11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

direito processual. Ada Grinover, mesmo antes da atual Constituição, consi<strong>de</strong>rava<br />

inaceitável este fundamento, pois, apesar <strong>de</strong> reconhecer a unida<strong>de</strong> <strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico, enten<strong>de</strong> que é inquestionável que a cada ilícito, e conforme sua natureza,<br />

corresponda sanção diversa.”<br />

Lembra Uadi Lammêgo Bulos (99) que nas Constituições brasileiras anteriores<br />

nada consta sobre a obtenção das provas obtidas ilicitamente.<br />

Mesmo não haven<strong>do</strong> tal proibição, já havia forte tendência na jurisprudência<br />

em não se admitir a prova obtida por meio ilícito, por confrontar com o art. 369 <strong>do</strong><br />

CPC, que veda as provas obtidas por meio moralmente ilegítimo.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacamos a seguinte ementa:<br />

“PROVA CIVIL. GRAVAÇÃO MAGNÉTICA, FEITA CLANDESTINAMENTE PELO MARI-<br />

DO, DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS DA MULHER. Inadmissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua utilização em<br />

processo judicial, por não ser meio legal nem moralmente legítimo.” (art. 332 <strong>do</strong> CPC) (100)<br />

No mesmo diapasão, a seguinte ementa, proferida em processo trabalhista:<br />

“Gravação <strong>de</strong> comunicação telefônica — Meio inidôneo e inadmissível <strong>de</strong> prova no processo<br />

<strong>do</strong> trabalho. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os exatos termos <strong>do</strong>s incisos XII e LVI <strong>do</strong> art. 5 o da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral, não <strong>de</strong>ve ser admiti<strong>do</strong> como meio <strong>de</strong> prova para efeitos <strong>de</strong> processo <strong>do</strong> trabalho<br />

a gravação <strong>de</strong> comunicação telefônica.” (TRT – 12 a R. – 1 a T. – Ac. no 2659/99 – rel. Juiz<br />

Roberto L. Guglielmetto – DJSC 7.4.1999 – p. 150) (RDT 5/99, p. 71)<br />

b) permissiva: para essa vertente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o conteú<strong>do</strong> da prova seja lícito,<br />

ela po<strong>de</strong> ser utilizada, mesmo que tenha si<strong>do</strong> obtida por meio ilícito.<br />

Essa vertente <strong>de</strong> interpretação prestigia o caráter publicista <strong>do</strong> processo, o<br />

acesso à justiça e a busca da verda<strong>de</strong> real.<br />

Menciona Luís J. J. Ribeiro (101) que essa vertente “está lastreada no <strong>do</strong>gma da<br />

verda<strong>de</strong> real e <strong>do</strong> livre convencimento, a <strong>do</strong>utrina, inicialmente, <strong>de</strong>monstrou-se<br />

majoritária em dar prevalência à investigação da verda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento ao princípio<br />

da formalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> procedimento. Por outra vertente a <strong>do</strong>utrina italiana chegou a<br />

idêntica conclusão em relação à inadmissibilida<strong>de</strong> das provas ilícitas, pelo axioma<br />

consagra<strong>do</strong>: male captum, bene retentum (a prova po<strong>de</strong> ser mal colhida, porém, bem<br />

recebida no processo).”<br />

Sinteticamente, para essa vertente, po<strong>de</strong>ríamos dizer que os fins justificam os<br />

meios, ou seja, a efetivida<strong>de</strong> da prova e a busca da verda<strong>de</strong> real são fins justificáveis<br />

pelo meio ilícito da obtenção da prova.<br />

c) teoria da proporcionalida<strong>de</strong> ou regra <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração: sobre o princípio<br />

da proporcionalida<strong>de</strong>, ensina Nelson Nery Junior (102) : “Segun<strong>do</strong> o princípio da<br />

(99) BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Fe<strong>de</strong>ral anotada. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.<br />

(100) STF. RE 85.439-RJ, rel. Min. Xavier <strong>de</strong> Albuquerque, Ac. 2 a T. 11.11.1977. In: RTJ n. 84/609.<br />

(101) RIBEIRO, Luís J. J. Op. cit., p. 69.<br />

(102) NERY JUNIOR, Nelson. Princípios <strong>do</strong> processo civil na Constituição Fe<strong>de</strong>ral. 8. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 197.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 721

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!