11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong> ambas as partes no processo. Em caso contrário, ou seja, haven<strong>do</strong> dissenso <strong>de</strong><br />

pelo menos uma das partes, o tal material probatório não po<strong>de</strong>rá ser utiliza<strong>do</strong> como<br />

prova emprestada.<br />

De outro la<strong>do</strong>, a prova produzida no inquérito, conjugada com outros elementos<br />

<strong>de</strong> prova produzi<strong>do</strong>s no processo judicial sob o crivo <strong>do</strong> contraditório, é apta a<br />

firmar a convicção <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>r. No aspecto, relevante <strong>de</strong>stacar a seguinte ementa:<br />

“Justa causa — Prova emprestada — Valoração. Os <strong>do</strong>cumentos extraí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ação criminal<br />

conten<strong>do</strong> <strong>de</strong>poimentos vários, fortalecem o <strong>de</strong>poimento presta<strong>do</strong> pela única testemunha<br />

da reclamada, bem como as alegações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Configuração <strong>de</strong> ato <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> que<br />

justifica a <strong>de</strong>missão por justa causa.” (TRT 15 a R. – 6 a T. – ROPS n. 15.849/2003 – rel.<br />

Antônio Mazzuca – DJSP 13.6.2003 – p. 36) (RDT n. 7 – Julho <strong>de</strong> 2003)<br />

1.6.1. Requisitos para utilização da prova emprestada no <strong>Direito</strong><br />

<strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />

Como toda prova produzida no processo, a prova emprestada <strong>de</strong>ve preencher<br />

alguns requisitos para que possa ser utilizada no processo.<br />

A <strong>do</strong>utrina e jurisprudência têm fixa<strong>do</strong> alguns requisitos para que a prova<br />

emprestada conserve sua eficácia inicial. São eles:<br />

a) que tenha si<strong>do</strong> colhida em processo judicial entre as mesmas partes, ou<br />

uma das partes e terceiro (40) ;<br />

b) que tenham si<strong>do</strong>, na produção da prova, no processo anterior, observadas as<br />

formalida<strong>de</strong>s estabelecidas em lei, mormente o princípio <strong>do</strong> contraditório (41) ;<br />

c) que o fato proban<strong>do</strong> seja idêntico.<br />

No nosso sentir, para que a prova emprestada possa ser admitida no processo,<br />

há a necessida<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> que no processo anterior a prova tenha si<strong>do</strong> colhida com<br />

as formalida<strong>de</strong>s legais, observa<strong>do</strong> o contraditório, e que o fato proban<strong>do</strong> seja idêntico,<br />

ou se relacione, diretamente, com os fatos discuti<strong>do</strong>s no processo em questão (atual).<br />

Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, no processo anterior, figurem as mesmas partes ou uma<br />

parte e terceiro. O fato <strong>de</strong> a prova anterior ter si<strong>do</strong> colhida entre as mesmas partes<br />

ou entre uma parte e terceiro é um elemento <strong>de</strong> valoração da prova (art. 371 <strong>do</strong><br />

CPC), e não <strong>de</strong> admissibilida<strong>de</strong> da prova emprestada.<br />

Como pon<strong>de</strong>ra Cândi<strong>do</strong> Rangel Dinamarco (42) , não importa se a prova trasladada<br />

teve ou não o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> convencer o juiz <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> origem, nem se a sentença<br />

já foi proferida ou se já passou em julga<strong>do</strong> ou não.<br />

(40) Para Dinamarco, “exige-se também que naquele processo tenha esta<strong>do</strong> presente, como parte, o adversário<br />

daquele que pretenda aproveitar a prova ali realizada — porque <strong>do</strong> contrário esse sujeito estaria suportan<strong>do</strong><br />

a eficácia <strong>de</strong> uma prova <strong>de</strong> cuja formação não participou” (Op. cit., p. 98).<br />

(41) “Não vale a prova emprestada, quan<strong>do</strong> colhida sem caráter contraditório (v. CF 5 o – LV, neste senti<strong>do</strong>),<br />

e sem a participação daquele contra quem <strong>de</strong>ve operar, como é o caso <strong>de</strong> prova colhida em inquérito<br />

policial” (RJTJESP 99/201).<br />

(42) DINAMARCO, Cândi<strong>do</strong> Rangel. Op. cit., p. 99.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 691

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!