11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

suficientes para <strong>de</strong>monstrar a verda<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fato, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser leva<strong>do</strong>s<br />

ao conhecimento <strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> e prova<strong>do</strong>s, conforme dicção da melhor <strong>do</strong>utrina, “fatos<br />

não prova<strong>do</strong>s são inexistentes no processo” (BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso <strong>de</strong><br />

direito processual <strong>do</strong> trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, p. 415). Há ainda a problemática sobre<br />

quem <strong>de</strong>ve provar, simplificada no art. 818 da CLT, que estabelece: “o ônus <strong>de</strong> provar as<br />

alegações incumbe à parte que as fizer”; coube ao CPC sanar a lacuna legal, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong><br />

que o autor cuida <strong>do</strong>s fatos constitutivos e o réu <strong>do</strong>s impeditivos, extintivos e modificativos<br />

(art. 333). Assim, se o autor não se <strong>de</strong>sincumbe <strong>de</strong> provar aquilo que preten<strong>de</strong>, seja pela<br />

fragilida<strong>de</strong> das provas ou pela ineficácia da tentativa, resta o <strong>de</strong>sprovimento <strong>do</strong> apelo.”<br />

(TRT 3 a R. – 8 a T. – RO n. 138/2007.055.03.00-5 – rel. Paulo Maurício R. Pires – DJ 1 o .9.2007<br />

– p. 21) (RDT n. 10 – outubro <strong>de</strong> 2007)<br />

“Valoração das provas. Inexiste no processo <strong>do</strong> trabalho a pré-tarifação das provas, sen<strong>do</strong> o<br />

julga<strong>do</strong>r livre para apreciá-las na formação <strong>de</strong> seu convencimento <strong>de</strong>ntro da flexibilização<br />

que lhe autoriza a lei, observa<strong>do</strong> o princípio da persuasão racional, mediante fundamentação<br />

da <strong>de</strong>cisão, como exigem o inc. IX <strong>do</strong> art. 93 da Constituição da República e o art. 131 <strong>do</strong><br />

CPC.” (TRT 3 a R. – 2 a T. – RO n. 46/2007.045.03.00-8 – rel. Marcio Flavio S. Vidigal – DJ<br />

8.8.2007 – p . 7) (RDT n. 09 – setembro <strong>de</strong> 2007)<br />

“Valoração da prova oral. O princípio da livre apreciação da prova, ao mesmo tempo em<br />

que outorga ao magistra<strong>do</strong> o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> valorar-avaliar, reconhece a sua condição privilegiada<br />

<strong>de</strong> estar próximo aos fatos, o que se dá, em especial, na análise <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos. O<br />

ato, porém, não é meramente subjetivo, exige, na realida<strong>de</strong>, uma acurada objetivida<strong>de</strong> ao<br />

escrutinar o conjunto probatório exposto à inteligência, à experiência e ao saber jurídico<br />

<strong>do</strong> julga<strong>do</strong>r, daí por que, sem prova <strong>de</strong> vulneração <strong>de</strong>sses critérios, <strong>de</strong>ve ser prestigiada,<br />

sempre, a avaliação probatória efetuada em primeiro grau <strong>de</strong> jurisdição, pois é lá que se<br />

localiza a arena original <strong>do</strong> conflito.” (TRT – 3 a R. – 8 a T. – RO n. 13650/2002 – rel. José<br />

Miguel <strong>de</strong> Campos – DJMG 1 o .2.2003 – p. 18) (RDT n. 3 – março <strong>de</strong> 2003)<br />

“Nulida<strong>de</strong> da V. Sentença — Apreciação da prova. Afasta-se a nulida<strong>de</strong> arguida quan<strong>do</strong><br />

verifica<strong>do</strong> que a v. sentença recorrida está em conformida<strong>de</strong> com o disposto no art. 93,<br />

IX, da CR/88; art. 832 da CLT; arts. 131 e 458 <strong>do</strong> CPC, estan<strong>do</strong> expressos nela os fundamentos<br />

que levaram o d. Juízo <strong>de</strong> origem a julgar improce<strong>de</strong>ntes os pedi<strong>do</strong>s formula<strong>do</strong>s<br />

na peça inicial, inclusive com referência aos fatos e provas que formaram o convencimento<br />

daquele Julga<strong>do</strong>r. Eventual falha na apreciação da prova é questão relacionada ao mérito,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> conduzir à reforma da <strong>de</strong>cisão e não à sua anulação.” (TRT 3 a R. – 1 a T. – RO n.<br />

441.2003.004.03.00-1 – rel. Mauricio J. Godinho Delga<strong>do</strong> – DJMG 05.03.04 – p. 5) (RDT<br />

n. 4 – abril <strong>de</strong> 2004)<br />

Não há, no or<strong>de</strong>namento jurídico processual vigente, uma regra preestabelecida<br />

para valoração da prova pelo juiz. Entretanto, o magistra<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a prova<br />

existente nos autos. Não haven<strong>do</strong> prova nos autos, ainda que o juiz possa estar<br />

convenci<strong>do</strong> da veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algum fato, não po<strong>de</strong>rá julgar com base em convicção<br />

íntima ou pessoal.<br />

De outro la<strong>do</strong>, pensamos que <strong>de</strong>ve o juiz valorar a prova no conjunto, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />

o ônus <strong>de</strong> cada parte, a verossimilhança das alegações, a dificulda<strong>de</strong><br />

probatória, a razoabilida<strong>de</strong> e o que ordinariamente acontece. Outrossim, a prova<br />

se valora pela qualida<strong>de</strong>, e não pela quantida<strong>de</strong>.<br />

Como já assinala<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve o juiz sopesar todas as circunstâncias <strong>do</strong>s autos,<br />

principalmente o Juiz <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> que lida, prepon<strong>de</strong>rantemente, com matéria<br />

fática e analisa provas orais.<br />

712 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!