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Manual de Direito Processual do Trabalho

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Não obstante, em caso <strong>de</strong> dúvida, o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>ve procurar a melhor<br />

prova, inclusive se basean<strong>do</strong> pelas regras <strong>de</strong> experiência <strong>do</strong> que ordinariamente<br />

acontece, intuição, indícios e presunções. Somente se esgota<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os meios <strong>de</strong><br />

se avaliar qual foi a melhor prova, aí sim po<strong>de</strong>rá optar pelo critério <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong> ou<br />

não <strong>do</strong> princípio in dubio pro operario como razão <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir.<br />

Como <strong>de</strong>staca com proprieda<strong>de</strong> Estêvão Mallet: “A possibilida<strong>de</strong> da livre apreciação<br />

da prova, um <strong>do</strong>s cânones <strong>do</strong> vigente sistema processual brasileiro, constitui<br />

máxima antiga e bem conhecida, mencionada no art. 131 <strong>do</strong> CPC, e largamente<br />

proclamada pela jurisprudência trabalhista, ten<strong>do</strong> em vista, sobretu<strong>do</strong>, o princípio<br />

da primazia da realida<strong>de</strong>, que impõe particular cautela na atribuição <strong>de</strong> valor a<br />

<strong>do</strong>cumentos e a atos formais.” (79)<br />

Reconhecemos, no entanto, que é pre<strong>do</strong>minante na <strong>do</strong>utrina e na jurisprudência<br />

que não se aplica a regra in dubio pro operario no campo probatório, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o Juiz <strong>do</strong><br />

<strong>Trabalho</strong>, em caso <strong>de</strong> prova dividida, <strong>de</strong>cidir o caso contra quem <strong>de</strong>tinha o ônus da prova.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as seguintes ementas:<br />

“Prova dividida. Apresentan<strong>do</strong>-se a prova dividida, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>verá pautar-se pela distribuição<br />

<strong>do</strong> ônus da prova, segun<strong>do</strong> critérios legais dita<strong>do</strong>s pelos arts. 818 da CLT e 333, I<br />

e II, <strong>do</strong> CPC.” (TRT – 9 a R. – 4 a T. – Ac. n. 2261/98 – rel a Juíza Rosemarie Pimpão – DJPR<br />

30.0.98 – p. 165)<br />

“Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> — Princípio da proteção <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r — Ônus da prova — Inaplicabilida<strong>de</strong>.<br />

Na Justiça <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>, o princípio da proteção ao trabalha<strong>do</strong>r está restrito<br />

à interpretação das normas legais, não se aplican<strong>do</strong>, quanto à distribuição <strong>do</strong> ônus da<br />

prova, o preceito in dubio pro misero, sob pena <strong>de</strong> afronta ao <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

juiz.” (TRT 15 a R. – 1 a T. – RO n. 1775/2001.016.15.00-5 – rel. Eduar<strong>do</strong> Benedito <strong>de</strong> O.<br />

Zanella – DJSP 10.9.04 – p. 19) (RDT n. 10 – Outubro <strong>de</strong> 2004)<br />

“Prova testemunhal — Valoração. Nos casos em que a prova testemunhal restar dividida,<br />

<strong>de</strong>ve prevalecer o posicionamento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo juiz a quo, que se encontra em melhores<br />

condições <strong>de</strong> valorar os <strong>de</strong>poimentos testemunhais, com base no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ânimo <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>poentes no momento em que a prova foi produzida.” (TRT 12 a R. – 3 a T. – RO-V n.<br />

7496/03 – rel a Sandra M. Wambier – DJSC 7.8.03 – p. 175) (RDT n. 9 – Setembro <strong>de</strong> 2003)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o critério para valoração da prova <strong>de</strong>ve ser discricionariamente<br />

avalia<strong>do</strong> pelo juiz, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a <strong>do</strong>utrina ou a jurisprudência tarifar um critério<br />

para o juiz se nortear quan<strong>do</strong> estiver diante <strong>de</strong> dúvida. De outro la<strong>do</strong>, o princípio<br />

em questão somente <strong>de</strong>ve ser aplica<strong>do</strong> em caso <strong>de</strong> prova dividida, ou empatada.<br />

Se não houver prova nos autos ou se ele foi insuficiente, o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> <strong>de</strong>verá<br />

<strong>de</strong>cidir em compasso com as regras <strong>de</strong> divisão <strong>do</strong> ônus da prova.<br />

Nesse diapasão, bem adverte Alfre<strong>do</strong> J. Ruprecht (80) :<br />

“O princípio só é aplicável quan<strong>do</strong> intervém dúvida sobre os alcances da<br />

prova: <strong>de</strong> maneira alguma po<strong>de</strong> ter andamento quan<strong>do</strong> falta ou é insuficiente.<br />

Nestas últimas situações, o princípio é inteiramente inaplicável.”<br />

(79) MALLET, Estêvão. Procedimento sumaríssimo trabalhista. São Paulo: LTr, 2002. p. 60.<br />

(80) RUPRECHT, Alfre<strong>do</strong> J. Os princípios <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong>. São Paulo: LTr, 1995. p. 18.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 715

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