11.04.2017 Views

Manual de Direito Processual do Trabalho

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

normalmente lhe resulta mais fácil. O critério será o da proximida<strong>de</strong> real e<br />

<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> acesso às fontes <strong>de</strong> prova. Indiscutivelmente, o princípio<br />

será aplica<strong>do</strong> todas as vezes em que o emprega<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> fazer a prova<br />

a não ser através <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento ou coisa que a parte contrária <strong>de</strong>tém.<br />

Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> princípio da boa-fé, que informa a conduta processual <strong>do</strong>s<br />

litigantes, todas as vezes que o <strong>do</strong>cumento, por seu conteú<strong>do</strong>, for comum<br />

às partes, haverá também a inversão <strong>do</strong> ônus da prova, competin<strong>do</strong> ao<br />

emprega<strong>do</strong>r colacioná-lo, sob pena <strong>de</strong> serem admitidas como verda<strong>de</strong>iras<br />

as alegações feitas pelo emprega<strong>do</strong>.”<br />

Nesse aspecto, relevante <strong>de</strong>stacar as seguintes ementas:<br />

“Prova — Ônus — Aptidão. Não se <strong>de</strong>ve cristalizar as regras atinentes ao ônus probatório,<br />

mas, antes, aten<strong>de</strong>r ao princípio da aptidão da prova, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que cabe a prova à parte que<br />

melhores condições tem para produzi-la.” (TRT – 15 a R. – 1 a T. – RO n. 29672/03 – rel.<br />

Francisco Alberto da M. P. Giordani – DJSP 3.10.03 – p. 60) (RDT n.11 – Novembro <strong>de</strong> 2003)<br />

“BEM DE FAMÍLIA — RECURSO DE REVISTA — EXECUÇÃO — BEM DE FAMÍLIA —<br />

CONFIGURAÇÃO — ÔNUS DA PROVA. 1. Nos termos <strong>do</strong> art. 6 o da Constituição Fe<strong>de</strong>ral,<br />

‘são direitos sociais a educação, a saú<strong>de</strong>, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a<br />

segurança, a previdência social, a proteção à maternida<strong>de</strong> e à infância, a assistência aos<br />

<strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s, na forma <strong>de</strong>sta Constituição’. 2. Em observância à Carta Magna, o legisla<strong>do</strong>r<br />

ordinário editou a Lei n. 8.009/90, instituin<strong>do</strong> o bem <strong>de</strong> família legal, enquanto manti<strong>do</strong>,<br />

no atual Código Civil, o bem <strong>de</strong> família convencional (arts. 1.711 a 1.722). 3. É incontroverso<br />

que o patrimônio <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r respon<strong>de</strong> pelas dívidas contraídas, asseguran<strong>do</strong>-se,<br />

contu<strong>do</strong>, patrimônio mínimo, como projeção <strong>do</strong> princípio da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana<br />

(art. 1 o , III, da CF). 4. Não obstante a proteção ao bem <strong>de</strong> família ser corolário da teoria<br />

<strong>do</strong> patrimônio mínimo, firma-se que a impenhorabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens sempre é exceção. 5. O<br />

ônus da prova da configuração <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> família não po<strong>de</strong> recair sobre o cre<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> em<br />

vista a costumeira hipossuficiência <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, que se esten<strong>de</strong>, sob a ótica protetiva,<br />

ao plano processual: é manifesta a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se exigir que o emprega<strong>do</strong> exequente<br />

produza provas <strong>de</strong> que o executa<strong>do</strong> possuiria outros bens. 6. Pelo princípio da aptidão da<br />

prova, <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar a veracida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fato quem está apto a fazê-lo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da parte que o tenha afirma<strong>do</strong>. 7. Soman<strong>do</strong>-se ao princípio da aptidão da prova, reza o<br />

art. 6 o , VIII, <strong>do</strong> CDC que constitui direito básico <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r “a facilitação da <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> seus direitos, inclusive com a inversão <strong>do</strong> ônus da prova, a seu favor, no processo civil,<br />

quan<strong>do</strong>, a critério <strong>do</strong> juiz, for verossímil a alegação ou quan<strong>do</strong> for ele hipossuficiente,<br />

segun<strong>do</strong> as regras ordinárias <strong>de</strong> experiências”, dispositivo legal aplicável ao processo <strong>do</strong><br />

trabalho, em razão da omissão da CLT e da compatibilida<strong>de</strong> com os princípios que regem<br />

o ramo jurídico, especialmente aquele que consagra o acesso à justiça pelo trabalha<strong>do</strong>r.<br />

8. Com a ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração, pelo executa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> que o imóvel constitui bem <strong>de</strong><br />

família, parte que possuiria aptidão para concretizar a impenhorabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem, não se<br />

configuram as ofensas constitucionais evocadas (art. 896, § 2 o , da CLT e Súmula n. 266/TST).<br />

Recurso <strong>de</strong> revista não conheci<strong>do</strong>.” (TST – RR/88840-37.2008.5.02.0062 – TRT 2 a R. – 3 a T. –<br />

rel. Ministro Horácio Raymun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Senna Pires – DEJT 5.8.2010 – p. 1209)<br />

“PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A PROVA. AUSÊNCIA DE DETERMINAÇÃO JUDICIAL.<br />

POSSIBILIDADE. A inversão <strong>do</strong> ônus da prova, com fulcro no princípio da aptidão para a<br />

prova, não se condiciona à <strong>de</strong>terminação judicial para a apresentação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento, bem<br />

como sua injustificada recusa a exibição. Os critérios da proximida<strong>de</strong> real e da facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acesso norteiam a forma como a prova <strong>de</strong>ve ser produzida. Assim, o ônus da prova<br />

<strong>de</strong>ve recair em quem melhor pu<strong>de</strong>r contribuir para a sua produção, <strong>de</strong> maneira a colaborar<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Processual</strong> <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> 685

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!