11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

com o convencimento <strong>do</strong> juiz.” (TRT/SP – 02736005320095020041 – RO – Ac. 17 a T. –<br />

20120791050 – rel. Álvaro Alves Nôga – DOE 13.7.2012)<br />

“TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA N. 331/TST. ÔNUS DA PROVA. OMISSÃO DO PODER<br />

PÚBLICO NA PROVA DA FISCALIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA APTIDÃO DA PROVA.<br />

CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO QUE REVELAM CULPA IN VIGILANDO,<br />

DIANTE DA VIOLAÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS. ARRASTAMENTO DA RES-<br />

PONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, AUTÁRQUICA OU FUN-<br />

DACIONAL COM BASE NO ART. 37, XXI, CF E ART. 58, III, 67 CAPUT E § 1 o , E 82 DA<br />

LEI N. 8.666/93 C/C ARTS. 186, 927, CAPUT E 944 DO CC. 1. No julgamento da ADC<br />

16, houve pronúncia pela constitucionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> art. 71, § 1 o , da Lei n. 8.666/93, mas nos<br />

<strong>de</strong>bates restou consigna<strong>do</strong> que a constitucionalida<strong>de</strong> não inibe o Judiciário Trabalhista, à<br />

luz das circunstâncias <strong>do</strong> caso concreto, à base <strong>de</strong> outras normas, reconhecer a responsabilida<strong>de</strong><br />

subsidiária <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Público (notícias <strong>do</strong> STF, www.stf.jus.br, 26.11.2010). Nesse<br />

passo, a Lei n. 8.666/93, em seu art. 71, § 1 o , não traz o princípio da irresponsabilida<strong>de</strong><br />

estatal, em termos absolutos, apenas alija o Po<strong>de</strong>r Público da responsabilida<strong>de</strong> pelos danos<br />

a que não <strong>de</strong>u causa. Haven<strong>do</strong> inadimplência das obrigações trabalhistas que tenha como<br />

causa a falta <strong>de</strong> fiscalização pelo órgão público contratante, o Po<strong>de</strong>r Público é responsável.<br />

Logo, a exclu<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>, apenas, na hipótese em que o Po<strong>de</strong>r Público<br />

contratante <strong>de</strong>monstre ter, no curso da relação contratual, fiscaliza<strong>do</strong> o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong><br />

cumprimento das cláusulas e das garantias das obrigações trabalhistas pela fornece<strong>do</strong>ra<br />

da mão <strong>de</strong> obra, o que lhe incumbe nos termos <strong>do</strong> art. 37, inciso XXI, da CF e art. 58, III,<br />

e 67, caput e § 1 o , sob pena <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> civil prevista no art. 82, ambos da Lei das<br />

Licitações. Ressalte-se que nos termos <strong>do</strong> princípio da aptidão da prova, <strong>de</strong>ve ser imputa<strong>do</strong><br />

o ônus <strong>de</strong> provar, à parte que possui maior capacida<strong>de</strong> para produzi-la, no caso, o Po<strong>de</strong>r<br />

Público. Resta clara sua aplicação no processo <strong>do</strong> trabalho, diante da teoria <strong>do</strong> diálogo<br />

das fontes com o sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, e que autoriza a inversão <strong>do</strong> ônus da<br />

prova, nos termos <strong>do</strong> art. 6 o , VIII <strong>do</strong> CDC, ‘[...] quan<strong>do</strong>, a critério <strong>do</strong> juiz, for verossímil a<br />

alegação ou quan<strong>do</strong> for ele hipossuficiente, segun<strong>do</strong> as regras ordinárias <strong>de</strong> experiências’.<br />

A ausência <strong>de</strong> prova da fiscalização por parte da Administração Pública (art. 818 CLT<br />

e 333 CPC) quanto ao correto cumprimento das obrigações trabalhistas pela empresa<br />

terceirizada licitada, <strong>de</strong>vidas aos seus emprega<strong>do</strong>s, evi<strong>de</strong>ncia a omissão culposa da Administração<br />

Pública, o que atrai a sua responsabilida<strong>de</strong>, porque to<strong>do</strong> aquele que causa dano<br />

pratica ato ilícito e fica obriga<strong>do</strong> a reparar (art. 82, da Lei n. 8.666/93 c/c arts. 186, 927 e<br />

944 CC/02).” (TRT/SP – 00008792620105020050 – RO – Ac. 4 a T. – 20130334736 – Rel a<br />

Ivani Contini Bramante – DOE 18.4.2013)<br />

1.5.9. Princípio da lealda<strong>de</strong> processual e boa-fé<br />

Na esfera das provas, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> das partes se robustece, pois a conduta<br />

ética das partes po<strong>de</strong> influenciar <strong>de</strong>cisivamente na avaliação da prova.<br />

Muitas vezes, presenciamos nos processos a parte dizer, em <strong>de</strong>poimento, versão<br />

completamente diversa da que alegou na inicial ou na <strong>de</strong>fesa sobre alguns fatos, o<br />

que acabou prejudican<strong>do</strong> toda a ativida<strong>de</strong> probatória.<br />

Além disso, a falta <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> das partes po<strong>de</strong> acarretar a realização <strong>de</strong> inúmeras<br />

diligências probatórias inúteis, comprometer a duração razoável <strong>do</strong> processo e levar<br />

o julga<strong>do</strong>r a erro.<br />

No aspecto, vale <strong>de</strong>stacar a seguinte ementa:<br />

“O comportamento das partes e testemunhas, perante o Po<strong>de</strong>r Judiciário, tem <strong>de</strong> se revestir <strong>de</strong><br />

lealda<strong>de</strong> e boa-fé. Portanto, as <strong>de</strong>clarações prestadas pelo reclamante, inclusive como testemunha<br />

686 Mauro Schiavi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!