pôs po<strong>de</strong>rá se retirar da audiência, prosseguin<strong>do</strong> a instrução<br />

com o seu representante ou advoga<strong>do</strong> (art. 848, § 1 o , da CLT). Desse mo<strong>do</strong>, se o<br />

Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> adiar a audiência para oitiva das testemunhas, quan<strong>do</strong> já ouvidas<br />

as partes, estas estarão <strong>de</strong>sobrigadas <strong>de</strong> comparecer na próxima sessão.<br />

Nos termos <strong>do</strong> art. 387 <strong>do</strong> CPC, que resta aplicável ao Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, por<br />

força <strong>do</strong> art. 769 da CLT: “A parte respon<strong>de</strong>rá pessoalmente sobre os fatos articula<strong>do</strong>s,<br />

não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> servir-se <strong>de</strong> escritos anteriormente prepara<strong>do</strong>s, permitin<strong>do</strong>-lhe o juiz,<br />

todavia, a consulta a notas breves, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que objetivem completar esclarecimentos.”<br />

Também restam aplicáveis em razão da omissão da CLT e compatibilida<strong>de</strong> com<br />

o Processo <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> as vedações <strong>do</strong> art. 388 <strong>do</strong> CPC que <strong>de</strong>sobrigam a parte a<br />

<strong>de</strong>por sobre fatos criminosos ou torpes que lhe forem imputa<strong>do</strong>s e a cujo respeito,<br />

por esta<strong>do</strong> ou profissão, <strong>de</strong>va guardar sigilo.<br />

Quanto ao <strong>de</strong>poimento pessoal <strong>do</strong> menor <strong>de</strong> 18 anos na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ele tenha, no mínimo, 16 anos (117) e esteja assisti<strong>do</strong> pelo seu representante<br />

legal na audiência (art. 793 da CLT), acreditamos, ao contrário <strong>do</strong> que pensam alguns<br />

(115) No CPC <strong>de</strong> 1973, havia disposição idêntica no parárafo único <strong>do</strong> art. 344.<br />

(116) A prova no processo <strong>do</strong> trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2014. p. 184.<br />

(117) A Constituição veda o trabalho <strong>do</strong> menor <strong>de</strong> 16 anos, salvo na condição <strong>de</strong> aprendiz a partir <strong>de</strong> 14 anos<br />

(art. 7 o , XXXIII).<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 731

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!